Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 140
O parentesco de Amélia


Notas iniciais do capítulo

Oi! Como vão?

:)



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Luisa conversava somente com Luna agora, já que o exército de Lord Voldemort –o bruxo das trevas –estava com força total, e a presença dos demais fora requisitada lá embaixo, onde estava ocorrendo uma batalha que parecia não ter fim.

—Luna... Se você tiver que ir, eu vou entender.

—Não. Eu posso ficar mais um pouco... Qualquer coisa pra saber o que te aconteceu. –Luisa a contemplou. –Você sumiu Lu... Harry estava certo, já faz quase um ano desde que nos deixou. Onze meses! Você simplesmente desapareceu, e temos impressão de que Dumbledore sabe mais do que fala.

—Dumbledore está bem?

   -Está lá em baixo lutando. Ele é o Diretor, e estão atacando a escola... É obvio que não ia deixar barato. Na verdade, todos os professores estão lá, até o Hagrid, e todos os alunos também. 

—Eu posso ajudar?

—Claro que sim. –suspirou, se levantando. –Acho que é o jeito, já que você não vai mesmo me contar o que aconteceu...

—Não é isso, Luna. É que é bem mais complicado do que parece...

—Pelo menos me fala se ficou tudo bem depois que você sumiu –segurou no ombro da amiga.

Luisa sorriu de canto.

—Ficou sim. E a tendência é só melhorar de agora em diante.

A expressão de Luna vacilou um pouco.

—Acho que muita coisa ainda está por vir, antes de finalmente termos paz.

—Não se preocupe... Talvez vocês não tenham que lutar sozinhos. –e arrastou Luna consigo para a mesma janela de antes.

—O que? Como assim? Não está cogitando chamar os *trouxas para nos ajudarem, não é? –o termo que Luna usou significa *não bruxos. –Isso seria ainda pior! Iria expor nosso mundo e não é o que nós queremos...

—Não. Na verdade eu tinha pensado em outra coisa. –explicou Luisa. –É que não cheguei aqui sozinha. Eu estava com uns amigos antes de vir parar em Hogwarts, e como apareci aqui, creio que eles também tenham vindo para o mesmo lugar. Pelo menos foi o que River disse que aconteceria.

—Quem é River?

—É uma prima minha. Enfim, foi ela quem me salvou e me trouxe de volta pra cá. Ela disse que vocês estariam precisando de toda a ajuda possível.

—Como essa sua prima nos conhece? Ela é bruxa também?

—Não, é uma Senhora do Tempo—Luisa olhou para baixo, depois para cima, observando o tempo se fechar próximo do castelo. –O problema agora é encontrá-los no meio dessa confusão. Hogwarts é muito grande, e eles podem estar em qualquer lugar...

—Mas você não disse que chegou com eles?

—Não. Eles foram enviados antes de mim. Eu vim depois com a minha prima. Então o grupo meio que... se desencontrou.

—Entendi.

—Caramba... o tempo fechou de repente não foi? –e piscou, espantada. -Eu tô ficando maluca ou as nuvens estão formando a imagem de um crânio com uma cobra saindo da boca?

—É a influência de Lord Voldemort.

Luisa a encarou.

—O tal bruxo que todo mundo temia?

—Ele mesmo. Na época que você estava aqui, no Natal, os seguidores dele haviam fugido de Azkaban, a prisão mais resistente de todas. O restante dos Comensais da Morte, que estavam libertos, infiltrados no meio da população, começaram a se manifestar e o caos foi quase completo. Com o passar dos meses, atentados a famílias bruxas e até mesmo de trouxas, foram decorrentes. Todo mundo estava com medo e não confiavam mais em ninguém, nem mesmo nos próprios vizinhos. Quando enfim Lord Voldemort deu as caras, era óbvio que viria destruir Hogwarts antes de conquistar qualquer outra coisa.

—Ele detesta a escola?

—Ele detesta o Dumbledore. É uma história bem antiga, mas de um modo geral, ele quer destruí-lo.

—Saquei –Luisa suspirou, com os pensamentos embaralhados por um instante. –Certo... Então Dumbledore está na mira do Voldemort, a escola também, e posteriormente o resto do mundo, tanto os bruxos, quanto os não bruxos. Caramba... isso tá ficando cada segundo mais complicado. –arfou. –Imagina o que Voldemort não faria se tivesse um foguete para dominar o universo inteiro.

—Melhor não dar idéias. –replicou Luna. –Ainda bem que não tem nada parecido por aqui...

Luisa arregalou os olhos de repente.

—Ai droga... –levou as mãos à cabeça.

—O que? O que foi?

—A TARDIS! Eu não a vejo desde a passagem no cofre do Planeta Oz... Depois que a missão acabou, nós todos fomos levados de volta à nave de Vader. A TARDIS com certeza também foi, já que tinha sido deixada em Oz apenas para criar o Clone do Doutor... E é obvio que ninguém a deixaria para trás... ELA É A NAVE MAIS PODEROSA JÁ CRIADA!

—Nave? Planeta? Do que é que você...

—É muita coisa pra explicar Luna. –Luisa garantiu, segurando seus ombros. –Só preciso que você me ajude a fazer uma coisa... É importante! Tanto quanto estar lá embaixo lutando na batalha.

—Pode falar.

—Você e eu vamos sair vasculhando cada canto de Hogwarts à procura de uma cabine telefônica da polícia. Entendeu? Sabe o que é? Uma caixa azul bem grande, escrito polícia, com uma luz no topo, e com um telefone.

—Uma caixa azul? No meio de Hogwarts? Como isso poderia ser útil para vencer Voldemort?

—Confie em mim, é importante que a gente a encontre antes que ele casualmente faça isso. Se Voldemort a descobrir, então não só o mundo estará condenado, como também o universo inteiro e além!

—Minha nossa! Você acha que ele poderia usar essa caixa como uma arma?

—Tenho absoluta certeza de que sim –arfou Luisa. –Por isso é importante que nós a encontremos antes que ele e seus Comensais. E, acima de tudo, não conte a ninguém sobre nossa busca. Se mais gente souber, há mais chances de Voldemort descobrir.

—Tudo bem. Eu... eu darei o meu melhor!

—Valeu Luna –e se abraçaram. –Você é uma amiga maravilhosa.

—Você também –disse a loira, ao se separarem. –Apesar de sumir de vez em quando.

—Desculpa de novo por isso. Eu não tive escolha.

—Tudo bem. De qualquer forma, é bom ter você de volta.

—E é ótimo estar de volta também –Luisa sacou a varinha, que estivera guardada dentro da Bolsa Que Tudo Tem. –Vamos a luta então!

—Certo! –Luna pôs o capuz preto sob a cabeça, novamente. Já ia se afastar, quando Luisa acrescentou:

—Ah! Mais uma coisa: Se uma de nós a encontrarmos, é preciso mandar uma mensagem para a outra, com a varinha, anunciando o fim das buscas. Podemos usar o Patrono para nos comunicar...

—Okay. Se eu encontrar a caixa, um coelho branco-prateado irá ao seu encontro.

—No meu caso, um cavalo marinho.

Luna assentiu e desceu as escadas. Luisa ficou sozinha na torre por mais um momento. Observou o tempo mudando mais uma vez, e franziu a testa, ao perceber uma baita chuva se aproximando. Nuvens escuras haviam se avolumado agora, formando uma colcha tempestuosa, trovões já eram claramente ouvidos e alguns relâmpagos já aconteciam. O céu parecia estar irritado...

Luisa piscou. Será que...

—Hermione disse que haviam só dois lados nessa luta. Talvez, apenas talvez, tenhamos mais ajuda do que imaginávamos. –sorriu, pensativa, então se virou e caminhou para as escadas também.

Luisa tinha um longo percurso pela frente. Encontrar a TARDIS naquela fortaleza, não seria nada fácil... Muito menos seus amigos. Porém, não esperava esbarrar logo de cara num rapaz com japona e gorro na cabeça.

—Ai!

—Oh, me desculpe –ele disse, então arregalou os olhos azuis intensos e sorriu. –Você é a Luisa Parkinson. A garota fantástica.

Luisa sorriu.

—Como você sabe disso? –o outro não disse nada. Parecia encantado ao vê-la, como se fosse uma espécie de fã seu. -Eu tenho um amigo que me chama assim... Você por acaso o viu por aí?

—Não. Na verdade eu só adivinhei. –ele disse, como se fosse natural. –O meu nome é Griffin, e eu vim avisá-la que seus amigos estão a caminho.

—Ah! Que ótimo! Eu queria mesmo saber onde eles estavam...

—Não se preocupe, eu já os informei sobre sua localização. Calculo que as possibilidades de vocês se encontrarem em breve, se você for para a ala Norte do castelo, em até vinte e cinco minutos, serão de 95%.

—Ah... Tá bem. Okay –Luisa disse, meio surpresa. –Mas como pode saber com tamanha precisão? Você é algum tipo de vidente, por acaso?

—Não, mas eu vejo o futuro. Eu calculo todas as possibilidades e probabilidades das coisas acontecerem, e às vezes faço algumas acontecerem—piscou para ela, amigavelmente. Luisa ergueu as sobrancelhas.

—Ai meu Deus...! Você é alienígena?

—Sou –confirmou. –E eu sabia que as chances de você se assustar com isso eram 0%.

Luisa abriu um largo sorriso.

—Eu gosto de alienígenas, sobretudo quando são amáveis e nada hostis.

—Pode confiar que não há traço algum de hostilidade na minha pessoa. –garantiu. –Por isso mesmo que o Agente J e o Agente T pediram minha ajuda para encontrá-la. Eles são meus amigos e confiam em mim.

—Agente J e T? Desculpe... eu não sei de quem você está falando...

—Mas vai descobrir logo logo –estendeu o braço para ela. –Vamos? –sorriu cativante.

—Tá bem. –aceitou Luisa. Seus poderes de Visualizadora não se manifestaram, o que significava que ele era de confiança.

E assim foram juntos até a ala Norte do Castelo. No caminho, Luisa sentiu uma estranha tranqüilidade, como se a batalha de Hogwarts não pudesse afetá-los. Bom, pelo menos por enquanto. De fato, o conflito maior se fazia no térreo, e eles estavam indo em direção às torres. Griffin falou quase o caminho todo, mas um comentário em si chamou a atenção da menina:

—... Você tem muita sorte em ter os Humanóides Paranormais do seu lado. Eles quase não tinham pistas no começo, e mesmo assim não desistiram de procurá-la.

Luisa parou de andar.

—Os quem?

—Venha comigo. Só mais um pouco e já vai descobrir –sorriu Griffin, gentilmente. Quase não podendo se conter de tanta curiosidade, ela seguiu com ele. Andaram só mais um pouco mesmo e contornaram uma parede de pedra...

Então Luisa os viu. E não pôde deixar de ficar genuinamente surpresa.

Lá estavam seus colegas de classe. Não os de Hogwarts –como seria esperado de se encontrar dentro da escola de magia e bruxaria –mas sim, seus colegas do antigo ensino médio! Ninguém menos que Carly, Sam, Fred, Spencer, Julie e os fantasmas Daniel, Martin e Félix, Violetta, Claire e Junior Kyle, Devon Carter, Raven Baxter, Chelsea Daniels, Eddie Thomas, Dillon, Summer, Ziggy, Chris Rock, Greg, D.J. Tanner, Daniel San, Ferris Bueller, Cameron, Moze, Cook, Willis Jackson, os irmãos Pedro e Bianca, os primos Will Smith e Carlton Banks... A turma toda! Todos os seus melhores amigos estavam lá!

Luisa ficou boba de ver.

—Não pode ser –arfou, cobrindo os lábios numa mistura de espanto e felicidade.

—Ah, pode sim –disse Eddie, acenando junto de Raven e Chelsea.

—MEUS AMIGOS!! ESTÃO AQUI EM HOGWARTS!! –então foi desacelerando, conforme as palavras foram sendo assimiladas por seu cérebro. -Mas... isso é impossível —olhou para Griffin.

—Eu disse... Você tem amigos muito persistentes, e sem dúvida especiais, como você mesma também é. –afirmou o companheiro alienígena. Luisa se aprumou.

—Mas como foi que aconteceu? Existem regras no mundo bruxo que não permitem que trouxas, ou seja “não bruxos”, enxerguem ou mesmo interajam com o universo deles... Desculpe o termo, mas vocês terem vindo parar em Hogwarts é tão francamente absurdo, quanto uma vaca voar.

—Olha, eu tenho visto muita coisa estranha ultimamente –disse Dillon, o que fez Luisa observar melhor a ele, Ziggy e Summer, e constatar uma coisa:

—Minha nossa! Por que vocês três estão vestidos como Power Rangers? Os... os caras tão sempre no noticiário salvando pessoas e cidades do mundo todo!

Ziggy e Summer sorriram. Dillon cruzou os braços e explicou:

—Porque é isso que nós fazemos nas horas vagas.

—Sério?

—É.

Vocês fazem concurso de Cosplay nas horas vagas? Que interessante... –Luisa cruzou os braços, um quê divertido na voz, uma sobrancelha arqueada.

—Não, bobinha. Tã-dáá! Nós somos Rangers! –exclamou Ziggy, fazendo a menina rir.

—Eu saquei Ziggy. Só estava pegando no pé do Dillon –ela revelou. –Mas... caramba! Uau! Isso é sério mesmo? Quero dizer, vocês tem poderes, artefatos que se transformam num robô gigante maneiro e lutam contra monstros diariamente?

—É... É mais ou menos por aí. –assentiu Summer.

—Caramba! E como é que vocês nunca contaram isso?

—Primeira regra dos Rangers: sigilo completo. –disse Dillon. -Mas você... olha só pra você! Parece que não fomos os únicos que escondíamos uma vida dupla.

—E tratando-se de mim: uma vida dupla com identidade tripla, quadrupla... Humana e Semi-deusa, bruxa, Visualizadora... Bem, é complicado.

—Pode crer, e a gente adoraria ouvir essa história com calma.

—Só que não temos tempo, gente. Eu sinto muito –ela olhou para todos eles. –Eu queria mesmo explicar, e também perguntar mais coisas sobre como conseguiram chegar aqui, mas não há tempo...

—Pelo contrário, Luisa. Há bastante tempo disponível –e Will, que vestia um terno preto, ativou um aparelho que disparou um raio que reproduzia um efeito líquido. Em poucos segundos, uma bolha transparente se formou em volta deles, isolando-os de tudo que havia fora. –Isso chama-se PDTC Paralisador de Tempo Contínuo, e é exclusividade do acervo dos Homens de Preto.

—Mentira que você e o Carlton são de uma organização secreta!? –os olhos de Luisa cresceram, entusiasmada.

—Pois é... E não é uma organização qualquer... –disse Carton, com o mesmo terno preto do primo. -Nós tratamos de Alienígenas como o Griffin, –o outro sorriu e acenou na direção deles, simpático. –protegendo sua identidade aqui na Terra, e evitando que arranjem problema. Alguns são bonzinhos, mas tem uns outros que dão bastante trabalho...

—Inclusive, depois de formarmos os Humanóides Paranormais, nós andamos pesquisando minuciosamente sobre o seu desaparecimento, e chegamos numa variante chamada Doutor. Todavia, descobrimos que esse mesmo Doutor que atualmente anda com você e Melissa, é incalculavelmente perigoso... –disse Will.

—Depende. Se você estiver contra ele, talvez essa é a impressão que irá ter mesmo –ela disse, então encarou os amigos. –Espere um instante... vocês formaram um grupo de resgate pra virem salvar Melissa e eu?

—Não somente isso. –disse Eddie, dando uma deixa para Raven se manifestar. Esta deu um passo à frente, se aproximando da garota.

—Eu promovi isso tudo. –revelou. –A verdade é que eu sou vidente. Foi assim que descobri que estava com problemas, e convoquei nossos amigos para que pudéssemos ajudar...

Luisa sorriu.

—Bom... Eu não posso dizer que nunca havia desconfiado dos seus dons. Eu sou Visualizadora, e como tal, sou bastante perceptiva... até um pouco psíquica, eu diria.

—Puxa, que incrível! –sorriu Raven. –Nós somos irmãs psíquicas!

—Pois é. Muitas novidades num dia só –Luisa disse amigavelmente. –Então... o que exatamente você viu que te deixou preocupada comigo?

—Eu tive uma visão de você caindo num redemoinho da morte –explicou Raven. –Fiquei aterrorizada, contei da visão pra eles, e por isso nós todos nos unimos para te salvar.

—Acredito que tenha sido difícil acreditar em tudo isso logo de cara –argumentou Luisa. –É um conjunto de informações e tanto...

—Nós acreditamos na Ray, porque assim como ela tinha um segredo sobre vidência, nós todos tínhamos segredos. –admitiu Summer.

—E também graças ao meu detector de mentiras caseiro –lembrou Spencer.

—Depois que a Ray revelou o segredo dela, começou um movimento em massa, com todo mundo revelando seu histórico não tão comum. –disse Carly.

—Alguns segredos eram pequenos, mas outros foram realmente de cair o queixo –disse Julie, junto de sua banda. Agora os fantasmas não precisavam mais se esconder atrás de máscaras para os vivos não os descobrirem. Luisa notou que isso fez muito bem para eles.

—Mas eu consegui apoio de uma pessoa em especial, que nunca imaginei que pudesse ajudar naquele momento decisivo de revelação –disse Raven, com um sorriso no rosto.

—Uma pessoa? Quem?

—Dentre todos os que trabalharam duro para te encontrar, teve um que fez de tudo para que essa missão funcionasse. –disse Moze, posicionando Luisa num ponto exato. Então os outros amigos abriram caminho, e Ned Bigby veio caminhando até ela. Luisa deu um pequeno gritinho e correu para junto dele, dando-lhe um abraço forte.

—Ai meu Deus... NED!

—Oi Lu, eu to aqui –ele sorriu por entre o abraço. –Está tudo bem agora...

—Que saudade! Nossa, eu... Eu...

—Calma, está tudo bem. De repente, Luisa passou de um estado feliz, para sentir um nó dolorido na garganta.

—Eu fiquei com tanto medo... –desabafou, deixando todo o sentimento daqueles primeiros dias após cair no vórtice, virem à tona. -Eu pensei que nunca mais fosse te ver... –sussurrou, com a voz embargada. Ela gostava muito de Ned, e sentia que com ele podia se abrir.

—Isso nunca aconteceria, porque eu iria atrás de você quantas vezes fosse necessário, e independente de onde estivesse. –garantiu, fitando-a com seus magníficos olhos azuis e esboçando aquele sorriso lindo, depois limpou uma lágrima que escorria pela bochecha da menina. –Lu... Eu sei que nunca te disse nada parecido antes... Mas faz muito tempo que venho pensando nessa possibilidade... Inclusive, ainda mais desde que a deixei partir da delegacia na última vez... –tomou fôlego, segurando as mãos dela, então sorriu e disse: –Lu, eu amo você.

Era impressionante. Tecnicamente, o tempo já estava desacelerado ao seu redor, mas ao ouvir aquelas palavras, o efeito teve uma repercussão ainda maior; De repente, o mundo pareceu desacelerar duas vezes mais, e a menina sentiu como se pudesse flutuar. Abrindo um sorriso largo em retorno, ela rapidamente afirmou:

—Eu também te amo! –e ambos se beijaram. Mal cabendo em si. Os amigos ao redor comemoraram.

—Mesmo na guerra, sempre há um momento para confraternizar –disse Chris Rock, admirando a cena.

O casal se separou e foi ovacionado pelos amigos.

—Tudo bem pombinhos... Agora que já mataram a saudade, e a Luisa está evidentemente em segurança, acho que já podemos ir. –disse Cameron.

—Não! Esperem –ela se manifestou. –Eu estou segura sim, mas Hogwarts está em perigo... Lord Voldemort, o bruxo das trevas, está atacando a escola com a intenção de matar o diretor Dumbledore, e depois começar um massacre generalizado... Todo mundo será abalado com isso, mesmo quem não é bruxo! Eles precisam de toda a ajuda possível!

Se entreolharam.

—Está sugerindo que a gente fique e lute? –perguntou Junior Kyle. –Caso na tenha notado, alguns de nós não tem realmente poderes...

—Ou um cérebro inteligente –completou Claire, ao que o irmão a encarou.

—A questão é... Como podemos lutar contra gente poderosa de verdade? –perguntou Violetta.

—Bom... Deve haver um jeito. –Luisa começou a andar de um lado para o outro; os amigos a observando o tempo todo. –Talvez os que não tem poderes, possam ficar invisíveis. Então quem sabe poderiam “sabotar” o inimigo de alguma forma... É sempre mais fácil sem que os outros possam vê-los.

—E você acha que isso seria possível? –perguntou Cook.

—Bem, talvez. Eu sou uma bruxa. Deve haver algum feitiço que faça isso... –ela refletiu.

—Então é verdade... Talvez o destino tão tenha nos unido sem motivo algum afinal –concluiu Willis.

—É. Todos temos talentos que são pouco valorizados, mas juntos, conseguimos ir longe –disse Daniel San.

—E é por isso que estamos aqui hoje –Ferris se aproximou da amiga. –Pra te ajudar no que for necessário.

Luisa sorriu.

—Excelente! –e tirou a varinha do bolso. Ia começar a murmurar um feitiço, quando dois dos amigos se manifestaram.

—Hã... dá licença –começou Will, levantando a mão. –Tem certeza que sabe o que está fazendo?

—É... Não tem mesmo nenhuma chance de acabarmos ficando invisíveis pra sempre né? –quis saber Carlton.

—Não. Vai dar tudo certo, eu prometo –Luisa ia seguir em frente, mas um novo pensamento a fez desistir.

—O que foi? –perguntou Ziggy. –Qual o problema?

—É que eu acabei de perceber que estou prestes a lançar um encantamento bruxo em vocês, para se infiltrarem numa batalha bruxa. Quem pode garantir que os Comensais da Morte não são treinados para enxergar além dos encantamentos? Se eles os descobrirem e fizerem algum mal a vocês, eu nunca mais irei me perdoar!

—Bom... Talvez a gente consiga quebrar o seu galho –disse Will, modestamente.

Luisa cruzou os braços, sorrindo.

—Os Homens de Preto tem alguma idéia melhor?

Carlton e Will se entreolharam, sorrindo torto.

Já ouviu falar em raio Invisibilizador indetectável?

—Não, mas já gostei disso!!

Em pouco tempo, lá estavam os Humanóides Paranormais –menos Luisa, Ned, os Rangerns e os próprios Homens de Preto –reunidos para receber a energia de um dispositivo dos Agentes J e T, que de acordo com eles, tinha 100% de eficácia, e poderia torná-los invisíveis apenas durante o limite de uma hora consecutiva.

Os Fantasmas amigos de Julie que se animaram com isso, pois agora a amiga podia ficar invisível como eles, só que sem a parte de ser insólita. Ainda tinha que ter cuidado em esbarrar nas pessoas... Por outro lado, havia a vantagem de todos os que foram atingidos pelo raio, poderem se enxergar entre si –o que era bom para que não se perdessem e ainda pudessem traçar planos; Para os que não tinham ficado invisíveis, os Homens de Preto distribuíram uma espécie de óculos especiais, que também eram invisíveis, e permitiam que eles os enxergassem.

Quando estavam todos prontos, invisíveis ou não, portando óculos invisíveis ou não, Luisa trocou uma idéia rápida com os amigos e disse que a batalha geral estava ocorrendo mesmo na parte baixa do castelo, mas adivertiu que tomassem cuidado.

—Bom pessoal... todos queríamos ser heróis um dia, de uma forma ou de outra. Então está aí a melhor chance que teremos em muuuito tempo –comentou Ferris. –Melhor agarrar, do que se arrepender mais tarde.

—Ei, qual é? A gente já tá invisível, não tá? –sorriu Cameron, dando uma cotovelada leve no amigo. –Vamos por esse Lord Voldemort pra correr em três tempos...

—Talvez eu possa jogar umas meias de manteiga nele –sugeriu Sam.

—Só não vale jogar frango frito e se arrepender depois –brincou Fred.

—Que é isso? Tá maluco? E eu lá desperdiço frango com bruxo metido a Hitler? É ruim hein!? Prefiro morrer.

—Pode crer pessoal, não será nada fácil mesmo... Mas se isso servir de consolo: saibam que qualquer gesto, qualquer um mesmo, por mais pequeno que seja, pode ajudar a diminuir os efeitos dessa guerra... E quem sabe, salvar nosso mundo –discursou Luisa.

—Tá parecendo que a gente vai fazer uma doação pra crianças carentes –brincou Devon, fazendo uma alusão à forma como Luisa disse aquilo.

—É, mas se é pra salvar o mundo, então seria uma grande contribuição –emendou sua namorada Raven.

—Bom, uma outra coisa importante que precisam saber é que o Doutor não é mau. Ele levou Melissa e eu com ele nas viagens, mais foi por escolha própria. Então, se qualquer um de vocês o encontrarem por aí, não hesitem em fazer contanto e dizer que eu estou bem, e que vocês estão me ajudando a salvar o mundo de uma nova ameaça, dessa vez bruxa.

—Houve uma anterior? –perguntou o fantasma Daniel.

—Bem, sim. Numa nave alienígena. Mas ao que parece, essa nós já resolvemos. A seguinte, com que não contávamos, é essa à nossa volta.

—Caramba... Está cada vez mais difícil proteger a Terra hoje em dia... –comentou Martin, impressionado.

—Quer dizer que foram praticamente duas tentativas de conquista num só dia!? –exclamou Félix, assombrado.

—Sim. Só que a primeira não ia só abalar a Terra, mas também o universo inteiro, e além...

—Caramba. –arfou Greg. –Cadê o Superman nessas horas?

—Pois é. Em falta de um, nós teremos que servir –Luisa estendeu a mão no centro da rodinha. –Todos prontos pra arrasar?

Ned pôs a mão sobre a dela.

—É arrasar, ou nada.

Satisfeitos, os demais imitaram o gesto da menina, e usaram a frase de Ned como grito de guerra.

Arrasar ou nada! –e assim se dispersaram, desativando o Paralisador de Tempo Contínuo; a maioria rumou para o térreo. Os Homens de Preto colocaram um par de óculos escuros que combinavam com o terno, sacaram suas armas, acenaram para Ned e Luisa, e foram em outra direção. Os Power Rangers seguiram por um terceiro caminho. Por fim, Luisa e Ned estavam sozinhos.

Ela sacou a varinha ao seu lado, depois olhou para o rapaz.

—Então... Você não quis ir com eles?

—Depois de ter te perdido várias vezes... Eu não podia arriscar de novo. –e envolveu a cintura da garota com seus braços.

—Acho que estarei bem protegida então, namorado—Luisa sorriu torto.

—Eu acho que está coberta de razão, namorada –sorriu. –Seja o que acontecer hoje, estarei com você, sempre.

O coração de Luisa acelerou. Ela passou as mãos ao redor do pescoço dele, aproximando seus rostos. Ned se inclinou um pouquinho para frente. Luisa fechou os olhos. Eles iam se beijar... E se beijaram. Mas foi um beijo curto, pois a garota se separou dele antes da hora e começou a rir por algum motivo.

—O que foi? –Ned ficou meio sem graça. –O que eu fiz de errado?

—Nada. Não é você –ela riu, em seguida olhou para um ponto determinado atrás dele e disse: -Griffin...! Estava espionando?

Griffin surgiu por trás de uma coluna de pedra; estava bastante corado, mas completamente satisfeito.

—Calculo uma porcentagem bastante positiva sobre vocês dois! –anunciou.

—Que maravilha Griffin! –Ned disse, abraçando Luisa.

Então o outro se aproximou deles, a expressão um pouquinho ansiosa agora.

—Mas tenham muito cuidado... O dia de hoje não é auspicioso... Coisas estão sujeitas a serem perdidas... –profetizou, arregalando seus intensos olhos azuis. -O tempo está em constante curso de mudança... Sobre o futuro, nada está escrito ainda, ou determinado. Espero que minhas previsões se mantenham iguais até o fim, pois qualquer alteração poderia ser catastrófica em vários aspectos... 

Ned e Luisa se entreolharam, preocupados.

 

*     *     *

Na torre de astronomia, a equipe TARDIS trocava idéias com o Doutor, Rose e o Clone, que voltaram a se juntar a eles há pouco tempo, trazendo notícias de que parecia estar havendo um confronto no térreo do castelo. Isso deixou a todos muito inquietos, afinal, haviam acabado de sair de uma batalha na nave de Vader.

—Isso não é nada animador –comentou Madame Vastra, andando de um lado para o outro. –Na verdade, é muito ruim.

—E a pior parte é que mal tivemos tempo para nos recompormos, e já teremos que lutar novamente –averiguou Rory. Amy olhou para ele com aqueles olhos aflitos. –Não me olhe assim... Amy, você sabe que não podemos ficar parados aqui e deixar gente inocente morrer.

—Eu não pediria isso à você –ela balançou a cabeça. –É só que... O Doutor disse que estamos livres do paradoxo do passado. Isso significa que nossas vidas voltaram ao curso normal e podemos construir uma vida juntos aqui no presente, sem medo de causar danos ao universo nem nada parecido. Nós não seremos anomalias... Nós voltamos para casa. E... Eu sinceramente estou com medo de te perder de novo. –Rory acariciou o rosto dela.

—Isso jamais vai acontecer com a gente. Centurião de plástico que esperou 2.000 anos para rever a esposa, lembra? Hoje em dia, isso pode ser uma lembrança distante de uma vida passada que foi reescrita com a explosão do Big Bang 2, mas com certeza aconteceu Amy. Eu sei que sim. Nossa vida nunca foi fácil... E nem por isso deixamos de lutar. –ele a abraçou. –E além do mais... Agora descobrimos que temos uma sobrinha! Luisa precisa de nossa ajuda...

—É, mas quer saber? Eu ainda não entendi direito essa história... Como eu posso ter uma sobrinha se nem eu nem você temos irmãos???

—Algum problema, Ponds? –perguntou o 11º Doutor, se aproximando. –Ah, é tão empolgante poder dizer isso de novo!—e passou os braços ao redor do pescoço de cada um, ficando entre ambos. –Vocês não sabem como eu senti falta disso...

Amy e Rory sorriram.

—Também sentimos sua falta –a ruiva disse em nome dos dois. –E da TARDIS, das correrias e também das suas loucuras...

—Amy Pond, você é um poço de saudades –ele resumiu, dando-lhe um abraço (que Rory consentiu numa boa). –Mas tem muita coisa conflitante em você, te deixando inquieta... O que está acontecendo?

—Ela não acredita que a Luisa seja nossa sobrinha –esclareceu Rory.

—Ah... –voltou-se para ele. –Mas você acredita, eu estou certo?

—Sim, acredito.

—E porque acredita?

Rory deu de ombros.

—Eu não sei... Luisa me explicou meio por cima e eu passeia a considerá-la parte da família quase que imediatamente –e parou para pensar. –Eu nem sei direito porque fiz isso... Meio que senti que era o certo. Quase como a sensação de estar com você Doutor, nas viagens. Todos sabem que é perigoso, mas sentem-se mais seguros ao seu lado.

O Doutor estalou os dedos e apontou para ele, satisfeito com o raciocínio.

—Bingo! Rory está completamente coberto de razão. A sensação é exatamente a mesma... E é claro que a explicação mais viável seria uma empatia instantânea, ou quem sabe um laço de sangue. –então apontou para Amy. -Será possível que o sr. Pond esteja mais aberto à esse tipo de hipótese do que nossa Amy?

Amy franziu a testa.

—Doutor, a questão não é abrir a mente ou não para essa possibilidade... É tentar justificar o injustificável! Rory e eu não temos irmãos... Como poderemos então ter uma sobrinha?

—Veja bem, Pond... –e se preparou para dizer o que pretendia, escolhendo cuidadosamente as plavras certas. -Eu meio que sempre desconfiei que vocês duas pudessem ter algum tipo de parentesco, já que no dia que eu encontrei Luisa pela primeira vez, tinha na verdade pedido à TARDIS para procurar por sua versão criança, Amy. –aquilo fez Amélia se surpreender.

—Você foi me procurar?

—Sim. Para cumprir o que me pediu no Epílogo do livro “Melody Malone”. Você se lembra?

Ela assentiu.

—Eu disse para não me deixar desistir de esperar por você.

—E era isso que eu estava indo fazer, quando inesperavelmente apareci no quintal errado. –inclinou a cabeça. –Bem... não tão errado pelo visto. Séculos e séculos de viagem no tempo foram o bastante para me fazer entender que a TARDIS nunca erra o caminho, ela sempre me leva onde eu preciso ir. E é lógico que haveria um motivo mais que especial para me fazer entrar na vida da Luisa. Não só por ela ser sua parente, mas porque seria ela que me faria encontrar você de novo. –sorriu. –No fim das contas, a TARDIS cumpriu sua promessa: ela me trouxe até você, como eu havia pedido. Só que demorou um pouco mais do que o esperado...

Amy não conseguia tirar os olhos do amigo. O cérebro raciocinando a mil por hora.

—Então... Então... Minha nossa... É muita informação –ela tentou respirar fundo. –Tá bem: a TARDIS te levou até a Luisa, mas lógico que você não supôs que tivéssemos algum parentesco logo de cara. O que me faz perguntar o que foi o estopim para fazê-lo considerar essa hipótese?

—Bem... Eu tive outros indícios: Certa vez, estávamos numa aventura em 1703, onde encontramos uma civilização Reptiliana embaixo da Torre de Pisa. Nós descemos além do subsolo e lá encontramos corredores subterrâneos. Num certo momento, Luisa e eu estávamos sozinhos e nos deparamos com a mesma rachadura da parede do quarto de Amy. A mesma que fechamos ao reiniciar o universo pela segunda vez; “Duas partes do espaço e tempo que nunca deviam se tocar, prensadas uma contra a outra”. Ela se formou, depois sumiu, sem deixar vestígios. Só podia ser um aviso da ligação entre vocês... –fez uma breve pausa, apenas para mudar de posição. -Depois, aconteceu de novo há pouco tempo atrás, quando Luisa caiu no vórtice do tempo... –Rory e Amy arregalaram os olhos. -Sim, sim, sim, isso é uma longa história que eu conto melhor depois! Mas retomando: depois que essa tragédia aconteceu, eu tinha pensado que era o fim. Antes de deixar Melissa, uma boy band que só me trouxe prejuízos e mais seis esquilos, de volta na Terra... Sim, sim, outra longa história; Eu acabei conversando com eles, com os esquilos quero dizer, e na hora que perguntei como havia acontecido, os esquilos me disseram que a Luisa havia caído da TARDIS para salvar um livro que, de acordo com eles, era de muito valor para ela... E esse livro, Amy, era o seu diário.

Amy arregalou os olhos.

—O meu diário... –começou a se lembrar. –Sim, faz sentido. Eu anotava todas as nossas aventuras nele, e no fim, acabei deixando-o na TARDIS. Não tive tempo de voltar para buscar.

O Doutor ficou levemente sentido ao se lembrar de como havia sido brusca a sua despedida com os Ponds, no passado, mas tentou afastar aquele sentimento pra longe. Afinal, já estava tudo resolvido.

—Sim. E, se meus cálculos estiverem corretos, a Luisa deve estar com ele nesse exato momento.

—Mas como ela descobriu que somos parentes? –perguntou Amy.

—Bem, isso eu não sei ao certo... Ela nunca falou disso pra mim. Mas de alguma forma, ela chegou nessa conclusão. –o Doutor refletiu um pouco. –Talvez tenha perguntado para sua mãe, Sally Jackson... Afinal, ela e você são irmãs. -Amy pareceu mais uma vez embasbacada. O Doutor prosseguiu: -Eu mesmo fui visitar a Sally do passado para poder fazer umas perguntas sobre a Luisa. Isso foi na época que eu estava procurando indícios de que ela não teria morrido ao cair do vórtice. Voltei ao passado para espicular sobre os poderes dela... Nós nos encontramos, Luisa era só uma garotinha, mas fizemos amizade de novo. Eu até deixei meu ursinho de pelúcia Bart com ela, para lhe servir de companhia... E depois... houve um momento à porta, na hora que eu estava para ir embora, em que perguntei rapidamente à Sally se ela já conhecera alguma Amélia em sua vida, e adivinha o que ela me respondeu? Que tinha uma irmã caçula com esse nome, que por acaso crescera longe da família. E ainda completou: “Amélia Pond, a nossa pequena ruivinha”. –o Doutor olhou bem para Amy. –Quer evidencia maior que essa? Vocês são parentes! E ao que pareceu quando falou, ela te amava muito.

—Corrigindo Doutor, eu amo. –uma figura encapuzada surgiu da janela de pedra. Todos tomaram posições para proteger o grupo. Ela entrou, carregando uma vassoura.

—Quem é você e o que quer? –gritou Martha.

A figura segurou as bordas do capuz com as mãos, e então baixou-o, revelando o rosto amigável de uma mulher.

—Eu sou Sally Jackson, a mãe da Luisa –e sorriu. –Muito prazer!

—Sally Jackson! –Sarah Jane se aproximou dela. O pessoal que havia se armado, relaxou as defesas. –Olá! Nossa, como é bom te ver!

—Igualmente Sarah! –Sally sorriu, cumprimentando-a, depois caminhou na direção do Doutor. –Olá Doutor... Há quanto tempo!

—Sally Jackson! Seria exagerado dizer que você não mudou nada com o passar dos anos?

—Não sei, mas gostei muito disso –riu ela. Então olhou para Rory, e por último para Amy. Seus olhos cintilaram ao chegar na moça ruiva. –Olá... Querida Amy.

—Desculpe... Mas eu conheço você?

—Ela é sua irmã. –disse o Doutor. –Lembra que eu falei da Sally? É ela.

—Mas... Ela chegou aqui bem na hora que você estava falando dela... –disse Amy, meio desconfiada, meio atônita. –Como ela sabia? Vocês combinaram um “encontro familiar” ou algo assim?

—Eu sou Visualizadora. –Sally interpôs, sorrindo. -Eu pressinto certas coisas... Como, por exemplo, que a minha filha está em perigo, e ao que vejo, Hogwarts também está.

—Pois é, está sim –confirmou Rose, se aproximando. O Clone do Doutor e eu acabamos de ver com a luneta-sônica, umas coisas meio coloridas surgirem no meio da batalha lá embaixo... —*Rose não sabia, mas aqueles eram os Power Rangers entrando em ação.

—Deve ser auxilio –disse Sally, otimista. –Depois de tanta desgraça, tem que ser auxílio.

—Espero que esteja certa. –disse Mickey, junto com Rose e o Clone, olhando pela janela.

—Você arrumou um clone então? Bem que eu queria um clone meu pra me ajudar a limpar a casa... –comentou Sally, descontraída.

—Ele é um clone, minha senhora, não um escravo –resmungou o Sontaran Strax, se doendo. –Pouca vergonha... —e se afastou reclamando. Vastra, Jenny e os demais que estavam por perto seguraram o riso.

—Não ligue pra ele. O Strax sempre leva esse tipo de assunto pro lado pessoal... É coisa de família—disse Vastra, se afastando junto da esposa.

—Então... Falando em Família... –Amy experimentou tentar se aproximar de Sally. -Quer dizer que nós somos mesmo da mesma família.  

Sally a contemplou.

—Sim, nós somos.

—Mas... então porque eu não consigo me lembrar? –perguntou, injuriada. –Eu só queria poder entender...

—Amy, me deixe ver uma coisa –o Doutor segurou seu rosto, entrando em contato com sua mente, de maneira telepática. Então se afastou, impactado. –Eu vi a rachadura! Nós a destruímos, libertando o universo dela, mas ela continua viva em você, Amy. Uma parte dela continua aí dentro de alguma forma, ocultando partes da sua vida, tirando coisas de você... Amy! O Big Bang 2!—gritou, fazendo todos se sobressaltarem. -Seu casamento... Havia uma mesa no salão de festas. Uma grande mesa vazia. Talvez você não se lembre, mas ela estava lá. –Amy desviou os olhos; O Doutor pôs a mão em seu ombro, em forma de consolo. -A rachadura roubou muitas informações da sua vida... Algumas conseguiram se restaurar quando eu reiniciei o Big Bang, como a presença dos seus pais, mas houve outras coisas que acabaram se perdendo, como a existência de uma família muito maior do que você imaginava ter. –constatou o Doutor. Amy ergueu a cabeça, voltando a olhar pra ele com mais convicção que antes. Depois fitou Sally, então se dirigiu a ela.

—Tá legal... Então existe uma grande probabilidade de sermos irmãs. Bem, talvez 100%. –aceitou, por um momento constrangida, então se deparou com a outra lhe lançando um sorriso acolhedor e acabou sorrindo também.

—Nunca é tarde para reunir a família –disse Sally.

—Muito bom ouvir isso... –Amy ficou realmente feliz. -E... Por acaso... Eu tenho mais irmãos que desconheço? 

—Nós somos em quatro. Alam, Dave, eu e você. Olhe só... –e Sally abriu uma bolsa escondida embaixo do capuz, e revirou-a. Parecia estar bem cheia. Por fim, tirou uma antiga foto de família, encapada para não amassar, onde estavam sua mãe e seu pai sentados no sofá principal da casa de campo, e junto deles, quatro crianças. –Eu tirei uma cópia para mim há bastante tempo... Mamãe nem ficou sabendo. Ela fica doida quando mexemos na caixa de recordações.

—Puxa vida! –Amy achou graça. –Danadinha a mamãe. Depois que o universo foi reescrito, ela nunca falou nada dos velhos tempos. Acredito que isso tenha contribuído para me deixar alienada sobre nosso passado.

—Bem, você é a caçula, então foi a última a sair de casa. E por ter passado a maior parte da infância e juventude na casa de nossa tia Sharon, não conviveu muito conosco.

—Será que eu posso? –Amy estendeu a mão.

—Claro –Sally entregou a foto para ela segurar. Amy levou a mão livre ao rosto.

—Ai meu Deus... Olha só vocês todos... E eu ali. –sorriu, apontando, mostrando sua figura para Rory e o Doutor verem.

—Olha se não é a pequena Amélia Pond, menorzinha ainda... –declarou o Doutor. –Tãããão escocesa.

—Ah, fica quieto! –ela riu, cutucando o amigo que também deu risada. Amy devolveu a foto para Sally. –Acho que você irá se surpreender, mas eu também tenho uma cópia dessa foto... Só que na minha versão só há meus pais e eu. –abriu uma carteira que carregava no bolso, e de lá tirou uma outra cópia da mesma foto, com a descrição que dera, e dobrada ao meio duas vezes. -Bem, serão nossos pais agora.

—Isso é realmente fascinante –o Doutor comentou, pegando as duas fotos e observando-as lado a lado. –Pequenas relíquias que o universo deixou para trás... Duas realidades diferentes: a com a rachadura rasgando o tecido do espaço e tempo, afetando e provocando mudanças na linha temporal de Amy, e a versão onde não há danos na história de vocês. Não é incrível podermos conferir isso de perto?

—Seria ainda mais incrível se eu pudesse consertar tudo de vez e mandar essa rachadura para o inferno. –comentou Amy. –Não há como me livrar dos efeitos que ela causou em mim?

—Bom... Parte disso depende de você, principalmente. –instruiu o Doutor. –Mas creio que vocês já deram o primeiro passo hoje. Na verdade, conseguiram dar uns 10 passos no mínimo... É o que acontece quando se conserta paradoxos, reencontra a irmã mais velha e fica sabendo do passado, tudo antes do chá da tarde.   

—Bom, se depender de refrescar a memória da Amy com histórias sobre o passado de nossa família, pode deixar que eu mesma me encarrego disso, assim que tudo isso acabar! Ajudarei no que for necessário! –disse Sally, cheia de boas vontades, segurando as mãos da irmã. –Oh Amélia, tem tanta coisa que eu queria lhe dizer... Mas o tempo é escasso...

Sempre o tempo—riu Amy. O Doutor e Rory sorriram atrás dela. 

Sally então soltou uma das mãos de Amy, para puxar Rory para junto delas.

—Vocês dois... Sempre me perguntei o que aconteceu. Porque haviam desaparecido sem deixar rastro... Ainda bem que estão bem!

Ora, se abracem logo!!—o Doutor esbarrou o ombro neles. O trio deu risada e aceitaram a idéia do Senhor do Tempo.

Após um abraço apertado e sem dúvida familiar, a ruiva voltou-se para o Doutor:

—Será que isso será o bastante para consertar os danos da rachadura? –insistiu Amy.

O Doutor levou a mão ao queixo, refletindo.

—Bom... São muitas mudanças ocorrendo ao mesmo tempo... Acho que é bem possível que as coisas se resolvam sozinhas, assim como os paradoxos. –e sorriu pra ela, beijando sua testa. –Alegre-se, Pond! Você finalmente tem sua família de volta. Todos os três.

Amy encarou Rory com a testa franzida.

—Com “três” você está se referindo a Amy, eu e a Mélody, imagino –sondou Rory.

O Doutor se virou.

—Na verdade não exatamente. A Mels já é independente. Ela tem até uma segunda identidade: “River Song”! Que a propósito é prima da Luisa. Mas não... Por mais que vocês sejam uma família, evidentemente não estava me referindo a vocês três.

Amy e Rory ficaram intrigados.

—Então se não estava falando de nós três, estava falando de quem? Só tem nós dois de Ponds na família!

O Doutor sorriu.

Amy levou alguns segundos para entender, mas quando a ficha caiu, ela quase caiu junto de joelhos no chão.

—Amy! –Rory segurou-a firme junto de si. –Está tudo bem? O que você tem?

—Eu... nada, foi só uma tontura... –passou a mão na testa.

—Uma ton... -Rory olhou para o Doutor, finalmente captando o sentido daquilo. Sally trocou sorrisos cúmplices entusiasmados com o Senhor do Tempo. –Mas... Isso é impossível! Madame Kovarian disse que a Amy não podia mais... Nós mesmo comprovamos isso! Tentamos muitas vezes, mas não conseguimos nenhum resultado.

—Ah é? Bem... Talvez agora seja diferente. –o Doutor deu de ombros, as mãos entrelaçadas. –Nunca perca a esperança!

—Mas... Como pode ser diferente agora? E por quê? –insistiu Amy, se recompondo. –Por favor, Doutor... Eu... eu preciso saber!

O Doutor tocou a ponta do nariz dela.

—Você não entendeu Pond? Você e Rory estão com as vidas de volta ao seu curso... Vivendo atualmente aqui em 2016, e não em 1954. Você acabou de descobrir mais informações sobre a sua família, que eram anteriores a rachadura... Isso sem dúvida faz toda a diferença! Te conecta diretamente com sua linha de tempo inicial, intacta, assim como a da Sally, e restaura alguns possíveis danos... E com sorte... Lembrando que eu realmente não sei o que a máquina da Rani fez com vocês, mas ao trazê-los de volta, ela consertou várias coisas... e não sei... Nunca se sabe... Mas... Quem sabe ela ajudou a Amy a poder engravidar de novo? Desta vez de forma natural, sem mulheres insanas tentando tomar o controle de tudo para transformar sua filha numa psicopata sob encomenda... Não, não... Dessa vez, acontecerá direitinho. Tenham fé.

—É. Me parece uma boa idéia –consentiu Sally, satisfeita com o conselho que o rapaz deu a eles. –E como meu faro de Visualizadora nunca erra, eu creio que não seria demais lhes dar os parabéns desde agora.  

Amy voltou-se para Rory, mal cabendo em si.

—Rory, eu acho que dessa vez é oficial... Eu tô mesmo grávida! –sorriu, sem conseguir conter as lágrimas de felicidade.

Rory a abraçou forte.

Vai dar certo dessa vez, Amy. Eu te prometo!—disse com convicção. –Eu vou fazer de tudo para que você tenha uma gravidez tranquila e feliz! Nós podemos aproveitar o papel de parede novo e usar o quartinho extra como quarto do bebê e... AH, NÃO!

—O que foi Rory? –Amy se afastou dele, fazendo uma careta.

—Eu acabei de lembrar que não vamos mais voltar para a nossa casa de 1954... E JUSTO AGORA QUE TÍNHAMOS ACABADO DE REDECORAR! Não tinha hora mais imprópria para esses paradoxos se consertarem... –baixou a cabeça, aborrecido.

O Doutor revirou os olhos, sorrindo para Sally.

—Ponds... Sempre insatisfeitos.


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Notas finais do capítulo

Heeey! Quem aí lembrava dos Humanóides Paranormais? Aqui não damos ponto sem nó, viu? Tudo tem a sua importância e uma hora certa pra dar as caras! kkk

PONDS!!

Nossa como eu amo os Ponds, meu deus do céu... kkk

De acordo com a série, o casal ficou preso em 1930, por culpa dos Anjos Lamentadores. Atualmente, eles estavam vivendo no século XX, no ano de 1954, ainda com seus quarenta e tantos anos de idade, quando essa minha versão da história ocorreu e os trouxe de volta a sua época de origem. *-*
Na fic da Lulu, oficialmente falando, Amy e Rory não adotaram nenhum filho, como a animação da BBC (roteiro Chris Chibnall) deu a entender. Bom... eu tinha outros planos kkkk Diferentemente da Família Tyler, da qual eu me mantive fiel ao desfecho que a BBC determinou (até, lógico, tirá-los do mundo paralelo também kkk).
Enfim, só umas informações pra vocês se situarem :)
Ah, e sobre o intrigante Griffin... Pra quem não reconheceu ele, é um personagem muito gente boa, do filme Homens de Preto 3. Eu sempre gostei dele, e achei que deveria trazê-lo para a fic :)

Bom, é isso aí pessoal!

Bjs e até domingo!



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