Mal a minha mãe havia saído do quarto o meu, quer dizer, o Jack apareceu na porta. Pelo jeito ele andava muito ansioso para me ver, só não sei se eu seria capaz de falar com ele normalmente, apesar que a palavra normal definitivamente não se aplica a mim.

-Oi meu anjo, como se sente? – Como me sinto ele ainda pergunta? Perai Jack não fica tão perto. Mas não teve jeito ele sentou na minha cama e me beijou no alto da cabeça, ficar perto dele era tão bom, mas por outro lado provocava sensações estranhas em mim.

-Na verdade fisicamente me sinto bem. – não queria mentir para ele, mas também não queria dizer toda a verdade, era constrangedor demais.

-Fisicamente...mas e o resto,tem um resto ai, e eu quero saber de tudo. Você sabe que não precisa esconder nada de mim.

-Eu sei... eu ...não estou escondendo nada – por que ele rinha que me conhecer tão bem? Ele não podia simplesmente ignorar a parte do ‘fisicamente’. – É só que eu também não tenho muita certeza do que está acontecendo comigo. É tão complicado...é ....

Ele colocou a mão no meu rosto, me calando, numa expressão de carinho, mas isso foi o suficiente para me causar calafrios. Parecia que uma errante corrente elétrica passeava por todo o meu corpo. Algo no meu estomago parecia que queria sair pela boca. No meu peito um coração acelerava e acalmava arritimicamente. Ele parecia sentir o que eu estava sentindo, mas de uma forma mais intensa, quando eu toque levemente o seu rosto, repetindo o seu gesto ele estremeceu e involuntariamente baixou o rosto e sorriu pra mim, um sorriso envergonhado. Tudo isso ocorreu em uma fração de segundo, mas para mim pareceu uma eternidade.

-Então me mostre Nesse, talvez eu possa te ajudar a entender. – Será??? E se ele confundisse o que eu estou sentindo da mesma forma que eu mesma estou confundindo, e se isso estragar a nossa amizade, e se ele não aceitar, e se..., e se... Muitos e se apareceram para mim naquele momento, o medo me gelou a espinha e as lágrimas novamente insistiram em sair, mas desta vez me controlei.

-Eu não sei o que te mostra Jack, eu sei que em ti eu posso confiar, mas não sei se posso confiar em mim neste momento. É tudo tão novo e tão complexo pra mim, que não posso ter certeza se isso tudo é real ou apenas uma leve impressão. – Estava difícil pra mim admitir ao Jack que eu estava com medo de tantos ‘e se’ na minha cabeça.

-Tente Nesse, se não for o que você está achando iremos encontrar as respostas, mas iremos fazer isso juntos. Já faz algum tempo que ando percebendo algumas diferenças em você minha querida – Perceber é uma coisa mas ele não precisava falar isso desta forma, como se eu estivesse escondendo algo dele.

-Quem sabe não seja por causa disso que me sinto estranha não é?

-Não tente se livrar do assunto mocinha, eu sei quando está se desviando de algo.

-Jack, porque tem que ser assim? Você me conhece mais que eu mesma. Sabe do que eu preciso, o que eu sinto....

-Porque eu te amo desde o dia que você nasceu. – É mas esse amor poderia ser diferente, ou é diferente??? Realmente estou confusa.

-Mas não precisa fazer isso, você sabe. Você tem que viver também. – Queria que ele soubesse que eu não iria interferir na vida pessoal dele, que se fosse preciso me contentaria apenas com a amiz... o que eu estou pensando é claro que o Jack é só um amigo, apenas isso. Essas palavras foram mais fortes que eu, dessa vez as lágrimas conseguiram escapar e a dor no meu peito se tornou insuportável. Me vendo daquele jeito, ele não se segurou, me tomou em seus braços e chorou também ,parecia que o que me machucava, machucava ele também. A minha dor doía nele, a minha alma estava ligada na dele, naquele momento percebi o quão importante ele era na minha vida, tão importante que os nossos corações batiam no mesmo rítimo descompassado, as nossas respirações estavam alinhadas e nada mais importava desde que eu estivesse nos seus braços. Neste momento escutei um rosnado alto, só podia ser coisa do meu pai, não sei  o que eu devia ter pensando de errado ou até mesmo impróprio para tal atitude, mas sabia que não queria largar o meu, é o MEU Jack naquele momento.

-Não é com você Nesse, Jack venha já aqui, por favor, não me faça ir te buscar. – O que será que fazia meu pai falar daquele jeito? O Jack me soltou, olhou fundo em meus olhos, secou a ultima lágrima que ainda rolava de meus olhos, e sorriu, como nunca antes ele tinha sorrido para mim. Um sorriso que iluminou o meu dia, e quem sabe a minha vida.

-Ei Nesse, o que você acha de darmos uma volta? Você passou o dia inteiro neste quarto. E eu quero te mostrar um lindo lugar, pra ver se você se anima um pouco. – Ele tentou ser indiferente, mas a corrente elétrica ainda passava dele pra mim, e o nervosismo estava presente em suas palavras.

-Tudo bem, mas antes tenho que tomar um banho, estou horrível. – Ele então riu novamente, mas era diferente, era de alegria, uma alegria que parecia estar trancafiada e agora era finalmente libertada. Levantando da minha cama, ele deu um beijinho na minha testa e saiu do quarto, me dando privacidade para me recompor.

Quando ele saiu, deixou a porta fechada, só então levantei e fui ao banheiro, liguei o chuveiro e me joguei em baixo, de roupa e tudo só depois fui perceber o que eu tinha feito, mas neste momento, eu não sabia o por que, a única coisa que eu conseguia fazer era rir, rir de mim mesma, rir da situação, extravasar a alegria que transbordava do meu coração.

Terminei de me lavar, e sai rumo ao meu closet, onde encontrei minha mãe sentada me esperando.

-Está melhor não é. – Não era uma pergunta – Não preciso nem pergunta o motivo, está na cara.

-Eu não tenho tanta certeza disso mãe...

-Não precisa ter certeza, só siga o que o seu coração mandar. Você pode não saber, mas com certeza o seu coração saberá. – Ela disse o que estava preparada pra dizer, o que eu precisava ouvir naquele momento. Mas antes de ele sair eu precisava saber...

-Mãe, o que irritou o papai...quando eu e o Jack estávamos... conversando, escutei ele rosnando, provavelmente para algo em que pensávamos, O que era?

-O seu pai tem um jeito único de ver as coisas, e conforme ele escuta os pensamentos ele interpreta da sua forma, isso as vezes o aborrece.

-Mas o que necessariamente ele não gostou? – eu tinha o direito de saber, era o meu pai.

-De ver que você cresceu, que está aprendendo a lidar com os seus sentimentos. – Desta vez ela me deixou sozinha com meus pensamentos, e então eu já sabia o que eu tinha que faze, mas antes de colocar uma roupa eu disse em pensamento para o meu pai ‘eu jamais vou deixar de amar vocês’.

-Eu sei disso meu anjo. – Sabendo o que eu tinha que fazer coloquei uma roupa bem confortável, prendi o meu cabelo, e sai.

O Jack já estava ansioso por causa da minha demora, mas ele sabia que não apenas por fora que eu tinha que me arrumar, ele sabia intimamente que eu teria que colocar meus pensamentos e meus sentimentos em ordem antes de sair com ele, independente de onde ele fosse me levar. Na verdade eu já não me importava com nada, desde que pudéssemos conversar.

Antes que pudéssemos dizer qualquer coisa meu se pronunciou de dentro de casa mesmo.

-Juízo meninos, não vão muito longe e voltem logo. Ouviu bem Jacob? – Impressão minha ou ele deu uma certa ênfase no nome Jacob?

-Não se preocupe Edward, não vamos longe e não vamos demorar, é só que a Nesse precisa de um pouco de ar.

-Sei bem o que você tem em mente, nunca se esqueça disso. – opss isso foi uma ameaça do meu pai???

-Não Nesse, foi um lembrete.

Então saímos da minha casa, ela já ficava na floresta, mas calmamente andando entramos mais fundo, e sem mais nem menos o Jack pegou na minha mão, olhando fixamente para os meus olhos e disse.

-Não se preocupe com nada agora, venha comigo. Vou te mostrar um lugar lindo, onde poderemos conversar a sós.

Eu não disse nada, nem precisava, confiava no Jack mais que em mim mesma, mais ainda agora que percebi a intensidade dos meus sentimentos. Não iria me preocupar, não agora, só iria deixar o meu coração falar por mim, seguir o conselho de minha mãe, e tentar ser feliz, mais do que eu já era, o que antes podia parecer impossível para mim, mas com Jack eu sabia que era possível. Continuamos andando, não sabia onde eu iria nem o que eu falaria para ele quando chegássemos lá, mas eu diria a verdade completa, já chega de meias verdades pra mim....