Me preparei psicologicamente durante alguns minutos, e então fui ao encontro da ultima pessoa que eu gostaria de ver na minha vida. Assim que entrei na sala, meu pai se retirou e o Sr. Coldy ficou em pé para me receber.

-Olá Srta. Cullen. - Ele me cumprimentou estendendo a mão, eu retribui prontamente, apesar da dor que invadia o meu peito. - Eu sei que a minha visita é um tanto quanto inesperada, mas gostaria de conversar com a senhorita por um momento.

-Tudo bem, podemos nos sentar. - Eu disse indicando o sofá que ele estava a alguns momentos, ele se sentou e eu me dirigi ao sofá logo a frete do dele. - Sobre o que o Sr gostaria de falar. - Senti que eu estava um pouco fria, mas não conseguia fazer diferente.

-Bom Srta. Cullen – Ele começou mas eu tive que interrompe-lo, não suportava que me chamassem dessa forma.

-Por favor, me chame de Nessie, tudo bem?

-Como queira. Então Nessie, eu preciso desabafar com alguém. Já faz um mês que perdi a minha filha. Eu sei que você era a melhor amiga dela, e quão importante você foi para o desenvolvimento dela. Não sei bem me expressar, mas eu sinto muito pelo o que você teve que presenciar.

-O Sr. Não tem a minima noção do que eu estou passando...muito menos o que o Seth está passando... - Ele não me deixou terminar.

-Sim eu imagino...eu gostaria de falar com ele também, mas não sei como serei recebido. Eu errei em não esperar por ela em casa, errei em não ouvir o que vocês tinham a dizer, errei em criar dentro de casa alguem que não consegue ouvir os outros. E você pode ter certeza...estou pagando por cada um dos meus erros.

-O que o Sr. Quer dizer com isso. - Ele parou por um momento, como se escolhesse as palavras que iria me dizer.

-Meu filho tomou veneno logo após o funeral da Cristine...

-Eu sinto muito, não sei que te dizer... - Fui sincera, ele não merecia perder o filho logo após o funeral da filha, nem quero imaginar a dor desse pai.

-Não sinta Nessie, mas eu não vim aqui para te contar das minhas dores, eu na verdade preciso da sua ajuda.

-O que eu posso fazer pelo Sr.? - O que uma hibrida como eu poderia fazer por um feiticeiro experiente como ele?

-Eu gostaria de falar com o garoto lobo, mas se eu for só ele dificilmente irá me receber. Você pode ir comigo?

-Claro Sr. Coldy, acho que isso fará bem ao Seth. Vou pegar as chaves do carro do meu pai, acredito que o Sr. não veio de carro não é? - Me levantei e ia indo em direção à cozinha onde meus pais estavam.

-Eu preferia ir de uma outra forma se não se importa? - Paiiiiiiiiiii. Chamei em pensamento, logo meu pai chegou à sala.

-Pai tudo bem se eu for á casa do Seth com o Sr. Coldy? - É seguro essa forma de transporte? Tive que reformular a pergunta em pensamento.

-Claro filha, qualquer coisa liga tá certo. - Obrigada pai, liga para o Jake e avida da nossa ida, por favor. Meu pai apenas confirmou com a cabeça.

-Obrigado Sr. Cullen, logo eu a trago de volta. - O Sr. Coldy se despediu de meus pais com um aceno, e me indicou um lugar perto da mata. - Nessie, como eu não sei o local exato, gostaria que você pensasse com clareza no local, você vai sentir um frio na barriga, não solte do meu braço, tá certo?

-Ok. - Eu só consegui concordar com ele, como será que iriamos para a casa do Seth?

Me limitei a mentalizar o local que eu queria ir, assim como eu faço quando eu quero usar o meu dom, mas ao invés de ir apenas espiritualmente eu fui fisicamente transportada com o Sr. Coldy. Logo que encostei no braço dele parece que entramos num redemoinho, as imagens se misturavam a nossa frete ao nosso redor, Me senti meio enjoada, parecia que eu tinha engolido uma bola de sorvete inteira, meu estomago estava tão gelado que eu poderia sentir sobre a pele. Mas essa sensação durou poucos segundos, e assim que abri novamente os olhos já estávamos em frete a residencia dos Clearwater.

Logo que chegamos o Jake já estava se aproximando também, me cumprimentou com um beijo e ao Sr. Coldy com um apeto de mão.

-Jake o Sr. Coldy gostaria de falar com o Seth. - Eu expliquei a nossa visita, mesmo não sendo necessário.

-Vamos entrar, a Sue já deve estar sabendo. - O Sr. Coldy permaneceu em silencio, entramos na casa e fomos logo recebido pela Sue e pelo meu avô.

-Olá, a Sra. deve ser a mãe do Seth? Eu sou Albert Coldy, pai da Cristine – A Sue o cumprimentou com um aceno. - Gostaria, se possível é claro, falar com o Seth.

-Vou chamá-lo, um momento. - Meu avô foi com ela, nós nos sentamos no sofá para esperar. Minutos depois Seth apareceu, estava mais magro, abatido, os olhos inchados, a expressão então não há palavras para expressar a dor que havia em sua face.

-Então o que o Sr. quer comigo? - A mágoa estava presente em cada uma de suas palavras, ele nem se quer cumprimentou ninguém.

-Bom vamos deixá-lo a sós. - Eu disse me levantando, mas fui impedida pelo Seth.

-Fique, não há nada que ele possa me dizer que vocês não possam escutar. Não é Sr. Coldy? - O Seth que estava ali em nossa frente em nada se parecia com aquele garoto risonho, e alegre que conhecíamos.

-Tudo bem, podem ficar...na verdade Seth eu gostaria apenas de te entregar algo. - O Sr. Coldy tirou um embrulho do boldo do paletó, era uma caixinha pequena, na cor preta. Assim que ele mostro a tal caixa ela automaticamente se abriu revelando uma jóia muito bonita, consistia em um colar em ouro branco, bem delicado, sem muitos detalhes, com uma pedra na cor rosa claro, pelo que eu conheço de pedras preciosa tratava de uma safira rosa, uma pedra não muito comum, mas dotada de uma beleza surpreendente. - Esse seria o presente que a Cris receberia hoje pelo seu 18° aniversário. Eu gostaria que ficasse com ele, pois se pudesse escolher alguem para ficar com ele seria você o escolhido. Peço perdão pela minha atitude no outro dia, tenho certeza que se tivéssemos mais tempo teríamos gostado um do outro. Aliás eu já tenho por você um grande amor, apenas pelo que proporcionou para minha filha.- Ele foi se retirando do ambiente, mas antes de passar pela porta olhou novamente para o garoto que estava atônito com a caixa na mão. - Mais uma coisa, não brinque com nenhum feiticeiro, você não é imune como eu disse. E se você realmente a amava seja feliz, viva novamente essa é a melhor homenagem que pode fazer a alguem que se foi: vivendo da maneira como essa pessoa gostaria que você vivesse, fazendo o que essa pessoa se orgulharia de ver você fazendo,o seu sofrimento só faria ela sofrer. Nessie você volta comigo?

-Não Sr. Coldy, obrigada mas prefiro sentir o vento no rosto e não na barriga. - Antes que eu terminasse de falar ele já estava do lado de fora e logo desapareceu.

-Ele tem razão, a Cris não ficaria feliz em me ver assim, tenho que reagir. - Agora quem ficou sem ação fui eu, aquela simples conversa, que mais pareceu um monologo, fez maravilhas com o Seth, que chegou a esboçar um sorriso.

-Já que quer reagir o que acha de ajudar eu e o Jake a devorar uma bela torta de chocolate na casa da minha avó? A Esme estava preparando uma torta imensa quando sai, acho que só eu e o Jake não damos conta. - Dei uma piscadela ao Jake, que apenas sorriu em resposta.

-Acho que já é alguma coisa. Me espere que eu tenho que tomar um banho. - Com um leve sorriso ele saiu em direção ao quarto, enquanto a Sue e meu avô entravam na sala.

É claro que boa parte da conversa eles escutaram , mas isso não importava. O que foi surpreendente foi a reação do Seth, ele queria que ela fosse feliz, e o sofrimento dele não a faria feliz, isso fez ele mudar e aceitar. Minutos depois já tinha o velho Seth de volta, ou pelo menos alguem mais parecido com ele do que o garoto que estava na sala conversando conosco alguns minutos atrás. Enquanto ele tomava banho eu tive que ligar para a minha vó pedindo que fizesse a torta, não dava para ele chegar e não encontrar nenhuma torta numa casa onde ninguém come.

Fomos de carro até a casa dos meus avós, meus pais estava lá também, todos ficaram impressionados com a reviravolta do Seth, quem dera eu tivesse essa força toda, mas para ele eu me mostraria tão forte quanto. A torta estava pronta, nos esperando na cozinha junto à minha avó com um sorriso sem tamanho nos lábios, ela adorava cozinhar, ainda mais sabendo que além de um pedido meu foi para fazer o Seth sair de dentro de casa, coisa que ele não fazia desde o dia da morte da Cris.

Comemos quase a torta inteira o que fez a minha avó muito feliz, enquanto ela estava terminando de lavar a louça que sujamos meu pai surgiu na porta da cozinha nos chamando para conversar na sala de jantar, local reservado para as reuniões de família.

Logo minha avó completou a família, estavam todos presentes, mas o meu pai pai foi o primeiro a falar.

-Todos estamos acompanhando as conseqüências da perda de uma pessoa que se fez importante em nossas vidas nos últimos meses, mas principalmente para a Nessie e o Seth. A dor pode passar, mas as lembranças insistiram em permanecer para sempre. A rotina nunca mais será a mesma, os locais irão sempre exalar a presença dela. Então estamos reunidos aqui para conversar sobre uma possível mudança. O tempo pode não passar para nós, as pessoas ficam intrigadas conosco, temos que nos esconder, já estudamos em outra cidade, o Carlise trabalha em outro hospital para que pudéssemos ficar aqui, principalmente para o bem da Nessie. Mas diante das circunstancias concluímos que o mais correto seria uma mudança.

Nesse momento os únicos três corações que batiam naquela sala param de bater, ninguém respirava, o medo me dominou. Eu não poderia mudar, não agora. Como eu ficaria sem o Jake, e mesmo se o Jake fosse junto o que seria do Seth? Meus pensamentos voavam em várias direções ao mesmo tempo. Os minutos foram passando e ninguém arriscou dizer nada, até que meu avô decidiu falar.

-É claro que essa oferta inclui tanto você Jake, que é mais que da família, quanto você Seth, que também faz parte dessa grande família. Jamais deixaríamos a cidade, nesse momento, deixando vocês para trás.

-Eu não sei o que dizer Carlise, sempre me senti muito acolhido por todos. Eu... - Antes que o Seth pudesse continuar foi interrompido pelo meu pai.

-Seth sabemos que assim como a Nessie, você foi atingido brutalmente pela morte da Cris, e achamos que se saíssem temporariamente do ambiente que tanto os fazem lembrar dela podem retomar a rotina mais facilmente. E é claro que o Jacob não iria se separa da Nessie. - Parece que esse detalhe não era tão agradável para o meu pai, mas melhor não comentar.

-O que você acha Jake? - O Seth parecia preocupado com a opinião da Jake, que não era apenas o alfa da matilha, mas também seu melhor amigo.

-Eu tenho que concordar com o Edward, será mais fácil para você, assim como para a Nessie se mudássemos de ares por enquanto. Eu não tenho muitas opções, longe da Nessie eu não posso ficar, mas se você decidir ficar, não te deixarei na mão, você poderá contar comigo quando precisar.

-E a minha mãe? - Ele ainda se preocupava com os outros...

-Não ficará desamparada Seth, e sempre que quiser você pode vir para Forks. Ficaríamos felizes se você nos acompanhar. E tenho certeza que ela se sentira aliviada em saber que você pretende retomar a sua vida.- Meu pai conseguia transmitir a segurança que ele precisava para se decidir.

-Eu vou com vocês.

Ninguém disse mais nada, a escolha já havia sido feita, para a minha família se mudar era corriqueiro, a longa temporada nessa cidade era devido ao meu desenvolvimento. Se eu não existisse eles já teriam se mudado várias vezes. Como tudo já estava maio que certo, só tínhamos que fazer as malas, uma bela casa nos esperava no norte do Canadá. E quem sabe a oportunidade de recomeçar do Seth estivesse o esperando lá...