Meu pai continuava nos olhando, a nós??? Bom, ainda estávamos abraçados no meio da floresta. Isso não vai prestar.

-Estou esperando uma resposta, e eu juro que não vou acreditar se vieram com a famosa ‘ não é isso que você está pensando’. – Meu pai estava furioso, mesmo na penumbra da noite eu podia ver que ele estava tremendo, minha mãe chegou logo em seguida com os meus avós Bella e Edward. Olhei para o meu avô tentando entender o que se passava na cabeça deles, mas ele se limitou em pegar a minha avó pela mão e sair dali, em silencio, deixando eu o Seth e os meus pais. Isso está cada vez pior.

-Jake calma, para tudo há uma explicação. – Minha mãe, apesar de estar com cara de poucos amigos, segurava o braço do meu pai, tentando de todos os modos acalma-lo. Eu, assim como o Seth estávamos sem ação, paralisado esperando pela fúria vinda so Sr. Black, o qual eu carinhosamente chamava de pai.

-Espero que sim. – Ele não mostrava sinais que tinha se acalmado, mas quem sou eu para contestar meu pai, ainda mais sendo pega no flagra dessa forma. Eu nem se quer cogitei a possibilidade de ver o que se passava na mente dele. – Então acho que temos uma conversa pela frente não é? Nessie vamos até o chalé, não quero cometer nenhum assassinato aqui ao alcance de olhares curiosos. –Não tinha nenhum pingo de humor na voz dele. Minha mãe saiu na frente me pegando pela mão e quase me arrastando até o chalé dos meus avós, o qual estava estrategicamente vazio. Por que será??? Acho que depois eu terei uma conversinha com meus avós...

Logo atrás de nós meu pai acompanhava o Seth, lado a lado, mas sem nunca se tocar, falar ou até mesmo se olhar. Isso está começando a ficar perigoso, para mim e principalmente para o Seth.

-Sentem-se – Meu pai não pediu, ordenou. Silenciosamente nos sentamos. Para que fazer mais alvoroço ne? – Agora, claramente e com calma me expliquem o que estava acontecendo. – Calmamente, isso só podia ser uma piada, e de mau gosto.

-Jake, estávamos... – Seth pareceu hesitar, mas logo continuou, para o meu alivio. – Estávamos conversando, até que acabamos por nos beijar. – Ele falava tranquilamente, numa calma que eu desconhecia.

-E você vem me dizer essas coisas com calma. Seth o que você tem na cabeça cara, ela é uma criança, um ano, apenas um ano e eu já pego você agarrando a minha filha. – Meu estava prestes a explodir, mas não era justo ele culpar o Seth por tudo.

-Perai pai, que estávamos nos beijando você mesmo viu, mas quanto ele me agarrar, não foi bem assim não. – Corajosa eu??? Na verdade eu estava quase me borrando, juro que se meus pais fossem um pouco mais religiosos eles me mandariam para um mosteiro no fim do mundo sem passagem de volta.

-Então Agatha, me conte como foi, estou curioso. – Meu pai me direcionou um olhar mortal a mim.

-Estávamos conversando, quando chegamos num assunto, digamos que delicado, acabamos por nos beijar, e se alguém foi agarrado, pode ter certeza que não fui eu. – Me mantive calma, sem levantar o tom da minha voz, além disso eu dizia a verdade, e não para proteger o Seth, até porque quem disse que um lobo daquele tamanho precisa de proteção???

-Você está tentando me convencer que beijou o Seth de livre e espontânea vontade. – Tinha um alfa embasbacado na minha frente, querendo que as minhas palavras falassem mentiras a ele, mas no fundo ele sabia que era a mais pura e límpida verdade.

-Por que eu não faria isso pai? Só por que todos me acham uma criança, me tratam como uma criança e não posso pensar como no mínimo uma adolescente? Eu não posso tomar a iniciativa de beijar um homem só por que a minha idade real não condiz com a minha idade emocional, mental e até mesmo a aparência física. – Tentei manter a calma, mas no final eu já estava me exaltando. Minha mãe meu olhou repreendendo pela minha atitude, o homem na minha frente não era apenas o meu pai, mas o alfa da minha matilha, por mais que eu não tivesse nenhuma obrigação explicita para com os outros lobos, eu era uma legítima lobinha.

-Agatha, você está passando dos limites. – Minha mãe tentava me alertar, mas nada do que falassem naquele momento poderia amenizar a minha angustia, já fazia alguns dias que eu vinha guardando certas coisas para dizer num momento mais apropriado, mas infelizmente essas coisas seriam ditas agora.

-Que limites mãe, falar a verdade é passar dos limites agora. – Eu estava agindo de uma forma totalmente petulante, mas fazer o que?

-Agatha se acalme que com calma tudo se resolve. – Seth tentava me acalmar, lentamente pegou na minha mão, acariciando, isso com certeza me traria calma.

-Tire as mãos dela Seth, antes que eu perca o pouco de controle que me sobrou depois da cena deplorável que eu vi há pouco. – Silenciosamente Seth soltou a minha mão, mas sem nunca deixar de me olhar, agora quem tomou a iniciativa de pagar na mão dele fui eu, passando por cima da autoridade do meu pai e fazendo o que meu coração mandava, meu pai preferiu ignorar o fato, o que fez a minha mãe respirar aliviada.

-E agora o que vocês pretendem fazer? – Minha mãe perguntou, só não sei ainda para quem.

-Nada, eles não pretendem fazer absolutamente nada. – Meu pai respondeu. – Não é mesmo Agatha,..., Seth. Vocês não pretendem fazer mais nada a partir de agora. Não estou certo? – Meu pai nos olhava com um sorriso maquiavélico nos lábios, ele com certeza estava tramando alguma coisa.

-Pai você fala como se eu fosse uma adolescente solteira que apareceu em casa grávida, e não uma garota que beijou um rapaz. Isso não é o fim do mundo não. – Falei, mas temendo pela reação do meu pai.

-Tenho certeza que realmente esse não é o seu caso filha, mas como sou seu pai, tenho que garantir que esse beijo não te leve a uma situação dessas. Concorda? – Gente será que um lobo pode enlouquecer assim do dia para a noite? Tenho certeza que esse era o caso do meu pai, ele enlouqueceu. Nós estávamos apenas nos beijando, não entrando nas vias de fato.

-Onde está querendo chegar Jake, não enrole. – Seth estava tão nervoso quanto eu, mas era corajoso o suficiente para encarar o meu pai.

-Se vocês pretendem ficar de alguma maneira juntos terão que esperar... – Ele deixou a frase no ar, nos dando tempo para assimilar a situação. Bom esperar, sabendo que teríamos o consentimento do meu pai, até que não parecia uma má idéia. Suspirei aliviada. – Terão que esperar cinco anos.

Quando meu pai completou a frase meu mundo veio a baixo, esperar cinco anos, eu mal tinha completado um, para mim cinco anos era mais do que eu já tinha vivido e por uma ampla margem de diferença. Tô perdida, pode falar, se eu não consegui esperar completar nem um ano para praticamente me atirar sobre o Seth, quem me garante que eu conseguirei suportar cinco anos. O Seth permanecia calado ao meu lado, minha mão tocando as suas me passava a calma necessária para não cometer nenhuma atrocidade, mesmo que fosse apenas com palavras.

Olhei em direção ao homem que me mantinha calma, ele olhava intensamente nos meus olhos, sem emitir nenhum som sua boca sibilou um ‘eu te amo’, era isso o que mais importava, isso dizia mais do que qualquer outra coisa, pois se ele me amava, esses cinco anos superaríamos da melhor maneira possível.  Minha mãe não esboçava nenhuma reação, mas eu sentia que era para não contrariar o meu pai, mesmo ela estando do nosso lado e eu não queria que ela começasse uma briga com meu pai por causa disso.

-Se essa é a sua vontade Jake, fique tranqüilo, pois se depender de mim eu espero esse tempo para ficar com a Ag. – Seth olhou para mim como se pedisse a minha autorização, a minha confirmação perante as sua declaração. Acenei sutilmente minha cabeça, confirmando. – E tenho certeza que ela não vai se importar. Não é mesmo Ag? Mas Jake me diga uma coisa.

- O que você quer Seth? E pense bem no que vai pedir garoto. – Meu pai deu um aviso, mas desde quando o Seth escuta o que vem nas entrelinhas?

- Quando a Nessie assumiu o que sentia por você o Edward pediu cinco anos? – Meu pai ficou vermelho, azul, roxo, verde, lilás, e de todas as outras cores imagináveis, até voltar ao tom de sua pele. Respirou fundo uma porção de vezes antes de responder.

-Primeiro a Nessie não tinha acabado de completar um ano quando isso aconteceu, e segundo se o Edward tivesse nos pedido cem anos teríamos esperado. – Na hora pensei que o Seth iria dizer mais alguma coisa a esse respeito, ele chegou a abrir e fechar a boca diversas vezes, mas algo fez ele repensar. Por sorte.

-Agatha. – Seth me chamou a atenção m tirando dos meus pensamentos. – Podemos conversar um pouco? – Olhou para os meus pais. – A sós. – Sem dizer nada meus pais saíram do chalé, nos deixando sozinhos. Por um instante cheguei a cogitar a possibilidade de ele me agarrar e me beijar, matando a minha vontade, mas infelizmente não foi isso que aconteceu. Depois eu digo que ele é lento e acabo sendo a errada da história.

-Fale Seth. – Se ele não iria falar nada e nem me beijar por que ele tinha pedido para os meus pais um instante a sós comigo???

-Me perdoe, acho que eu estraguei tudo não foi? – Ele não conseguia me encarar, se sentindo culpado pelo triste episodio que tínhamos passado.

-Não acho isso. – Disse pausadamente, no instante seguinte quando nosso olhar se cruzou ficou mais que evidente o que sentíamos um pelo outro, não havia mais como negar. – Sabe, isso aconteceria mais cedo ou mais tarde. – Eu esbocei um sorriso sincero.

-É, mas bem que poderia ser mais tarde, assim poderíamos ter aproveitado um pouquinho mais não acha? – Ele sorria também. Ambos sabíamos a guerra interna que se seguiria pelos próximos anos, mas também sabíamos que valeria a pena. Eu subitamente me coloquei em pé o levantando pela mão, assim que ele estava em pé diante de mim o abracei, seria difícil, mas agüentaríamos firme.

-Tenho que concordar, mas não vamos pensar nisso. – Eu estava com a cabeça no ombro dele, e ele acariciava meus cabelos, inalando profundamente.

-Agatha.- Ele se afastou de mim apenas alguns centímetros, para que pudéssemos olhar um nos olhos do outro. – Eu te amo, e nada vai mudar isso, tenha fé que são apenas alguns anos, vamos estar mais maduros e construiremos a nossa relação juntos.

-Você fala como se fossemos ficar esses anos todos sem nos ver. Meu pai disse que teríamos que esperar cinco anos, mas não disse que não poderíamos ser amigos Seth.

-Eu sei...mas agora que eu já experimentei o gosto do seu beijo cinco anos sem eles vão ser mais que tortura. – Sorri ao constatar que para mim seria da mesma forma torturante.

-Agatha... está na hora de voltar para a festa, ainda falta cantar os parabéns. – Meu pai disse na porta, me separei do abraço do Seth.

-Você vem comigo? – Perguntei ao Seth.