—É que é uma coisa muito pessoal...

—Olha se não quiser me contar, não precisa!

Algo em mim quer desesperadamente contar tudo para ele, mas aqui pode aparecer alguma pessoa curiosa que pode espalhar por aí exagerando a verdade.

—Eu quero contar! Mas aqui é bem... público!

—Meu irmão foi trabalhar... então se quiser.... 

—Ir à sua casa?

—Sim.

—Pode ser!

Lys me acompanhou até a sua casa, ele está bem corado, mas eu estou tão tensa que não consegui comentar nada.

Ao chegarmos a frente a casa dele, fiquei surpreendida, nunca tinha visto a casa dele de perto!

A porta ficava de um lado, com a parede mais aprofundada, e três janelas juntas, do outro, na parede mais a frente, a frente é pintada com cores neutras e claras, com uns arbustos floridos a frente, o telhado é levantado na diagonal.

Ele abriu a porta e me deparo com um pequeno hall de entrada retangular, na qual, a frente tem uma grande estante de livros, e ao lado delas havia uma abertura sem porta para a direita, que ao olhar à direta havia a cozinha com uma mesa de jantar retangular em frente à janela que vi na entrada da casa, e a esquerda tem a sala, onde tinha uma TV na parede a frente com um sofá de três lugares, outro de dois, e uma poltrona em volta da televisão e da mesinha de centro, e um pouco atrás, na mesma parede que se encontrava a TV começava uma pequena escada de dois degraus em formato de “L” que terminava atrás do hall de onde entrei, e, quatro portas para aposentos que se encontravam acima da pequena escada, que imagino serem os quartos e o banheiro.

—A Rosalya que decorou a casa, mas consegui convencê-la de não deixar modificar meu quarto, venha, sente-se aqui_ ele me apontou a poltrona colocada entre os dois sofás, e ele se sentou no outro sofá ao meu lado.

Respirei bem fundo, não sei o que dentro de mim me faz sentir-me tão bem perto dele para contar algo tão entalado em mim.

—Eu morava em Londres, junto com meus pais, sempre nos entendemos bem, meu pai era brincalhão, e minha mãe super protetora, e nem sempre fui tão tímida assim, eu era bem alegre também, como meu pai, claro que eu era mais solta perto dos meus amigos, a Lily e o Austin, já que com os estranhos eu era muitíssimo tímida. E quando minha escola nos deu duas semanas de férias, foi o momento perfeito para meus pais e eu fazermos a viagem que planejávamos o bastante tempo, que era aqui para a França, visitar minha tia e esse lugar maravilhoso_ neste momento meus olhos começaram a ficar lacrimejar_ Então fiz minhas malas assim que cheguei da escola, e tinha avisado meus amigos sobre a viagem e todas as novidades, então no dia seguinte pegamos o carro em direção ao aeroporto, que era pertinho de casa, só que a desvantagem era que para irmos para lá, a gente passa por uma rua bem íngreme, e com uma largura fina, e ao lado havia um barranco enorme, estava tudo bem, até vir algum automóvel, que eu não vi em nenhum momento, e meu pai ao tentar desviar..._escondi meus olhos em minha mão, pois as lágrimas já vinham desciam descontroladamente_ foi em direção ao barranco, eu consegui sair do carro, e só lembro-me de cair à ribanceira sendo machucada e cortada por pedras e plantas espinhosas, e depois acordar numa cama hospitalar, com o médico falando que fiquei em coma por quatro dias, e que... meus pais...não sobreviveram!

Comecei a chorar e soluçar descontroladamente, e sinto uma mão que passou pelas minhas costas e pegou em meu ombro, quando vejo, o meu ouvinte estava sentado no braço da poltrona me dando um meio abraço, e com a outra mão, pegou a minha e entrelaçou nossos dedos. Olhei para seu rosto, sua expressão estava tristonha, com um leve sorriso em seus lábios.

—Você é uma garota realmente forte por agüentar esse peso em suas costas, e eu lhe agradeço por desabafar comigo, só lhe peço para desabafar o quando quiser, para eu poder ver o seu belo sorriso novamente.

Ele me puxou levemente e eu me apoiei em seu abdômen coberto por uma macia blusa, com seus braços me envolvendo, enquanto eu botava para fora toda minha dor, sofrimento e tristeza para fora em forma de lágrimas.