Sangue, Suor, Lágrimas e Estilhaços escrita por Blue Blur


Capítulo 31
As Montanhas Nórdicas


Notas iniciais do capítulo

Acompanhado por uma peridote e uma nefrita, Thanos continua sua viagem rumo à Torre do Mar Lunar.



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Rose estava andando num mercado localizado em alguma cidadela do Oriente Médio. Enquanto andava, a líder das Crystal Gems contemplava várias pessoas andando para lá e para cá, comprando e vendendo coisas, num burburinho que qualquer pessoa normal acharia incômodo, mas que agradava Rose por transmitir a ela a vivacidade de uma cidade humana. Rose foi aproximando o rosto das diversas banquinhas, vendo desde os trabalhos em cerâmica e tapeçarias, até os animais de pequeno e médio porte colocados em gaiolas.

— LADRÃO!!! LADRÃO!!! PEGA LADRÃO!!!

Rose levantou a cabeça ao ver um rapaz correndo a toda velocidade com um jarro de ouro nas mãos. Um soldado com turbante se jogou em cima do ladrão.

(Soldado): Esteje preso, vagabundo!

O soldado amarrou o meliante e o levantou. Outro soldado, aparentemente um capitão, apareceu em frente ao que havia prendido o bandido.

(Capitão): Parabéns, Thanos. Entregue o meliante.

(Thanos): Com todo o prazer.

Pouco depois do capitão levar o bandido e entregar uma recompensa em ouro para Thanos, uma outra garota apareceu.

— Égua Thanos, roubou minha kill!

(Thanos): O que eu posso fazer se sou o melhor em tudo?

A garota bateu na cabeça de Thanos com o cabo de sua lança.

(Thanos): Escuta aqui, muié, tá pensando que sou tuas nega?

— Olha como tu fala comigo, rapá!

Os dois começaram a bater boca, chamando a atenção de outro soldado.

(Soldado): Esses dois não tomam jeito mesmo... Thanos, Amphitrite!

Aqueles nomes chamaram a atenção de Rose.

(Rose): Aqueles... são o Thanos e a amiga de infância dele, Amphitrite?

(Soldado): Estão nos chamando no quartel.

(Thanos): Ok, Damastor. Só deixe eu dar um jeito nessa malcriada aqui.

(Rose, surpresa): AQUELE é o Damastor?

Enquanto o trio se dirige ao quartel, Rose foi seguindo os três de longe. O trio se apresentou a um quarto militar, de alto escalão, provavelmente um general, que estava hospedado num casarão. O trio se curvou perante a presença do general. Rose continuou de pé, mas o general pareceu ignorá-la.

(General, sorrindo): Olhem só o que os quatro ventos trazem aqui. Se não é Damastor e meu casal de guerreiros favorito.

(Thanos): O senhor me deixa lisonjeado com tais elogios.

(General): Bem, bem, pulando a bajulação, preciso que vocês realizem um trabalho para mim amanhã.

(Amphitrite): E que trabalho seria esse?

(General): Seguinte, meu filho. Há um certo tempo, comerciantes estão sendo atacados por bandidos, principalmente comerciantes de escravos. Os elementos que estão fazendo isso estão causando grande prejuízo ao nosso sultão, que precisa deles para diversos trabalhos. A missão de amanhã é simples: você e o seu esquadrão devem escoltar uma grandiosa carga de ouro, que servirá para comprar um bom número de escravos. Se por acaso esses ladrões aparecerem, cortem fora suas cabeças e coloquem seus propícios nas narinas deles.

(Amphitrite): Eu não tenho prepúcio.

(Rose, cochichando consigo mesma): O que é prepúcio?

(General): Não o prepúcio de vocês, o deles.

(Damastor): Ah, bom.

O trio saiu pela porta. Rose os seguiu, mas quando saiu pela porta, ela acabou num lugar totalmente diferente: era um lugar escuro, com lamparinas iluminando o local. Era uma espécie de quarto, com um estante e uma mesa. Também havia uma cama, em cima da qual Amphitrite estava deitada, lendo um papiro. Thanos havia acabado de entrar pela mesma porta onde Rose havia entrado antes.

(Thanos): Já falei que faz mal ler essas coisas antes de dormir.

(Amphitrite): Preciso decorar o percurso, é mais eficiente. Não quero correr o risco de esquecer coisas importantes.

(Thanos, subindo na cama e se cobrindo): Coloca esse papiro ali no canto e vamos ter uma noite da qual não esquecerá.

(Amphitrite): Ui ui, greguinho, você sabe ser um garanhão quando quer.

Os dois começaram a trocar beijos e carícias, até que um forte vento do deserto entrou no quarto pela janela, enchendo o ambiente de areia. Rose limpou o rosto da areia, e notou que agora estava no meio do deserto. Não muito longe de Rose, havia um grupo andando, formado por Thanos, Amphitrite, Damastor, Neferu e mais três soldados, todos escoltando uma carroça com um baú cheio de ouro, conduzida por duas pessoas.

(Thanos): Damastor, estamos muito longe?

(Damastor): Não muito, mas com essa ventania soltando areia na minha cara, tá difícil ver o caminho...

(Soldado): Ei, olhem, viajantes à frente.

(Thanos): Estão armados?

(Soldado): Não, senhor.

(Thanos): Então não são bandidos. Vamos continuar a viagem.

O grupo foi seguindo viagem, sem se importar com os tais viajantes... isso até Thanos conseguir um vislumbre melhor deles.

(Thanos): Não são viajantes! São gems!

(Soldado): Gems?

(Thanos): A postos, guerreiros!

Quatro ametistas começaram a se aproximar até barrar o caminho dos viajantes.

(Ametista 1): Eu não disse? Com certeza tem uma cidade de humanos aqui perto!

(Ametista 2, se dirigindo ao Thanos): Ei macaco, você vem conosco!

(Thanos): E se eu disser que não?

(Ametista 2): Dizer isso não é uma opção!

A ametista materializou uma manopla, parecida com a da Garnet, enquanto as outras ametistas materializaram espadas cada uma. Os soldados que acompanhavam Thanos se colocaram em posição de combate.

(Soldado): Não se preocupe, senhor! Nós acabaremos com essas bestas! Vamos, homens!

(Thanos): Não, não façam isso!

Um dos soldados pegou sua lança e estocou o ombro dela. A lança espetou a gigante roxa sem nem a machucar. Com um movimento certeiro, ela usou sua espada para cortar o sujeito ao meio. Os outros dois soldados avançaram brandindo lanças contra a ametista da manopla e outra das espadachins. A ametista de manopla usou seu antebraço para desviar uma das lanças para o lado e depois enterrou a mão com manopla no rosto do sujeito, transformando sua face em uma máscara de sangue. O terceiro tentou usar a lança contra a mesma gem, que tomou sua arma e usou o cabo para bater no pescoço do infeliz, quebrando-o no processo e matando o soldado.

(Thanos): Merda! Amphitrite, Damastor, Neferu, deem o fora daqui. Eu seguro ela.

(Ametista de manopla): Me segurar? Não me faça rir, seu macaco!

Thanos pulou da carroça, com um escudo e uma lança. Thanos deu uma finta, fingindo que ia golpeá-la no rosto, mas no último instante ele acertou a pedra dela, localizada no peito.

(Ametista de Manopla): Urgh, maldito!

A ametista deu um soco e um chute, dos quais Thanos se esquivou. No meio do chute, Thanos deslizou para trás dela. A ametista deu uma cotovelada a qual Thanos, embora tenha bloqueado com o escudo, ainda assim foi arremessado para trás. O escudo ficou amassado.

(Ametista de Manopla): Eu vou lhe matar, seu macaco!

A gem furiosa foi avançando com tudo para cima de Thanos, que pegou a lança e arremessou nela. A ametista socou a lança no ar, estourando-a.

(Ametista): Isso é tudo o que você tem?

A ametista tentou esmagar Thanos com um soco certeiro, mas ele se esquivou para a direita, sacou a espada e golpeou a pedra dela de forma certeira. Thanos tentou outra investida, mas a gem agarrou a espada pela lâmina. Thanos revidou dando uma escudada na pedra dela. A Ametista quebrou a espada e deu outro murro furioso em Thanos, que bloqueou com o escudo, mas ainda assim foi arremessado com mais força do que na outra vez.

O grego caiu perto dos três soldados que estavam mortos. Ele ainda voltou o olhar para seus três amigos que ele mandou fugir: os três estavam lutando contra as outras ametistas que acompanhavam a ametista de manopla. Neferu, lutando com duas cimitarras gêmeas, deu um golpe em tesoura numa das gems. A ametista bloqueou os movimentos de Neferu com os próprios braços, depois agarrou os braços do egípcio e os arrancou fora.

Neferu, caído no chão, nem teve tempo para agonizar direito pelos braços arrancados, pois foi surpreendido novamente, agora com uma espada gem enterrada no peito.

(Thanos): POOOORRRRRRAAAAAA!!!

(Ametista de Manopla): Agora você está desarmado, seu macaco!

A gem avançou novamente contra Thanos, que só pôde atirar o escudo já quebrado contra ela. A ametista agarrou o escudo no ar e o amassou.

(Ametista de Manopla): Hahahahaha, vou me divertir muito com sua...

A gem foi interrompida por uma lançada certeira em sua pedra.

(Ametista de Manopla): M-M-Mas o quê...?

Thanos estava usando as armas de seus companheiros caídos: na mão esquerda, o escudo e a cimitarra, e na mão direita, a lança.

(Thanos): Vou te mandar pro inferno com o próximo golpe!

(Ametista de Manopla): Não haverá próximo golpe!

A Ametista se colocou na forma de bola e usou um spindash contra o grego. Num momento crítico, o grego pulou para o lado, mas a ametista se desdobrou e acertou um chute na lateral do corpo dele, partindo-lhe duas ou três costelas. Cuspindo sangue, Thanos caiu sobre a lateral injuriada.

(Ametista de manopla): E então, macaquinho? Já cansou de lutar?

(Thanos, se levantando): Jamais...

O grego novamente investiu contra sua inimiga, novamente estocando com a lança. A ametista partiu a arma com um soco, e no mesmo soco, Thanos conseguiu se abaixar e deslizar para a esquerda. Novamente, Thanos sacou a espada para tentar enfiar na pedra. A ametista bloqueou a espada com o braço direito e prendeu o grego com um abraço de urso.

(Ametista de manopla): Achou mesmo que eu ia cair nisso de novo, macaquinho?

(Thanos): Ggggggaaaahhh!!! Eu não pensei nada... você caiu!

Tirando a cimitarra, encaixada no braçal do escudo, Thanos deu um golpe perfurante direto na pedra, criando uma rachadura.

(Ametista de manopla): N-Não é possível! U-Uma rachadura???

A forma física da ametista começou a ficar distorcida. Thanos repetiu novamente o mesmo movimento, partindo definitivamente a pedra da ametista.

(Outras ametistas): CAPITÃ!!!

Ofegante, mas satisfeito, Thanos se ergueu vitorioso, mas sua satisfação se converteu em susto ao ver o resultado da luta de seus amigos: Neferu estava sem os braços e todo dilacerado por golpes de espada, Damastor havia sido partido ao meio e Amphitrite estava sem a cabeça.

(Thanos): AAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!

(Ametista): Seu maldito...

Rose não aguentou ver aquilo e resolveu intervir.

(Rose, erguendo sua espada): PAREM!!!

Uma rajada de areia foi jogada nos olhos de Rose, forçando-a a fechá-los, foi nesse momento que ela ouviu um som perturbador.

Parecia o som de um soco quebrando ossos.

Rose tentou limpar os olhos, mas era muito estranho o fato dela não conseguir tirar a areia, por mais que tentasse. Enquanto isso, ela ia ouvindo outras coisas:

Primeiro foram sons de passos.

Depois foi uma voz familiar.

— Rose, veja, mais humanos mortos! Acho que estes daqui estavam tentando fugir

(Rose, pensando): Essa voz... Pérola?

— Não, olhe ali, uma pedra rachada. Não foi uma fuga, foi uma luta. Talvez antes das guerreiras de Homeworld terem dizimado aquela cidade.

(Rose, pensando): Garnet?

— Espere, aquele humano, acho que ainda está vivo!

(Rose, pensando): Peraí, essa é a minha voz! Sou eu?

(Garnet): Rose, use seu poder de cura para salvá-lo!

Tudo voltou a ficar em silêncio.

(Rose, pensando): Espere, eu me lembro desse dia! Foi o dia em que salvei o Thanos! Então todos aqueles humanos caídos ao lado dele... eram amigos dele...? Inclusive era sua amada que estava lá...?

Rose finalmente conseguiu abrir os olhos e viu Thanos deitado numa cama. Ele estava num quarto com sua cama, uma estante, que por algum motivo estava coberta com um lençol, e um criado-mudo com uma vela acesa. O grego estava com os olhos abertos, mas totalmente imóvel. A porta se abriu, e Rose viu uma duplicata sua entrando no quarto.

(Rose duplicata): Ei, você já acordou!

Thanos falou sem nem olhar para Rose, para nenhuma das duas.

(Thanos): Aqui é um novo tipo de zoológico?

(Rose duplicata): Zoológico? Não, não, aqui é a Torre do Mar Lunar.

(Thanos): Ah, então é tipo um laboratório onde eu vou servir como cobaia?

(Rose duplicata): Não, nada disso, é que quando eu estava vindo para cá, eu vi você caído, quase morto, então eu lhe ajudei e o trouxe para cá. Mas agora que você já despertou, eu posso leva-lo de volta para casa. Você morava naquela cidade que foi destruída?

(Thanos): Sim...

(Rose duplicata): Você conhecia aqueles soldados mortos perto de você?

(Thanos): Sim...

(Rose duplicata): Você conhece algum outro lugar para onde pode ir?

(Thanos): Não, e por que você quer saber disso? Quer realocar outro “ninho de humanos” para seu zoológico? Pois pode esquecer. Prefiro morrer do que colaborar com vocês!

(Rose duplicata): Não, não, você entendeu tudo errado! Eu estou aqui para lhe ajudar!

(Thanos): Ajudar?

(Rose duplicata): Eu sou Rose Quartz, líder das Crystal Gems. Nós somos rebeldes que lutamos para libertar seu mundo da tirania de Homeworld. Prova de que estou falando é verdade é que você pode sair daqui quando quiser.

(Thanos): Entendo... mas eu não tenho mais para onde ir.

(Rose duplicata): Se quiser pode ficar aqui. Há outros humanos vivendo nesse lugar. Posso apresenta-lo se quiser.

(Thanos): Perdão, mas não tenho interesse. De preferência, não fale de mim para nenhum outro humano. Eu quero ficar sozinho.

(Rose duplicata): Tudo bem, vou deixar você descansar aqui.

(Thanos): Obrigado.

Quando a Rose duplicata saiu do quarto, Thanos saiu de baixo do lençol. Suas mãos estavam todas lanhadas e cheias de farpas. O grego se levantou e se dirigiu à estante, puxando o lençol. O móvel estava todo marcado com punhos. Thanos pegou um pedaço de madeira da estante e partiu com uma dentada e começou a mastigar, depois levantou a guarda e começou a socar a estante com bastante violência.

(Rose): Então era por isso que você vivia com as mãos machucadas, mesmo eu curando elas. Era por isso que você vivia cobrindo aquela estante.

O grego socou a estante por muuuuuuito tempo. Suas mãos ficaram embebidas de sangue, então ele cuspiu um pequeno fluxo de sangue misturado com lascas de madeira e farpas, então se sentou na cama e começou a tirar as farpas presas na boca.

(Rose, triste): Por que você fazia isso?

Depois de passar algum tempo socando a estante, Thanos cobriu-a de novo e voltou a se deitar na cama, se cobrindo todo. A Rose duplicata entrou novamente.

(Rose duplicata): Querido, você já está nesse quarto há muito tempo. Estou começando a ficar preocupada com você. Você não sai para fazer nada! Nem se alimenta direito! *estendendo a mão* Vamos, eu quero lhe apresentar a Torre.

(Thanos, respirando fundo): Não.

(Garnet, aparecendo): Não é uma opção.

Garnet agarrou Thanos e o jogou para fora do quarto.

(Thanos, irritado): Mana, cê tem demência? Podia ter me matado!

(Garnet): Não, nós temos a lágrima da Rose.

(Thanos): Essa sua fala é reconfortante.

O trio composto por Thanos, Garnet e a Rose duplicata foram andando pela Torre do Mar Lunar, seguidos pela verdadeira Rose Quartz.

(Rose duplicata): Olhe humano, aqui tem vários locais onde você pode ingressar para ficar mais saudável! Ali é a ala de treinamento, chefiada pela nossa Ágata Amarela! Ali é a biblioteca, com nossos registros de guerra, estratégias e conhecimento geral sobre a Terra. Você parece bem inteligente. Qual o seu nome mesmo?

(Thanos): Thanos.

(Rose duplicata): Aquelas outras ali estão recolhendo materiais para a forja.

(Thanos): Forja?

(Rose duplicata): Sim, é o lugar onde forjamos nossas ar...

(Thanos): Me leva para lá! Agora!

(Rose duplicata): Tudo bem.

Novamente o trio, seguido pela verdadeira Rose, se dirigiu à tal Forja. Chegando lá, o portão da Forja se abriu, “banhando” todos ali com uma baita lufada de ar abafado e escaldante. Uma gem enorme, musculosa e bastante familiar para Rose saiu da Forja.

(Bismuto): Rose, Garnet, que bom ver vocês! O que as trazem aqui? Ora, mas que pergunta boba, é claro que vieram aqui por causa das armas!

(Garnet): Bismuto...

(Bismuto): Estão quase todas prontas, exceto aquelas que vocês pediram para o serumaninho que vocês trouxeram para cá faz algum... ei, vocês trouxeram outro serumaninho de estimação?

(Garnet): Não seja grosseira com nosso convidado. Ele é muito sensível.

(Rose duplicata): Ele disse que queria muito conhecer sua forja.

(Bismuto, apontando para vários pontos): Ok. Ali é a fornalha, bigorna, armas e armas. Pronto, vai embora.

(Rose duplicata): Bismuto!

(Garnet): Nossa humano, essa doeu até em mim. Ninguém te quer.

(Thanos): Quanto mais você fala, mais eu queria ter morrido.

(Rose duplicata): Bismuto, deixe o humano ficar aqui. Ele está deprimido ultimamente.

(Bismuto, séria): Ok, mas não pode tocar em nada.

Do nada, Pérola apareceu para chamar Garnet e Rose.

(Pérola): Rose, estamos precisando de você lá na Torre, agora!

(Rose duplicata): Ah sim. Desculpem, Bismuto, Thanos, precisamos ir agora.

Todo mundo foi embora da Forja, com exceção de Bismuto e Thanos. Bismuto continuou trabalhando na Forja, observada por Thanos, ambos em silêncio. Depois de aproximadamente uma hora, Bismuto resolveu quebrar o gelo.

(Bismuto): E então, vai ficar parado, só me olhando?

(Thanos): Você disse para eu não tocar em nada.

(Bismuto): Você é bom de recados, gostei disso. Agora, pega aquelas peças ali e traga para cá.

Thanos pegou as peças e levou até Bismuto.

(Thanos): O que são essas coisas?

(Bismuto): Tecnologia gem: carcaças de nave, blasters quebrados, pedaços de teletransportadores. Tudo isso nós usamos para fazer belezinhas para destruir as gems de Homeworld.

(Thanos): E você é a única que sabe fazer isso?

(Bismuto): Sim.

(Thanos): Você não tem nenhum aprendiz ou algo do gênero?

(Bismuto): Não, eu confio apenas em mim. Eu já sei aonde você quer chegar, e não, a vaga de aprendiz não está aberta.

(Thanos): O que você quer para essa vaga poder ser aberta?

(Bismuto): O que EU quero? Whoa, faz tempo que alguém me faz essa pergunta. Já sei, quero que você faça isso: uma amiga minha partiu numa missão faz algum tempo e ela não voltou. Muitas dizem que ela foi estilhaçada ou capturada pelas gems de Homeworld, mas eu sei que não foi isso. Eu sei que ela está viva e bem, e eu quero que você ache ela e traga ela de volta!

(Thanos): Se eu fizer isso, você vai me ensinar a fazer essas armas?

(Bismuto): Com todo o prazer?

(Thanos): Onde ela está?

(Bismuto): O local da missão dela era esse daqui.

Bismuto indicou a localização num mapa que ela entregou.

(Thanos): Ela está nas montanhas nórdicas? Esse lugar é muito perigoso.

(Bismuto): Bem, você tem que fazer por merecer seu prêmio, né?

(Thanos): Verdade. Qual é o nome da sua amiga?

(Bismuto): Topázio Imperial.

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Rose acordou. Ela havia se conectado à mente de Thanos através de seus sonhos e memórias outra vez. A boa notícia é que, além de ter visto mais memórias de Thanos e compreendido mais sobre a história dele, ela também havia experimentado outra coisa.

(Rose): Eu sei onde o Thanos está!

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Algum tempo já havia se passado, e o trio composto por Thanos, Penny e Neera já haviam prosseguido em sua viagem. Agora eles estavam acampados em grama alta, sentados em volta de uma fogueira, assando uma espécie de ave. Era de dia, parcialmente ensolarado e com um friozinho agradável. Thanos volta e meia cutucava a ave, virando-a para assar por igual, enquanto as gems estavam deitadas, olhando o céu.

(Thanos, cutucando a ave assada): O que vocês estão fazendo?

(Penny): Olhando aquelas naves no céu.

(Thanos): Naves? Que naves?

(Penny): Aquelas brancas, de vários formatos.

(Thanos): Ah, as nuvens.

(Neera): É assim que são chamadas as naves da resistência?

(Thanos): Não, não tem nada a ver com naves. Aquilo é... sei lá, como posso dizer...? É um fenômeno da natureza. É de lá que vem as chuvas.

(Neera): Chuva? Aquela coisa estranha que cai do céu?

(Thanos): Sim, aquela que fez vocês se esconderem, com medo de que fosse um ataque.

(Neera): Ah... é bem bonito.

(Thanos): Tem razão... é lindo.

(Penny): A Terra é fantástica.

(Thanos): Ah, não querendo interromper a contemplação de vocês, mas queria dizer que chegamos às montanhas nórdicas.

(Penny): Uau! Sério?

(Thanos): Isso mesmo! Já estava na hora, depois de tanto tempo.

(Penny): E agora, você sabe onde tem um teletransporte?

(Thanos): Mais ou menos...

(Neera): Pera, você sabe ou não sabe?

(Thanos): Claro que eu sei! Só não lembro exatamente onde está.

(Penny): Depois daqui nós vamos para a Torre do Mar Lunar, né?

(Thanos): Exato.

(Neera): Depois, o que você vai fazer mesmo?

(Thanos): Bom... depois eu vou esperar a Rose falar com o Ameni, aí vai ter uma guerra civil, o Ameni vai vencer (porque eu vou estar do lado dele), e aí volto à minha vida normal.

(Penny): Defina “vida normal”.

(Thanos): Bom, vou arriscar minha vida todo dia por um bando de arrombado que não vai hesitar a caçar minha cabeça em troca de uns trocados, mesmo eu tendo arriscado minha pele para salvar o rabo deles.

(Penny): Um saco, né? Pena que não dá para fugir dessas coisas...

(Thanos): É...

Thanos fez uma cara estranha, como se estivesse pensando, aí voltou a falar.

(Thanos): Pera, pensando bem... eu não sou obrigado a voltar. Na verdade, até que eu gostei desse tempo que passamos juntos. Foi bem pacífico.

(Penny): Tirando as várias brigas que tivemos no meio do caminho, né?

(Thanos): Ah, isso faz parte do pacote. Sem isso, não ia ter graça.

(Penny): Pois então, “Capitão Thanos”, o que é que vamos fazer agora?

(Thanos): Bom... eu tenho uma ideia...

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Amennekht cavalgava pelas planícies nórdicas, usando uma roupa bem pesada, com a qual não estava acostumado, para se proteger do frio. À distância, ele já via as montanhas nórdicas. Seus cavalos já davam sinal de cansaço, mas ele queria seguir viagem e chegar antes do pôr-do-sol.

(Amennekht, falando com os cavalos): Aguentem amigos, estamos quase chegando!

Ele cavalgou por mais uma hora, até que resolveu descer da biga e puxar os cavalos, a fim de não mata-los de exaustão. Mais duas horas depois, Amennekht chegou a uma grande planície de grama alta. Lá ele viu uma grande casa de madeira, com uma terra arada à frente, ainda sem sinais de brotos nascendo, mas era uma horta, visivelmente. Perto da horta, havia um espantalho, que chamou a atenção de Amennekht por não ser feito de palha.

(Amennekht, olhando o espantalho de longe): Mas aquilo é... a armadura do Thanos?

Penny saiu da casa carregando um cesto na costa. Quando viu Amennekht, ela olhou para dentro da casa e voltou lá. Amennekht se aproximou da casa e bateu na porta, que foi aberta por Thanos. O grego estava irreconhecível: no lugar de sua armadura, ele vestia roupas de um simples camponês, além de estar usando luvas de couro no lugar das manoplas. As feições dele também pareciam bem suavizadas.

(Thanos): Oi, Amennekht. Quer entrar para tomar um café?

(Amennekht): Não Thanos, estou com pressa. Rose me mandou atrás de você, disse que estaria aqui.

Thanos ignorou Amennekht e saiu da casa com um cesto e um machado.

(Thanos): Mas eu não estou.

(Amennekht): Thanos, é urgente! Ahkvata está sob ataque! Precisamos de você!

(Thanos): Também tenho meus problemas. Por exemplo, você assustou a Penny. Agora eu que vou ter que rachar lenha.

(Amennekht): Francamente Thanos, você ouviu alguma coisa do que eu acabei de falar? Tem gente morrendo e você se preocupando com uma peridote que ficou assustada?

(Thanos): “Aquela peridote”? Caralho Amennekht, você falou igual ao Sebek agora. Escuta faraó, pessoas morrem todos os dias, gems são estilhaçadas todos os dias, é o ciclo da vida...

(Amennekht): Isso não é ciclo de vida coisa nenhuma! Ciclo da vida não envolve guerra! É por isso que estou aqui! Preciso de toda ajuda possível para acabar com essa guerra!

(Thanos): Ciclo da vida não envolve guerra? Diga isso para as formigas, os cupins e pros humanos que se matavam antes da primeira gem chegar aqui.

(Amennekht): Thanos, qual é seu problema?

(Thanos): Meu problema é um careca que não me deixa rachar lenha em paz e fica me enchendo o saco!

Thanos pegou o machado e começou a golpear algumas toras de madeira que tinha guardado.

(Amennekht): Por que você está agindo assim? Fingindo que nada disso te diz respeito! Somos humanos! Devíamos ficar juntos e lutar juntos contra Homeworld!

(Thanos): Diga isso pro Sebek, seu otário! Eu estou junto da humanidade desde que essa merda começou! Como a humanidade me agradeceu? “Olhe, viu a recompensa sobre a cabeça daquele heleno arrombado que salvou a minha mulher e minhas oito filhas de uma vida infeliz dentro de uma gaiola, feito macacas? Por que não vamos atrás dele e o matamos? ”

(Amennekht): Recompensa? Não, tem algo errado! Meu irmão disse que queria que fôssemos atrás de você para te levar a julgamento! Não tinha nada a ver com botar sua cabeça a prêmio!

Thanos olhou para Amennekht como se ele fosse o cara mais imbecil que ele já tivesse visto na vida.

(Thanos): Acha que eu sou burro? O papiro dizia precisamente: “Vivo ou morto! ”. Eu conheço o Sebek bem melhor que você!

(Amennekht): Ok, esqueça meu irmão, só venha comigo! Em Mênfis temos lugar de sobra para você! Se eu te der cidadania egípcia, meu irmão não poderá tocar em um fio de cabelo seu!

(Thanos): Dispenso. Aqui nas montanhas nórdicas, já tenho minha “cidadania”. Diferente do Egito, onde o Sebek pode pagar qualquer assassino de esquina para envenenar minha bebida, aqui os nórdicos só trabalham de três formas: com honra, bebida e pagamento adiantado, bem longe da legislação do Sebek.

(Amennekht): Que nórdicos? Só tem você e aquelas duas gems ali. Você não pode viver o resto dos seus dias como um ermitão! Cedo ou tarde as Diamantes vão chegar aqui, aí não vai sobrar nada do seu refúgio! Você tem que lutar com a gente!

Thanos apontou para uma direção, e depois para outra.

(Thanos): A um quilômetro, há um vilarejo ali. A meio quilômetro, há uma aldeia ali. A mais 2 quilômetros daquela aldeia, há uma outra aldeia que faz fronteira com o mar, e a 300 metros acolá, vive o Brennt, um outro fazendeiro. Ele que me ensinou a arar essa terra. Outra coisa, não pretendo viver o resto dos meus dias como um ermitão, e sim como um fazendeiro. Vou plantar as melhores uvas para o pessoal produzir o melhor vinho da região, ou talvez eu mesmo produza esse vinho. Mais uma coisa Amennekht, pelo que eu sei, você tem um exército inteiro de gems, sem falar nos humanos que são leais a você. Diferentemente do Sebek, eu confio em você, sei que você vai fazer um ótimo trabalho como rei.

(Amennekht): Só que apenas eu não sou o bastante! Rose e Pérola fizeram um levantamento das gems que estão atacando Ahkvata. É a maior coalisão gem que já vi reunida! Tem dezenas de comandantes e subcomandantes de alto nível liderando o cerco! A cidade não vai durar para sempre!

Amennekht entregou para Thanos o aparelho onde ele guardava tais informações, mas o grego simplesmente pegou e largou no chão, como se fosse uma casca de fruta.

(Thanos): Sem tempo, irmão. Comece a encher o cesto com a lenha rachada.

Alguns minutos se passaram até que os dois entraram na casa, onde Penny e Neera ainda estavam desconfortáveis com a presença de Amennekht. O egípcio tentou, de novo e sem sucesso, oferecer o aparelho ao grego, mas ele o largou como se não importasse. Penny, ignorando a conversa, pegou o aparelho e começou a olhar os registros.

(Amennekht): Thanos, o que você quer para voltar comigo?

(Thanos): Não quero nada, eu só não quero voltar!

Thanos começou a alimentar o fogão com a lenha, esquentando um delicioso ensopado.

(Thanos): Quer ficar para o jantar?

(Amennekht): Não, meu povo precisa de mim!

(Thanos): Não é teu povo, cacete! É o povo do Sebek! O teu povo MORREU quando tu ainda era fedelho!

(Amennekht): Não, meu povo ainda está vivo! Ainda existem muitos egípcios vivos, e eu não vou deixar que o que eu vivi quando criança se repita! É por isso que estou aqui! Além disso, seus amigos precisam de você! Os vikings, o samurai, o...

(Thanos): AMIGOS??? Eu ouvi esses merdas praguejando enquanto me perseguiam! Me admirei dos vikings, que nem questionaram essas merdas que falaram de mim! Eu quero que uma gem crie uma pica de cristal para comer o rabo desses infelizes!

(Amennekht): Vai deixar milhares de inocentes morrerem só porque você brigou com meu irmão?

(Thanos): Não, é por causa da ingratidão mesmo. Além do mais, você só está aqui porque sabe que sou essencial nessa batalha, não tem nada de humanismo aí. Você é outro ingratozinho!

(Amennekht): Como assim ingrato? Eu nunca fiz nada contra você!

(Thanos): E também nunca fez nada a meu favor! Toda vez que eu voltava de uma batalha, cansado e podre por ter passado a noite planejando e enchendo a cara, você nunca me ajudou! Sempre passava e reclamava de mim! “Olha, ele tá fedendo a álcool de novo!”, ou “Olha como o Thanos é infantil com as suas piadinhas!”. “Olha como eu, Ameni, o comedor de cocotinha de cristal, pego a safada da Rubelita! Depois que ela morreu, eu fui espertão e comi lá a Merit, que recebeu um arco poderoso que o otário do Tião entregou para ela de mão beijada, sem nunca receber um ‘obrigado’ em troca, enquanto meu irmão camarada me entregou ela de bandej...”

A fala de Thanos foi interrompida por um murro que ele levou e o derrubou no chão.

(Amennekht): Você fala as sandices que quiser de mim, do meu irmão ou mesmo de Ahkvata, mas tu nem OUSE meter minha esposa nisso, entendeu?

(Thanos): Qual delas? A escurinha ou a rosinha?

Amennekht deu outro soco em Thanos, mas dessa vez ele nem se mexeu.

(Thanos): Desde quando falar verdade é dizer sandice?

Dessa vez foi Thanos que deu um soco no Amennekht, que o jogou para trás. O grego se colocou de pé e assumiu postura de briga.

(Thanos): Dói, né Amennekht? Dói ouvir umas verdades! Dói saber que sua esposa é uma vadia ingrata que nunca soube dar valor a quem a ajudava! Passei noites em claro para fazer o arco daquela vagabunda, sem falar nas flechas especiais! Como ela agradeceu? Sempre com olhares de reprimenda e frases desmotivadoras! Volta lá para Mênfis e diz que eu quero mais que aquele jardim subterrâneo desmorone na cabeça dela!

Amennekht avançou de novo contra Thanos, mas o grego o empurrou e o jogou para perto da lareira (apagada).

(Penny e Neera): PAREM!!! PAREM COM ISSO VOCÊS DOIS!!!

(Neera, se dirigindo ao Thanos): Thanos, você não tem vergonha de bater nessa pobre criança?

(Thanos): Não se deixe enganar pelo falo minúsculo, esse aí é um baita marmanjo!

(Penny, se dirigindo ao Amennekht): E você, filhote de humano? Não está vendo que, no quesito força, o Thanos é superior?

Thanos abriu a porta da casa e disse.

(Thanos): Amennekht, volta pro teu buraco agora!

(Amennekht, saindo): Pelo menos fique com esse aparelho aí. Quando tiver se remoendo de remorsos, pelo menos saberá quais gems estilhaçar para se vingar. Morro de pena de você, tinha tudo para ser um grande soldado, mas preferiu se rebaixar a um mercenário em busca de vingança.

Amennekht saiu, mas Thanos continuou falando.

(Thanos): Eu nunca quis ser um grande soldado.

Thanos voltou para a cozinha ao sentir um cheiro estranho.

(Thanos): Merda, o ensopado queimou.

SEM LUVAS, Thanos pegou a panela e colocou numa mesa.

(Thanos): Neera, pode pegar os legumes na dispensa? (Vou ter que fazer de novo...)

Neera foi pegar os legumes, enquanto Penny ficou xeretando a máquina que Amennekht deixou.

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De volta a Ahkvata...

Após muito tempo de cerco, a cidade ainda resistia. Alguns destroços pequenos de naves e corpos de soldados jaziam pelas ruas, indicando aqueles que haviam despencado do alto das muralhas em meio à batalha. Fora isso, ela estava quase intacta. O mesmo não podia ser dito da muralha: haviam várias rachaduras enormes atravessando a muralha, algumas de cima a baixo. Grande parte dos defensores estavam impossibilitados de continuar lutando, e outros estavam cheios de ferimentos. Mesmo os membros do Esquadrão Platina estavam acabadaços: cheios de bandagens pelos braços, pernas e rosto, algumas inclusive com manchas de sangue bem visíveis.

Ainda assim, eles fizeram jus ao seu grito de guerra, “Resistir e Morder”: Várias máquinas de cerco gems jaziam pelo chão, destruídas pelas armas de defesa da muralha, e os estilhaços de milhares de gems refletiam à luz do sol. Os defensores de Ahkvata não tinham mais nenhum canhão operacional, em compensação, as invasoras também não tinham mais nenhuma arma de cerco ativa, por conta disso, ambos haviam cessado fogo e parado, para estudar a situação melhor. Nenhum dos dois lados tinha consciência da situação real do inimigo, inclusive cogitavam a hipótese daquilo tudo ser um blefe.

Enquanto isso, Hessonita observava tudo de sua nave, e pediu um relatório às comandantes da infantaria.

(Hessonita, falando no computador da nave): Cornalina, Ônix, relatório.

As líderes da Divisão Sigma traziam estampados no rosto claros sinais de exaustão.

(Cornalina): Já se passou cerca de um quarto de rotação planetária, e os humanos não demonstraram nenhum sinal de atividade. Acho que eles não têm mais como se defender de um ataque. Acho que deveríamos mandar a infantaria, mas Ônix discorda de mim.

(Ônix): Os humanos podem estar armando uma emboscada. Eles escondiam nas muralhas buracos de onde eles jogavam fogo líquido, e só graças a Jet, digo, à Lignita J3T1 que conseguimos apurar isso e destruir esses buracos. Eles podem ter guardado outra emboscada na manga. Não posso correr o risco de mandar mais gems à morte certa.

(Hessonita): Não será preciso. Vou mandar reforços agora mesmo.

(Ônix): Mas comandante Hessonita, infantaria gem não será útil agora.

(Hessonita): Quem falou de infantaria? Isso aqui é um presente, que uma de suas colegas fez para vocês.

A comunicação foi finalizada. As naves-fragata começaram a abrir várias escotilhas que fizeram “chover”, no campo de batalha, várias armas de cerco: eram robôs, de mais ou menos cinco metros de altura, com torso em formato de losango e quatro braços. Cada robô era pilotado por uma peridote, e havia dezenas, talvez centenas deles.

Em cima da muralha, Tyris, que ainda dormia, acordou ao ouvir as vibrações. Ela se levantou e contemplou a cena assustada.

(Tyris): Elas recomeçaram o cerco! Estão trazendo robôs gigantes!

(Sebek): Como? Robôs gigantes? Isso é mau! Gilius, situação!

(Gilius): Nossos soldados estão muito feridos! Se forçássemos eles ao limite, talvez até fossem contra infantaria gem, mas não contra máquinas! Vai ser um massacre!

(Sebek): Temos armas de cerco? Qualquer uma? Pelo menos um canhão!

(Samurai): Negativo, majestade. Usamos toda a bateria inicial e as reservas. Não temos mais nada. Poderíamos até tentar consertar, mas o senhor realocou os engenheiros para defender o setor 7, e eles morreram quase todos.

(Erik): Se continuar assim, vamos ter que botar uma espada na mão de cada mulher grávida e criança de colo!

(Soldado, desesperado): Alguém chame o Esquadrão Platina, pelos deuses!

(Baleog): Nós somos o Esquadrão Platina, seu animal! Tá todo mundo no mesmo barco!

(Soldado, desesperado): Oh, é o fim! Nós todos vamos morrer!

(Outro soldado): Precisamos dar um jeito de evacuar a cidade!

(Sebek): É tarde demais. Podemos até tentar isso, mas muitos ainda vão morrer! Querem mesmo correr o risco?

— SIM!!!

— SIM!!!

— SIM!!!

(Sebek): Muito bem: Quero metade de cada guarnição voltando para a cidade para iniciar a evacuação. As forças de assalto e o Esquadrão Platina vão retardar o inimigo o máximo possível. Que seja o que os deuses quiserem.

No meio da multidão, o samurai se levantou. Seu corpo estava cheio de cortes e luxações, mas um a um os ferimentos foram sumindo, literalmente, em vapor. O guerreiro puxou sua katana, pronto para a última investida.

(Samurai): Companheiros, shinzo wo sasageyo...

(Olaf): Esperem, o que é aquilo lá? As gems não estão mandando só robôs! Tem mais infantaria vindo para cá!

Todo mundo começou a apertar a vista, a fim de tentar ver o que Olaf viu: de fato, havia um grande exército avançando contra Ahkvata, mas algo não parecia estar certo...

(Sebek): Espere um pouco... aquele exército está muito atrás das naves-fragata inimigas. Não pode ser uma infantaria de cerco!

 

Trilha sonora: https://www.youtube.com/watch?v=rcYhYO02f98

Não era. Era o exército do Egito, e eles haviam chegado a toda velocidade. Amennekht, Rose, Pérola, Garnet e centenas de egípcios montados em bigas e Crystal Gems começaram a avançar pela retaguarda do inimigo. Hessonita estava numa das naves-fragata e não ficou nem um pouco feliz com o que viu.

(Hessonita, no computador de bordo): Divisão Sigma! Tem reforços rebeldes chegando pela retaguarda da nossa coluna! Repito, rebeldes se aproximando pela retaguarda da coluna! Mande a infantaria detê-los, eles não podem se aproximar das baterias de cerco!

(Cornalina): Como é que é? Tem MAIS humanos vindo para cá?

(Ônix): Eu imaginei que eles estivessem escondendo reforços, mas atrás de nós? Isso é impossível!

(Hessonita): Se é impossível ou não, vejam depois! Ao trabalho, agora mesmo!

(Jade): Vocês ouviram! Para a retaguarda!

Preces de socorro aos céus são dirigidas

Por lábios de sentinelas combalidas

Muralha abalada e torres destruídas

Por detrás da força de invasão principal das gems, os humanos e as rebeldes avançavam a toda velocidade. Eles também carregavam canhões leves para abater unidades inimigas mais pesadas, como os robôs que as forças de Homeworld estavam usando no cerco.

(Amennekht): Aqueles robôs provavelmente serão usados para derrubar a muralha! Concentrem seus ataques neles! Iáááá!!!

Enquanto Amennekht manejava as rédeas, Merit puxou a corda de seu arco, fabricado por Thanos, gerando uma flecha de raio (mais ou menos nesse estilo: https://s.aficionados.com.br/imagens/33701246-58-28252706-9414_cke.jpg). Outros soldados de Amennekht fizeram a mesma coisa e todos dispararam suas flechas de raios, que atingiram em cheio alguns robôs de cerco. Não chegaram a destruir os robôs inimigos, mas alguns dos atingidos sofreram picos de energia, sem falar que o súbito ataque vindo pela retaguarda provocou um efeito manada, que começou a dividir a atenção da bateria de cerco.

(Hessonita, no computador de bordo): Não, o que vocês estão fazendo! Para a muralha! MURALHA!!! IGNOREM ESSES INSETOS!!!

Os robôs se dividiram: alguns seguiram para a muralha, outros se viraram para bloquear os tiros com os escudos e bloquear os ataques. Nesse ínterim, Amennekht ganhou um tempo pequeno, mas valioso tanto para retardar o avanço do inimigo quanto para ganhar terreno sobre ele.

“Faraó do Egito, venha nos ajudar

A grande Ahkvata está perto de tombar”

Depois de tudo será que o irmão ele vai perdoar?

Os robôs eram bem maiores que as carruagens de Amennekht, mas os humanos, acostumados a lutar contra inimigos maiores, usaram aquilo ao seu favor: conduzindo os cavalos bem próximo dos robôs, eles se infiltravam por pontos cegos, além de impedir que outros robôs atacassem com medo de acertar seus aliados...

(Peridote-piloto): Boa tentativa, sacos de carne, mas esse truque não vai adiantar.

... o problema é que as gems de Homeworld já haviam previsto que os humanos usariam aquela estratégia de rotina e projetaram os robôs para serem ágeis: usando suas espadas, eles começaram a empalar carruagens e cortar guerreiros, levantando pedaços de pessoas e cavalos pelo ar, em meio a nuvens de fumaça de gems poofadas. Enquanto isso, os reforços da Divisão Sigma já estavam chegando ao encontro de Amennekht.

(Amennekht): Nova estratégia, homens: desmontem das carroças e tentem golpear pontos fracos dos robôs. Zulus, apaches, vocês são os mais ágeis de nós! Tentem escalar os robôs!

A devoção, a devoção

Dos platinas que tentam deter a invasão

Quando a batalha recomeçou

Foi quando o exército do Egito chegou

Atravessando todo o deserto

Foi quando o exército do Egito chegou

Mudando o que já tinha um rumo certo

Os guerreiros tentaram seguir as ordens de Amennekht, mas foram descaradamente derrubados e esmagados. Um deles até tentou arremessar uma zagaia (lanceta zulu), mas a arma ricocheteou na lataria

Vendo que os humanos estavam levando a pior contra os robôs, as gems resolveram tomar a dianteira. Rose pulou num dos robôs e enfiou sua espada, acertando a peridote que o pilotava no processo. Garnet transformou duas de suas manoplas em projéteis e as disparou contra outros dois robôs.

(Garnet): Peguem a infantaria inimiga! Nós cuidamos desses robôs!

(Amennekht): Vocês ouviram, guerreiros! Em frente!

Amennekht sacou sua khopesh e foi para cima do exército liderado pela divisão Sigma. Merit já havia desmontado e auxiliava as tropas de seu marido com o arco, enquanto o Faraó caía em combate físico contra os quartzos inimigos. Pouco depois, porém, algumas lignitas com blasters começaram a aparecer e a disparar, abatendo alguns soldados de Amennekht no processo. Para piorar o quadro, os robôs que Amennekht queria atrasar começaram a alçar voo.

(Amennekht): Mas o quê...?

Um tiro de blaster atingindo a sua couraça o trouxe de volta à realidade. Meio de birra, meio de técnica, Amennekht arremessou instintivamente uma adaga contra a lignita que parecia ter atirado nele, e a acertou no rosto. Outro quartzo foi para cima de Amennekht, mas ele rolou por baixo dela e praticamente decepou-lhe uma das pernas, depois atacou uma ágata, que bloqueou com uma alabarda. A ágata revidou com golpes perfurantes, que só encontraram o escudo de Amennekht, até que o egípcio meteu um soco no nariz da ágata e, com um giro da arma, cortou fora a cabeça dela.

Os dias hostis foram passando

Defensores tombando, cerco se apertando

Mortos e feridos se multiplicando

Ônix, vestindo sua armadura de combate, começou a avançar junto com outras atiradoras lignitas, incluindo Jet. O grupo de lignitas começou a atirar com seus blasters novamente na direção dos humanos, e um dos disparos acertou Merit na barriga.

(Amennekht): MERIT!!!

Rose percebeu que a egípcia havia sido atingida e saiu em socorro dela, o que permitiu ao Faraó voltar ao combate o mais rápido possível. O problema é que outra lignita (sem ser a Jet) enfiou uma baioneta de blaster em seu ombro direito, o do braço em que ele segurava a espada. Mais furioso do que sentindo dor, Amennekht chutou a inimiga na altura do joelho (ela teria lesionado a rótula se tivesse uma) e deu um gancho no queixo dela usando o escudo como soqueira.

Cornalina prepara sua divisão

O prisma de Hessonita semeia a destruição

Toda a cidade de Ahkvata está perto da perdição

 

Ainda com o braço ferido, Amennekht ergueu o escudo e sinalizou para seus soldados.

— AVANCEM!!! AVANCEM!!!

Os robôs encarregados de destruir a muralha já haviam chegado no lugar onde deveriam estar. Parecia que era só uma questão de tempo até a muralha ceder, mas Amennekht não pretendia jogar a toalha. Enquanto isso, na muralha, os robôs já estavam voando na altura da muralha. Antes que pousassem, o Samurai pulou em um deles e enterrou sua katana na couraça, penetrando-a como se fosse de papel. O guerreiro oriental ainda pulou para outro robô, girando sua katana, que foi bloqueada pelo escudo do robô. O robô que bloqueou a katana tentou empalar o samurai com a lança. O samurai desviou a lança para o lado com sua katana, deu outro giro e empalou o robô com sua katana. O Samurai deu uma pirueta para trás, caindo em cima da muralha. Quando ele pôs os pés na muralha, outro robô já estava avançando pronto para dar um golpe de tesoura. O samurai se abaixou, mas o robô conseguiu empalá-lo com a lança mesmo assim, depois chutou o samurai, tirando-o da lança.

(Peridote-piloto): Esse daqui deu trabalho. Agora que já chegamos, vamos... peraí, ele ainda tá vivo?

O Samurai levantou, babando sangue e com o kimono todo ensanguentado. Com suas últimas forças ele enfiou a própria katana no peito, gritando em agonia.

— AAAAAHHHHHHHHHHHH!!!

Surpreendentemente, os ferimentos começaram a se fechar, e seus músculos, a crescerem anormalmente, sem falar em sua estatura, que aumentou até chegar na casa dos 2.8 metros.

(Sebek, rindo de nervoso): Puta merda, o que o Thanos colocou na arma dele?

Com a transformação completa, de kimono rasgado e cabelos soltos, ele tirou a espada do peito, e o ferimento se fechou em segundos.

(Peridote-piloto): Oh, minhas est...

Outras três vieram por trás dele e acertaram-no, cada uma com sua lança, na altura peito. Ainda assim, o Samurai ainda conseguiu reagir e cortar as lanças com sua katana

(Peridote-piloto 2): COMO ASSIM NOSSAS LANÇAS FORAM CORTADAS POR AQUELA ARMA PRIMITIVA???

O Samurai tirou as pontas das lanças de seu corpo, e os ferimentos se fecharam rapidamente.

(Samurai): Sebek... mande todas as suas tropas recuarem... eu seguro elas...

(Sebek): Contamos com você.

Enquanto as tropas recuavam, o Samurai deu um golpe curvo num robô, que bloqueou com o escudo. Isso não impediu que escudo e robô fossem cortados ao meio.

(Peridote-piloto): Ele está tão forte quanto aquele humano! Atirem à vontade!

Do peito dos robôs, começaram a sair torretas que metralharam o Samurai. O guerreiro oriental pegou as partes do robô partido e começou a usar como escudo!

(Samurai): GRAAAAAAHHHHH!!!

O desespero, desespero

Batalhões de quartzo voltam a avançar

A muralha começou a rachar

Foi quando o exército do Egito chegou

Atravessando todo o deserto

Foi quando o exército do Egito chegou

Mudando o que já tinha um rumo certo

Subitamente, uma das fragatas explodiu no céu. Todas as gems começaram a olhar para o céu, enquanto as comandantes tentavam apurar o que havia acontecido.

(Hessonita): Que explosão foi essa? O que diabos aconteceu?

Enquanto a fragata destruída continuava caindo e se desfazendo em explosões menores, outra explosão surgiu no campo de batalha, bem no meio das gems de Homeworld, criando uma cortina de fumaça entre os dois exércitos. Do meio da cortina de fumaça, saiu um único homem.

Vestindo uma armadura grega com elmo totalmente fechado.


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Notas finais do capítulo

Os capítulos estão demorando bastante para sair, mas espero que vocês estejam se agradando dos resultados finais. Essa grande batalha terá final no próximo capítulo, mas mesmo depois do final dela ainda terão algumas coisas para queimar como lenha. Afinal, Thanos voltou tanto para encarar as invasoras como o próprio povo de Ahkvata que o perseguiu como renegado. Algumas gems da Divisão Sigma (principalmente fusões) vão ter seus embates grandiosos contra Crystal Gems, alguns com sequelas emocionais bem fortes.

Espero que tenham gostado. ARG será atualizada em breve, agora que outra amiga minha deu sua contribuição ao novo arco que se abrirá na história. Continuem acompanhando e até a próxima.



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