Agatha 32

-Vai para a mansão vovô? – Perguntei em voz alta saído do chalé logo atrás do meu avô.

-Vou sim. – Respondeu parando de andar e me encarando.

-Avisa meu pai que estou indo para casa, se ele ainda estiver por lá. – Pedi com um sorriso. Ele penas concordou com um aceno da cabeça e logo desapareceu entre as arvores.

Fui para casa assim com havia dito ao meu avô, minha mãe já havia saído assim como eu havia pedido no bilhete. Tomei um banho de banheira e me propôs a relaxar. As palavras da minha ultima conversa com o meu avô retornaram à minha mente, a convicção que eu contestei seus argumentos agora faziam mais sentido ainda. Coloquei um vestido simples de alças, terminei de me arrumar e resolvi ir até a oficina. Por mais que meu pai não estivesse presente o Seth estaria e era com ele a minha conversa.

-Seth....Seth... – Entrei no estabelecimento chamando o nome do meu amor.

-Oi linda... – Ele apareceu no fundo da oficina todo sujo de graxa limpando as mãos num pano que acho eu um dia foi branco. Nos aproximamos e um beijo foi inevitável.  –Como esta a Raquel? – Perguntou preocupado.

-Bem, na medida do possível. Acordou cedo e pediu para falar comigo. – Fui relatando os fatos até chegarmos no escritório . Lá nos sentamos juntinhos num sofá surrado que ficava na parede ao lado da porta. – E o trabalho como está?

-Está em ordem, o Embry fez uma falta danada. – Falou me abraçando e me dando um selinho.

-Sabe Sr. Clearwater, depois da nossa conversa de ontem e não sei mais o que o Sr. andou pensando meu avô veio ter uma conversinha comigo. – Falei parecendo desinteressada no assunto.

-Deus!!!Ele não vai dizer nada ao Jake não é? – Seth se apavorou.

- A principio não, segundo ele meu pai está com problemas demais e minha mãe não tem pulso firme para tratar desse assunto ainda, por isso ele mesmo veio falar comigo.

-Desculpe Ag, acho que tenho que melhorar nesse negocio de controle ainda, te trouxe um problemão não é? – Meu lobo estava preocupado, tadinho nem sabe que a lição quem recebeu foi o meu avô.

-Na verdade não, ele disse o que pensava e eu disse o que eu pensava, não foi uma discussão, foi um dialogo bem importante para ambos. – Falei de maneira controlada.

-Ele deve ter dito as mesmas coisas que disse para a Nessie e o Jake. – Isso muito me interessa, rara são as vezes que me contam com detalhes os acontecimentos.

-E o que aconteceu? Sabe durante a conversa, e depois dela? – Tá eu estou invadindo a privacidade de meus pais, mas era necessário.

-Não sei detalhes, mas foi bem perto do casamento deles, e sabe por pouco o Edward não arrancou a cabeça do Jake fora. Foi tenso, eles discutiram e a Nessie falou um monte de coisas para os dois. Você se parece com ela nesse ponto, nunca deixa nada pra falar depois. Então o Edward falou em particular com os dois sobre o que pensava a respeito do sexo antes do casamento, a Nessie quase surtou, e no final das contas só aconteceu depois das bodas mesmo. – Resumido???

-Então a conversa que ele teve com meus pais foi séria?

-Foi, e com você não foi? – Seth tinha suas qualidades, mas um grande defeito: era curioso que só vendo.

-Foi sim uma conversa séria, mas isso não me fez mudar de idéia. Cada um é responsável pelos seus atos, a única função dos pais e dos avós por assim dizer é nos orientar.

-E onde te levou essa orientação Srta. Black?

-Está muito curioso hoje... – Falei lhe roubando um beijo. – Ou seria com medo de que meu avô me fizesse mudar de idéia? – Perguntei maliciosa.

-Te conheço o suficiente para saber que não seria uma mera conversa com o Edward que te faria mudar de idéia. – Agora foi a vez dele me ‘atacar’.

-Acho que somente você me conhece então Seth, pois meu avô poderia jurar de pés juntos que eu mudaria de idéia assim que terminássemos a nossa conversa. – Falei rindo.

-Não é essa a questão Agatha, é que os pais e avós sempre têm a esperança de nos fazer mudar de idéia, mesmo sabendo que muitas vezes isso não acontecerá. – Falou solenemente.

-Nossa Seth hoje você está muito filosófico, não acha? – Brinquei, depois disso aproveitamos a oportunidade para curtirmos um ao outro um pouquinho.

Já era quase meio dia quando nos demos conta da passagem do tempo, Seth tinha que almoçar e eu também precisava me alimentar também, fomos então para a minha casa onde preparei uma comidinha especial para o meu lobo. A tarde minha foi lenta, Seth tinha trabalho a fazer e eu fiquei em casa pensando cá com meus botões. Realmente meu avô tinha razão em relação ao valor da virtude de uma mulher, mas se é isso que eu tenho de maior valor por que não entregar ao meu amado sem pedir nada em troca? Sempre pensei no meu avô como uma pessoa altruísta ao extremo, mas ele exigiu casamento antes do sexo, isso não se encaixa no perfil que eu conheço desse vampiro.

No cair da noite minha mãe finalmente retornou para casa acompanhada do meu irmão e seu cãozinho de estimação que atende pelo nome de Leah.

-Agatha querida pensei que fosse voltar para a casa da vovó. – Minha mãe disse assim que passou pela porta.

-Preferi ficar por aqui, já tinha muita gente por lá e isso pode atrapalhar a recuperação da Raquel. – Respondi dando de ombros.

-Leah coloca o Andrew no quarto dele por favor. – Minha mãe pediu a minha cunhada preferida....(a única ne???) Assim que o fez Leah se despediu de nós e foi embora. Mesmo com muito esforço é difícil agüentar ela. – Agatha podemos conversar? – Minha mãe perguntou assim que a Leah estava distante o suficiente par não nos ouvir.

-Claro. – Falei subindo para o meu quarto.

-Agatha o que você disse ao seu avô hoje pela manhã? – Ela estava visivelmente preocupada, se sentou na minha cama me chamando para sentar ao seu lado.

-Nada demais. – Mais uma vez dei de ombros evitando a continuação dessa conversa.

-Nada demais não, ele está totalmente transtornado filha, não estou te julgando e nem pretendo. Só quero saber o motivo d meu pai estar daquele jeito. – Sim ela estava preocupada. – Posso saber ao menos o tema da conversa?

-Ele veio falar comigo a respeito de uns pensamentos do Seth. – Suspirei alto, não sei se estou preparada para ter essa conversa com a minha mãe logo hoje, depois do que falei com meu avô.

-Pensamentos sobre o que? – Perguntou arqueando uma sobrancelha.

-Seth deve ter algum problema de auto controle e ficou pensando em algumas coisas impróprias perto do vovô.

-Imaginei que fosse isso, depois que você disse que a conversa tinha como tema os pensamentos do Seth. E então o que meu pai te disse?

-Uma séria de coisas a respeito do valor da virtude da mulher e de casamento. – Resumi com um pouco de vergonha, sério ninguém merece uma coisa dessas duas conversas constrangedoras num dia só.

-Ele fez isso comigo e com seu pai antes do casamento. Mas me diga, esses pensamentos são só pensamentos ou tem um pouco de verdade nisso? – Hoje minha mãe está super curiosa.

-Não sei até onde foi a imaginação do Seth, mas ainda não aconteceu nada. – Falei sinceramente, no entanto minha voz saiu um pouco ressentida com a situação.

-Pelo jeito não aconteceu nada que você queria. – Olhei incrédula para a minha mãe. – Agatha também já passei por isso, os hormônios a flor da pele, um namorado gostoso e a incrível vontade de esquecer do mundo.

-É, mas esse lobo que eu namoro é racional demais.

-Eles todos são eu acho. Mas o que necessariamente você falou para o meu pai?

-Falei o que eu penso. Sabe ele veio com aquela de que a virtude é o bem mais precioso de uma mulher, então eu disse que se isso é o que eu tenho de maior valor por que não oferecer ao homem que eu amo e que tenho a plena certeza que amarei para sempre sem pedir nada em troca. Estarei me doando, provando o quanto eu sou dele, sem exigência nenhuma. – Para a minha surpresa minha mãe gargalhou. – O que foi?

-Você tocou na ferida do Sr. Cullen querida. – Continuei sem entender, mas esperei ela continuar. – Meu pai sempre quis dar tudo à minha mãe, sempre o melhor sem nunca exigir nada em troca, no entanto ele pediu que ela se casasse antes de consumarem o ato. Ele que daria a vida por ela não foi capaz de fazer o que você disse filha, você embaralhou a cabeça do seu avô.

-Até ai eu consigo entender, mas por que a gargalhada?

-Ag, meu pai é firme em seus princípios, ele deu a maior lição de moral em mim e no Jake, ai chega você e faz ele mudar tudo o que acreditava ser o ... – Minha mãe foi impedida de continuar pela minha avó que entrava em nossa casa feito um furacão.

-Agatha Black o que você fez? – Fu@#$%#%#, minha avó está uma fera.

-Acho que nada. – Respondi com medo de sua reação.

-Querida quando uma pessoa mais velha te chama a atenção e te dá uma lição de moral geralmente a gente fica de cabeça baixa e escuta, você mudou a cabeça do seu avô e agora nem mesmo eu consigo controlar. Ele está todo deprimido por ter exigido demais de mim acredita nisso. – Ela esta em pé na porta do quarto visivelmente nervosa.

-Vovó não é por que meu avô é mais velho e mais experiente que vou deixar de me expressar, falei apenas o que eu acho, se a carapuça serviu e ele a vestiu o problema é dele, não vou mudar por que ele ou qualquer outra pessoa quer. – Respondo meio ríspida.

-Eu sei meu anjo, mas ele tá todo pra baixo agora e eu fiquei nervosa, desculpe brigar contigo. – Minha avó disse se sentando do outro lado, fazendo um sanduíche com a minha mãe.

-Tudo bem vovó, não proposital. Eu converso com ele. – Falei me levantando e saindo.

-Ele está no chalé. – Ela disse esperançosa. Não o que mais me falta acontecer hoje? Além das conversar constrangedora eu terei que argumentar com um vampiro deprimido?