Fé Toldada escrita por Crisântemo Lirium


Capítulo 1
Carta aos navegantes




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Londres, 3 de fevereiro de 2002

 

Se estás a ler esta carta, significa que estou longe, não te preocupes, sei cuidar de mim mesma. Tenho cá na bagagem esperança e algum dinheiro, posso virar-me por um tempo, mas não pude mais suportar a dor que a morte de dona Mariah, minha amada mãe.

Tu és um falastrão, quiçá sabes cuidar de ti mesmo, quem dera de minha mãe. Para mim, ela não morreu, está escondida em algum canto à espera de realizar caprichos teus, caprichos que jamais findam-se, nem mesmo com um clima torrencial.

Culpado. Sim, tu és culpado de tudo o que ela passou ao teu lado. Pobrezinha! Mal sabia que havia se metido em uma encrenca que poderia custar-lhe a liberdade, custou-lhe a liberdade e a sanidade, graças às tuas investidas emocionais para com ela.

Lembre-se: o coração de uma mulher é como um vaso de cristal, é belo e frágil, qualquer toque brusco o fará quebrar-se em pedaços. Pedaços que não poderão ser remendados com cola, apenas com os afagos do tempo.

Afagos que jamais soubeste dar, nem a ela, nem a mim. Por que tiveste de retribuir com violência aos gestos de amor que ela te dava?


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