Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica escrita por Gizelle PG


Capítulo 110
Os Humanóides Paranormais


Notas iniciais do capítulo

Hello.

Um minuto de silêncio pra Lulu. Ela caiu no vórtice do tempo, coitada... '-' :(


No capítulo de hoje, essa informação chegará ao conhecimento de um distinto grupo de pessoas, e consequentemente, revelações serão feitas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/748924/chapter/110

O Vórtice rodopiava. Trovoadas assustadoras faziam tudo estremecer; Descargas elétricas acendiam pontos aleatórios das paredes temporais, instáveis. E Luisa despencava, como um saco de batatas, rumo ao desconhecido.

Seus gritos eram de puro desespero, enquanto seu corpo caia, e caia, e caia, sem nunca alcançar um chão.

Enquanto isso, em uma cidade pacata do planeta Terra, uma certa garota com poderes de vidência estava tendo um pesadelo;

—LUISA, CUIDADO!

Raven acordou assustada e ofegante. Sentou-se na cama.

—Ray? Ray o que foi? –Chelsea, sua melhor amiga, levantava-se no colchonete ao lado. –Meu Deus, Ray... Você está toda suada, parece que correu uma maratona!

—Foi pior do que isso –disse Raven, tomando fôlego.

—Espera aí: você odeia suar. O que poderia ser pior do que isso?

—Eu não sei dizer...

—Ora, Ray, então diga logo! O que foi que aconteceu para deixá-la tão aflita?

Raven respirou fundo, tentando se lembrar dos detalhes.

—Eu vi nossa amiga, Luisa Parkinson, caindo em um tipo de precipício.

—Num precipício? Ui... –gemeu a outra, fazendo uma careta. -Espero que ela tenha lembrado de levar paraquedas... Que horror!

Raven revirou os olhos, impaciente.

Chersea! Isso não é brincadeira... E se ela estiver mesmo em apuros?

—Ray, -a amiga pôs a mão em seu ombro. -foi só um sonho ruim. Não se preocupe, aposto como Luisa deve estar em sua casa nesse exato instante... –ela fez uma pausa, pensativa. –Será que ela sabe usar um paraquedas? Eu queria aprender...

Chersea! Foco!—ralhou Raven, ainda atônita. –Isso aqui é sério, lembra?

—Lembro. –a garota assentiu. Depois ficou séria e negou com a cabeça. –Na verdade não. O que era mesmo?

Ai-ai—Raven suspirou. –Eu estava dizendo que sonhei que a Luisa tinha caído em um tipo de precipício rodopiante da morte.

—Rodopiante?

—É. Uma espécie de vórtice, como aqueles dos furacões, eu sei lá...

—Tinha caubóis lá? –perguntou Chelsea, inesperadamente.

Raven fitou-a como se ela fosse maluca.

Caubóis, Chelsea? Me diga: o que Caubóis fariam dentro de um furacão?

Laçariam a tempestade?—respondeu Cheusea, inocentemente.

Raven estapeou a própria testa.

—Hã... Certo, certo, vamos voltar ao foco: você tem o telefone dela?

—Pra que você quer o telefone dela às quatro e meia da manhã?

Para saber se ela está mesmo em casa.—disse em tom de obviedade. -Se ela estiver, então nós poderemos esquecer toda essa maluquice e voltar a dormir... E aí, tem ou não tem?

—Tenho... Mas fica dando caixa postal. Acho que está desligado.

—Ah! Ótimo!—ironizou Raven, jogando-se de volta na cama. –Agora que eu não vou mesmo conseguir volta a dormir!

Ora, seja positiva, Ray, seja positiva!—disse Chersea, animada. –Quando você menos esperar o sono virá... Ou então você poderá contar carneirinhos...—e seus olhos se iluminaram. –Puxa, Ray, eu tive uma excelente idéia!

Você teve!?—Raven sentou-se rapidamente na cama, esperançosa. Mas Chersea não tornou a dizer nada. Pelo contrário: balançou a cabeça e ficou em silêncio, apreciando as formas dos objetos do quarto de Raven, no escuro. Raven quase cochilou de tanto tédio. –E aí? —pressionou.

—E aí o quê? –Chelsea sorriu, dando de ombros.

Raven fez uma careta de estranheza.

—Você disse que tinha tido uma idéia.

—Sim. Eu disse.

Raven ergueu uma sobrancelha.

—E não pretende dividi-la comigo?

—Oh, sim! Sim! Claro que sim! –Chelsea se animou de novo. Ela era uma ótima pessoa, mas tinha uma cabeça muito avoada.

—Certo. Então, posso saber em que consiste essa sua “excelente idéia”? –Raven se acomodou melhor para ouvir.

—Ah, sim! Eu ia falar que arrumei um ótimo emprego para os tais caubóis do vórtice.

Raven crispou os lábios, inclinando a cabeça para trás.

Hein?

—É muito simples! Pense nisso: se você não conseguir dormir, então terá que contar carneirinhos, e isso seria ótimo para os caubóis, pois eles poderiam se ocupar em laçá-los a noite toda, e depois levariam todos para formar um lindo rebanho em um pasto de chocolate, ao norte da terra do açúcar, e poderiam...

—Chelsea! –Raven fechou sua boca. –Você comeu alcaçuz, de novo, antes de dormir? Você sabe que isso te deixa com idéias esquisitas...

—Bem... –enrolou. -Só comi um. Eu juro.

—Ah, eu sabia.—e Raven esticou-se para apanhar um copo d’água na cabeceira da cama. –Vamos. Beba um pouco. Quem sabe corta o efeito...

Chersea obedeceu, mas ficou muito pensativa enquanto isso. Não parava de olhar para a expressão preocupada de Raven.

—E quanto à Luisa? –perguntou, depois de um longo silêncio. –Você está preocupada com ela, não está?

Raven repuxou a boca.

—Não consigo parar de pensar nesse sonho. –e observou as estampas coloridas do edredom. –E se ela estiver precisando de ajuda? Você sabe: eu tenho boa percepção para captar esse tipo de coisa... O problema, é que nem sempre sei o que fazer com a informação que possuo.

Chersea esfregou as costas da amiga, dando-lhe apoio.

—Não fique assim, Ray... É como eu já disse. Ela pode estar dormindo na casa dela agora. Pense nisso.

—É, mas... E se não estiver? Porque, na verdade, não sei direito dizer se foi apenas um sonho... Foi real demais para isso. –então olhou inquieta para Chersea. A amiga ficou séria de repente.

—Ah, Ray... Será que foi uma visão?

—Não sei, Chersea. –Raiven pegou-se olhando adiante da janela, para a escuridão lá fora. –Mas queria muito saber.

 

*      *       *

Em outro quarto, não tão longe dali, Ned tinha o mesmo pesadelo.

—NÃO!

Acordou transpirando, com parte da franja colada na testa. O cobertor caíra no chão;

—Não... –disse de novo, fazendo o reconhecimento da mobília de seu quarto. Sim. Ele estava em seu quarto. Enquanto, muito provavelmente, sua namorada estava em apuros, em algum lugar longe dali, muito além da imaginação, e de seu alcance também.

—Caramba... Ela está com problemas! –disse, ofegante, erguendo-se da cama de um salto e apanhando o chinelo no pé, de qualquer jeito. –Droga! Nunca devia tê-la deixado ir embora... –e correu até a mochila, consternado, procurando pelo celular. –Celular, celular, celular... Onde eu te coloquei? –ergueu a cabeça, varrendo o quarto com os olhos. –Ah, é! Embaixo do travesseiro... –e voltou para a cama.

Apanhou o aparelho e buscou pelo número dela. Caía na caixa postal. Tentou refazer a ligação pelo menos mais umas cinco vezes... O placar agora estava: Cinco “caixa postal” e um “fora de área”. Não satisfeito, ele pegou o casaco e saiu.

Precisava pensar.

 

*      *       *

Quando o sol finalmente deu as caras, todos da turma acordaram recebendo uma mensagem no celular:

Galera, precisamos nos reunir hoje.

É urgente.

Venham todos à minha casa, assim que puderem.

Estarei esperando no porão.

                                                          Raven.

Antes mesmo do meio dia, a antiga turma de escola se reuniu na casa dos Baxter, intrigados com a mensagem e cheios de perguntas.

Dentre os que vieram, estavam o pessoal do ICarly; as cantoras sensações Julie e Violetta; Claire e Junior Kyle (os filhos do diretor do antigo colégio), Devon Carter (o namorado de Raven), Chelsia Daniels e Eddie Thomas (os dois melhores amigos de Raven), Dillon, Summer e Ziggy, Chris Rock e Greg, D.J. Tanner, Daniel San, Ferris Bueller e Cameron, Moze e Cook, Willis Jackson, e os irmãos Pedro e Bianca.

Os primos Will Smith e Carlton Banks foram os últimos a chegar (com a desculpa de terem que terminar uma coisa que não podia, em hipótese algum, ser adiada). O pessoal do ICarly foram os primeiros a chegar. Até então, não havia sinal de Ned Bigby.

Estava um verdadeiro mercado de peixe no porão da casa de Raven. Todos falavam ao mesmo tempo: o assunto, claro, girava em torno da convocação misteriosa.

Bem... Exceto por um grupo.

—Qual é, hein? Que idéia foi essa de marcarem um encontro para antes do almoço? Eu nem tive tempo de terminar meu frango frito... –reclamou Sam.

—Calma. Aposto como não vai ser nada demorado. –disse Carly. –Lembrando que hoje é sábado e nós temos que nos encontrar na minha casa para gravar o ICarly mais cedo...

—Isso mesmo –disse Fred. –Eu baixei uns apps novos que farão uma diferença colossal para os efeitos especiais do webshow. E estou doidinho para testá-los hoje! 

Sam e Carly se entreolharam.

—Quem fala “colossal”? –perguntou Sam.

—O Fred. –disse Carly.

—Oh, sim: “O mané e seu vocabulário nerd...” –ela disse, com cara de tédio. –Isso é tão deprimente.

—Prontinho! –Spencer, o irmão mais velho de Carly juntou-se a eles com um capacete cheio de lusinhas e conectores na cabeça. –Oi gente!

—Spencer? Que coisa é essa na sua cabeça?

—É o meu novo invento! –ele disse animado. -Vocês querem ouvir sobre ele?

Houve um silêncio.

—Não, valeu. –Fred agradeceu.

—Eu tô de boa. –dispensou Carly.

—Ele faz frango frito? –sondou Sam.

—Não. –Spencer disse, devagar.

—Então que se dane. –Sam deu de ombros.

—ARRR! Não! Esperem! Eu tenho que falar com ALGUÉM sobre ELE! –surtou Spencer. Carly, Sam e Fred riram logo em seguida, mostrando que só estavam brincando.

—Deixa de dar chilique! –riu Carly. –Conte logo o que é essa coisa!

—Ora, mais é tão simples... Olhem só para ele! –apontou para a geringonça, fazendo-os rir. –Aposto que qualquer um de vocês é capaz de adivinhar o que é. Vamos lá, tentem!

—Hã... –disse Fred.

—Bem, eu não sei, parece com um... Ah... Um... –Carly gaguejou.

—Um CAPACETE! –disse Sam, certa de que tinha acertado.

—NÃO! –gritou Spencer. –Bem, quero dizer: Sim! É um capacete. Mas não um capacete qualquer. Eu fiz melhorias nele...

—É. A gente percebeu. –disse Carly, rindo. –Dá pra parar de enrolar e dizer logo o que foi que você fez?

—Bem: Preparem—se... –Spencer fez suspense. -Porque o que eu vou dizer pode deixá-los espantalhados!

Espantalhados? Existe essa palavra? –sussurrou Sam.

—Eu sei lá! –Carly fez uma careta.

—Conta logo o que é! –disse Fred.

—Está bem: Eu inventei um Detector de Mentiras! –ele anunciou, e esperou a reação dos outros.

O trio se entreolhou, sem reação. 

—Mas, Spencer, o detector de mentiras já foi inventado –acrescentou Carly. 

—Sim. Mas não é igual á esse. O meu é mais eficaz.

 -É? E o que ele faz de diferente? –indagou Fred, interessando.

—Ah! Essa é uma ótima pergunta... –Spencer disse, mas sua animação foi diminuindo. -Pra começar, ele frita seus miolos.

Fred mordeu o lábio.

—Não testou ele ainda, não é?

—Não. –admitiu Spencer, sentando-se na cadeira mais próxima.

Sam atou as mãos, inconformada.

—E o que está esperando? Demonstra logo como esse troço funciona! Eu quero ver miolos serem fritos... 

—Argh! –Carly torceu o nariz. –Que nojo, Sam! Nós nem passamos da hora do almoço...

—Eu tô com fome, ora bolas! –reclamou Sam, esparramando-se na cadeira.

—E o que queimar miolos tem a ver com isso? –perguntou Fred.

—Ora, o cheiro deve ser parecido com o de churrasco. –disse Sam, simplesmente.

Mas, antes de Spencer poder fazer sua demonstração, Chelsea tomou a frente de todos e pediu para fazerem silencio. Raven chegou logo depois, e a reunião teve início.

—Oi, oi pessoal. Que bom que vocês vieram! Estou realmente aliviada... –disse, pousando as mãos sobre o peito.

Todos se entreolharam.

—Aconteceu alguma coisa? –perguntou Claire, claramente preocupada.

—Bem, não sei dizer ao certo. –suspirou Raven. –Pelo menos ainda não.

Todos novamente trocaram olhares intrigados.

—Está escondendo alguma coisa de nós? –sondou Chris.

—O quê? Eu?—Raven arregalou os olhos de leve. –Ora, por favor... –debochou. -Por que pensar uma coisa dessas? Isso é tão improvável quanto...

Quanto você nos enviar uma mensagem incrivelmente misteriosa e querer reunir todos nós, sem motivo algum, assim de repente?—disse Dillon. –É, você tem razão: realmente não há nada de estranho nisso.

Raven fez um bico. Eddie se prontificou.

—Calma aí cara; A Ray não teve uma noite nada boa... Eu acho que o mínimo que poderíamos fazer era dar um apoio à nossa amiga, estou certo ou não estou?

Grande parte do pessoal concordou (Devon, o namorado de Raven, abraçou-a dando-lhe apoio), mas ainda houve uma pequena parcela que continuou intrigada: sabiam que tinha alguma coisa muito mal explicada naquela história.

—Na boa, qual foi o problema? –indagou Will Smith, desconfiado.

—Ah, nada. Eu tive um sonho estranho ontem à noite. Besteira. –ressaltou Raven. Ninguém se convenceu.

—Mas, está tudo bem com você agora? –perguntou Julie. –É que, é meio bizarro. Você está pálida... Sabe? Parece preocupada demais para quem só teve um sonho ruim qualquer.

—É –emendou Violetta. –Será que podemos perguntar o que foi que você sonhou ontem?

Raven abriu a boca, mas não disse nada. Não conseguiu. Não sabia até onde conseguiria ir naquela história, sem revelar seus dons secretos de vidência; Não sabia se estava pronta para isso.

Carlton levantou-se, impaciente. 

—Ora, se não vai contar nada pra gente então porque nos reuniu aqui? Sem ofensa, mas hoje é fim de semana e eu tenho que polir meus troféus do campeonato de soletração, organizar meus testes finais em uma pasta, e jogar fora todas as avaliações que tirei menos que nove e meio...

 Will Smith puxou o primo de volta para a cadeira.

—Carlton, deixa de ser idiota! Não vê que ela está sofrendo?

—Sim, eu vejo! Mas o problema, querido primo, é bem mais embaixo... –insistiu Carlton. Will abaixou-se instantaneamente, como se procurasse por algo. Carlton se aborreceu.  –Quer, por favor, me dizer o que é que você está fazendo?

Will endireitou a coluna. 

—Não... Impossível, primo! Como o problema pode ser mais embaixo se você já é um tampinha?

Carlton fez cara de pouco caso.

Engraçadinho... Vou tornar as coisas mais claras pra você: Se eu não conseguir me organizar por culpa das suas brincadeiras, então vou obrigar você a fazer o serviço por mim quando voltarmos para casa!

Will desviou os olhos.

—Caramba! Olha só a hora... –inventou, consultando um relógio de pulso que nem existia. -Tá legal pessoal, está tudo muito divertido, mas nós temos que ir... –apreçou-se, junto do primo, rumo a porta. Eddie e Chelsea barraram a passagem. –Ih! Qual é, meu irmão? Não vai deixar a gente passar?

—Olha, eu sei que não sou a voz da razão, mas realmente acho que vocês deveriam ficar e ouvir o que a Raven tem a dizer. –aconselhou Eddie, sem nem um pingo de certeza de como aquilo iria acabar. Não sabia o que Raven tinha em mente, nem o que pretendia dizer, mas sabia que a amiga devia estar muito desesperada, do contrário, não se daria ao trabalho de se expor daquela forma. Chelsea reforçou seu argumento, seguidamente.

—Ele tem razão! A Ray sabe como todos estamos ocupados com nossas férias e preocupados também com nossos futuros, mas eu estive com ela noite passada, e garanto a vocês que ninguém seria convocado hoje se o assunto não fosse sério e do interesse de todos, portanto, acho que devem dar uma chance a Ray e ouvir o que ela tem a dizer!

Will e Carlton entreolharam-se. Eddie encarou Chelsea, impressionado.

—Caramba Chelsea! Você arrasou no discurso...

—Só estou defendendo minha amiga –replicou. –Não é difícil ter bons argumentos sobre um assunto quando os fatos já falam por si próprios.

—Aí, muito bem garota... Gostei de ver! –Eddie parabenizou-a, depois encarou novamente Will e Carlton, com seriedade, esperando uma resposta. Will ajeitou o boné, fez um aceno de cabeça para Eddie e Chelsea e voltou a se sentar. Carlton ainda resistiu um pouco, mas acabou por seguir os passos do primo.

—Tudo bem. Nós vamos ficar –bufou Carlton, jogando-se na cadeira, contrariado.

—Obrigada –Ray agradeceu, aliviada. –Desculpem por eu estar fazendo tanto suspense, mais é que está sendo muito difícil pra mim encontrar as palavras certas.

—Ora, então deixe a gente te ajudar –sugeriu Summer.

Ao ouvir isso, Moze prontificou-se.

—Mas, esse sonho que você disse que teve... Ele foi ruim?

Raven achou que não faria mal concordar. Afinal, seus amigos estavam lá para ajudá-la.

—Sim. Foi o pior pesadelo que eu já tive na minha vida inteira! –ela disse, caminhando pela sala.

Claire manifestou-se.

—Como é que é? Quer dizer que eu desmarquei minha manicure por causa de um sonho?

—Não parece ser um sonho qualquer, afinal, se a Ray ficou nesse estado, deve ter sido algo realmente importante. –comentou Carly.

—É, mais não é o sonho em si que é o problema. É o significado dele. –emendou Raven, parando de andar para novamente encará-los.  

Junior Kyle abanou o ar com deboche.

—Ora... Não deve ser nada de mais! Além do mais, quem é que se importa com o significado dos sonhos? Olhem só: semana passada eu sonhei com uma vaca tocando piano. Pensem bem: quais as chances disso acontecer...?

Ziggy explodiu em rizadas.

Rá-rá-rárá!!! Uma vaca... Tocando piano... Puxa vida, que hilário!

Dillon, que estava sentado ao seu lado, revirou os olhos de tédio.

—Quanto tempo mais você acha que vamos ter que agüentar essas asneiras? –sussurrou para a namorada, Summer. Disfarçadamente, a moça puxou a manga da blusa e conferiu um dispositivo amarelo preso ao pulso.

—Ainda pode demorar um pouquinho. Tente relaxar, Dillon.

O rapaz bufou.

—Meio difícil, não concorda?

Enquanto isso, Ferris inclinava-se para frente na cadeira, e dirigiu-se a Raven.

—Desculpe, é que não estou entendendo...Você nos reuniu no porão de sua casa em pleno sábado ensolarado só para falar de um sonho estranho que você teve?

—É. Será que precisava mesmo reunir a turma toda por causa disso? –emendou Chris. –Sabe, essa coisa de “sonho” não é normalmente papo de menina? Por que vocês não ficam conversando sobre isso entanto nós—e apontou para os meninos –vamos fazer alguma coisa de útil?

—É verdade –Daniel San concordou, meio encabulado. –Eu nem ia falar nada, mas meu treino de Karatê vai acontecer depois do almoço, e o sr. Miyagi não gosta que eu me atrase...

—Ora, isso é ridículo! –resmungou Willis Jackson. –Não acredito que estamos perdendo tempo com essa baboseira de sonhos! Eu tenho um jogo de futebol marcado para as três horas e eu nem comecei a me preparar!

—É. Eu também! –apoiou Pedro, mas a irmã Bianca cruzou os braços, irritada.

Será que nenhum garoto tem sensibilidade não?

—Desculpe, mas acho que são as meninas que não tem noção de tempo –argumentou Greg.

Para que? Quando deram por si, estavam todos discutindo ao mesmo tempo e uma confusão dilacerada tomava conta do porão.

Porém, acima de todas as vozes sobressaiu-se a de Raven, falando com exaspero:

Parem! Vocês não estão entendendo! JÁ CHEGA DISSO! —berrou, e a confusão cessou por inteiro.Eu não os chamei aqui para falar sobre sonhos, eu os chamei aqui para falar sobre o sonho estranho que tive noite passada!

—E que diferença isso faz? –indagou Cook.

Como assim? Faz toda a diferença! –protestou Raven, incrédula. –Olhem só pra vocês: ficam aí discutindo enquanto nossa amiga Luisa pode estar com problemas de verdade!

Todos se calaram. Sam Puket manifestou-se.

—Calma aí: A Luisa? Luisa Parkinson? Aquela que andava sempre com a Melissa Rivera?

—E de qual outra Luisa estaríamos falando? Nós só conhecemos uma! –arrebatou Carly.

—Eu sei. Só estava checando –admitiu Sam.

—Isso é besteira... Olha, eu vou tentar ligar pra ela –propôs Claire, já discando o número da garota. –Quem sabe Luisa não está em casa agora, nesse exato momento?

—Não adianta... O telefone dela está fora de área. Pode tentar se quiser, mas não vai fazer diferença.  –disse Raven. –Eu sei por experiência própria. Tentei me comunicar com ela a noite inteira...

Claire tentou mesmo assim, mas a comprovação veio logo em seguida.

Sem sinal—disse, sem graça, guardando o celular de volta no bolso.

Entrementes, D.J. Tanner piscou, estarrecida.

—Espera aí... Isso significa que aconteceu mesmo alguma coisa com ela?

Ferris levantou-se da cadeira imediatamente, inquieto.  

—Ray, Luisa é minha amiga de infância. Nos conhecemos desde crianças... –ele caminhou até Raven com a expressão perplexa. –Por favor, diga que isso é só uma brincadeira de mau gosto...

—Não, não é brincadeira! –interveio Raven. -Vá por mim, eu também gostaria muito que fosse, mas as evidencias não são nada boas... –ela mordeu o lábio. -Sinto muito.

Essa não... -o lábio inferior de Cameron tremeu, ao que ele esfregou a nuca. O olhar de Ferris contraiu-se, desconfiado.

—Como assim? Que tipo de evidencias? –exigiu saber.

—Raven? Está tudo bem? –Devon Carter perguntou, tocando-lhe o braço. Ela nem sentiu o toque do namorado.

Raven recuou para a parede, outra vez sem fala. Todos fitavam-na preocupados.

—Anda Ray! Desembucha! –insistiu Chelsea, do outro lado da sala. –Termine logo com isso!

Raven respirou fundo, reunindo coragem.

—Está bem. Querem saber de uma coisa? Eu vou contar tudo a vocês –e sentou-se, despretensiosa. -Certo, aí vai: Noite passada eu sonhei que vi Luisa caindo em um vórtice. Um tipo de redemoinho da morte. Então acordei suando frio. Até onde sei, ela está em perigo, em algum lugar longe daqui, neste exato momento. Entendem? É por isso que eu os reuni aqui hoje. Acredito que precisamos ajudá-la de algum modo! Isso se já não for tarde demais...

O pessoal todo se entreolhou. Um ar sinistro percorreu a sala por alguns instantes... Por fim, Spencer soltou um riso provocativo.

—Ora essa! Você está querendo provar um acidente através de um sonho? Como pretende fazer isso se as únicas provas que você tiver a favor de sua tese forem o próprio sonho?

Raven franziu a testa.

—Eu não tinha pensado por esse lado.

—Bom, então é isso... Mistério solucionado! –anunciou Willis.

—Solucionado? Não! Não pode estar! –protestou ela.

—Na verdade é bem simples –disse Greg. -Você teve um sonho com traços realistas, e isso acabou fazendo com que você confundisse a realidade com uma fantasia criada na sua cabeça. Só que, diferente do que muitos pensam, isso não tem nada de anormal. Muita gente faz isso...

Grande parte concordou. Alguns poucos continuaram em silêncio. Raven se desesperou quando começaram a dar o problema como solucionado.

—Esperem! Não foi nada disso! Eu vi aquele redemoinho horrível! Quase pude senti-lo me sugar também... Era muito poderoso!

—Só que isso não prova nada. –falou Fred, com paciência. -Desculpe, Ray, mas é como Greg disse: Ter sonhos realistas é normal. Existem relatos e inúmeras pesquisas envolvendo o tema. É uma coisa natural do ser humano. Você não precisa se preocupar com isso.

—É. Só precisa se preocupar menos em tirar seus amigos da cama mais cedo, no sábado, para conversar sobre isso. –completou Dillon, doido para que aquela reunião acabasse logo.

—É. Não quer uma água com açúcar? –providenciou Cook. –Cientificamente comprovada como ótima fonte para acalmar os nervos...

Com isso, o burburinho recomeçou: cada um querendo dar sua opinião sobre o assunto. Chelsea e Eddie correram para junto da amiga.

—E agora, Ray? Eles não vão mais querer te ouvir... –lamentou Chelsea.

—É, Ray. Sinto muito, mas acho melhor você esquecer tudo isso. -sugeriu Eddie. -Não dá pra fingir que tudo não passou de um sonho? Quem sabe, seja só isso mesmo...

—Não posso, porque estou desconfiada de que tive –ela diminuiu a voz, de modo que eles só puderam mesmo ler seus lábios, no meio daquela barulheira. –uma visão. Entendem? E se for realmente o que eu penso que é, e o sonho não for um sonho, mas uma visão “fantasiada” de sonho, então Luisa corre grave perigo. –ela fez uma pausa breve, respirando fundo. –E eu não posso deixar isso continuar sem fazer nada.

Ela ia caminhar para chamar a atenção de todos quando Eddie segurou seu braço.

—O que vai fazer? Nenhuma besteira, Chelsea e eu esperamos.

—Não há um meio melhor de fazê-los ouvir agora –disse Ray. –senão contando a verdade.

Como é que é? E revelar o seu segredo? A que preço, Ray? Você nem sabe se é mesmo uma visão...

—Ás vezes sacrifícios são necessários. –disse Raven, muito séria, assimilando o que estava prestes a fazer. Por fim, ela esquivou-se do braço de Eddie.

Decidiu acabar de uma vez com aquilo.

Geeeeeeeente!!! —gritou. O pessoal demorou um pouco mais para cessar a discussão, mas ao poucos, as vozes foram se extinguindo até tornarem-se nulas. –Desculpem por isso. Eu só queria dizer mais uma coisa... Talvez, a coisa mais importante que eu tenha pra dizer em muito tempo, que por acaso não tem nada a ver com esmaltes, penteados ou roupas bonitas... –respirou fundo uma ultima vez. –A verdade; É isso que tenho a dizer pra vocês –muitos franziram a testa nessa hora, outros arquearam as sobrancelhas, todo ouvidos. –Bem, eu não tenho sido verdadeira sempre. Vocês devem ter notado algumas vezes... Bem, várias vezes, em que eu estive metida em situações estranhas e um tanto improváveis e depois, mesmo depois de tudo ter acabado, nada foi esclarecido de acordo. –o porão estava em silencio total. Raven sentiu-se encorajada a prosseguir: ao menos tinha prendido a atenção de todos. –Bem, esta é a hora de dar as devidas explicações. Essa é a hora de mostrar pra vocês o que vem causando todas essas confusões em minha vida e que, por sinal, acabam refletindo em quem estiver do meu lado –disse. Chelsea levou as mãos ao rosto; Eddie mordeu o lábio, ambos aturdidos com a decisão da amiga. Raven, contudo, seguiu em frente. Não havia mais a opção de voltar atrás, em especial, se ela pretendesse defender a visão que tivera. Neste caso, era fundamental prosseguir. –Bem, o que estou tentando dizer é que eu tenho um segredo. Um segredo que, desde criança, apenas havia compartilhado com minha família e meus amigos de longa duração: Chelsea e Eddie. –todos os olhares voltaram-se para os dois, de imediato, mas logo se dispersaram quando Raven voltou a falar. –Claro que um segredo não deve ser revelado por qualquer motivo. O que é curioso, porque isso ressalta a importância do sonho que tive noite passada, e talvez, dê a vocês a prova de que tanto precisam para acreditar em mim... -ela ia conseguir. Estava quase lá... –Porque eu... Oh meu Deus, porque eu sou... –ela se recompôs rapidamente. –Certo. Porque eu sou VIDENTE.

Houve um choque geral a principio, até, claro, que muitos começassem a supor que aquilo fosse outra brincadeira dela.

—Ah, Ray! Conta outra!

—É! A gente sabe que você ficou meio sem graça por ter nos dado um “alarme falso” com essa história de sonho realista. Não precisa se empenhar para dar um novo rumo para a reunião... De qualquer forma, não ia adiantar mesmo.

Desta vez Raven se irritou de verdade.

—MAS EU NÃO ESTOU INVENTANDO NADA! Essa é a pura verdade! Juro! Como eu disse, Eddie e Chelsea sempre souberam do meu segredo! Eles podem confirmar a vocês...

—Eddie e Chelsea são seu “comparsas”. –disse Dillon. -Eles diriam qualquer coisa para ajudá-la. A palavra deles não conta.

Raven baixou os ombros. Estava inconsolável. Precisara juntara toda a coragem do mundo para conseguir contar seu segredo mais profundo, e tudo só para ouvir que estava inventando coisas. Devon segurou sua mão, inesperadamente.

—Eu acredito em você, Ray. –ele disse. Aquilo deu uma renovada nas esperanças da garota.

—Vidente? –Julie repetiu, pensativa. Julie acreditava em muitas coisas (afinal, tinha uma banda com três fantasmas), estava cogitando acreditar na revelação de Ray, quando ouviu Violetta murmurar com seus botões, ao seu lado:

—É estranho... Se bem que faz sentido.

Julie voltou-se para ela de imediato.

—O que foi que você disse?

—É que eu estava pensando alto: a Ray disse que tem visões; Mas é tão estranho negar isso, quanto acreditar, porque isso meio que se encaixa no perfil dela. –disse. -Sabe, tipo aquela vez em que uma caixa de som explodiu no estúdio de música... Disseram que o ensaio ia ser suspenso antes do horário aquele dia e por isso fomos embora. No dia seguinte, a escola toda estava falando da explosão da caixa de som, e como uma catástrofe fora evitada... E, o engraçado, é que me lembro de ter ouvido a voz de Raven, Chelsea e Eddie, no rádio da escola, comunicando a todos para irem embora mais cedo. Acho que não foi coincidência... Eles sabiam que a caixa ia super aquecer... Era um dia muito quente... Você acha que haveria alguma possibilidade deles terem nos salvado?

Julie arregalou os olhos.

—Você me acharia maluca se eu dissesse que sim?

Violetta ergueu as sobrancelhas.

Enquanto isso, Ned chegou correndo à casa dos Baxters. Se atrasara por motivos pessoais e realmente torcia para não ter que falar sobre isso. Quando entrou, seus amigos não estavam na sala de estar, sentados à vontade e rindo feito bobos, como era de costume. Ficou meio confuso a principio, porém, logo foi instruído pela mãe de Raven a ir até o porão, onde todos estavam reunidos. Ele agradeceu e se dirigiu para lá na mesma velocidade.

Chegou no corredor do porão e, a cada passo que dava em direção da porta, ouvia uma confusão de vozes aumentando de intensidade. Por fim, parou diante da maçaneta, mas resolveu não abri-la de imediato. Um pressentimento o aconselhou a esperar um pouco mais, afinal: já estava atrasado mesmo! Então, ao invés de entrar, encostou a orelha na porta, tentando distinguir algumas vozes e entender o que estava acontecendo.

Dentro do porão, as opiniões variavam, porém, o que Raven não desconfiava, era que, no meio daquela discussão toda, não haviam apenas pessoas duvidando dela, mas também, pessoas recordando-se de fatos que, curiosamente, coincidiam com a participação de Raven e seus amigos, em várias situações intrigantes do dia a dia, da qual ninguém sabia ao certo explicar. Contudo, era óbvio que a desconfiança predominava acima de todos os conceitos.

—Vai lá então! Prova pra gente que é mesmo vidente... Diga no que eu estou pensando! —propões Chris Rock, de repente.  

Raven fez um bico.

—Não é tão simples assim. Eu não posso simplesmente “ler a sua mente”. Na verdade, as visões nem surgem quando eu quero... Elas vem aleatoriamente, em geral, quando alguma coisa errada, ou perigosa, está prestes a acontecer.

—E como espera que acreditemos em você, então? –interveio Will Smith.

—Eu não sei! Só sei que a Luisa não vai poder esperar para sempre... Ela precisa da nossa ajuda agora!

Ned arregalou os olhos do outro lado da porta. Aquela era a motivação de que precisava: Será que seus amigos tinham alguma notícia do paradeiro de Luisa? Sem pensar duas vezes, ele girou a maçaneta... Mas a porta não se abriu: Estava emperrada.

—Vai! Não me deixa na mão!—gemeu, forçando a tranca. Ninguém percebeu que havia alguém na porta; estavam tão focados na discussão que não teriam notado nem se metade to teto desabasse sobre suas cabeças.

—Bem, talvez a questão mais importante seja: Como poderemos ter certeza de que a Ray está falando a verdade?—anunciou Fred, pensativo. O porão foi invadido por uma onda reflexiva e o pessoal pôs as cabeças para funcionar, trocando idéias entre si... Até que Spencer, apalpando acidentalmente a superfície de seu último invento, teve uma brilhante idéia:

—Ei pessoal! Eu já sei como ter certeza: Vamos testar meu detector de mentiras caseiro, nela!

Em meio a uma agitação unanimemente positiva, Raven acabou tendo que aceitar ser submetida ao teste, em virtude de comprovar seu dom –mesmo receosa com a possibilidade do capacete estragar seu penteado, o esforço valeria a pena.

Com os dedos cruzados, Raven esperou sentada, com o capacete na cabeça, enquanto Spancer fazia os ajustes finais. Por fim, ele ligou o aparelho e Carly, Sam e Fred (imitados pelos demais) esconderam-se atrás das cadeiras, movidos pela fama explosiva dos inventos do rapaz e pela freqüência com que acidentes costumavam acontecer ao seu redor.

Sem embromação, Spencer fez a pergunta ao aparelho:

—Essa garota é vidente ou não é?

Depois de fazer uma meia dúzia de ruídos engraçados (e de soltar um pouquinho de fumaça), a geringonça assimilou a informação e deu a resposta, fazendo com que o ponteiro amarelo, até então posicionado bem no centro de um termômetro que dividia-se entre a cor azul (verdade) e vermelho (mentira), pendesse completamente para o azul, revelando finalmente, que ela falava a verdade.

Spencer comemorou o sucesso: seu invento funcionava! Seus gritos comemorativos chamaram atenção dos adolescentes encolhidos, que começaram a se levantar e checar o resultado com atenção.

—Bem, acho que isso basta –averiguou Cook, espichando-se atrás da cadeira, impressionado. –Ela estava falando a verdade!

Após um pontapé bem dado, a fechadura finalmente cedeu e Ned conseguiu adentrar no ambiente, para a surpresa e susto de muitos.

—É claro que estava! Eu tive o mesmo sonho que ela! —anunciou, deixando todos perplexos. –O que estão fazendo aí parados me olhando? Levantem! Precisamos ajudar Luisa!

—Aleluia! Finalmente alguém que compreende a urgência do problema! –alfinetou Raven, aos que duvidaram dela. –E então, qual é o plano? Podemos organizar um resgate...

—Não! Não dá tempo para programarmos nada... Temos que agir agora!

—Calma aí Ned. Não podemos nos precipitar –disse Moze. –Cook! Dá aquela água com açúcar pra ele. –instruiu, e o rapaz o fez, entregando o copo à Ned e conduzindo-o para se sentar em uma cadeira próxima. Vendo que o amigo se acalmava, Moze prosseguiu: -Certo. Se vamos agir, primeiro precisamos decidir umas coisas, por exemplo: por onde vamos começar a procurar. Ela pode estar em qualquer lugar... Não podemos vasculhar a cidade inteira feito baratas tontas. Isso seria estupidez! Precisamos de um plano simples e eficaz...

—Bom, pra começo de conversa, se vamos ser uma equipe, acho que precisaremos de um nome. –sugeriu Spencer.

As garotas reviraram os olhos, mas os meninos não estavam nem aí.

—É! Um nome! Feito a Liga da Justiça! –aprovou Junior.

—Boa! Podíamos ser a “Liga da Justiça 2.0”! –disse Ziggy, animado. Dillon abafou um sorriso.

—Cuidado, Ziggy, ou vai acabar sendo processado pelo Superman...

—Vocês são doentes –resmungou Claire, entediada. –Será que não vêem que isso é sério? Luisa pode estar em apuros à uma hora dessas, e nós aqui batendo papo!

Em apuros... –Ned arfou, ofegante, na cadeira. Cook o fez tomar mais água com açúcar, mas o rapaz não conseguiu terminar o segundo copo.

—Puxa, temos que chegar a um acordo, e rápido! O Ned já enjoou do da água com açúcar e vai acabar surtando, mais cedo ou mais tarde, quando o efeito passar...

Sem dizer nada, Moze apanhou da mochila um bloquinho e uma caneta. Rapidamente, escreveu todas as letras do alfabeto, em uma folha em branco, dando um centímetro de espaço entre elas. Depois destacou a folha, e instantaneamente começou a picá-la em pedacinhos, isolando cada uma das letras. As pessoas ao redor começaram a se entreolhar.

—Que quê foi? Vocês não queriam escolher um nome? Essa é a forma mais rápida de fazermos isso...

Intrigados, eles observaram-na continuar; Depois de picotar parte da folha e amassar os papeis, ela tirou uma touca de crochê da mochila e improvisou um saquinho. Jogou todos os papeizinhos dentro, então, pôs-se a chacoalhá-los. Ferris abriu um sorriso.

—Ah, já entendi... É um sorteio! –adivinhou.

—Muito bem –Moze estendeu o saquinho aos colegas. –Quem quer tirar as duas letras?

—Por que tem que ser duas? –perguntou Violetta.

—Ora, porque será um nome duplo –disse Will, já levantando-se. 

—Ah! Tipo “Liga da Justiça” –retomou Chris. –Só que sem o “da”.

—Exatamente –sorriu Will. –Primeiro nós sorteamos as iniciais, depois escolhemos palavras que comecem com as duas letras: lembrando que elas tem que combinar; se não fizerem sentido não irão espelhar nossa personalidade... E por fim, compomos um nome para a equipe. –esclareceu, colocando a mão dentro do saquinho. –Certo, vamos ver... Ahã! Aqui estão elas: as letras são H P.

—HP? –Daniel San franziu a testa. –Hum... Tá aí um bom desafio...

—Encontrar duas palavras que comecem com essas letras... –disse Julie, pensando alto. –E que tenham química, ainda por cima...?

—Não será tão complicado... Se for ver, existem muitos nomes que começam com as siglas H e P. –citou Junior. -Por exemplo, “Homens de Preto”; Quem nunca ouviu falar deles...?

—O Quê? MAIS NEM PENSAR! –negou Will, fazendo todos voltarem-se para si, intrigados. Por fim, o embaraço ficou claro em seu rosto. –Hã... Hum. Quero dizer: Não. Isso é só uma estória boba... Não existe essa coisa de “Homens de Preto”. Além do mais, o nome já foi inventado. Se nós usássemos, seria plágio. E nosso objetivo aqui é criar algo original, não é? Lembre-se disso. –terminou, muito sério.

   -Muito bem –disse Moze, com seu caderninho de anotações a tiracolo. –O que vocês diriam de... Bem, com HP podemos formar...  Hã... –ela rabiscava tentativas de unir as duas letras na folha em branco; Inicialmente, não fez muito progresso. –Ora, não consigo pensar em muitas palavras que comecem com H e P, que ornem bem juntas, e que já não tenham sido utilizadas por alguém. 

—Que tal “Homens Púrpuras”? –sugeriu Ziggy. –Sabem? Aquele da Jéssica Jones...

Nem sonhando!—repreendeu Summer. –Roxo não fica bem em mim. Minha preferência está mais pra um amarelo creme... –opinou.

—Ziggy, está tentando ser processado pela Marvel? Porque, se for esse o seu objetivo, garanto que você o alcançará até o fim do dia. –comentou Dillon.

—Pronto –disse Moze, chamando a atenção de todos. –Por enquanto, não consegui pensar em palavras com H, mas em compensação, lembrei-me de várias palavras com P, escutem: Perspicazes, prestativos, palhaços, pancadas, panacas, palermas...

—Calma aí... Está nos comunicando ou nos xingando? –indagou Junior, confuso.

—Querem deixar eu terminar –ela disse, irritada. Junior calou-se e ela prosseguiu. -Pirados, patéticos, pulverizadores...

Pulverizadores! Ta aí uma palavra que eu gosto... –disse Willis Jackson.

—Não acha agressivo demais? Não se esqueça de que existe a parte feminina neste grupo! –lembrou Chelsea.

—Chelsea tem razão. Se formos batizar o grupo, então temos que dar um nome que agrade e simbolize a todos. –argumentou Raven.

—Já sei! O “H” podia ser de “Humanóides”, sabe? Pra não parecer que somos pessoas comuns. –disse Julie, recebendo a imediata aprovação de todos.

—Mas não somos pessoas comuns. Todos nós somos especiais por alguma coisa... –ponderou Eddie. –E não estou dizendo isso porque tenho uma amiga vidente.

—Sabe, eu queria muito perguntar uma coisa –Carlton voltou-se para Raven. –Como conseguiu guardar o seu segredo por tanto tempo?

—Olha... Eu acho que fui movida pela insegurança. Tive medo minha vida toda de não ser aceita, de ser mal compreendida, sabe, essas coisas. Além do mais, fui instruída a não revelar meu segredo. Minha própria família sempre achou perigoso que mais pessoas tivessem esse conhecimento...

—Perigoso? De que jeito? –perguntou Carlton, que em seguida levou uma cotovelada do primo. –Ai, Will!

De que jeito? Pense um pouco, Carlton: ela é vidente; Não acha que estaria chovendo de gente querendo se aproveitar do dom dela?

—Exato. Olha... Eu sei que não fui completamente sincera com vocês durante todos esses anos de ensino médio em que convivemos, mas, quando estiverem pensando nisso, levem em consideração que eu lhes contei a verdade agora, e se fiz isso, acreditem, é porque confio em vocês. Por que vocês são meus amigos. São vocês que eu quero procurar quando estou com problemas... Não quero nunca mais ter de esconder coisas importantes das pessoas de quem gosto. -a galera ficou lisonjeada com as palavras de Ray. Ela prosseguiu: -Por que eu sei como é terrível ter de mentir para todo mundo o tempo todo. Imaginem só o pandemônio que seria se o grupo todo escondesse coisas uns dos outros?

Naquele momento, várias pessoas desviaram os olhos. Uma atitude muito suspeita... Era inevitável perceber a tensão presente naquele silêncio e na cara dos companheiros; Até Moze parou de rabiscar para encará-los: alguma coisa não estava bem esclarecida.

—Qual o problema? –Raven sondou. –Pensei que já tivéssemos superado esse assunto, o que deu em vocês?

Eddie empertigou-se.

—O que não estão nos contando?

Julie mudou de posição na cadeira. Will começou a assobiar, enquanto Carlton roia uma unha. Ziggy, Dillon e Summer fingiram que não era com eles. Claire checava o celular. Poderia estar fazendo-se de migué, ou simplesmente bisbilhotando o perfil do facebook de alguém –que era bem mais a sua cara. Culpados ou não, estavam agindo muito estranho...

Sem pedir permissão, Spencer apontou o controle remoto do Mentirometro para a turma e perguntou:

—Alguém aqui está escondendo mais informações importantes, do restante de nós?

Não deu outra: o ponteiro pendeu completamente para a divisão onde a palavra “verdade” estava escrita. Os culpados suspiraram. Ninguém disse nada a principio.

Vendo que daquele mato não saia coelho, Moze prontificou-se:

—Muito bem... Alguém tem algo a acrescentar antes que eu revele o nome da nossa equipe? –disse, chacoalhando o bloquinho, fazendo suspense. Mas o pessoal não estava para brincadeiras... Estavam enfrentando uma tensão danada e um complicado conflito interno de “conto ou não conto?” quando Raven adiantou-se:

—Olha, não precisam revelar seus segredos se vocês não quiserem. Eu só fiz isso porque a vida de um integrante essencial do nosso grupo pode estar em risco, e que isso fique bem claro.

—Não. É mais do que isso –interpôs Summer, meio sem jeito. –Você confiou em nós; revelou seu segredo mais íntimo mesmo sem saber se o que você sonhou era mesmo real... –ela fez uma pausa. -Você se arriscou em nome do bem estar da nossa amiga, e isso é uma coisa que não se vê todo dia.

Raven assentiu, contente com a interpretação de seu gesto. Inspirada pela coragem de Ray, Julie levantou a mão, lentamente. Todos focaram nela.

—Nunca contei isso a ninguém, bem, a quase ninguém. Algumas pessoas sabiam, mas juraram levar esse segredo para o túmulo...

—Não diga! Você vai nos contar quem são os integrantes misteriosos da sua banda? —indagou Carly, esperançosa. –Puxa vida! Eu sempre quis saber quem eles eram, porque sempre tocam mascarados, e usando aqueles macacões esquisitos que cobrem o corpo todo...

—E, então, sei lá, nós sabemos que todo o “mistério” faz parte do show e todas essas bobagens de superstições de banda que vocês artistas inventam –falou Sam, espirituosa. -, mas, cá entre nós, acho que você poderia abrir uma exceção e nos contar, afinal, já faz quase dois anos que vocês tocam juntos... E nós somos seus amigos! —apelou, abrindo um sorriso largo. -Não se esqueça de pesar isso na balança antes de rejeitar a idéia.

—Pode crer! Sabemos guardar segredo como ninguém... –intensificou Fred, sorrindo também. Julie parecia meio insegura agora que haviam cortado seu raciocínio. Antes de atropelarem-na com especulações, ela havia arranjado coragem para falar, contudo agora, não sabia mais o que era certo fazer.

—Prometemos guardar o da Raven, e não será diferente com você –assegurou Carly, fazendo um sinal de “juramento” com as mãos. De repente, o porão inteiro fez o mesmo gesto, jurando não revelar, jamais, os segredos uns dos outros. Feito isso, um peso pareceu sair da consciência de todos os envolvidos na parcela que guardava segredos, a ponto de deixá-los bem à vontade para se abrirem.

Primeiro foi Summer que se pronunciou:

—Tem razão. Não há porque nos esconder assim... Afinal, estamos entre amigos, não é? –disse, entusiástica. -Pois bem então: Eu, Dillon, e Ziggy somos Power Rangers. Salvamos o mundo da ameaça de monstros e vilões perversos. É difícil nos reconhecer porque estamos sempre mascarados e com aquelas roupas coloridas, mas posso assegurar que nós aparecemos todas as noites, pelo menos em uma matéria do jornal televisionado, seja aqui no Brasil, ou em qualquer outra parte do globo.

Após várias exclamações e comentários empolgados, Julie tomou coragem e foi a próxima:

—Eu toco numa banda com um trio de Fantasmas. É por isso que eles não podem aparecer. Se ficam visíveis, a policia espectral “pega no pé deles”, então temos que ser bem discretos para não chamar atenção desse pessoal.

Mais exclamações e ares de surpresa. Vários olhares encantados recaindo sobre ela. Então Junior se manifestou:

—Tirei três e meio no exame de matemática, mas falsifiquei minha nota no boletim durante dois bimestres neste ano... Ganhei um computador e um celular novos por causa de um B+ que pensam que eu tirei.

Claire voltou-se para o irmão com indignação.

Seu Cabeçudo! Eu sempre soube que havia manipulado o resultado daquelas provas... Eu só não tinha como provar isso, mas agora estou vendo que nem vou precisar, porque você próprio se entregou!

Hã, hã, hã—negou Junior, com tranqüilidade. –Nada disso. Você não pode me entregar porque jurou, em nome do grupo todo e de nossa amizade, que tudo que conversássemos aqui, neste porão, ficaria neste porão, e que não seria revelado nem sob tortura. –lembrou-o, sentindo-se vantajoso.

Claire cruzou os braços, aborrecida.

—Tenho que me lembrar de ler as entrelinhas do contrato desses juramentos qualquer dia desses...

Após essa pequena “distração”, as confissões prosseguiram: desta vez com Will e Carlton na mira dos olhares curiosos.

—Bem pessoal, eu e meu primo também temos uma coisa pra contar –disse Carlton, empurrando logo mais Will Smith, para fazer as honras. Após fitá-lo com irritação, por um instante, Will voltou-se para os amigos e, tentando ser o mais simpático possível, disse:

—Faz um ano e meio que deixamos de ser dois adolescentes comuns. Desde o dia que um homem chamado Agente K nos encontrou caminhando pela rua e nos fez uma proposta irrecusável, só porque julgou que fossemos “os caras certos para o serviço”. Desde então, fomos treinados e nos tornamos realmente capacitados; Hoje somos conhecidos como os Agentes J e T; Trabalhamos secretamente para os Homens de Preto.

—Caramba! Os Homens de Preto!? Os mesmos que você disse ainda há pouco que não existiam?—exclamou Ziggy. –Puxa vida! Vocês sabem mesmo disfarçar... Acreditam que eu nunca desconfiei que vocês tivessem identidades secretas?

Não me diga. –Dillon bufou, entediado.

Surpreendentemente, Claire foi a próxima a levantar a mão, e todos fitaram-na, inclusive Junior, com estranheza.

—Ah... Oi. Eu só queria dizer umas coisinhas... –mas, antes que conseguisse terminar, Junior a puxou de lado, para conversar em OFF.

—Veja lá o que vai dizer... Você pode acabar se arrependendo para o resto da sua vida.

—Não se grila, Junior, eu sei o que estou fazendo –e deu um passo a frente, na direção dos ouvintes que não tiravam os olhos dela. –Oi gente. Eu só queria aproveitar para esclarecer algumas coisas e ser sincera com vocês também: durante dois anos escolares eu menti minha idade para poder fazer parte do time das líderes de torcida; improvisei algumas assinaturas para me livrar de detenções e sermões paternos por ter matado aula vez ou outra, e também sempre ocultei meu verdadeiro estado sexual; sim, atendendo a pedidos eu admitirei: ainda sou virgem.

Pois é. Em pouco tempo, muitas revelações foram feitas, e agora, todos podiam ver que, acima de tudo, definitivamente, não eram “simples humanos comuns” e isso, de certo modo, os agradou bastante. Mesmo para aqueles da qual seu “super poder” ou dom se resumisse em apenas portar “a excelente capacidade acima da média para sem meterem em confusão”; independente da importância oficial da coisa, esse dom também ganhou valor, pois estavam entre amigos, e entre amigos qualquer coisa pode ser considerada valiosa ou importante. E isso, acreditem ou não, fez muitos deles ganharem o dia.

—Acabei de encontrar o nome perfeito para nós! –anunciou Moze, muito orgulhosa de si. –O que vocês acham de “Os Humanóides Paranormais”.

—Uau! Que Massa!

—Demais!

—Espetacular!

—Precisa ter o “Os”, no começo. As letras não eram só HP? -perguntou Ziggy. Desta vez o pessoal não se agüentou e rachou de rir.

—Ziggy... Você é mesmo uma figura! –riu Dillon, oficialmente, pela primeira vez naquele dia.

—Então é isso –Raven tomou a frente de todos e estendeu a mão. –Bem vindos aos Humanóides Paranormais!

Fazendo uma algazarra danada, todo o pessoal empilhou as mãos em cima da dela, e deram um grito em homenagem a criação do grupo.

Ned se uniu a eles, mas logo que a bagunça acabou, ele se afastou, perdido em pensamentos. Moze percebeu seu distanciamento e juntou-se a ele. Ela era sua amiga de infância: sabia detectar quando ele estava precisando de ânimo.

—Ei, Ned. –anunciou sua presença. O rapaz ergueu o rosto para ela: estava mais abatido que nunca. Moze sentou-se ao seu lado e passou o braço em volta dele. –Não fique assim... Vai dar tudo certo, você vai ver. Nós vamos encontrar a Luisa... Somos uma equipe oficial agora! Não vamos decepcionar. Ninguém vai nos impedir de atingir nosso objetivo...

Mas Ned não queria ouvir aquele discurso encorajador.

—Você não entende, Moze! Eu não devia ter deixado ela ir embora... –anunciou, aturdido, pegando a amiga de surpresa. –Luisa estava bem. Ela estava comigo, então eu a deixei ir... Nem sei mais porque fiz isso. Achei que era o certo a fazer no momento, mas agora, meu Deus... Agora parece o pior erro de todos!

Moze fitava-o com ar de espanto.

—Calma. Você tem que se acalmar agora. –aconselhou. –Você dormiu ontem? Está com olheiras profundas... O que ficou fazendo a noite toda?

Ned esfregou os olhos: parecia só ter tomado conhecimento naquele instante, da exaustão que o compunha.

—Eu estive procurando por Luisa. Passei a noite em claro, procurando por ela... Revirei metade da cidade e nada. É inútil, Moze. Ela não está em parte alguma!

—Mas... Isso não faz nenhum sentido, Ned. Ela tem que estar em algum lugar...

—Só que não está. –ele bufou, mau-humorado. –Ela desapareceu. Simples assim!

Moze arqueou as sobrancelhas, como se julgasse que ele estava exagerando.

—“Simples assim”? –achou graça. -Só você pra achar um desaparecimento algo “simples”.

—Mas deve ser simples. Não é a primeira vez que ela faz esse truque... –comentou, descorçoado. Moze franziu o cenho, intrigada.

—Tenho o pressentimento de que tem alguma coisa que você não está me contando.

Ned encontrou os olhos da amiga. Havia um brilho extremamente compreensivo neles. O rapaz sabia que podia confiar nela, então, diante das atuais circunstancias que os rondavam, achou melhor se abrir de uma vez por todas.

—Ela está com ele... Luisa está viajando com o homem da cabine policial. Não vai ser nada fácil encontrá-los agora.

—Homem da cabine policial? Do que está falando?

Ned respirou fundo. Teria que contar toda a verdade a ela.

—Olha, eu sei que isso vai soar absurdo, ou até mesmo bobo, mas acredite em mim, é só o que lhe peço. Porque isso é sério, Moze... Muito sério. –anunciou, de modo a prepará-la pelo que vinha pela frente. –A verdade, Moze, é que Luisa não está onde possamos procurar. É isso que aquele vórtice do meu sonho e da Raven representa: Luisa está completamente fora de alcance. Neste exato momento, ela está viajando no tempo e no espaço com Melissa Rivera e um alienígena de gravata-borboleta. Ela mesma me contou isso da última vez que nos vimos... E sim, tenho provas suficientes para acreditar em sua palavra. –acrescentou, ao reconhecer a expressão no rosto de Moze. –Entenda, Moze: Ela está bem longe de casa, agora; Pode estar em apuros, perdida e sozinha, e o celular está fora de área... –fez uma pausa dramática. –Olha, eu não entendo muito de tragédias, mas sou esperto o bastante para compreender que isso não é um bom sinal.

Moze ficou pasma, de queixo caído. Ned calou-se, esperando-a processar todas as informações. De começo, ela parecia que ia surtar... Por fim, a garota disse, ainda meio confusa:

—Calma aí; Repete de novo a parte sobre ela ter fugido com um alienígena.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Luisa Parkinson: A Companheira Fantástica" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.