Sangue, Suor, Lágrimas e Estilhaços escrita por Blue Blur


Capítulo 11
A Canção de Ahkvata


Notas iniciais do capítulo

Sebek mostra ao seu irmão Amennekht um hino composto por seus súditos.



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A festa continuava a todo vapor: as dançarinas enchendo a visão dos nobres com uma bela paisagem, os convivas comendo e bebendo sem se preocupar com o amanhã, todos felizes. Thanos, que também desfrutava das iguarias do rei Sebek, não deixava de admirar a beleza da Pérola Negra: sua aparência delicada e seu comportamento tímido tinham um charme que o guerreiro helênico não sabia explicar. Diversas vezes Thanos chamou ela para lhe servir um vinho, e às vezes ele nem bebia tudo, simplesmente jogava o resto fora apenas para que a gem viesse até ele. Depois de uns 20 cálices, Thanos já estava dando sinais de embriaguez média, mas mesmo assim ainda estava contido... pelo menos é o que parecia, já que a presença dele passava quase despercebida.

Enquanto isso, Amennekht, Sebek e Merit conversavam de forma bastante descontraída. Amennekht contava para seu irmão e sua melhor amiga as épicas batalhas que teve no território africano e também de todo o esforço que fez para se tornar o novo Faraó de Mênfis enquanto Merit e Sebek ouviam com todo o entusiasmo, entre um gole de vinho e um tira-gosto à moda da casa.

(Amennekht): Então lá estava eu, sozinho, cercado por três ametistas! Elas brandiram suas armas contra mim, mas eu bloqueei com meu escudo e, num giro rápido, decepei as pernas das três!

(Merit, admirada): Minha nossa!

(Amennekht): E também teve aquela vez que uma ametista jogou um mangual contra mim, eu corri com tudo e acertei um murro nela! Ela caiu durinha!

(Sebek): Ow ow ow, irmão, aí você já está inventando! O único que consegue derrubar uma ametista ou qualquer outro quartzo só com as mãos é o Menob, e ele não consegue com um único murro.

(Amennekht): Tá, talvez eu tenha dado uns dois ou três, mas eu derrubei ela com murros, isso eu garanto!

(Sebek): Uhum, sei.

(Amennekht): É sério, se quiser eu até te mostro um dia ao vivo!

(Sebek): Beleza então. Que tal na nossa próxima campanha ofensiva?

(Amennekht): Feito!

(Merit): Mas vocês meninos só sabem falar de brigas e lutas? Que coisa! Isso é uma festa, vamos aproveitar outras coisas legais e falar de temas mais amenos! Tipo... como é sua vida com as Crystal Gems?

(Amennekht): Ah, é uma maravilha! Desde que elas me ajudaram a reconquistar Mênfis, eu me tornei Faraó! Juntos, nós libertamos não só a terra do Egito, como todo o continente!

(Sebek): Interessante... me diga irmão, como você foi capaz de lutar de igual para igual com as outras gems? Você conheceu algum ferreiro capaz de criar armas contra elas?

(Amennekht): Bom, mais ou menos. Eu conheci a Bismuto, que é uma Crystal Gem que faz armas.

(Sebek): Interessante. Thanos já me falou dessa tal Bismuto, inclusive disse que ela o ensinou a forjar armas. Aliás, as armas que ele e o Esquadrão Platina usam foram forjadas por ele.

(Merit): Escuta Amennekht, só de curiosidade... depois de todo esse tempo convivendo com as gems... você já conheceu alguém especial?

Amennekht demorou um pouco para responder, ficou protelando, mexendo nos cabelos (bem curtos, por sinal), o que foi o suficiente para Merit tirar suas conclusões

(Merit): Ah não, você conheceu, não é?

(Sebek): Cara, tem certeza que é meu irmão de verdade? Porque para tu ter se engraçado com uma quartzo, rapaz, você deve estar na seca há um bom tempo!

(Merit, repreendendo Sebek): Sebek! Isso não é jeito de falar da companheira do Amennekht!

(Sebek, rindo): Desculpa, acho que eu peguei os trejeitos do Thanos.

(Amennekht): Bom Sebek, em primeiro lugar, não é uma quartzo, é uma rubelita... A Rubelita.

(Merit): Deixe-me advinhar, é aquela gem toda cor-de-rosa com quem você estava falando ontem.

(Amennekht): Aquela mesma!

(Merit): Caramba, eu tenho que admitir, aquela gem é muito bonita!

(Sebek): Rapaz, eu confesso que agora fiquei curioso. Acho que vou pedir para a copeira trazer mais um pouco de vinho para a gente beber enquanto escuta você contar como conheceu essa Rubelita.

(Merit): Ei, isso é uma boa ideia! Faça isso, Sebek.

(Sebek): E depois vou te presentear com uma bela dança feita por ela.

(Merit, rindo e revirando os olhos): Já vai começar de novo o show de macheza.

(Sebek, levantando a voz): Pérola Negra, três taças de vinho para o rei e a princesa de Ahkvata e o Faraó de Mênfis.

Nenhuma resposta foi ouvida, o que deixou Sebek sério. O rei se levantou para procurar a Pérola, mas ao vasculhar o salão com os olhos, não viu nenhum sinal dela.

(Sebek): Aonde essa pérola foi?

(Merit): Ela não está no salão?

(Sebek): Não mesmo! Ela sumiu do nada!

(Amennekht): Ei, agora que eu prestei atenção, os convivas estão reclamando da falta de vinho.

Sebek ficou desconfiado e então perguntou:

(Sebek): O Thanos também está reclamando?

(Merit): Não, nem sinal dele.

(Sebek, resmungando): Thaaaaanooooos!!!

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Sempre que Thanos ia para uma festa, ele bebia e bebia à beça. Sempre que ele bebia à beça, ele causava. O motivo de isso não ter acontecido nessa festa em particular era simples: de tanto beber, Thanos ficou parecendo um boxeador semi-nocauteado depois de trinta segundos contra Mike Tyson. O capitão heleno caiu da cadeira quando já ia pegar a trigésima taça de vinho das mãos da Pérola Negra. A gem, por sua vez, ficou preocupada com ele e o levou discretamente até um dos quartos de convidados. Chegando lá, Thanos pareceu despertar um pouco, e de uma forma não muito agradável.

(Thanos): Não, não me mate, jaspe! Ainda não me decidi se vou para os Campos Elíseos ou para Asgard!

(Pérola Negra, tentando manter o silêncio): Shhh, não faça tanto barulho!

(Thanos): Essa não, acho que já decidiram por mim! Você é uma ninfa?

(Pérola Negra): O quê? Não.

(Thanos): Bom, você é fraquinha demais para ser uma valquíria, então acho que ainda estou vivo! *apontando para o chão* Haha, não foi dessa vez, Hades!

Embora Thanos soasse cômico em seu estágio bêbado, a Pérola Negra parecia extremamente preocupada com o estado dele. Ela já havia cuidado outras vezes de homens bêbados e, embora achasse essa experiência um tanto desagradável (principalmente quando começavam a apalpá-la de forma indiscreta), ela mostrava uma preocupação legítima com cada um.

(Pérola Negra): Você está bem?

(Thanos): Sim.

(Pérola Negra): ... tem certeza? Não está com vontade de... como é mesmo que vocês chamam quando sai aquele jato de líquido fedorento da boca de vocês?

(Thanos): Depende de qual boca você está falando.

(Pérola Negra): Você tem mais de uma?

Thanos deu um sorriso cheio de malícia, fazendo a gem ficar constrangida e desviar o olhar dele.

(Pérola Negra): Por favor, não me olha desse jeito, o mestre Sebek vai ficar bravo.

(Thanos): Não tem problema. Eu ajudei aquele fanfarrão a fugir do zoológico. Sabe, essa história é bem legal, acho que você vai gostar. Quando eu tinha uns 14 anos, as gems me capturaram e me levaram para uma espécie de zoológico *hic*. Foi lá que eu conheci o Sebek, ele tinha uns 15 anos por aí. A gente costumava treinar luta corporal lá. Eu lutava pancrácio e ele lutava thatib, uma arte marcial egípcia. Nós aprendíamos um pouco um com o outro. Claro que as gems não gostavam disso, teve uma vez que elas foram nos apartar e a gente começou a tacar pedra nelas. Depois daquilo elas tiraram todas as pedras do zoológico e o Sebek e eu tomamos a maior surra das nossas vidas! Hehehehehe!!! Eu ainda lembro da cara de bunda daquela ágata, ela fazia mais ou menos assim!

Thanos tentou fechar a cara, mas começou a rir feito um doido, depois continuou a história de forma mais séria, enquanto a Pérola Negra ouvia com atenção.

(Thanos): Sabe, eu não gostava de lá. Durante uns três, quatro anos, a gente ficou planejando um jeito de sumir daquele inferno. Num belo dia, como todos os outros, eu e o Sebek começamos a lutar, aí apareceu a “senhora ágata rosa”. Ela pegou o bastão de choque e começou a apartar a briga, ela ia pular em cima de mim com aquele bastão, mas aí o Sebek peitou ela. Enquanto ela perdia tempo batendo no cara, eu me levantei e tirei de baixo da minha túnica uma estaca de madeira que eu fiquei esculpindo por um tempo e enfiei no olho dela com toda a satisfação do mundo... ela poofou na hora.

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Flashback

A multidão de humanos presos no zoológico gritava em triunfo ao ver um cristal de ágata rosa jazendo no chão, onde pouco antes havia uma gem furiosa surrando Sebek. Thanos pisoteou o cristal até quebra-lo, então ajudou Sebek a se levantar.

(Sebek, erguendo a voz): Toda jornada começa com um passo, e este é o passo 1!

(Multidão): PEGAR AS CHAVES!!!

(Sebek): Agora nós tomamos o zoológico!

A multidão inteira gritou em triunfo enquanto corriam para fora dos viveiros, se agarrando com algumas quartzos que, desorganizada e confusamente, tentavam neutralizar os fugitivos.

(Sebek): Qual é o passo 2?

(Multidão): Desenterrar as armas!

O exército improvisado começou a entrar em outros viveiros, igualmente violados, e a quebrar os galhos das árvores, revelando serem armas escondidas de forma meticulosa.

(Sebek): Passo 3?

(Multidão): Incendiar a falange!

(Sebek): Quatro?

(Multidão): Libertar a horda!

(Sebek): Cinco?

(Multidão): Convocar os gigantes!

(Sebek): Seis?

(Multidão): Lutar nas sombras!

Os humanos fugitivos liderados por Sebek e Thanos corriam pelos corredores do zoológico gem, até pararem num corredor onde estava um gigante de 3 metros de altura, esmagando o rosto de uma rubi entre os dedos e estrangulando uma citrina em outro braço. Após poofar as duas e estilhaçar suas pedras, ele se voltou para o egípcio e o grego, agora sacando um machado enorme que ele roubara da citrina.

(Sebek): Thanos, permita-me apresentar-lhe o antigo comandante do exército de Hebrom, um dos filhos de Anaque, Capitão Menob!

(Thanos, se referindo ao Menob): Ainda bem que você está do nosso lado.

Após passarem por mais uma ala, os rebeldes se juntaram num portão que separava o corredor secundário, onde estavam, do Saguão de Convergência, lugar para onde as gems iam quando era exigida a presença de todas a fim de dar um aviso importante. A ideia era tomar o saguão antes que elas tivessem tempo para formar uma defesa organizada e assim perseguir e destruir as seções isoladas e desorganizadas. Naquela convergência, ele reencontrou dois rostos familiares: seu tio Menkara, armado com um porrete, e sua amiga Merit, com um arco e flecha, ambos roubados de gems caídas.

(Sebek): Tio Menkara! Você está bem, e você também Merit!

(Menkara): Nós vamos conseguir Sebek! Hoje nós seremos livres ou morreremos tentando!

O portão se abriu revelando uma citrina comandando algumas quartzos rosas. Surpreendida pelo enorme grupo à sua frente, a citrina nem teve tempo para reagir quando o enorme machado de Menob a decapitou, desfazendo sua forma física. As outras gems foram agarradas e massacradas pela horda de rebeldes. Depois de estilhaçar as pedras, os fugitivos pegaram suas armas. Ao sair do Saguão de Convergência, Thanos se dirigiu a Sebek,

(Thanos): Sebek, logo à frente à uma bifurcação, e no final de cada corredor há um portão de segurança máxima! Leve um grupo pela direita e outro pela esquerda! Não podemos ir todos juntos, senão elas vão tentar cercar nossa retaguarda! Vamos dividir as forças delas e obriga-las a abrir ambos os portões se quiserem mandar a tropa de choque!

(Sebek): Thanos, a tropa de choque não é composta só por quartzos! Lignitas vão estar com elas, e as lignitas são muito mais perigosas! Enfrentá-las de frente num corredor tão estreito é suicídio!

(Thanos): Vitórias gloriosas não são alcançadas sem um sacrifício à altura! Jamais se esqueça, Sebek: Elas são presas...

(Sebek): ... e nós, caçadores!

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Thanos, ainda bêbado, embora um pouco mais recuperado, continuava contando a história de como fugiu do zoológico de humanos. Enquanto isso, a Pérola Negra ouvia tudo com um misto de interesse e tristeza.

(Thanos): No final, eu me separei do Sebek. As coisas ficaram bem feias lá dentro! Eu tinha outros amigos na época, uns deram sorte comigo e fugiram daquele inferno... mas nenhum deles viu o Sebek de novo. Eu só fui rever ele de novo depois que as Crystal Gems me acharam quase morto... elas também acharam alguns dos meus antigos conhecidos... ou pelo menos o que restou deles. *hic* Aí eu passei um tempinho como andarilho e aqui estou eu. *hic* Só uns três dias depois de chegar na cidade eu descobri que o rei era o Sebek.

Ao terminar de contar a história, Thanos olhou para a Pérola Negra e notou que seus olhos estavam cobertos por uma franja. Ao tocar-lhe o rosto delicado, ele viu que ela estava chorando e tentou consolá-la.

(Thanos): Por que você está chorando?

(Pérola Negra, chorando): Nesse dia da fuga do zoológico, eu...

— Thaaaanooooos!!!

Sebek, com uma expressão de profundo aborrecimento, entrou no quarto onde Thanos estava com a Pérola Negra! Ele agarrou o capitão pelo colarinho e o obrigou a ficar de pé.

(Sebek): Pelos deuses, Thanos! Será que é tão difícil para você deixar de ser inconveniente APENAS UMA VEZ???

(Thanos, bêbado): Eu não fui inconveniente... eu só caí de bebum e ela me ajudou. Não é isso o que as copeiras fazem?

Sebek então se virou para encarar a Pérola Negra e a segurou grosseiramente pelo pulso.

(Sebek): E você? O que está fazendo aqui?

(Pérola Negra, intimidada): Nada...

(Sebek): Então volte já para o salão principal! Eu trouxe você para servir meus convidados, inclusive meu irmão, e é isso o que você vai fazer!

(Thanos): Ei cara, peraí, eu também sou seu convidado. Eu tava bêbado e ela me ajudou, ela não fez nada mais que a obrigação dela...

(Sebek): Eu não falei com você! Fica aí quieto e não me incomode mais pelo resto da noite!

(Thanos): Credo cara, é com essa boca que você beija sua mãe?

(Sebek): Não vou mais perder meu tempo com você. *se dirigindo a Pérola Negra* e você, andando!

Thanos se sentou na cama, vendo Sebek se afastando e empurrando a Pérola Negra de volta para o salão de festas. O rei, pouco a pouco, foi disfarçando seu aborrecimento para voltar a falar com o irmão, mas a Pérola Negra continuou com uma expressão de ansiedade e aflição estampada no rosto.

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Durante o resto da noite, a festa foi incrível, até que de madrugada todos foram se recolher. No dia seguinte, quando o palácio ainda estava silencioso, Amennekht foi um dos primeiros a acordar. Ele estava num quarto luxuoso, que seu irmão separou especialmente para ele. Havia lá uma banheira e inclusive alguns sais de banho finos. Após se banhar e se vestir, Amennekht resolveu andar um pouco pelo palácio, a fim de conhece-lo melhor. Curiosamente, ele esbarrou no irmão, que surgiu do nada, vestindo apenas uma calça, faixas amarradas ao redor do seu punho, um anel de ouro adornado com uma pérola negra e botas. Sebek estava coberto de suor, que escorria pelo corpo bem definido.

(Sebek, surpreso): Irmão? O que você está fazendo acordado tão cedo? Pensei que com o agito de ontem você só fosse acordar perto da hora do almoço.

(Amennekht): Eu ia dizer a mesma coisa sobre você, no entanto vejo que você já está de pé, e com cara de que treinou bastante.

(Sebek): Ah, isso? Não foi nada. Você sabe, como um bom rei, sempre tenho que estar em forma para liderar meu povo nas batalhas.

(Amennekht): Irmão, eu queria ver como você se sai numa luta para valer. Porque o tanto que você fala disso.

(Sebek): Bom, mais tarde a gente pode treinar, se você quiser.

(Amennekht): Beleza então.

À medida que o tempo foi passando, os outros membros da corte de Ahkvata foram acordando: Merit, os conselheiros, os membros do Esquadrão Platina, os outros líderes políticos... durante o dia, Sebek ficou cuidando das finanças e negociações do reino em seu palácio, a fim de manter uma balança comercial favorável e também garantir que os suprimentos se mantivessem num nível adequado. Embora Amennekht tenha insistido em ajuda-lo, o rei de Ahkvata resolveu fazer tudo sozinho. Até mesmo Merit, que era seu braço direito, ganhou uma folga naquele dia.

(Sebek): Escriba, como está o carregamento de trigo, cevada e frutas que nós pedimos de Jericó?

(Escriba): Tudo em ordem, senhor. A caravana chegou hoje mesmo, no início da manhã.

(Sebek): Ótimo, é bom ouvir isso. E quanto ao ouro e prata da Mesopotâmia? Tudo em ordem?

(Escriba): Bom, meu senhor, este carregamento só chegará daqui há uns três dias. Talvez uma semana, no máximo

(Sebek): Entendo. Escute, vamos mandar algumas joias que temos para o rei da Síria, a fim de recrutarmos alguns guerreiros dele para a causa.

De repente, um mensageiro entrou correndo no palácio real, causando desordem e chamando muita atenção.

(Sebek): Mas o que é isso? Como ousa aparecer assim na minha presença?

(Mensageiro): Mil perdões, Vossa Majestade, mas é que o teletransportador do centro da cidade acabou de ser ativado! Há um homem que deseja falar urgentemente com o rei!

(Sebek): Ele veio pelo teletransportador? Pelos deuses, traga-o aqui já!

Um homem, de vestes esfarrapadas, e extremamente exausto, entrou no palácio. Após ser auxiliado pelos serviçais com pão integral e água fresca, ele começou a falar.

(Mensageiro): Grande rei Sebek, da cidade de Ahkvata! Meu nome é Sebastos, sou um mensageiro da cidade de Yuria, ao norte daqui! A cidade está sendo cercada por um grande exército de gems! Elas trouxeram centenas, talvez milhares de quartzos para a batalha! Elas também contam com canos trovejantes e objetos voadores que causam grande destruição!

Sebek interrompeu o mensageiro pegando um clarim e soprando com força. Nisso, surgindo do nada, apareceu o Esquadrão Platina. Thanos pulou da janela da própria casa e entrou no palácio por uma das janelas. Menob apareceu pela porta, os três vikings vieram pelo caminho da cozinha, juntamente com Merit e Amennekht. Todos estavam armados, com exceção de Amennekht, que apenas seguiu Merit sem saber do que se tratava aquele toque.

(Thanos): Qual é a missão, meu rei?

(Sebek): Uma cidade ao norte está sendo cercada por gems! Sigam esse mensageiro até a cidade e preparem uma defesa elaborada! Amennekht, preciso que você me ajude aqui em Ahkvata: reúna quantos homens puder em toda a cidade e iremos marchar até Yuria!

(Amennekht): Conte comigo, irmão!

(Thanos): Mensageiro, haviam naves no lugar?

(Mensageiro): Sim, pelo menos umas vinte!

(Thanos): Vou precisar de gems, de preferência uma fusão!

(Amennekht): Deixe comigo! Eu tenho um exército delas!

(Thanos): Ótimo, leve quantas puder! E de preferência não deixe de levar a Rubelita e a Topázio Imperial!

(Amennekht): Farei isso!

(Thanos): Esquadrão Platina, para o portal!

Antes que o Esquadrão Platina partisse, Amennekht chamou sua melhor amiga Merit, para dizer umas últimas palavras a ela.

(Amennekht): Merit... tome cuidado.

(Merit, sorrindo): Eu já estive em batalhas como essa antes. Não se preocupe, quando o dia acabar, vamos estar rindo de tudo isso com boas taças de vinho. E olha que eu sou boa de cálice.

(Amennekht, rindo): Uhum, uma mulher boa de cálice? Essa eu quero ver!

(Merit, rindo): Cuidado faraó, você duvidava de mim quando éramos crianças e sempre se dava mal.

(Menob): Merit, temos que ir!

(Merit): Até logo, Amennekht.

O Esquadrão Platina partiu na frente, como uma força de contra-ataque emergencial. Embora o grupo tivesse apenas seis membros (Thanos, Merit, Menob, Erik, Olaf e Baleog), Sebek tinha plena confiança na capacidade deles de ajudar na defesa da cidade por tempo suficiente para que Sebek viajasse até Yuria com o grosso de seu exército. Fora das muralhas, não muito longe, havia um teletransportador grande o bastante para transportar um grande exército. Tudo o que Sebek precisava era convocar os homens de sua cidade para a luta.

Um cortejo foi montado: Sebek estava montado em seu cavalo, com sua armadura e suas duas lâminas gêmeas nas costas. Ao seu lado estava Amennekht, com armadura, escudo, khopesh e manoplas. Além disso, o faraó segurava sua bandeira pessoal (http://img2.wikia.nocookie.net/__cb20120625033024/althistory/images/3/31/Ancient_egypt_flag_fantasy_by_xumarov-d4o8s3u.png). No cortejo também estavam Rose Quartz, carregando sua bandeira, Pérola e Garnet, as três a pé, já que não eram acostumadas a andar de cavalo, e logo atrás delas, alguns soldados que pertenciam ao exército de Sebek, todos habitantes do Vale de Sidim.

Ao verem o cortejo passando, os cidadãos de Ahkvata ficaram apreensivos, observando tudo das janelas de suas casas, dos pátios e das “laterais” da rua principal. A maior parte deles tinha uma expressão facial que denotava medo e nervosismo. Os dois irmãos começaram a conversar baixo entre si.

(Amennekht, cochichando): Como esse povo chegou aqui tão rápido?

(Sebek, cochichando): Eles sabem que vamos marchar, esse é um cortejo de guerra padrão. Também sabem que terão que se juntar a mim.

(Amennekht, cochichando): Irmão, não quero soar desrespeitoso, mas pelas caras deles, não parecem que vão lutar. Vejo muito medo nos olhares deles.

(Sebek): São pessoas de carne e osso que vão lutar contra monstros de cristal. Estranho seria se não tivessem medo. Vai me dizer que, nas suas primeiras batalhas você não sentia medo?

(Amennekht, cochichando): Tem razão, mas como você vai convencê-los a lutar?

(Sebek, cochichando): Amennekht, eles já estão convencidos, o problema é que você não percebe isso. Diga-me irmão: Você está ouvindo esse povo cantar?

(Amennekht, cochichando): Cantar? Cantar o quê?

(Sebek, cochichando): Uma música de homens furiosos.

Dito isso, Sebek começou a cantar baixinho.

Canção de base: https://www.youtube.com/watch?v=3JosjVLp0QA

(Sebek, cantando): Ouça o povo a cantar

Com furor a transbordar!

Esse é o canto de um povo que

As gems não vão escravizar!

Ouça os corações a pulsar

Como tambores a rufar!

Com a alvorada, uma nova vida vai começar!

 

Sebek apontou para os cidadãos mais próximos, direcionando a música a eles.

(Sebek, cantando): Se juntarão à minha marcha

E ao meu lado vão lutar?

Além dessas muralhas há um mundo a desbravar!

Se juntem à luta que, no final, vos libertará!

 

Animados pela inspiração de seu rei, cada cidadão de Ahkvata se uniu ao cântico. Não só isso, como também diversos homens de diversos povos começaram a pegar as armas e armaduras de dentro de suas casas e a se juntar à coluna: haviam persas, gregos, romanos, japoneses, hunos, astecas, apaches, zulus, maias, incas, maoris, mongóis, filisteus... enfim, todos aqueles povos, separados de suas terras natais e outrora trancafiados em zoológicos humanos, agora estavam juntos como soldados de uma única nação: Ahkvata.

(Povo de Ahkvata, cantando): Ouça o povo a cantar

Com furor a transbordar!

Esse é o canto de um povo que

As gems não vão escravizar!

Ouça os corações a pulsar

Como tambores a rufar!

Com a alvorada, uma nova vida vai começar!

 

(Amennekht, cantando): Vocês darão o que têm

Para nossa causa prosseguir?

Alguns vão morrer, outros viver

Mas ninguém vai desistir.

Sangue e estilhaços irão regar Sidim!

 

(Povo de Ahkvata, cantando): Ouça o povo a cantar

Com furor a transbordar!

Esse é o canto de um povo que

As gems não vão escravizar!

Ouça os corações a pulsar

Como tambores a rufar!

Com a alvorada, uma nova vida vai começar!

 

Os portões de Ahkvata foram abertos e a enorme coluna passou por eles saudada por mulheres e crianças que acenavam balançando lençóis brancos e galhos de palmeiras. Ao sair da cidade, várias gems que faziam parte do exército de Rose Quartz, incluindo Rubelita e Topázio Imperial, se juntaram à coluna. Todos entraram no teletransportador e, do outro lado, avistaram a cidade de Yuria. Olhando um pouco mais, perceberam que havia diversas naves sobrevoando-a, algumas em forma de disco voador (https://vignette.wikia.nocookie.net/steven-universe/images/e/e0/YellowDropshipByOllie.png/revision/latest?cb=20180109212635), outras em forma de mão (https://vignette.wikia.nocookie.net/steven-universe/images/d/d3/Gem_Warship.png/revision/latest?cb=20170221154257), outras de forma de pião(https://vignette.wikia.nocookie.net/steven-universe/images/b/bf/Roaming_Eye_by_Lenhi.png/revision/latest?cb=20160522042142). Havia também uma nave que parecia uma pirâmide invertida (https://t5.rbxcdn.com/6808d2f490278fb65a854cd8e6133b73) e outra que parecia um olho vermelho (https://vignette.wikia.nocookie.net/steven-universe/images/4/4e/Red_Eye_transparent.png/revision/latest?cb=20131220062611), mas não havia nenhuma tropa de infantaria no solo, nem tentando atacar a muralha, e os únicos sinais de fumaça se resumiam a colunas finas que não passavam de três. Isso levou todos a crerem que o Esquadrão Platina fora bem-sucedido em parar a primeira onda e agora as gems de Homeworld estavam se reorganizando para uma nova investida. Tal hipótese fez com que o cântico de todos se tornasse ainda mais elevado, dessa vez com iniciativa das gems:

(Crystal Gems, cantando): Venha se juntar à nossa causa

Juntos nós podemos vencer

E reivindicar este belo mundo

Para eu e para você!

Corações sempre a pulsar

Como tambores a rufar

E a esperança, qual bela rosa, a desabrochar!

(Sebek, pensando): Mais de 10 anos se passaram desde aquele dia! Graças a mim, uma cidade poderosa se ergueu e a humanidade recuperou sua dignidade! Nós podemos vencer!

 

O CONTRA-ATAQUE DA HUMANIDADE COMEÇA AGORA


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Notas finais do capítulo

Cara... eu caprichei nesse capítulo! Sério, pra começar que eu já botei um flashback do Thanos, mostrando como ele e o Sebek se conheceram, e gravem bem isso, porque a história do Thanos vai ser um enorme quebra-cabeças, com peças espalhadas por toda a história. Além disso, eu ainda coloquei um prólogo para a batalha de Yuria com a música "Do You Hear the People Sing?" do filme Os Miseráveis! Sério, está sendo muito divertido escrever essa história. Essa batalha foi inspirada numa partida de RPG que eu e meu irmão do meio (foi ele que me apresentou esse desenho) tivemos, e que foi uma das melhores sessões, por sinal. O resultado vocês verão no próximo capítulo.

Queria agradecer meus leitores Capitão Inútil (que de inútil tem só o nome) e a MusaAnônima12345 pelos comentários, pelas ideias e teorias que volta e meia eles mandam, e também quero dizer que continuem lendo porque, depois do arco da batalha de Yuria eu vou mudar novamente o foco de protagonismo e garanto que vocês não vão se decepcionar. Por hora é só, até o próximo capítulo.



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