The New Avenger escrita por Dark Sweet


Capítulo 5
Levante e apanhe


Notas iniciais do capítulo

Hey! Voltei rápido, né?
Não me matem, bebês!
Acabei ficando sem internet e por esse motivo tô vivendo de doações. Ora roteador, ora crédito emprestado, ora wifi da escola (que é uma merda, devo acrescentar).
Mas aqui tá um capítulo novo e grande! Quase 5.000 palavras! Para compensar a demora, bebês.
Boa leitura!



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—Vamos, Melinda! Levante! Levante e lute. –

—Você quis dizer levante e apanhe, né? – resmunguei levantando. Amélia e eu estávamos novamente na sala de treinamento. Ela tentava me ensinar alguns golpes de defesa. Algo que não está funcionando.

—Você está se desconcentrando. Pense no aqui e no agora. – revirei os olhos.

—É difícil pensar quando você recebe golpes e mais golpes. – ela riu.

—Então não os receba. – Amélia falou e desferiu um soco em minha direção. Por instinto me abaixei e passei por baixo do seu braço, indo para o outro lado da sala. – Muito bem. – não tive tempo de processar direito o que ela falou, quando dei por mim Amélia já partia para cima de mim.

Desviei de mais um soco e um chute. Tirei o cabelo do rosto quando desviei de uma rasteira. Devia ter amarrado o cabelo como ela recomendou.

Com a respiração ofegante decidi atacar. Ficar só na defesa não é comigo. Então eu corri na direção de Amélia. Vi um sorriso brotar nos lábios dela e ela desferiu mais um soco em minha direção. Contudo, antes que ele me acertasse,  eu me abaixei, como se fosse dar um carrinho no futebol, e puxei seus tornozelos, fazendo-a cair de cara no chão fofinho.

Amélia me encarou possessa. Obviamente ela não esperava por isso. Sorri e levantei, erguendo os pulsos. Então eu cometi a burrice de chamá-la para partir para cima. E disso ela gostou.

Quando dei por mim já estava no chão, sentindo a lateral do meu corpo doer. Essa doeu.

—Você está bem? –

—Melhor impossível. – resmunguei sentando no chão. – Meu orgulho foi abalado. – Amélia riu.

—Então levante e lute. Mostre que você pode vencer e recuperar seu orgulho. – escutei uma voz feminina e virei-me na direção de onde ela vinha. Não preciso dizer que meu queixo foi ao chão quando reconheci aquela cabeleira ruiva.

—Oh, meu Deus! – falei levantando assim que aquela mulher super diva parou na minha frente. – Você é a Viúva Negra! Tipo, a super mega diva Viúva Negra! – ela sorriu discretamente e estendeu a mão.

—As pessoas também me chamam de Natasha Romanoff. Prazer. – olhei para a mão dela me questionando se eu era digna de apertá-la. Por fim, percebi que deixar a master esperando não é legal. Então apertei a mão dela com um enorme sorriso.

—O prazer é todo meu! Eu sou a... –

—Melinda Hunters. – Natasha me interrompeu. – É um prazer finalmente conhecê-la e vê-la acordada. – franzi as sobrancelhas.

—Como é que você sabe meu nome? – questionei puxando minha mão de volta.

—Clint e eu buscamos você e o agente Hunters quando o McGowan os atacou e trouxemos vocês para cá. Você não sabia? – ela perguntou confusa.

—Eu não sabia. – murmurei. – Oh, meu Deus. Então foram a Viúva Negra e o Gavião Arqueiro quem me trouxeram para cá! Então são vocês os agentes que eu achei que iam dar com a língua nos dentes e espalhar para todo mundo sobre os meus... sobre aquilo! – quando notei a sobrancelha arqueada da Vingadora à minha frente eu sorri amarelo. – Desculpa. Pensei alto. –

—Então? Vocês estão treinando o que? – ela perguntou cruzando os braços.

—Defesa. – Amélia respondeu dando de ombros.

—Na verdade, eu estou apanhando. – corrigi Amy que revirou os olhos.

—Ah, ótimo. Eu estava mesmo procurando alguém para treinar comigo. O que me diz, Melinda? – a ruiva me encarou com um sorriso de lado.

—Oi? Hã, o saco de pancadas fica ali. – apontei para minha esquerda. Onde tinha um ringue e logo depois diversos sacos de pancadas. Amy riu e Natasha sorriu mais ainda.

—Eu sei. Mas eu quero treinar com você. –

—Corrigindo: você quer bater em mim, não é? – neguei com a cabeça. – Não, obrigada. Já basta apanhar da Rivera. Apanhar também da Viúva Negra não está nos meus planos de hoje. –

—Ora, Melinda, você está com medo? – Natasha questionou em um tom de deboche.

—Eu não estou com medo! – protestei. – Por que todos acham que eu tenho medo? – bufei indo até o ringue. Eu vou me arrepender disso.
 Entrei no ringue e logo Romanoff subiu também, com classe e elegância. Oh, Deus. Essa mulher é uma deusa.

—Ok. Eu irei pegar leve com você. – ela falou andando lentamente pelo ringue. Eu fiz o mesmo.

—Ah, eu agradeço. – disse irônica.

—Comece. – neguei.

—Não. Divas primeiro. – falei e ela não hesitou partindo para cima. E eu para o chão.

—Uau. Começou bem, hein, Melinda? – Amy riu. Ela estava apoiada nas cordas do ringue, me assistindo apanhar. Ótima amiga ela.

—Sem comentários, Rivera! – resmunguei.

—Preste atenção na luta, Melinda. Sem distrações. – a Viúva Negra falou séria. Ela estava próxima dos meus pés. E se eu tentasse uma rasteira como fiz com Amélia? Funcionou da primeira vez.

Então foi o que eu fiz, mas Natasha pulou desviando. Rapidamente ergui minha perna e desferi um chute na altura da cintura dela. Romanoff deu um passo para trás quando eu a acertei.

—Muito bem. Mas se você quiser vencer uma batalha, terá que levantar do chão. – revirei os olhos e levantei, caindo logo em seguida. Ela tinha me dado uma rasteira. – Não se distraia, Melinda. –

—Argh! – rosnei levantando rapidamente e partindo para cima da Vingadora. Ela desviou de todas as minhas tentativas de acertá-la com um soco. Enquanto ela desviava de mais um e a surpreendi com chute em seu braço. Ela cambaleou e se apoiou nas cordas do ringue.

—Uau! Lindinha, continue assim! Vamos! Agora estou torcendo por você ganhar! – a encarei incrédula.

—Como assim agora? Você estava torcendo pela Natasha? – senti o braço da dita cuja passando pelo meu pescoço e lá estava eu recebendo um mata-leão. Eu já estava com falta de ar.

Reuni minhas forças e dei uma cotovelada no tronco de Romanoff que aliviou um pouco a pressão em meu pescoço. Aproveitei para sair e prendi ela contra as cordas do ringue, imobilizando o braço dela atrás do corpo.

—Caramba! Eu consegui imobilizar a Viúva Negra! – comemorei com um enorme sorriso. Meu sorriso despachou quando ela revidou, usando o outro braço para também me dar uma cotovelada. Dei alguns passos para trás enquanto levava a mão até o local da batida. Esse teve mais força que os anteriores.

—Eu te machuquei? – Natasha questionou se aproximando.

—Não. – ergui os punhos. – Sabe, eu não sei mais o que fazer. – falei me afastando. Ela também estava com os punhos levantados e tentava se aproximar.

—Faça o que você sabe, Melinda. – ela falou séria.

—Mas eu já fiz! – falei gesticulando e logo voltei a erguer os punhos. Não abaixar a guarda. Jamais, Melinda.

—Esse é o seu defeito. Você coloca limites em si mesma. – Natasha falou e eu vi Amy concordar. – Você não pode fazer isso. Melinda, você tem que saber que você pode ir além. – quando ela terminou de falar eu desferi um chute na direção do seu rosto. Ela defendeu com seu antebraço.

Fiz uma sequência de golpes na direção dela e enquanto ela defendia um por um, eu abaixei um pouco meu braço e desferi um soco em seu estômago. E acertei!

A Viúva Negra se curvou um pouco e me encarou surpresa. Oh, merda. Eu estou ferrada! Ela se recompôs rapidamente e sorriu.

—Hora de ver se você é tão boa na defesa como no ataque. – foi só eu piscar que Romanoff já estava em cima de mim, praticamente.

Ela fez o mesmo que eu, desferiu vários socos em minha direção. Eu defendia como podia. Ora com meu antebraço, ora me esquivando. Até que um me atingiu. Bem próximo do olho.

Não preciso dizer que cai no chão do ringue. Caramba. Esse foi forte. Ela ofereceu a mão para me levantar.

—Tudo bem? – assenti.

—Claro. – falei aceitando a mão dela. Quando Natasha fez menção de me puxar para ficar em pé, eu a puxei.

Assim que ela caiu, eu rapidamente coloquei minhas pernas ao redor do pescoço dela, dando uma chave de pescoço. Tenho que agradecer ao Will por me fazer assistir aqueles filmes de luta.

—Caramba! Uau! Lindinha, você arrasou! – Amélia falou sorrindo empolgada. Continuei imobilizando Natasha, até que ela bateu no chão e eu a soltei.

—Nossa! Eu presenciei isso mesmo? – escutei uma voz masculina e me virei. E lá estava o Gavião Arqueiro.

—Você está bem? – perguntei e Natasha assentiu.

—Muito bem, Melinda. Você se superou. – ela falou me fazendo sorrir.

—Ah. E que superação! Uma chave de pescoço na Viúva Negra? – o Gavião riu. – Ah! A propósito, Clint Barton. – ele estendeu a mão. Levantei e apertei sua mão.

—Melinda Hunters. É um prazer conhecê-lo. – ele sorriu.

—Ah! O prazer é meu. Afinal, você imobilizou a Viúva Negra! – soltei uma risada.

—Menos, Clint. – Romanoff pediu. – Você não está lembrado dela, está? – ela cruzou os braços.

—Hã, não. – ele franziu as sobrancelhas. – Espera. Você disse que se chamava Melinda Hunters? – assenti. – Oh. Você é a filha do agente Hunters. A garota com poderes. – fitei o chão.

—Clint! – Natasha o repreendeu.

—Ah. Desculpe-me. Eu... –

—Tudo bem. Aliás, você não me contou como foi que vocês souberam que eu e meu pai estávamos naquela rua. Coulson me falou que ele tinha mandado alguns agentes, mas eu não imaginava que seriam vocês. –

—Clint e eu estávamos vindo para cá quando Coulson falou com a gente. Ele disse que o Michael estava sendo atacado e pediu que fôssemos ajudá-lo rapidamente. – Natasha explicou.

—Lógico que a gente não foi de muita ajuda já que quando chegamos no local você já tinha abatido os lacaios da HYDRA. – Clint completou fazendo dar um sorriso amarelo. – Aliás, quantos anos você tem? 19? –

—17. – corrigi. Ele arregalou os olhos surpreso.

—Você tem 17 anos e já abateu o McGowan! Meu Deus! – soltei uma risada.

—Não assuste a garota, Clint. – Romanoff pediu com um sorriso discreto.

—Mas que ela foi e é extraordinária disso eu não tenho dúvidas! – sorri sem graça. Se ele sabe daquilo, por que está me chamando de extraordinária? Por que todos que têm reconhecimento disso acham que eu sou extraordinária? Eu matei aquelas pessoas. Eu sou um monstro! – Bom, Nat, sei que você estava treinando com a Melinda, mas precisamos voltar para a Torre. -

—Torre? Tipo, a Torre dos Vingadores? Aquele prédio totalmente extravagante, mas ao mesmo tempo maravilhoso? – perguntei empolgada, vendo os sorrisos nos rostos dos dois Vingadores à minha frente.

—Sim, Melinda, essa Torre. –

—Oh, meu Deus! Os Vingadores estão em uma missão? – Clint olhou para Natasha e depois de trocar um olhar significativo com ela, assentiu. – Oh, céus! E vocês não podem me contar que missão é essa? Juro que fico caladinha. – observei a sobrancelha arqueada de Romanoff e percebi que aquilo era tipo secreto de Estado. Ou seria do Mundo? – Ok, ok. Foi mal. É que eu sou uma adolescente curiosa. – falei sorrindo.

—Curiosa ou não, devia treinar mais sua defesa e sua autoestima. Você é boa, mas coloca muito limites em si mesma. Se solte, Melinda, viva sem limites. O mundo é enorme, garota, e se você ficar sempre com medo do que pode acontecer caso você seja você mesma, você nunca o conhecerá todo. – Natasha falou dando as costas e começando a caminhar muito diva em direção à saída. Eu senti a ambiguidade daquela fala dela. Ela não estava falando apenas da minha defesa. Natasha Romanoff, sua danadinha!

—Bom, até mais, meninas. E boa sorte com o treinamento. – Clint falou dando as costas e seguindo a ruiva. Amélia e eu assentimos.

—Então? Podemos continuar? – assenti e observei ela pegar um aparador de chute grande, tipo um escudo retangular. Amélia o posicionou na lateral do corpo e me encarou. – Chute com toda sua força. – assenti e me posicionei. Separei um pouco as pernas e ergui os punhos. Então eu chutei o equipamento. Amy caiu e eu corri até ela.

—Meu Deus! Amy, você está bem? Eu não queria te machucar. Na verdade, eu nem sabia que tinha tanta força. Amy, me desculpe, de verdade. – a ajudei a levantar.

—Tudo bem. Acontece. Vamos continuar, só que dessa vez com o saco de pancadas. – ela riu e eu a acompanhei.

***

—Acho que chega de treinar, não é? – Amy questionou. Tanto eu como ela estava com o suor descendo. Credo. Treinar exige muito de você.

—Amy, eu queria fazer uma coisa antes de encerrar o treinamento de hoje. – ela me encarou, esperando que eu falasse o que queria. – Então... depois daquele pequeno discurso da Viúva Negra falando que eu não podia ter medo e colocar limites em mim mesma, eu resolvi tentar usar aquilo. – Amy ficou calada. Até que cruzou os braços e semicerrou os olhos em minha direção.

—Então quer dizer que é só a Viúva Negra vir aqui e falar que você é capaz e que não pode colocar limites em você mesma que você quer tentar usar seus poderes? – franzi as sobrancelhas confusa e assenti. – Nossa! E o que eu falei? O que o Coulson falou? O Michael? Não funcionou? –

—Oh. – sorri. – Isso é ciúme, Rivera? – cruzei meus braços.

—Não! – ela falou batendo o pé no chão.

—Eu falo que quero tentar fazer aquilo e você fica com ciúmes? Sem se importar? – assobiei. - Nossa. O pessoal da S.H.I.E.L.D. é realmente suicida! – soltei uma risada. – Amy, tudo que você, meu pai, Coulson disseram me ajudou um pouco. Só que eu ainda precisava de um empurrãozinho, entende? – ela assentiu.

—Você se sente segura? – neguei me dando conta do que estava fazendo. Onde que eu estava com a cabeça?

—Sabe, pensando melhor eu não quero mais tentar. Você está certa. Não é justo a Viúva Negra chegar aqui, falar que eu sou capaz e eu ir tentar fazer aquilo. Aliás, vocês também tentaram e não funcionaram, não é mesmo? Então por que daria certo agora? – soltei uma risada nervosa. – Eu vou tomar banho. – falei dando as costas e começando a caminhar.

—Você está com medo. – parei de caminhar, girei nos calcanhares e encarei Amélia. – Está com medo de mostrar o que você é capaz de fazer. Está com medo de fazer e saber que você pode controlar isso. Está com medo de quando perceber que você pode controlar e começar a gostar. – revirei os olhos.

—Como vocês são chatos, hein? Já falei que não estou com medo. – bufei. – Na verdade, eu acho que são vocês que têm medo. Porque eu já falei inúmeras vezes que não tenho medo de nada! – blefei e Amy sorriu.

—Ótimo! Porque eu também não tenho. Então vamos. – Amy segurou meu pulso e saiu me puxando até a saída.

—Amy! Amy! Eu estava brincando. Eu não quero fazer isso. – admiti.

—Você só não irá fazer se estiver com medo. Está com medo, Melinda? – ela parou no lugar e me encarou.

—Não! – respondi subindo algumas oitavas.

—Ótimo! Vou chamar o Coulson e dizer que você quer tentar de novo. –

—O que? Não! Amy, se é para eu fazer isso, que seja sem o Coulson presente. – ela franziu as sobrancelhas. – Coulson e meu pai presentes naquela sala me fazem ter o pensamento de que eu tenho que conseguir, tipo, sem falhas. Por isso, eu quero tentar fazer isso sem eles. Não quero decepcioná-los. – Amélia assentiu.

—Você tem sorte de eu saber mexer naquela sala. Vamos. – ela segurou novamente meu pulso e saiu me arrastando.

Quando chegamos naquela sala enorme de treinamento eu quis voltar atrás. Porém, como era previsto, Amélia não deixou.

—Ok. Vá lá e arrase, Lindinha. – ela sorriu indo até uma mesa com alguns botões. Fui até a porta e encostei na maçaneta. Eu não posso fazer isso. Não posso colocar a vida dessas pessoas em risco.

—Amy... – comecei a falar, virando-me quando encontrei ela bem na minha frente.

—Deixa de medo bobo, ok? A sala é resistente. E o melhor: você consegue. – pressionei os lábios assentindo.

—Certo. Eu... eu consi... eu consi... eu não consigo! – ela revirou os olhos.

—Credo, Lindinha! Você tem sérios problemas de autoestima, hein? – Amy não esperou que eu retrucasse, ela já tinha me empurrado para dentro da sala.

—Amy! –

—Vá lá e arrase, Lindinha! Você consegue, bebê. – olhei para ela através da enorme janela de vidro. Ela revirou os olhos. – Eu acho bom você parar com essa frescura e acertar aqueles três alvos com seus poderes. – sua voz soou pela sala através de algumas caixas de som.

—Eu te odeio. – cruzei os braços.

—Odeia nada. Agora os poderes. Vamos. – revirei os olhos e olhei para os três alvos. Soltei a respiração que nem sabia que estava segurando. Eu não podia fazer aquilo. Não podia colocar a vida de todos nesse Playground em risco. Isso é desumano.

—Amélia, não dá! Não dá! Simplesmente não dá! – comecei a gesticular. - Vamos supor que eu consiga fazer isso fluir, mas eu perca o controle. E aí? Como fica? Eu gero uma explosão de energia e mato todos! Aí eu vou me sentir culpada porque além de matar todos, vou deixar as famílias de vocês sem vocês como aconteceu da outra vez. E o pior: irei matar meu pai de novo. Não, não, não! Eu não consigo! – falei ofegante. Olhei para Amélia e vi que seu olhar oscilou, porém ela não arredou o pé.

—Fracote. – arregalei os olhos.

—O que? – falei incrédula.

—Fracote. É isso que você é, Melinda. Uma fraca. – Amy disse séria. Céus. O que ela está falando? – Você não consegue perceber o quanto você é capaz de controlar seus poderes? Você provavelmente acha que não, não é mesmo? Então eu te digo que isso não é verdade. Você sabe que consegue controlar. Só que fica se escondendo atrás daquela explosão que aconteceu. Uma explosão que você acha que foi culpa sua! Pode até ter sido, mas você não merece carregar a morte daquelas pessoas nas suas costas. Aquilo foi uma fatalidade. Agora, se você quer se esconder atrás dessa fatalidade para não aprender a se controlar, devo te dizer que você é uma fraca. – semicerrei os olhos.

—Eu não sou fraca. – falei séria.

—Ah, não? Não é o que está parecendo com você demonstrando medo na hora de acertar aqueles malditos alvos com seus poderes. – senti um tom de deboche.

—Eu. Não. Sou. Fraca. – disse pausadamente enquanto sentia tudo ficar mais claro.

—Então me prove o contrário. Ou será que você não consegue? – Amélia voltou a falar debochada. Isso fez com que eu erguesse a mão na direção dos três alvos e senti-a ficar quente, logo um jato de energia saiu dela em direção ao alvo. Observei o local onde o jato tinha pegado. Bem na cabeça do boneco do meio. O calor dentro de mim, a energia, não diminuiu. Por isso ergui a outra mão e acertei o outro alvo, bem no estômago. E com as duas mãos, acertei o da direita, cortando a cabeça. Olhei para Amy através da enorme janela de vidro. – Você sabe que eu só falei aquilo para fazer seus poderes fluírem, não sabe? – continuei encarando-a com a respiração ofegante. A agente deu um passo em direção à porta que dava para essa sala, foi quando ela tropeçou e se apoiou na mesa.

O que veio a seguir me deixou um pouco confusa e assustada. A parede que tinha ao lado dos alvos abriu um pouco e desse espaço saiu uma espécie de arma, que estava apontada para mim. A energia dentro de mim cresceu novamente, mas dessa vez nenhum jato saiu das minhas mãos. Quando a arma disparou eu fechei os olhos. Era agora que eu morreria.
 Então um barulho oco soou. Abri os olhos e observei que a arma ainda atirava, mas nenhum dos disparos me atingia. Franzi as sobrancelhas e observei que eles batiam em algo. O escudo. Meu escudo de energia estava me protegendo.

Olhei para Amy que estava com um misto de surpresa e susto estampados no olhar.

—Você está bem? – sua voz soou pela sala. Assenti e ergui a mão para a arma, logo o jato de energia o atingiu, destruindo-a. Respirei fundo tentando regular minha respiração e fazer a energia dentro de mim diminuir. Estava funcionando. Logo o escudo sumiu. – Melinda, me desculpe. Eu juro que não queria fazer isso. Eu tropecei e acabei apertando um botão e meu Deus! Eu podia ter te matado! – sorri, mas então o sorriso se tornou uma sonora risada. Amy me encarou confusa.

—Isso foi demais! – falei gesticulando com as mãos. – Lógico que eu fiquei assustada achando que ia morrer, mas eu não morri! Caramba! Eu consegui, Amy! Consegui usar meus poderes e controlar eles sem gerar uma explosão! Eu consegui. – a garota sorriu.

—Você falou “meus poderes”? – Amy arqueou a sobrancelha. Então me dei conta do que falei. Pela primeira vez me referi a eles como meus poderes e não como aquilo, como eu sempre falava. Oh, céus.

Estava acontecendo. Eu estava começando a aceitá-los. Isso não pode estar acontecendo! Não pode!

—Amy, já chega. O que fizemos foi algo errado, ok? Vamos fingir que nada aconteceu. – falei começando a caminhar em direção à porta.

—Me desculpe, Lindinha. – ela falou séria fazendo-me encará-la pela janela.

—O que? – questionei confusa. Amy apertou alguns botões fazendo-me arregalar os olhos. Escutei novamente o som de uma parede sendo aberta e logo um disparo em minha direção.

Virei-me de supetão e me abaixei, assim que percebi que aquele troço iria me acertar. Ergui a mão e atingi a arma com um jato. Olhei para Amélia.

—Você quer me matar? – questionei entredentes.

—Não. Quero te ajudar, Lindinha. Agora se você não usar seus poderes, irá morrer. Ou ao menos ficará com alguns vários hematomas. – então ela apertou mais botões. Estava me preparando para mais uma arma maluca quando senti uma dor na lateral do meu rosto. Cai no chão com o impacto e levei a mão até o local da dor. Tinha um filete de sangue no canto da minha boca.

Olhei para quem tinha feito essa proeza e franzi as sobrancelhas. Aquele ser não estava aqui antes, estava?

Ele parecia uma pessoa normal, mas tinha algo que não o fazia totalmente normal.

—Amy, o que diabos é isso? – questionei girando meu corpo para o lado quando o ser desferiu outro golpe.

—É uma projeção holográfica. – ela respondeu e então senti essa projeção me dar um mata-leão com certa força anormal para uma simples projeção holográfica. – Ela pode ser como uma pessoa normal. Bate, apanha, gera e sente dor. – desferi uma cotovelada nas costelas dessa projeção e senti-o me soltando enquanto dava alguns passos para trás.

—Parece muito mais que uma simples projeção holográfica. – falei levando a mão até meu pescoço.

—Tecnologia Stark, Lindinha. – revirei os olhos. Claro. Tecnologia super avançada tinha que ser do Stark. – Ele ainda está vivo. – ergui a mão e acertei a projeção com o jato.

—Não está mais. – falei com desdém. Foi então que cai enquanto sentia meus tornozelos doerem um pouco. – Amélia! –

—Não se distraia. – grunhi e levantei, erguendo meus punhos. A holografia veio para cima e eu acertei um soco no estômago dele, me afastando logo em seguida. Aquela projeção e eu começamos uma luta corporal e realmente tenho que parabenizar Tony Stark pela aquela tecnologia toda. Parecia que eu estava, realmente, lutando com uma pessoa e não com uma holografia.

Quando eu também o acertei com meu jato e ele sumiu, mais dois apareceram. E armados, devo acrescentar. Imaginei rapidamente um escudo ao meu redor e logo eles começaram a atirar. Disparos esses que não me atingiram. Sorri e comecei a me aproximar deles. As projeções continuaram atirando. Qual é? Aquelas balas não acabam?

Quando estava próxima o suficiente de um, rapidamente fiz o escudo desaparecer e fui até ele, acertando um chute na lateral do corpo dele. Ele largou a arma no chão e eu dei um mata-leão nele. Assim que a outra projeção apontou a arma para mim, eu fiz com que a holografia que eu estava imobilizando ficasse na minha frente e recebesse o disparo. Logo a projeção sumiu.

Corri em direção à arma caída e apontei para o que tinha restado, atirando logo em seguida. Levantei e olhei para Amy.

—Deu? – perguntei ofegante. Ela sorriu e logo mais projeções apareceram. Armados e ao meu redor. Eu estava cercada. – Amélia! – gritei fazendo o escudo aparecer. Os disparos começaram a serem feitos e eu ergui minhas mãos, atingindo cada projeção com os jatos. Quando restaram três, fiz com que um único jato os acertasse. Olhei ao redor.

A sala estava vazia. Apenas comigo e algumas armas no chão. Acalmei a energia dentro de mim e me joguei no chão, ficando deitada encarando o teto. Escutei a porta sendo aberta e os passos de Amy. Logo ela também estava deitada no chão ao meu lado.

—Então? Como você está? – sua voz soou pela sala, mesmo ela tendo falado em um tom baixo que apenas eu escutasse.

—Bem. – bufei.

—E isso é algo ruim? Você conseguiu, Melinda. Não gerou nenhuma explosão. Conseguiu controlar seus poderes. – eu não estava a encarando, mas sabia que ela sorria.

—Isso é algo bom, Amy. Saber que eu posso sim controlar pelo menos uma parte disso sem machucar ninguém é maravilhoso. Só que eu não posso... –

—Gostar? – ela completou. – Tudo bem você não querer gostar disso. Afinal, você ainda se esconde atrás dessa sua ideia maluca de que você matou seu pai e aquelas pessoas. Só que você não pode ficar se martirizando por conta disso, Melinda. Você já está com esse pensamento, essa culpa há onze anos. Você cresceu achando que você matou todas aquelas pessoas. Não acha que está na hora de mudar isso? Você quer viver o resto da sua vida se escondendo? Com medo de começar a gostar dos seus poderes achando que é errado? E o seu pai? Os seus pais? O que eles acham disso? Ver a filha deles se culpando por algo que não foi totalmente culpa dela? E o Richard? O que ele pensaria vendo você fazendo isso consigo mesma? – continuei encarando o teto. Minha respiração, por incrível que pareça, estava normal. Um pouco alterada, mas não chegava a estar ofegante como acontecia quando alguém falava sobre isso.

O que isso significa? Que estou realmente conseguindo me controlar? Apenas com esses três dias aqui na S.H.I.E.L.D.? Ou eu estava realmente aceitando o que estava acontecendo?

—Eu preciso voltar para o psicólogo. Urgentemente. – disse levantando e olhando para Amélia. – Vamos? – estendi a mão, oferecendo ajuda para ela levantar. – Temos uma sala enorme para limpar antes que o Coulson descubra que fizemos isso sem autorização. – ela sorriu aceitando a minha mão.

—Acho que isso não será problema. – franzi as sobrancelhas. – Olá, Coulson. – Amy olhou sobre o meu ombro. Fechei os olhos pensando no esporro que levaria.

—Olá, Amélia. Melinda. Fico feliz em saber que vocês pretendiam limpar a sala. – seu tom de voz era indecifrável.

—Merda. – resmunguei virando-me. – Lógico que íamos limpar a sala, Coulson. – coloquei as mãos na cintura e soltei uma risada forçada. – Minha mãe sempre me ensinou a limpar minha bagunça. –

—Também ensinou você a fazer as coisas as escondidas? – ele arqueou a sobrancelha enquanto caminhava até Amy e eu.

—Ah, não. Isso não. Isso eu aprendi a fazer por conta própria. – dei de ombros. – E, se eu posso acrescentar, ela sempre me dava um belo esporro quando isso ocorria. –

—Então você conseguiu usar seus poderes, Melinda? –

—Defina usar, Coulson. – falei olhando para meus pés.

—Coulson, eu assumo toda a responsabilidade. A Melinda não queria fazer isso, mas eu meio que a deixei sem saída. Na verdade, ela queria, mas então resolveu amarelar. Então a culpa é toda minha. – olhei para Amy com um sorriso.

—Bom, mas não é você que controla meus poderes, não é mesmo, Amélia? Então a culpa também é minha. – falei olhando para ela que me fuzilou com o olhar.

—Sim, mas se eu não tivesse falado tudo aquilo você não teria conseguido. –

—Sim, tem razão. Então, obrigada, bebê. – sorri vendo ela revirar os olhos.

—Eu não vim aqui punir uma de vocês por terem feito o que fizeram sem me consultarem. Entendo que você, Amélia, só fez o que fez porque queria ajudar a Melinda, certo? – a morena ao meu lado assentiu. – E você, Melinda, não quis que eu ou seu pai soubesse por conta da pressão que você sentiria, certo? – assenti. – Eu assisti as imagens, meninas. Melinda, você se saiu muito bem. Talvez você esteja começando a controlar seus poderes e o mais importante: a aceitá-los. Aceitar o que aconteceu com você irá te ajudar, mais ainda, no controle sobre eles. E o que a Amélia falou para você, está correto. Pense no que ela falou, no que aconteceu nessa sala de treinamento e você verá o que é melhor para si. Você não precisa usar seus poderes, basta aprender a controlá-los. E vejo que você está se saindo muito bem nesse quesito. – Coulson sorriu e eu me permiti sorrir também. Ele estava certo. Eu não preciso usá-los, basta controlar. Manter o controle.

—Certo. Eu... vou tomar um banho e ver como Michael está. Fora que eu tenho que falar com o minha mãe, meus irmãos e amigos. Enfim, eu... vou indo. Fora que eu quase fui atingida por aqueles disparos daquelas armas, não é mesmo? – passei por Coulson e bati na minha testa. Eu tenho que ficar calada.

—Você devia contar a ela. – ouvi Coulson falar para Amy, fazendo-me parar no caminho e me virar na direção deles.

—Ela vai me matar. – Amélia falou negando com a cabeça.

—Contar o que? – questionei cruzando os braços.

—Nada. – Amy deu de ombros.

—Amélia. – a repreendi.

—Ok, ok! Os disparos não iriam te machucar. Lógico que se você é atingida sente dor, mas não é nada demais. Você não morre, não sofre um corte, nem mesmo um arranhão. Nada. Só uma dorzinha de leve. Por favor, não me mate! – ela ergueu as mãos para o alto.

—Amélia Rivera! Eu vou te matar! – falei entredentes.

—Acho que agora é a hora em que eu saio correndo. – ela falou e saiu correndo da sala.

—Volta aqui, sua agente de meia tigela! – gritei indo atrás dela.

Ah, mas ela me paga!


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Notas finais do capítulo

Hey!
Então? Gostaram? Não gostaram? Comentem!
Não vou dizer que o próximo capítulo virá em breve, porque obviamente não vem. Sem internet fixa, sem data certa de postagem. Porém, farei de tudo para ser em menos de uma semana, no mínimo.
Até mais!



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