Sangue, Suor, Lágrimas e Estilhaços escrita por Blue Blur


Capítulo 2
A flor que lhe traria salvação


Notas iniciais do capítulo

Durante a fuga de Mênfis, o príncipe Amennekht acaba se separando dramaticamente de seu tio Menkara, seu irmão caçula Sebek e sua amiga Merit. Depois de fugir das garras da morte uma vez após a outra, Amennekht tem uma visão sobre uma misteriosa flor que salvaria seu povo da destruição.



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Mais ou menos uns 20-30 minutos após a batalha ter começado, o exército egípcio, agora sem comandante, batia em retirada de volta para Mênfis. As invasoras avançavam sem piedade sobre a capital egípcia, derrubando paredes de casas, estandes de mercados, estátuas e qualquer um que tentasse resistir a elas. Algumas das guerreiras sacavam machados e espadas tão poderosos que não só cortavam as estátuas como se fossem de papel, como ainda deixavam rastilhos de fogo.

Do palácio de Mênfis, a mãe real, Amennekht, Sebek, Merit e Menkara assistiam a cidade arder em chamas. As crianças começaram a chorar, enquanto que a rainha procurava se conter para não fazer o mesmo.

(Amennekht, chorando): Onde está o papai? Ele é o Hórus vivo! Ele não pode ter sido derrotado! Por que ele está deixando as invasoras entrarem?

(Rainha): Filhos, venham cá. Vocês precisam sair de Mênfis agora, sigam o tio Menkara até um lugar seguro.

(Sebek, chorando): Nós não queremos deixar você, mamãe! Eu posso lutar, o tio Menkara me ensinou, nós podemos...

(Rainha, incisiva): Não, vocês não podem! Essas invasoras são diferentes de tudo o que já vimos! Vocês devem escapar daqui com vida, a linhagem real do Egito não pode morrer!

(Amennekht, chorando): Morrer? Então quer dizer que o nosso pai...?

(Menkara): Seu pai sempre estará zelando por você, sobrinho. Eu lhe garanto isso.

(Rainha): Ainda temos alguns minutos preciosos antes que as invasoras cheguem ao palácio! Vamos arrumar as coisas de vocês o mais rápido que pudermos! Peguem somente o essencial!

O grupo correu para o harém e começaram a arrumar tudo em trouxas. Merit levou consigo umas duas mudas de roupa, bem como sua faca de defesa pessoal. Sebek também pegou, além de roupas, um bracelete com um escaravelho dourado esculpido, bem como a pequena espada que ele usava em seus treinos. Ammenekht pegou as estatuetas dos deuses egípcios que ele tinha, enquanto que Menkara juntou um pouco de comida e mais a sua espada, para defender as crianças sempre que necessário. Depois que cada um prendeu sua bagagem pessoal ao próprio corpo, o quarteto se dirigiu a uma porta que ficava nos fundos do palácio, um lugar por onde a família real poderia fugir em emergências.

(Rainha, se despedindo dos filhos): Adeus, Menkara. Adeus, meus filhos. Adeus, Merit.

Amennekht e Sebek mal puderam se despedir direito de sua mãe e já foram puxados por Merit e Menkara, para fugirem das invasoras. Numa biga, Menkara deu um jeito de espremer as crianças e mais as bagagens, ficando perigosamente pendurado na borda da biga. Se ele, porventura, se soltasse das rédeas dos cavalos enquanto cavalgava, tomaria uma queda feia, talvez até mortal.

(Menkara): Muito bem crianças, fiquem abaixadas! Não olhem ao redor, olhem apenas para mim! Yá!

Trilha sonora: https://www.youtube.com/watch?v=DS8bsS457ng

Menkara começou a cavalgar, deixando o palácio e a cidade devastada para trás. O irmão do faraó deu ordens explícitas para as crianças não ficarem olhando ao redor, mas quem disse que as crianças obedeceram? Aquela cidade era o lar delas, talvez o último pedaço do Egito que levariam consigo. Chorando bastante, elas viram a paisagem desolada, as casas em chamas, as estátuas gigantes sendo derrubadas, os gritos de mulheres e crianças ecoando pelos céus.

De repente, uma explosão estourou em frente do trajeto de Menkara, assustando os cavalos e fazendo-os desviar um pouco para a direita. Menkara teve que se esforçar para não perder o equilíbrio nem deixar a biga sair do rumo. As crianças olharam para trás e a pequena Merit não conteve um grito de pavor:

(Merit, chorando de medo): As invasoras! Elas estão vindo atrás de nós!

Menkara olhou rapidamente para trás e viu pelo menos meia dúzia de guerreiras robustas e ameaçadoras gritando e balançando as armas aos céus enquanto perseguiam a biga.

(Menkara, clamando aos céus): Set, deus da guerra, não deixe que as invasoras nos alcancem! Permita-nos viver para lutar mais um dia e vingar a afronta que nosso povo sofreu hoje!

Como que atendendo às preces do capitão da guarda real, um grupo de invasoras apareceu pelas direções laterais da biga e, inesperadamente, começaram a lutar com as invasoras que perseguiam a biga.

(Sebek): Tio, porque as invasoras estão lutando entre si? Isso não faz sentido!

(Menkara): Não importa, isso nos dará tempo para fugir!

Aquele pequeno grupo de “invasoras traidoras” não era um caso isolado: por onde Menkara passava, começou a ver algumas invasoras lutando contra suas semelhantes. O capitão da guarda real, um perito militar, logo notou que essas renegadas não usavam o uniforme das outras invasoras, e ao invés de usar como brasão um losango rosa ou amarelo, elas usavam uma estrela, que poderia estar estampada em qualquer parte do corpo: joelhos, peito, costas, ou mesmo nas armas. Após alguns minutos, Menkara estava quase conseguindo sair da cidade, quando de repente uma explosão caiu bem próxima à biga, arremessando o homem e as crianças em quatro direções diferentes.

Amennekht se levantou atordoado e apanhou a sua trouxa, que caíra logo ao seu lado. Ao olhar para trás e ver a biga em chamas, onde seu tio, irmão e melhor amiga estavam, ele desandou a chorar.

(Amennekht, extremamente abalado): AAAAAAHHHHHHHH!!!

O garotinho egípcio de apenas sete anos havia perdido seu pai, sua mãe, seu tio, seu irmão caçula e sua melhor amiga. Sua vida parecia estar no fim, e isso foi enfatizado quando ele olhou para trás e viu uma das tais “rubis”, só que essa era enorme e tinha cinco pedras espalhadas pelo corpo, uma delas tapando o olho direito. A rubi gigante marchava em direção ao garoto, que apenas assistia àquilo impotente, como se simplesmente houvesse aceitado a própria morte.

(Amennekht, pensando): Eu deveria ser o próximo faraó, não é? O Hórus vivo na Terra. Será que tudo não passou de uma grande mentira? Será que, no final das contas, os deuses nos abandonaram? Se for assim, então não vale a pena tentar salvar a própria vida, porque seres humanos nunca conseguirão matar essas feras com pedras preciosas encravadas em suas peles!

Os pensamentos de Amennekht foram interrompidos por um braço robusto que apareceu do nada e esmurrou a gigantesca rubi na lateral do rosto e a derrubou no chão. O garoto viu quem era o dono do braço: uma outra invasora, só que uma das renegadas. A pele dela tinha uma cor que parecia um misto de azul e cinza. Ela tinha longos cabelos separados em mechas coloridas e usava um avental com uma estrela desenhada.

(Amennekht, pensando): Uma invasora... que mata outras invasoras?

Como se lesse os pensamentos de Amennekht, a gigante se virou e encarou o rapaz com um ponto de interrogação no olhar. O príncipe girou nos calcanhares e começou a correr!

(A gigante que salvou Amennekht): Espere! Volte!

Amennekht correu sem olhar para trás. Viu o deserto logo atrás e, sem pensar nas consequências, correu para lá com todas as forças que só o desespero humano poderiam lhe proporcionar. No caminho, ele viu aquela mesma cena novamente outras vezes: invasoras parando de atacar os humanos e lutando umas contra as outras.

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A rainha ainda estava no palácio, junto com a guarda real, ou o que restou dela. De surpresa, um poderoso chute praticamente arrombou as portas do palácio. Três guerreiras entraram no recinto: a primeira era robusta, com longos cabelos rosas, usava o traje padrão das guerreiras invasoras, com um losango rosa desenhado no peito e nos joelhos, além de um quartzo rosa no lugar onde deveria estar seu umbigo (https://orig00.deviantart.net/f278/f/2016/242/5/d/rose_quartz_homeworld_suit__render__by_ladyheinstein-dafwkyv.png). A segunda guerreira tinha cabelos curtos e verdes, e sua pele também era verde. As roupas dela eram diferentes: ela usava basicamente um top, um short e coturnos, tudo na cor azul marinho, além de ter um jade cravada entre seus seios. (https://pre00.deviantart.net/22e0/th/pre/i/2015/255/c/2/jade_by_rockzillahh-d99derj.jpg). A rainha torceu o rosto para essa guerreira, porque para os padrões dela tal guerreira estava praticamente nua. A terceira guerreira tinha cabelos laranjas de comprimento médio, bem como uma pele também verde. Ao invés de usar um traje mais militarizado ou esportivo, como as outras duas, ela usava botas marrons de cano alto, luvas amarelas e uma roupa um tanto provocante, que deixava grande parte do abdômen e coxas à mostra. Na parte do peito, a roupa tinha um desenho de um losango amarelo, e no umbigo dela estava uma cornalina laranja (https://pre00.deviantart.net/42e5/th/pre/i/2015/255/9/3/carnelian_by_rockzillahh-d99dk0v.jpg).

(Rainha, furiosa): Pelos deuses, por que raios vocês, invasoras, trouxeram essa meretriz laranja para meu palácio?

As guerreiras ignoraram a fala, já que não faziam ideia do que era uma “meretriz”. A cornalina laranja começou a falar.

(Cornalina, lendo um texto holográfico): “Em nome da grande Autoridade Diamante, nós reivindicamos seu palácio, bem como toda esta terra, como indenização pelo crime de vandalizar patrimônio de Homeworld, consistindo em pelo menos uma dúzia de injetores” *fecha o holograma* Isso é muita coisa! Como vocês conseguiram causar tanto estrago com esses gravetos que vocês chamam de armas?

(Rainha, furiosa): Saiam do meu palácio agora mesmo, suas invasoras! Eu ainda sou a rainha, e digo que o Egito jamais se submeterá a qualquer outra autoridade além do Hórus vivo na Terra! Que os deuses amaldiçoem vocês, assassinas!

(Quartzo Rosa): O que raios é esse “Hórus vivo na Terra”?

(Jade): Não faço ideia, talvez seja uma categoria de humano que existe aqui.

(Cornalina): Escute “rainha”, não torne as coisas ainda mais difíceis. Apenas nos siga até o zoológico e lá a Diamante Rosa...

A rainha sacou uma adaga e tentou golpear a Cornalina no rosto, porém a Jade, com reflexos inumanos, agarrou o pulso da humana, com a ponta da lâmina a centímetros do rosto da diplomata. A rainha contorcia o rosto em dor enquanto sentia seu pulso sendo torcido. Os guardas apontaram as lanças em advertência.

(Guarda): Largue a rainha do Egito agora, bruxa!

Jade já estava pensando em largar a vítima, até que viu os enfeites da rainha: ela usava brincos e colares, bem como enfeites de peruca, com pedras preciosas: rubis, safiras, ágatas, jaspes, ametistas, topázios, granadas, esmeraldas...

E jades.

O olhar da guerreira mudou para perplexidade e depois para fúria. Com a mão livre, a guerreira agarrou a rainha do Egito pelo pescoço.

(Jade, sacudindo o pescoço da rainha): Você... estilhaça gems... usa elas como adornos... e nós é que somos assassinas???

A cada intervalo, Jade sacudia o pescoço da rainha do Egito, até que no final ela ouviu um *crec*. Sem entender nada, largou a rainha, que caiu no chão, com os olhos revirados.

(Guarda): Assassina! Que os deuses as amaldiçoem! Peguem elas!

A guerreira quartzo rosa se colocou também na luta, e as duas começaram a enfrentar os soldados egípcios para protegerem a Cornalina. Mataram todos em menos de um minuto.

(Cornalina, angustiada): Eu queria que não tivesse que haver toda essa matança.

(Jade, de cara amarrada): Eles pediram por isso, agora vamos sair desse monturo de areia e relatar tudo para a Diamante Amarelo.

A guerreira quartzo rosa, antes de acompanhar as outras duas, pegou as joias da rainha morta e ficou encarando-as, com um olhar de tristeza.

(Quartzo Rosa, triste): A Diamante Amarelo tinha razão: humanos são seres nojentos! Como puderam fazer essa atrocidade? E pensar que a Diamante Rosa quer esses vermes vivos.

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Mais ou menos uma hora havia se passado desde que a batalha havia começado, Amennekht agora estava no meio do deserto, rastejando pela areia, exausto e desidratado, enquanto o sol lhe queimava a pele. Apesar de ter passado a vida toda no deserto e estar acostumado com o calor, Amennekht estava dando indícios de sofrer com insolação: ele estava com uma forte dor de cabeça, febre e tontura. Caindo de vez em bruços sobre a areia escaldante, Amennekht não conseguiu se arrastar mais um centímetro adiante. Ele sabia que morreria ali.

(Amennekht, delirando): Anubis, tire logo a minha vida! Acaba com meu sofrimento!

Delirando, Amennekht começou a ver uma figura gigantesca à sua frente, mas esta era muito maior que as outras gigantes que havia visto. Era um homem de mais ou menos 15 metros de altura, com uma cabeça de águia, usando trajes reais egípcios.

(Amennekht, delirando): Rá... por favor, eu imploro que salves meu povo! Tu criaste tudo o que há nesta terra! Só você tem o poder de nos salvar dessas invasoras sanguinárias!

O deus-sol egípcio gigante se ajoelhou para ficar mais perto do rapaz, e colocou sua mão direita sobre a areia, com a palma voltada para cima.

(Rá): Sim, eu criei este mundo e tenho poder para vencer qualquer povo que habita nele, mas estas invasoras não são deste mundo, por isso nada posso fazer para ajudar seu povo...

Amennekht já ia indagar a divindade, mas parou ao ver uma flor brotar da mão de Rá: uma linda rosa, cuja beleza contrastava com o hostil deserto.

(Rá): Mas saiba você, príncipe Amennekht, que o deserto não será sua tumba. Quando sobreviver, procure esta flor rara. Enquanto para o seu povo ela representará ternura, esperança e proteção, para as invasoras ela será o símbolo da punição e o grito de guerra dos egípcios. Sempre que estas inimigas marcharem contra o Egito, a Rosa se encarregará de detê-las.

Ao serem ditas estas palavras de esperança, a alucinação cessou. Amennekht, à beira de um desmaio, viu ao longe um vulto branco se aproximando dele, com mais uns 3 ou 4 outros seguindo-o. Mesmo sem conseguir ver direito, Amennekht sentiu braços fortes e gentis o carregarem, bem como refrescantes pingos de água caírem em seu rosto. Esses milagrosos pingos de água fizeram cessar toda a insolação nele. Essa foi a última sensação que Amennekht teve antes de cair em sono profundo.

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Quanto tempo se passou depois disso? Horas? Dias? Amennekht não fazia ideia. Ele despertou suavemente de seu sono profundo com uma mão delicada, porém robusta, acariciando seus cabelos. O som de uma forte cachoeira ecoava pelo lugar. A sala era fechada, com paredes que reluziam como cristal, deixando tudo iluminado, apesar do sol não entrar totalmente naquele lugar. Apesar do chão ser duro, a cabeça de Amennekht estava deitada em algo macio. Novamente o menino sentiu a mesma mão, robusta e ao mesmo tempo delicada, lhe acariciar os cabelos, sendo acompanhada de uma voz doce como a de um anjo.

— Você já acordou?

Amennekht se levantou quase que num salto e viu a autora da voz: Era uma mulher enorme, com mais ou menos 2,5 metros de altura e tinha longos cabelos rosas. Era uma das invasoras, daquelas enormes de cabelo rosa, mas ao contrário daquelas ela usava um vestido branco longo, com um buraco em forma de estrela ao redor do umbigo, onde ficava à mostra um quartzo rosa (https://vignette.wikia.nocookie.net/steven-universe/images/8/85/Rose-Quartz-deko2.png/revision/latest?cb=20160203120605). Novamente ela voltou a falar:

— Qual é o seu nome?

A resposta de Amennekht foi um grito de medo! Havia sido carregado diretamente para a base das invasoras! O garoto saiu correndo desesperado da presença da bondosa mulher.

— Espere! Não corra pela torre! Você pode se machucar!

Amennekht saiu correndo pelo lugar, esbarrando em várias das mulheres pela torre enquanto tentava achar uma saída. Sua fuga tola foi interrompida quando uma mão forte a agarrou. A dona dessa mão era tão alta quanto a mulher de antes, tinha uma pele vermelha-escura, um cabelo denso e em formato quadrado, como as rubis. Ela usava uma roupa preta, com detalhes em carmesim e óculos escuros com lentes triangulares. Aquela mulher falou, com uma voz extremamente seca:

— Será que dá para você parar de correr e gritar pela torre do mar lunar? Está incomodando as outras gems.

Amennekht, mais assustado ainda, começou a se debater e, sem querer, acertou uma mãozada no rosto da mulher que o segurava, derrubando seus óculos e revelando seus três olhos, cada um de uma cor diferente.

A mulher que agarrava Amennekht parecia irritada com o tapa, e o fato de ela ter TRÊS OLHOS só fez o garoto gritar ainda mais alto e correr mais que um cavalo selvagem. Amennekht, percebendo que não conseguiria fugir, achou uma espécie de corredor sem saída bastante estreito e se enfiou lá, ficando encolhido e chorando de medo.

Passos foram ouvidos se aproximando, a mulher de três olhos se aproximou da parede e deu um soco.

(“Mulher de três olhos”, falando com firmeza): Humano, saia daí agora mesmo!

Outra mulher se aproximou, vestida de bailarina. Ela se mostrava igualmente incomodada com aquela barulheira (https://vignette.wikia.nocookie.net/stevenuniverse-fanon/images/8/84/Debut_Pearl_Request.png/revision/latest?cb=20160809180236).

(“Mulher Bailarina”): Garnet, que balbúrdia é essa?

A primeira mulher, aparentemente chamada de “Garnet”, respondeu.

(Garnet): Esse humano fica correndo pela torre e empurrando as gems, fazendo uma grande bagunça, eu tenho que pegá-lo e mantê-lo num lugar seguro.

(“Mulher Bailarina”): Deixe que eu tiro ele daí.

Tirando uma lança de uma pérola localizada em sua testa, a mulher se aproximou e tentou cutucar Amennekht com a lança. O garoto agarrou a lança da mulher e ambos começaram a brigar pela arma.

(“Mulher Bailarina”, irritada): Largue a minha lança, humano!

A lanceira simplesmente deu um murro no cocuruto do menino de apenas 7 anos, fazendo-o gritar de dor, o que atraiu a atenção da “invasora” que estava com Amennekht no colo enquanto ele dormia. A primeira mulher indagou para a lanceira:

— Pérola, o que está acontecendo?

(Pérola): Ah Rose, ainda bem que você chegou! Aquele humano que você trouxe está causando o maior caos na torre!

(Garnet): Eu tentei agarrá-lo, mas ele fugiu para esse corredor. Pérola tentou tirá-lo daí e deu um soco na cabeça do humano.

A mulher de longos cabelos rosas, aparentemente chamada de “Rose”, pareceu ficar horrorizada ao ouvir aquilo.

(Rose): Você bateu num humano? Pérola, essa era a última coisa que você deveria ter feito!

(Pérola): A culpa foi dele! Saiu correndo e gritando pela torre, não quis seguir nossas ordens e ainda tomou minha lança!

(Rose): Ele está com medo. Você não viu o que as gems de Homeworld fizeram com o lar dele? Ele perdeu tudo, não faz ideia de onde está ou quem nós somos.

Rose se ajoelhou ao nível do jovem rapaz, que ainda estava entrincheirado no estreito corredor, apontando a lança que tomou de Pérola para qualquer uma que tentasse chegar perto.

(Rose, falando suavemente): Está tudo bem agora. Vamos, saia deste corredor.

Amennekht, mesmo tendo chorado, ainda tentava se mostrar corajoso frente à gigante de 2,5 metros.

(Amennekht): Não, você é cruel! Você e essa magricela vão me machucar do mesmo jeito que machucaram minha família!

(Pérola, ofendida): Magricela? Ah, eu vou mostrar para esse...

Rose só fez encarar Pérola com um olhar de seriedade e isso foi o suficiente para a lanceira se desarmar toda. Depois Rose se virou para Amennekht com seu costumeiro olhar amável.

(Amennekht): Eu sinto muito pelo que aconteceu com sua família, mas não se preocupe, eu não vou machucar você. Sabe, eu vi você desmaiado lá no deserto e o trouxe para cá. Veja, eu salvei sua sacola.

Ao ver a sacola nas mãos de Rose, Amennekht desarmou sua postura defensiva. Rose, vendo que aquilo surtiu efeito, estendeu a mão e ofereceu uma rosa para o menino.

(Rose): Veja, é bonita, não acha? Eu peguei especialmente para você.

Os olhos de Amennekht começaram a brilhar. Ao ver a flor nas mãos de Rose, ele se lembrou do que ouviu em sua visão:

“Quando sobreviver, procure esta flor rara. [...]para o seu povo ela representará ternura, esperança e proteção...”

“Sempre que estas inimigas marcharem contra o Egito, a Rosa se encarregará de detê-las. ”

Amennekht foi se aproximando lentamente de Rose, pegou a rosa e a trouxa, então ambos se abraçaram com força. Rose olhou para os cabelos curtos do rapaz e viu um galo nascendo no lugar onde Pérola o socou.

(Rose): Você está machucado...

(Amennekht, apontando para Pérola): Aquela magricela malvada que bateu em mim.

(Rose): Não, ela não é malvada... ela só não compreende você...

Amennekht notou que Rose havia começado a chorar e as lágrimas dela estavam caindo sobre o galo em sua cabeça, curando seu ferimento.

(Rose): Se sente melhor?

(Amennekht): Sim, senhora...

(Rose): Rose Quartz, mas me chame apenas de Rose. E você, como se chama?

(Amennekht): Amennekht, senhora Q... Rose.

Amennekht segurou na mão enorme de Rose Quartz e a acompanhou de volta até o lugar de onde ele havia fugido. Lá ambos se sentaram e começaram a conversar.

(Rose): Eu imagino o quanto você deve estar assustado e cheio de dúvidas, mas eu vou responder todas que você puder.

(Amennekht): Eu não tenho medo de você. Você é bondosa, bem diferente daquelas monstras gigantes e horrorosas, com aquelas enormes jubas rosadas horríveis e...

Amennekht percebeu que havia acabado de descrever a mulher que lhe salvara a vida e temeu tê-la ofendido.

(Amennekht): M-Mas eu não estava falando de você, estava falando das outras gigantes que atacaram minha...

(Rose, séria): Aquelas gigantes são quartzos rosas, soldados a serviço da Diamante Rosa, de Homeworld.

(Amennekht): O que é Homeworld? É um país?

(Rose): De certa forma, sim. Esse... “país” quer explorar as riquezas naturais da sua terra para criar novos soldados e expandir seu império. Nisso, muitos inocentes irão morrer.

(Amennekht, chocado): Não podemos deixar isso acontecer.

(Rose): E eu não vou deixar. Cada uma das gems nessa torre luta contra os exércitos de Homeworld para que um dia sua terra seja livre.

(Amennekht): “Gems”?

Rose deu um sorriso ao ver a inocência e ignorância do menino humano, então começou a explicar.

(Rose): Eu sou uma gem. Veja, todas nós, gems, temos uma joia fixa em alguma parte do nosso corpo.

Rose apontou para o quartzo rosa que ficava no lugar onde deveria estar seu umbigo.

(Amennekht): Eu nunca havia reparado o quanto essa joia era bonita. Ela faz alguma coisa?

(Rose, sorrindo): Sim, ela faz isso.

A pedra soltou um brilho suave e de lá saiu um escudo rosa, com o desenho de uma rosa no centro. Novamente, as frases ecoaram na mente do rapaz.

“Quando sobreviver, procure esta flor rara. [...]para o seu povo ela representará ternura, esperança e proteção...”

“Sempre que estas inimigas marcharem contra o Egito, a Rosa se encarregará de detê-las. ”

(Amennekht, maravilhado): É você!

(Rose, sem entender): Eu o quê?

(Amennekht): Os deuses me disseram para procura-la! Você é a flor rara que traria esperança para o Egito e nos libertaria do domínio das invasoras!

(Rose): Bom... eu não entendi bem essa parte de “deuses”... mas sim, eu vou proteger você, pequeno Amennekht. Enquanto você estiver comigo, nada vai lhe acontecer de mal.

O garotinho órfão novamente deu um abraço apertado em sua nova mãe adotiva, e ambos ficaram ali por bastante tempo, sem se soltarem, até que Amennekht voltou a falar.

(Amennekht): Eu quero que você me ensine.

(Rose): O que você gostaria de aprender?

(Amennekht): Tudo! Me quem são essas invasoras, como é o exército delas, como podemos derrota-las... e o mais importante: quem são vocês.

(Rose): Esta, pequeno Amennekht, é realmente a pergunta mais importante. Eu lhe digo quem somos: nós somos... as Crystal Gems!

AQUELA ROSA IRIA VINGÁ-LO...


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Notas finais do capítulo

Em um dos episódios de Steven Universo, Garnet diz que Rose Quartz sempre foi mais paciente com humanos do que ela e Pérola. Por conta disso eu imaginei essas cenas das duas interagindo de forma nada adequada com Amennekht, um misto de comédia pastelão com momento emotivo. Se eu fizer direito, vocês terão em diversos momentos um misto de sensações: vão achar algumas cenas engraçadas, outras emotivas, alegres, depressivas, épicas...

Rose Quartz, em diversos flashbacks, mostrou o quanto gostava dos humanos, mas só se gosta de algo que se conhece, então eu achei que seria legal fazer uma fanfic dela interagindo com um humano. Vocês concordam? Acham que ficou legal? Acham que poderia ter sido melhor? Não deixem de comentar.

A propósito, a gem que matou o faraó no capítulo anterior era uma Topaz. Agora a nova pergunta: qual Crystal Gem salvou Amennekht da fusão rubi?



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