The Guardians escrita por Sofia Di Angelo


Capítulo 8
Capítulo 2- Will


Notas iniciais do capítulo

Oioi, mais um novo capítulo saindo para vocês. Boa leitura!



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— Concentre-se Will! - Eric disse quando eu caí novamente.

— Sinto muito - respondi me levantando de novo. Mas a verdade é que não sentia nada. Como ele podia esperar que eu me concentrasse depois de tudo o que Leo me explicara?

Eu havia ficado imóvel depois do episódio no refeitório, então Leo me levou ao meu quarto (Eric me deu a chave quando conversamos em sua sala) e explicou-me toda a história de Jack. Agora fazia sentido por que todos os outros guardiões queriam livrar-se da responsabilidade de contar ao loiro da minha chegada. Ele treinou a vida toda para receber os poderes, meus poderes. Eu imagino o ódio que ele deve estar sentido no momento. Queria ter me desculpado, ido conversar com ele. Não gosto de ter inimigos, e ainda assim já tinha feito Thea e Jack em menos de um dia, ótimo trabalho, Will! Mas não tive tempo de sequer fazer isso, Eric disse que preciso começar meu treinamento o quanto antes, já que os inimigos não vão perder a oportunidade de me atacar enquanto ainda sou vulnerável! Obrigado, Eric.

Assim que deu 17:00 horas, ele me buscou no quarto e nos dirigimos a uma sala que Leo não havia me mostrado. Ela ficava no terceiro andar, na direção oposta da sala de Eric. O quarto em si não era tão grande, mas estava bem organizado: várias estantes com livros de magia (?) e uma grande mesa de frente para a janela com uma cadeira que parecia ser bem confortável. Honestamente, aquela sala parecia um quarto de um mago (e depois eu descobri que realmente era). O centro era vazio, e um garoto loiro com óculos e que aparentava ter minha idade estava no meio usando um roupão, que na verdade era uma vestimenta de mago (mas ainda parecia um roupão).

Eric tentou me explicar à história dos feiticeiros. Pelo que entendi, (o que não foi muito) a cada geração, quatro pessoas também herdam certos poderes mágicos que os guardiões não possuem, essas pessoas são chamadas de feiticeiros. Cada um representa uma das direções da rosa-dos-ventos. O garoto na sala se chamava Jason e era o Feiticeiro do Leste. Os feiticeiros são agentes neutros, que oferecem conhecimento aos Guardiões - que eles têm graças aos livros escritos pelos antigos feiticeiros - e os ajudam em algumas horas, mas devido à separação dos guardiões, os feiticeiros podiam escolher qualquer um dos lados. Jason havia se aliado ao “lado do bem” e até agora, não há sinal dos outros três. Pelo que entendi esse mundo de magia funciona hierarquicamente. Então resumindo: os guardiões são superiores aos feiticeiros desta forma, os feiticeiros não conseguem fazer nenhuma magia que se iguale ao poder de algum guardião, eles dominam outras áreas da magia tipo teletransporte. Que é o que eu e Eric fomos buscar naquela sala.

Eric pediu a Jason que nos levasse a algum lugar que ele apelidou de “a caverna”. O feiticeiro fez como o mestre pediu e, em um piscar de olhos, estávamos lá. A caverna era uma sala de treinamento oculta dentro de uma das montanhas (só não sei qual), ela possuía um armário cheio de armas, academia, alvos e uma arena. Imagino que seja uma área de treinamento mais antiga do que as que têm na base, feita para treinar os novatos antes que eles possam usar os equipamentos sofisticados e difíceis, como o que vi Sky lutar hoje mais cedo.  Assim que chegamos, Eric passou uns 10 minutos me mostrando o lugar e me mandou escolher uma arma.

Eu abri o armário das armas e não havia nenhuma deste século, apenas arcos e flechas, espadas, escudos, lanças, facas e outros que eu nem sei o nome. Optei pela que parecia mais fácil de manusear: uma espada. Depois disso Eric me levou a arena, que parecia a parte interna de um coliseu: algumas arquibancadas ao redor de uma grande área feita especialmente para lutas. A diferença é que na área ao centro havia alguns objetos para te ajudar a lutar: como uns montinhos altos para você se esconder. Com certeza vou usar muito isso.

Nos minutos que se seguiram desde que eu e Eric entramos na arena até agora, eu já devia ter ganhado uns sete cortes de espada e caído vinte vezes no chão. Eric me ajudou a levantar novamente, colocou a mão em meu ombro e me olhou fixamente nos olhos:

— Eu sei que é difícil Will. Descobrir que é parte de algo maior, e já ter que aprender a se defender, a lutar, usar seus poderes... Mas eu acredito em você. Sei que vai conseguir. Todos já passamos por isso.

— E-eu sei. É só que - as palavras demoraram a sair- não sei se eu sou o cara certo pra isso.

— Isso é por causa de Jack? - ele perguntou surpreendentemente calmo. E eu respondi fazendo que “sim” com a cabeça.

Eric deu um suspiro e prosseguiu:

— Will, meu filho treinou a vida toda para ter seus poderes. Mas o universo escolheu você. Você é quem irá ser o Guardião do Trovão dessa geração. E se as forças maiores acreditam que você é capaz, eu também acredito!

Ele disse isso tudo de uma forma tão amigável e casual que parecia que eu estava falando com meu pai sobre algum problema na escola. Depois dessas palavras, eu acho que percebi que na verdade tenho mais potencial do que acredito ter:

— Obrigado, Eric!

— De nada, garoto! – ele disse me estendendo à espada que eu havia derrubado em minha ultima queda - Agora, de volta ao treino?

Eu peguei a espada e ele começou a me treinar novamente. Eu ia passar três dias ali, espero que eu aprenda bastante sobre artes marciais e lutas de espada, por que com o desempenho que eu havia mostrado até agora eu não duraria um minuto no campo de batalha.  Eric disse que durante esse tempo que passaríamos ali juntos ele me explicaria teorias e praticas. Ensinaria o mais básico sobre como usar espadas, arco e flechas e outros artefatos. Treinaríamos em alguns estilos de autodefesa e, mais importante de tudo: ajudaria-me a controlar meus poderes.

Não sabia se eu iria conseguir alcançar todas suas expectativas durante tão pouco tempo. Mas valia a pena tentar.

                                                              ***

Após um dia inteiro de treinamento intensivo, eu estava exausto, mas acho que estava indo bem para um novato. Já estava escuro quando Eric me chamou de novo:

— Will! Venha aqui, quero te mostrar uma coisa.

Caminhei ate onde ele estava na caverna, lá havia uma escada, encostada contra a parede. Eu subi logo atrás dele. No fim dos escalões havia uma portinha de madeira, que Eric abriu e subiu. A porta dava para o topo da montanha, desde lá de cima eu tinha uma vista perfeita da cidade e da floresta: era linda. As luzes artificiais e vibrantes da cidade contrastavam com a simplicidade e pureza da natureza. E ambos cenários eram iluminados pelas estrelas, que lutavam por aparecer em meio às nuvens carregadas, uma chuva forte iria cair a qualquer momento. Eric interrompeu minha contemplação depois de alguns minutos:

— Sabe por que te trouxe aqui, Will?

— Na verdade, não. - respondi honestamente. Ele sorriu e continuou:

— Qual foi a única coisa que eu não te ensinei hoje meu caro?

— Bom, o senhor me ensinou um pouco de autodefesa, e ficamos um tempão praticando arco e flecha e luta de espadas... Isso foi tud... - foi então que eu percebi o que ele quis dizer. Meu batimento cardíaco acelerou consideravelmente.

— Acho que você já sabe, certo? - ele disse notando meu nervosismo - Não há com o que se preocupar. Você não pode levar um choque elétrico causado pelo seu próprio poder.

— M-mas mestre, eu não sei usar meus poderes! A única vez em que consegui usa-los foi...

— Foi em uma situação de perigo. - ele me interrompeu, mantendo a calma e serenidade - Mas você não pode contar com que esses poderes apareçam apenas nas horas de perigo Will. Deve aprender pelo menos como ativa-lo.

— E como eu faço isso? - quanto mais ele falava, mais preocupado eu ficava.

— Simples. Apenas reviva os sentimentos que você experimentou quando Thea te atacou no orfanato. - achei que suas instruções iam acabar ai. Mas depois de ver minha cara de duvida ele continuou - Feche os olhos Will.

Fiz como ele mandou. Confio que ele não seja daqueles mestres que treinam seus alunos com tratamento de choque do tipo, começar a tacar adagas ninjas em minha direção e esperar que me desvie delas ou lance um raio para impedir que elas me acertem. Sendo assim, fechei meus olhos e continuei ouvindo suas instruções:

— Ótimo. Agora quero que pense Will - ele dizia enquanto me contornava - Pense na raiva que sentiu ontem a noite. Pense em tudo o que já te deixou com raiva...

 Eu me lembrei de Thea, do ódio que senti quando ela jogou minha irmã pela janela.

— Relembre da dor, Will.

Lembrei-me de Thea me jogando nas paredes do orfanato            

— Pense no medo. Do que você tem medo Will?

À medida que Eric me dava instruções sobre o que pensar, eu me relembrava não só de ontem à noite, mas também de toda a minha vida. Todos os possíveis sentimentos que um ser humano pode sentir começaram a se misturar novamente dentro de mim, igual quando ataquei a Thea no orfanato. Eu concentrei todas as minhas forcas em minhas mãos. Enquanto isso a chuva já havia começado a cair. Relâmpagos ecoavam a distância. Meu cabelo começava a cair na minha cara enquanto eu escutava a voz de Eric no fundo:

— Vamos lá Will! Mostre o que você consegue fazer!

O que eu consigo? Concentração... força .....1.....2.....3....

— IAAAAAAAAAAAA...- gritei o mais alto que podia enquanto apontava minhas mãos para cima, liberando um relâmpago no céu:

CABRUM.

Caí de joelhos no chão. Eu nem acredito que havia conseguido recriar esse golpe, para mim ia ser algo que eu alcançaria uma vez na vida e outra na morte!

— Muito bem Will! - Eric disse me ajudando a levantar- Sabia que ia conseguir!

— Obrigado por não desistir de mim, Eric!

— Garoto, você ainda tem muito para dar!- ele disse com um imenso sorriso de orgulho no rosto - Vamos descansar. Amanhã continuaremos o treinamento!

Ele me deu um tapinha nas costas e se dirigiu a porta de madeira para voltar a caverna. Enquanto eu ainda olhava para o céu, orgulhoso do poder que eu havia conseguido lançar. Nada como pelo menos uma conquista no seu primeiro dia de treinamento para te dar alguma confiança!


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