Sangue, Suor, Lágrimas e Estilhaços escrita por Blue Blur


Capítulo 9
Ahkvata


Notas iniciais do capítulo

Após retornar à Mênfis e se autocoroar faraó, Amennekht lidera junto com Rose Quartz uma ambiciosa campanha militar para libertar todo o continente africano do poder das Diamantes. Uma cidade localizada no vale de Sidim, temendo se tratar de inimigos poderosos, manda seus mais poderosos guerreiros para investigar a situação.



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Mais de uma década havia passado desde que o príncipe Amennekht, de apenas 7 anos, fugira de Mênfis durante um ataque das gems. Resgatado por Rose Quartz, líder das rebeldes Crystal Gems, ele treinou duramente para superar os limites de um homem e ser capaz de enfrentar suas opressoras no mesmo nível. Aos 18 anos, seus esforços valeram a pena: finalmente ele retornou ao seu lar e sentou-se no trono de seu pai, agora renomeando a si mesmo como Amennekht I, o novo faraó de Mênfis.

Depois daquele glorioso dia, o jovem faraó não parou mais: após a reconstrução da capital do Egito, ele e suas companheiras Crystal Gems iniciaram uma bem-sucedida campanha pelo deserto, enfrentando as tropas de Homeworld e salvando humanos pelo caminho. Embora tivesse salvo já alguns milhares, ele sempre os mantinha em Mênfis, não ousava pedir para que aqueles prisioneiros recém-libertados abrissem mão de sua liberdade para lutar por ele, para isso suas amigas gems se dispunham de toda a boa vontade. Mesmo assim, não eram poucos os humanos que se voluntariavam para lutar a causa de seu libertador: um dos batalhões pessoais de Amennekht chegava a contar com cerca de 5.000 guerreiros humanos, oriundos de diversos povos do deserto, desde zulus até midianitas.

Desde o dia da reconquista de Mênfis até o desenvolvimento de toda a cidade e mais a campanha militar através do deserto, tudo isso durou uns 4 anos. Nesse meio tempo, Amennekht conseguiu repelir TODA presença gem hostil não só do Egito, mas de todo o continente. Embora a tarefa parecesse impossível, o uso dos teletransportadores, aliado à logística e estratégia dele e de Rose Quartz, mais o contingente militar das Crystal Gems permitiu-lhe realizar tal empreitada. Em sua última batalha, o príncipe agora estava numa biga egípcia de guerra (https://img00.deviantart.net/e6c3/i/2012/159/1/0/project_olympia___egyptian_chariot_by_lachev-d52qp16.jpg), puxada por dois possantes cavalos brancos, acompanhado de uma zircônio roxa (https://orig00.deviantart.net/2af8/f/2017/169/1/3/powder_pink_zircon_by_jag2583-dbd76hd.png), que atuava tanto como uma emissária para propor paz quanto como uma arqueira, que acertava com incrível precisão qualquer alvo no campo de batalha, na traseira da biga estavam presos dois pequenos mastros, onde tremulavam duas bandeiras (https://vignette.wikia.nocookie.net/future/images/f/f2/Ankh_Flag.png/revision/latest?cb=20170103063505), desenhadas por Bismuto, para servir como o brasão de Amennekht no campo de batalha.

O campo de batalha ficava próximo ao mar vermelho, e na verdade sequer houve uma batalha, as gems inimigas simplesmente desmontaram tudo e foram embora, o que certamente encheu as rebeldes de orgulho, que começaram a comemorar.

(Pérola): Uma grande saudação à Rose Quartz e a Amennekht, por todas essas sucessivas vitórias!

(Topázio Imperial, bem escandalosa): VIVA ROSE QUARTZ!!! VIVA AMENNEKHT!!!

(Bismuto): Rapaz, se Rose me dissesse no dia que me juntei às rebeldes que um dia um humano botaria as chefias de Homeworld para correr, eu diria “Você é louca, eu estou fora! Vou voltar para a minha Diamante, implorar perdão e voltar ao trabalho! ” Mas olha só aqui, o nosso Amennekht, mostrando para as chefias quem é que manda!

(Garnet): As gems de Homeworld não estão fugindo, provavelmente estão se reagrupando para enfrentar outros fronts, pois acham que não vale mais à pena lutar por este continente. Mas devo dizer Amennekht: estou impressionada. Fazer tropas da Diamante Rosa desistirem de lutar por uma região tão rica é algo a se comemorar!

(Rose): Meus parabéns Amennekht, você conseguiu, libertou seu povo.

(Amennekht): Sim, e agora é meu dever moral usar tudo o que vocês me deram para libertar os outros povos da tirania das Diamantes.

Amennekht se virou e pegou uma das bandeiras presas à sua biga e ergueu bem alto, balançando-a e bradando:

— De hoje em diante declaro que nossas correntes estão quebradas! Nada mais queremos com a Diamante Rosa e declaro o Egito e todos os reinos aliados para sempre separados de Homeworld!

(Pérola, balançando a bandeira das Crystal Gems): Crystal Gems, que nosso grito de guerra agora seja “Liberdade ou Estilhaçamento!”

Várias gems começaram a gritar em comemoração, até que alguém se esgueirou por trás do egípcio, esperando-o descer. Quando ele desceu, esse alguém o agarrou e o surpreendeu com um beijo apaixonado na boca. Ao se recuperar do êxtase inicial, ficou encarando os belos olhos de Rubelita.

(Rubelita): Você fez um belo discurso, sabia? Agora que você vai ser rei, eu vou ter que me curvar a você?

Antes de responder, Amennekht foi passando as mãos pelos quadris da gem e começou a brincar com a saia dela.

(Amennekht): Bom, isso depende... rainhas não precisam se curvar perante a reis.

Rubelita deu um tapinha sapeca na mão de Amennekht para que ele parasse com aquela brincadeirinha sugestiva.

(Rubelita, rindo): Então para começar, no planeta natal ninguém brinca com a roupa das rainhas desse jeito.

Amennekht respondeu dando um tapa estalado na coxa direita da gem, que a surpreendeu a ponto de deixa-la com um rubor nas bochechas.

(Amennekht, rindo): E no meu planeta, você não pode dar esse tipo de tapinha num rei.

Os dois riram e depois começaram a se beijar novamente, ignorando todos ao seu redor. Eles só interromperam o beijo por conta de uns gritinhos bem familiares para Amennekht.

— Argh, sai daqui bicho chato! Eu não sou seu ninho! Se manda ou vou te chutar para longe!

Amennekht não pôde segurar a risada ao ver a cena: A rubi Joanete fugindo de uma águia que voava atrás dela para lá e para cá.

(Amennekht, rindo): Joanete, ele só quer um pedaço dos seus cachinhos. Não seja egoísta!

(Joanete, irritada): Mas dói quando ele bica! Que saco!

A águia pousou nos volumosos cabelos da gem, tirou fora uns cachinhos, botou na bolsinha que tinha em seu peito e saiu voando.

(Joanete): Isso, vai embora, se manda e não volta mais, ou da próxima não serei tão boazinha.

(Rubelita): Não é estranho como, cada vez que vencíamos uma batalha, essa águia vinha e repetia esse mesmo ritual de pegar pedaços dos nossos cabelos?

(Amennekht): De fato, é quase como se fosse treinada para isso. Mas eu me pergunto: quem a treinou?

Trilha sonora, ouça a partir de 0:45 - https://www.youtube.com/watch?v=B9ubdk1tuI0

A águia alçou voo, subindo aos céus até que as gems embaixo ficassem tão pequenas quanto formigas. Então seguiu voando em direção ao horizonte, observando os animais abaixo dela: gnus e antílopes correndo pelas planícies, pastores conduzindo rebanhos de ovelhas, aves menores voando mais baixo... mas tudo isso a majestosa ave parecia ignorar. Ela voou longe, até chegar ao Mar Vermelho. O sol refletia um brilho majestoso sobre as águas, que aliado às montanhas ao fundo, criava um lindo e maravilhoso horizonte. Como se buscasse alcançar aquela paisagem de beleza indescritível, a águia começou a voar ainda mais alto, até tocar as nuvens.

Acima das nuvens, a águia agora voava lado a lado de seres totalmente diferentes das quais estava acostumado: haviam enormes discos voadores no céu, acompanhando o que parecia ser um enorme braço humano, todo pintado de amarelo. A águia foi voando bem perto dessas naves, e voou tão perto do tal braço que até conseguiu passar por entre os dedos dele.

Mais na frente, na viagem, a águia começou a descer, chegando a um vale verdejante cuja beleza beirava o divinal. Naquele vale havia uma grande cidade, com muralhas com mais de 50 metros de altura. Próximo a ela camponeses cultivavam grandes plantações, viajantes chegavam e grandes caravanas, caçadores iam e voltavam trazendo grandes animais abatidos. Atrás dos muros, uma cidade próspera, que Amennekht nunca imaginaria existir. A águia continuou voando até chegar a um grande palácio, então pousou na janela e deu alguns piados bem alto, chamando a atenção de um homem (https://pre00.deviantart.net/a220/th/pre/i/2015/020/7/0/training_with_boss_by_animefreak00910-d8eou1w.jpg). Ele estava sem suas roupas de rei, preferindo trajar algo que permitisse às diversas odaliscas e concubinas ao seu redor tocar-lhe de formas bastante sugestivas. Ele também retribuía as carícias recebidas com as suas próprias, inclusive escolhia alguma que lhe fosse particularmente atraente e dava a ela alguns goles do vinho em sua taça de ouro. Embora aquele rei estivesse desfrutando bastante do espetáculo fornecido por suas servas sensuais, ele ordenou que todas parassem no momento que ouviu a águia gritar, como se chamasse por ele.

(Rei): Muito bem, podem parar. Voltem para o harém até que eu lhes chame.

O rei então foi até a janela, pegou sua águia, deu um petisco a ela e pegou a bolsinha amarrada no peito dela, depois entregou a águia ao copeiro e disse:

— Certifique-se de que minha águia tenha um bom descanso, com muitas regalias. Ela merece isso. Depois chame para mim meus melhores rastreadores.

(Copeiro): Sim, majestade.

Em questão de minutos as dançarinas e o copeiro haviam sumido e diante do rei apareceram três homens, o primeiro homem era um índio apache, de pele avermelhada, cabelos negros e longos e vários enfeites com penas de ave, bem como a pintura de guerra no rosto e uma calça e camisa de peles de animais. O segundo homem era um guerreiro zulu, de pele bem negra, adornos feitos de dentes e garras de animais selvagens e usava roupas de peles, porém mais curtas, se resumindo a uma tanga e alguns enfeites de perna. O terceiro homem era branco, um celta de pele clara, cabelos loiros, uma “saia masculina” e alguns adornos, como braceletes. Ele também usava uma lança e um escudo circular pequeno.

(Rei): O que vocês podem me dizer sobre isso?

O rei estendeu o pacotinho que a águia trazia com sua mão direita, onde estava um anel dourado cujo engaste prendia uma pérola negra um tanto grande, porém destituída de brilho e repleta de arranhões em sua superfície. Os guerreiros pegaram o saquinho e, retirando cuidadosamente as amostras, analisaram e deram seus palpites.

(Apache): São os cachos minúsculos de uma rubi. O arranjo mais compacto permite diferenciar dos cachos da fusão desconhecida.

(Zulu): Os mesmos cachos rosas desconhecidos. Não são como as mechas lisas que pegamos da gem misteriosa, são firmes e consistentes como os cabelos de uma guerreira quartzo, mas nenhuma delas tem cachos assim.

(Celta): Esse tecido branco é linho, possivelmente de uma roupa egípcia.

(Rei): Interessante, todos os rastreadores dizem a mesma coisa sobre esse tecido branco. O que não faz sentido para mim é por que há um egípcio andando com gems.

(Apache): Talvez não se trate de um único homem, mas de vários. Lembre-se, rei de Sidim, que as mulheres de cristal costumavam levar consigo muitos homens cativos.

(Rei): Sim, eu sei disso, mas depois de nossa fuga massiva e nossos constantes ataques às caravanas de prisioneiros, eu não esperava que elas continuassem com isso. Mobilizar tantos recursos em um estratagema que é frustrado uma vez após a outra não é uma atitude inteligente.

(Zulu): Detectamos que esse grupo, além de ser muito grande, andou quase que em círculos por todo o continente. Uma atitude muito estranha para quem leva prisioneiros de guerra.

(Rei): De fato, as gems costumam seguir um caminho direto quando conduzem prisioneiros, não ficam dando voltas por aí.

(Celta): Além disso, nossas análises detectaram que esse não é um grupo de escolta, é um grupo de assalto. Por onde passaram, deixaram rastros de luta. A pergunta é: contra quem estão lutando?

(Rei): Este é um grande desafio, por isso estou aberto a sugestões. O que você me aconselha?

(Celta): Há um guerreiro em seu exército, um heleno. Ele diz conhecer algumas dessas guerreiras que, aparentemente, são traidoras. Elas lutam contra a própria pátria, inclusive algumas delas são suas amigas, foi o que ele me disse.

(Rei): Conheço esse guerreiro, é o capitão Thanos, do Esquadrão Platina. Ele é um dos meus melhores soldados, chamem ele.

Em mais alguns minutos, apareceu Thanos, o heleno: ele era um homem de mais ou menos 1,75m de altura. Seus olhos eram verdes e seus cabelos eram castanhos claros. Ele usava uma armadura grega padrão, com uma espada de lâmina preta, uma capa também preta, um escudo dourado e um anel na mão direita (https://img00.deviantart.net/730d/i/2015/223/9/9/greek_warrior_by_gutsberserk-d958f7r.jpg).

(Thanos, acenando): E aí, meu patrão?

O rei virou o rosto e torceu o nariz. Embora fossem amigos, o rei nunca se acostumava com a falta de reverência de Thanos ante sua presença.

(Rei): Capitão Thanos, alguns guerreiros me disseram que você conhece algumas das invasoras que tanto afligem nossa terra.

(Thanos): É claro, mas antes me dê uma uva aí que eu tô cagado de fome!

Amarrando ainda mais a cara, o rei pegou um cacho de uvas e jogou para Thanos.

(Rei): Me conte mais sobre essas invasoras que são suas... amigas.

(Thanos): Seguinte meu patrão, preste atenção, vou começar a falar... *COF, COF, COF*!!! Desculpa aí, é que areia do deserto me faz mal. Seguinte, existem umas guerreiras, ou melhor, ex-guerreiras de Homeworld que, pelo que entendi, se admiraram da tamanha beleza de nosso mundo e decidiram defende-lo e coexistir pacificamente com nosso povo.

(Rei, meio intrigado): Entendo...

(Thanos): Eu tive um papinho com uma delas, bem bacana por sinal.

(Rei): Como era essa gem?

(Thanos): Pôuuura, era enorme! Se brincar, tinha uns dois metros de largura... digo, altura, a gorda era a de vestido branco! Já essa não, ela parecia um cabrunco velho chupando tâmaras diretamente do exército de Áries, ela tinha uma cabeleira toda colorida. É muito amiga minha.

(Rei): Interessante... escute Thanos, eu tenho uma missão para você: há um grupo de assalto enorme que deu diversas voltas pelo deserto e agora está rumando para cá, para o vale de Sidim e, consequentemente, para nossa amada cidade Ahkvata. Eu preciso que você reúna um grupo com os melhores guerreiros que encontrar para interceptar essa poderosa força de assalto.

(Thanos): Opa, já tenho esse grupo. O Esquadrão Platina é, de longe, o melhor grupo de assalto de toda a região de Sidim. Quer dizer, o melhor que é composto por humanos.

(Rei): Acredito em você, afinal, com menos de 10 homens, você já foi capaz de derrotar e capturar uma centena de gems apenas usando sua estratégia.

(Thanos): Assim você me deixa ruborizado.

(Rei): Muito bem, capitão Thanos. Vá, reúna seus homens e parta quão logo puder, e não se esqueça: zele pela vida da Rainha como se fosse a sua.

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No pátio de um quartel, estava o capitão Thanos com seu grupo de guerreiros, a quem ele nomeou orgulhosamente de Esquadrão Platina. A Rainha, de quem o rei de Sidim falou para o guerreiro heleno zelar da vida dela, era uma mulher jovem, de pele morena. Ela usava trajes tipicamente egípcios e sua arma era um arco e flecha negro. Apesar de ser chamada de “rainha”, ela não era casada com o rei de Sidim, usando apenas esse título por ser uma pessoa de muita importância. Tamanha era sua importância que seu nome era mantido em segredo por muitos dos habitantes da cidade. (Aparência dela: https://pre00.deviantart.net/908c/th/pre/f/2016/283/3/0/neith_hotep_contraposto_71_display_signed_by_matsohrman-daki7ey.jpg)

O segundo integrante era Menob, um guerreiro com cerca de 3 metros de altura, longos cabelos loiros e olhos cinzentos, vestia roupas curtas e improvisadas feitas de peles de animais, usava pequenas peças de armadura e algumas joias, suas armas eram um punhal e um machado cinzento enorme (https://pre00.deviantart.net/cf44/th/pre/i/2013/161/5/3/stonehorn_lineart_colored_by_ackanime-d68iwgd.png). Menob era um general do exército de Arba, o rei dos anaquins. Os anaquins eram gigantes que habitavam a região montanhosa de Hebrom e possuíam este nome porque descendiam de um homem chamado Anaque, que tinha três filhos: Sesai, Aimã e Talmai.

Por últimos, haviam três vikings. O primeiro era Olaf, o Robusto, um viking bastante gordo, mas igualmente forte. Usava roupas de cor predominantemente azul, com um gorro que cobria seus olhos. Ele tinha uma volumosa barba loira e sua arma era um escudo. O segundo viking se chamava Erik, o Veloz, o mais baixo dos três. Possuía uma barba ruiva que descia até um pouco abaixo de sua cintura, suas armas eram um estilingue, um par de botas e um elmo com um dos chifres quebrados. Por último, havia Baleog, o Violento. Fazendo jus a seu título, este viking era bem musculoso, com uma grande espada e um temperamento bem condizentes. Dos três, este era o que mais se sobressaía nos combates físicos (aparência dos três: https://cdn.vox-cdn.com/thumbor/dtbDDSt5s_kPQMZmF0i_UH8xzPI=/0x0:1280x720/1600x900/cdn.vox-cdn.com/uploads/chorus_image/image/43731148/the_lost_vikings_heroes.0.0.jpg)

(Thanos): Pessoal, arranjei uma missão pra nós: a gente vai ver um grupo de gems que está se aproximando da nossa cidade.

(Rainha): Como é? Têm gems se aproximando de Ahkvata?

(Thanos): Sim, tem sim, mas a gente dá conta.

Se aproximando dos vikings, Thanos perguntou:

— E aí, seus cornos? Estão prontos?

(Baleog): Corno é tua mãe, seu animal.

(Thanos): Não é não, ela não tem chifres no capacete.

(Menob): Que tipos de gems estão vindo? Ametistas? Jaspes? Citrinas?

(Thanos): Ô Luke, ele não especificou.

(Menob): Meu nome não é Luke, é Menob!

(Thanos): E qual é seu povo?

(Menob): Eu sou um anaquim.

(Thanos): Então tá certo, Skywalker.

(Erik): Mas e aí, a gente vai logo ou vamos esperar elas chegarem.

(Thanos): Bom, a gente vai, mas não vai agora. Tô cansado, ainda não molhei a garganta...

(Rainha): Pelos deuses, Thanos, tem um exército de gems vindo para Ahkvata e você fazendo corpo mole?

(Thanos): No final vamos ser todos capturados mesmo, nós só lutamos para ter umas histórias legais para contar no zoológico delas.

(Olaf): É, faz sentido. Quando estive lá, eu não tinha nada de interessante para contar.

(Baleog): Bom, eu não pretendo voltar lá tão cedo, então vamos partir e descer a picareta nelas.

Enquanto alguém ia passando com um odre de vinho, Thanos simplesmente arrebatou, tomou uns goles e devolveu pro sujeito, que ficou de cara amarrada.

(Thanos): Bora.

Há pouco mais de um ano, um guerreiro eremita se aliou ao rei de Ahkvata. O mesmo conseguiu criar o melhor grupo de combate que todo o vale de Sidim havia visto. Composto por apenas seis integrantes e batizado de Esquadrão Platina, este é de longe a força mais poderosa do exército de Ahkvata.

Cerca de três horas depois, o Esquadrão Platina viajava pelas ricas e verdejantes planícies de Sidim. Para quebrar o silêncio, Thanos comentou:

— Sabe, acabei de perceber uma coisa: esquecemos os cavalos.

(Olaf): Peraí, a gente tinha cavalos?

(Rainha): É claro que a gente tinha, seu tapado! O rei nos deu depois da última missão! Por que viemos tudo isso a pé?

(Menob): Bom, de qualquer jeito, nenhum cavalo ia conseguir me carregar mesmo.

(Thanos): Mas o rei não tinha te dado dois cavalos?

(Menob): Humpf, já tentou montar em dois cavalos ao mesmo tempo?

(Thanos): Eu não mano, não curto essas paradas, mas respeito quem gosta.

(Erik): Por que ninguém se lembrou da porcaria dos cavalos?

(Baleog): Me pergunto como esse pinguço virou capitão.

Thanos, que estava entornando um odre de vinho, parou de beber e indagou:

(Thanos): Falou comigo?

(Baleog): Não, Vossa Graça, falei com a meretriz que te botou no mundo!

(Thanos): Ah bom, até outro dia.

(Rainha): Um momento aí, o que é que tem dentro desse odre?

(Thanos): Um monte de bosta!

(Olaf): E quem foi o cagão?

(Thanos): Com certeza não foi Vossa Majestade!

A Rainha não aguentou a boca suja de Thanos e desceu uma bifa nele.

(Rainha): Escuta aqui, seu cretino, mais respeito com o rei de Ahkvata, ouviu? É por causa dele que nós ainda estamos vivos.

(Thanos): Tá bem, calma. A propósito, quanto falta para chegarmos até as gems?

(Rainha): Bom, eu não sei. Disseram que elas estavam vindo para Sidim, mas não disseram quanto tempo levariam.

(Thanos): Hmmm, entendo, é que lembrei de outra coisa agora: esquecemos a comida.

(Menob, urrando): Pelas escamas de Dagom, você só pode estar tirando sarro das nossas caras!

(Thanos): Vocês que têm fome não lembraram? Eu já tenho a responsabilidade de comandar vocês, querem que eu me lembre de tudo, é?

(Baleog): Nós estamos muito mal de capitão.

(Erik): Olha, se precisarem de mim, eu vou dar um pulinho naquela colina e gritar toda a minha raiva. Se tivermos sorte, talvez as gems até venham até nós.

Erik saiu correndo com uma velocidade incrível até uma colina verdejante logo à frente. Chegando lá, o viking ruivo começou a sinalizar para os outros.

(Erik): AQUI PESSOAL, VOCÊS TÊM QUE VER ISSO!!!

Chegando no alto da colina, o grupo avistou logo abaixo um grande rio, com diversas árvores frutíferas na margem e, perto de uma delas, um teletransportador.

(Rainha): Bom, isso resolve o problema da falta de suprimentos.

Depois de recolherem algumas frutas, todos começaram a coletar água do rio. A Rainha, extremamente disciplinada, começou a bater boca com Thanos, porque ele tinha enchido todos os odres com vinho. Uma vez que os suprimentos foram abastecidos, Thanos tomou a dianteira e se aproximou do teletransportador.

(Thanos): Muito bem, todos a bordo. Ah, e ninguém esquecendo odre por aqui, viu?

(Olaf): Vixe, peraí que eu esqueci o meu.

(Erik): OLAF!!!

Com todos preparados, Thanos pegou um apito transporte (https://vignette.wikia.nocookie.net/stevenuniverso/images/8/88/ApitoTransporte.png/revision/latest?cb=20150505221125&path-prefix=pt-br), um artefato gem que permite que outras espécies, inclusive humanos, usem os teletransportes. Ao chegarem do outro lado, os membros do Esquadrão Platina tomaram um susto: acampadas próximas a um grande rio, estavam dezenas, talvez centenas de Crystal Gems. O enorme feixe de luz do teletransportador chamou a atenção de algumas, mas os guerreiros trataram de se esconder.

(Thanos, escondidos): Tá bom pessoal, eu dei uma olhada rápida e vi que elas usam estrelas nos uniformes, ou seja, são Crystal Gems. Apenas deixem elas se aproximarem e eu resolvo tudo na maior tranquilidade.

Duas ametistas se aproximaram cautelosamente do esconderijo dos guerreiros, que consistia em algumas árvores e umas pedras grandes. Uma das ametistas levantou a voz:

— Quem está aí? Apareça e coloque as mãos num lugar onde eu possa ver!

Dito isso, o gigantesco Menob, cerca de 50 centímetros mais alto que as enormes ametistas, saltou bruscamente de trás de uma árvore com seu machado em mãos juntamente com o viking Baleog.

(Menob): Olhem aqui minhas mãos, suas aberrações!

Com um único movimento, Menob decapitou as duas gems, desintegrando as formas físicas delas.

(Baleog): Deixe algumas para mim!

(Thanos): Não Vader, não!

Todos, com exceção de Thanos e da Rainha, avançaram com tudo para enfrentar as Crystal Gems. Embora as gems estivessem em maior número, o Esquadrão Platina não tinha sua reputação à toa: todos os membros tinham armas com poderes especiais. O machado de Menob e a espada de Baleog eram capazes de produzir um “corte de ar”, atingindo até mesmo gems atrás da que recebesse o ataque. Quando os dois juntam suas armas eles utilizam o Rasante do Furacão, um corte em X poderosíssimo que arrasa dezenas de guerreiros em fila.

(Menob): Muito bem Baleog, elas estão vindo, sabe o que fazer!

(Baleog): Sim!

(Os dois ao mesmo tempo): RASANTE DO FURACÃO!!!

Uma enorme onda de vento em forma de X surgiu e saiu cortando várias gems em pedaços, desintegrando suas formas físicas. Tivessem sido atingidas pelas armas em si e suas pedras teriam sido reduzidas a cacos.

(Thanos, se dirigindo à Rainha): Rainha, eles estão loucos! Eu vou tentar apartar a briga, se alguma gem tentar pular em cima de mim, mete flecha nela!

Dito isso, Thanos foi para o campo de batalha. Tamanho era o caos que Erik e Olaf também se juntaram à briga! Uma topázio imperial baixinha, com a gem localizada no alto da cabeça, avançou com seu nunchaku para cima de Olaf, que bloqueou com seu escudo e revidou dando-lhe uma barrigada, arremessando-a contra uma rubelita. Uma gem gigante, formada pela fusão de três ametistas, armada com uma marreta gigante, esmagou Olaf, que bloqueou com seu escudo, sem sequer fazer esforço. Olaf apontou seu escudo e dele saiu uma bola de energia poderosíssima, que atingiu no peito da gem, separando as três ametistas. O escudo de Olaf era capaz de bloquear qualquer golpe avassalador sem nenhum esforço e devolver contra o agressor.

(Erik, gritando): GRANDE CHIFREEEE!!!

Correndo a toda velocidade, Erik deu uma cabeçada poderosa numa jaspe, e ainda saiu atropelando outras gems peso-pesado, como quartzos rosa, ametistas, sárdios e até mesmo uma garnet.

(Thanos): Não, seus cornos! O que vocês estão fazendo? Vão iniciar uma guerra com nossas aliadas!

Sem que Thanos percebesse, uma pérola, um tanto alta em comparação a outras pérolas, tentou perfurar as costas de Thanos, mas uma flecha foi lançada contra a gem que, prevendo o ataque, girou nos calcanhares e se esquivou, levando apenas um leve arranhão no ombro. A pérola sacou uma espada para complementar sua lança, mas antes que pudesse lutar, ela simplesmente poofou.

A flecha tinha sido lançada pela Rainha de Ahkvata. Seu arco era conhecido por “uma flechada, uma poofada”: se uma flecha atingisse uma gem, mesmo que de raspão, a mesma tinha sua forma física desintegrada, tendo seus poderes de regeneração retardados. Se a flecha atingisse um humano, de raspão, ele teria sentido uma dor insuportável.

(Rainha): É tarde demais, Thanos, essas gems não vão mais querer... cuidado!

Vários quartzos rosas, jaspes, citrinas e sárdios cercaram Thanos.

(Thanos): É assim que vai ser?

Todas as gems se jogaram para cima dele, porém o guerreiro heleno criou um campo de força transparente ao redor dele, então sacou sua espada, cuja lâmina se desdobrou como um chicote e, com um movimento de 360°, as gems poofam. Várias flechas são lançadas na direção de Thanos, que simplesmente ergueu a mão direita e disparou de seu anel uma rajada de fogo, destruindo-as.

(Thanos): Agora eu me aborreci.

Thanos deu um salto gigantesco para cima e, ao ver quatro de seus guerreiros lutando contra dezenas de gems enfileiradas, ele deu um grito enquanto planava.

(Thanos): EU DISSE PARA PARAREM!!!

Planando, Thanos sacou sua espada-chicote e deu um rápido movimento no chão. Nada aconteceu, mas dois segundos depois uma cratera se abriu separando humanos de gems.

Enquanto isso, do nada um novo inimigo se jogou contra a Rainha de Ahkvata, e não era uma gem. Era um humano, com trajes visivelmente egípcios, incluindo a coroa de faraó, portando uma khopesh ameaçadora. A arqueira bloqueou o golpe da lâmina com o arco e conseguiu, enroscando o arco na arma, desarmar o oponente e jogar a khopesh para o lado, mas acabou levando um murro no nariz, que começou a sangrar. Os dois literalmente começaram a se agarrar e a trocar murros e arranhões, como dois animais lutando. O guerreiro agarrou a Rainha pelo pescoço e a jogou de costas no chão mas ela, usando uma técnica de luta que aprendeu quando criança, enroscou as pernas ao redor do corpo do inimigo e rolou por cima dele, então puxou sua adaga de lâmina curva e empunhadura de ouro, com uma cruz ansata esculpida no final do cabo, e pôs a lâmina a centímetros da garganta do seu adversário.

O guerreiro parou, memórias familiares são despertas, mas ele não acredita de início. Aquela técnica de luta, aquela adaga, só havia uma pessoa que ele conhecia que usava essas coisas.

(Guerreiro egípcio): Merit?

A Rainha de Ahkvata saiu de cima de seu oponente rendido e seu rosto, outrora hostil, agora assume uma expressão de intriga.

(Guerreiro egípcio, gritando para as gems): PAREM GEMS, PAREM DE LUTAR!!!

Lentamente as gems foram parando de lutar e começaram a olhar com surpresa para o humano.

(Rainha de Ahkvata): Q-Quem é você?

(Guerreiro egípcio): Sou eu, Amennekht.

 

AQUELA É A GAROTA DAQUELE DIA?


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Notas finais do capítulo

Rapaz, que capítulo, não só pela parte da luta, do desenvolvimento de Amennekht e dos outros personagens e do reencontro com Merit, mas porque eu pude colocar no papel diversas referências históricas que eu queria botar há muito tempo: o povo de Menob realmente existiu: escavações arqueológicas mostram que havia, no Oriente Médio, povos de estatura gigante como os anaquins e os refains, inclusive havia e ainda há a crença errônea de que eles seriam frutos do relacionamento de anjos com seres humanos, porém a Bíblia e a arqueologia deixa claro que eles eram totalmente humanos. Eu coloquei esse povo porque, devido à estatura e poder militar, acredito que não só os anaquins, como os refains e os filisteus seriam páreo duro para muitas gems de Homeworld, inclusive Menob originalmente seria um filisteu. Inclusive eu pretendo colocar aqui outros povos, como amalequitas, cananeus, hititas, entre outros. O próprio Vale de Sidim também era uma região riquíssima.

Já o Thanos, o guerreiro grego que quebra a 4ª parede, é um caso a parte: teve uma época que eu criei um RPG de mesa baseado nessa fanfic, aí meu irmão do meio criou o Thanos. Ele jurou para mim que criaria um personagem tão incrível que eu faria questão de colocar nessa história... bem, ele cumpriu a promessa, então prestem bem atenção porque esse personagem vai ser muito importante futuramente.

O reencontro entre Merit e Amennekht eu fiz inspirado numa cena de um filme infantil que eu gostava muito e que acredito que vocês também gostavam. Tentem descobrir qual filme.



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