The Guardians escrita por Sofia Di Angelo


Capítulo 19
Episódio 4- Capítulo 1- Deuce


Notas iniciais do capítulo

Oioi. Voltei com o primeiro capitulo do Episódio 4- o qual, eu devo dizer, é o melhor episódio até agora. Espero que gostem!
Boa leitura!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/746306/chapter/19

 

Como era de se esperar, o trânsito estava um horror. Eu havia me esquecido completamente de que era uma sexta feira, e ainda resolvemos pegar o carro para ir para o centro da cidade próximo do horário de pico dos trabalhadores. Realmente, uma excelente ideia Deuce! E para piorar minha situação, minha perna estava começando a coçar, justamente a que Jason resolvera engessar. Por que essas coisas só acontecem quando não devem? Mas, vai tudo valer a pena. Ajudar um amigo é sempre uma boa causa, desde que eu não coloque meu pé no chão e sofra imensamente por isso depois.

De qualquer forma, chegamos ao prédio de Michelle ao redor das 20:40. O que já era mais rápido do que eu esperava, dado a quantidade de carros que estavam na estrada hoje. Kevin desceu primeiro e me ajudou a sair. Eu sempre tomando muito cuidado para não tocar o solo. Apoiei-me nas muletas e as usei para me locomover. Para alguém que nunca havia quebrado um osso na vida, eu até que estava indo muito bem. Realmente parecia que eu estava sofrendo para me mover e usar as muletas corretamente. Michelle não ia desconfiar de nada.

O moço da recepção reconheceu Kevin de cara assim que entramos:

— Kevin, há quanto tempo! - o rapaz do balcão, que aparentava ter seus 35, disse.

— Como vai James? - Kevin cumprimentou se aproximando- Sabe se Michelle está em casa?

— Ah! Essa é uma das visitas, né? Pedido de desculpas? - ele perguntou.

— Pois é! E para apresenta-la ao meu amigo aqui! - ele disse me introduzindo.

Arrasto meu corpo da forma mais rápida que posso até o balcão:

— Deuce, muito prazer!

— James - ele retribui - O que aconteceu?

— Me machuquei andando de bicicleta - inventei rapidamente.

— Ouch - ele fez uma careta de dor - Bom, boa sorte!

— Obrigado.

— Ela esta sim, Kevin. Sabe onde é, certo? Nono andar, apartamento 3.

— Pode deixar. Obrigado, James! - ele acenou enquanto nos dirigimos ao elevador.

Kevin segurou a porta pra mim e eu me apoiei no canto do elevador para aliviar o peso das mãos, enquanto o loiro pressionava o botão do nono andar.  Subimos sem ser interrompidos. A porta por fim se abriu e eu vi o nono piso: tinha exatos quatro apartamentos, numerados “1, 2, 3 e 4”. Realmente muita preguiça de escrever números com dois dígitos. Dois de um lado, um pequeno corredor (onde os elevadores estavam) e os outros dois apartamentos do outro lado. Nos dirigimos ao de número três e Kevin tocou a campainha.

TÉÉÉÉÉÉÉÉÉE.

Esperamos por alguns minutos até que uma doce voz saiu de dentro do apartamento:

— Quem é?

— Kevin - ele disse após um grande suspiro.

Ouço a chave girar duas vezes na porta antes dela se abrir. De lá, saiu uma garota de 16 anos. O que tecnicamente seria um ano mais nova do que eu, se meu aniversario não fosse a cada quatro anos (sim, 29 de fevereiro. Muita sorte, não?). E agora percebo que isso é o tipo de piada que Leo faria, desculpem por isso.

A garota tinha os cabelos levemente ondulados e da cor castanho claro. Ela usava uma trança de lado, com uma franja que cobria a parte superior da sobrancelha esquerda. Seus olhos eram marrom-canela. Ela utilizava um vestido vermelho com uma manga que cobria até seu cotovelo e umas botas marrons que batiam na metade da canela (com dois pompons saindo do lado externo de cada par). Quando ela abriu a porta, creio que ficou em dúvida se fazia uma cara de alegria ou raiva para o namorado:

— O que te traz aqui? - ela perguntou ao loiro.

— Eu sei, eu sei. Sou uma pessoa horrível. E sei que não há uma desculpa aceitável para meus furos - ele começou - Mas, queria te apresentar uma pessoa.

Ele se virou para o lado, e eu avancei mais três passos com dificuldade em sua direção:

— Meu Deus! - ela exclamou ao me ver - Que falta de educação a minha. Entrem, por favor!

Ela foi para trás da porta, deixando passagem para que nós dois entrássemos. Eles me ajudaram a sentar no sofá e ela inclusive pegou um travesseiro para que eu pudesse apoiar meu pé machucado.

— Obrigado - agradeci, enquanto Kevin se sentava ao meu lado e ela ocupava o sofá da frente.

O apartamento não era muito grande, mas estava muito bem localizado na cidade e por dentro ela o mantinha bastante organizado.  A sala em que estávamos sentados era a da tv. Havia uma grande televisão em cima de uma mesinha na frente, ao centro da sala. Dois sofás formavam quase um “L” em comparação ao aparelho.  Atrás do que estava de frente para o TV, havia uma porta que dava para o que eu suspeitava ser a cozinha. De frente para a porta da cozinha estava uma mesa de jantar com 4 cadeiras. Ainda havia um pequeno corredor para o qual eu não tinha uma visão muito clara. Mas provavelmente era onde estavam os quartos e talvez o escritório. Por último, havia um pequeno balcão atrás da mesa da cozinha, que dava vista para o centro da cidade.

Ficamos nos encarando por um tempo antes de um de nós tomar a iniciativa, no caso, eu:

— Bonito seu apartamento - disse a ela.

— Ah! Obrigada. Eu sou Michelle, a propósito. - Ela disse me estendendo a mão

— Deuce, amigo do Kevin - falei retribuindo o gesto.

— Mi, Deuce veio comigo até aqui para que eu te pedisse desculpas. - Kevin disse, já se desculpando - Eu deveria ter te ligado com antecedência para avisar que não ia poder ir aos encontros.

— Está tudo bem! Vejo que você só estava sendo um bom amigo e ajudando Deuce. - Ela disse apontando uma das mãos para mim - Me desculpa por não ter sido mais compreensiva.

Os dois abriram um enorme sorriso, e com certeza teriam se beijado se eu não estivesse ali do lado, sem saber onde enfiar minha cara. Então em vez disso, ele apenas se deram um forte abraço como quem diz “esta perdoado(a)”.

Depois que esse leve problema entre os dois foi resolvido, Michelle se levantou:

— Vocês aceitam alguma coisa?

— Se não for muito incomodo, eu aceito uma água, por favor - disse. Não havia percebido o quão cansado eu havia ficado por utilizar essas muletas.

— Pode deixar que eu pego - Kevin se levantou colocando a mão no ombro da garota, que se sentou em seguida.

Kevin entrou na cozinha nos deixando a sós. Como eu odeio silêncios desconfortáveis que se instalam de repente, resolvi puxar algum assunto:

— Então, há quanto tempo estão namorando?

— Faremos 9 meses no dia 9 de agosto. - ela respondeu com um sorriso meigo, quase deixando as bochechas corarem.

— Olha, daqui a 13 dias! Parabéns - disse amistosamente.

— Obrigada. Mas me diga, como acidentou a perna? - ela perguntou com pena.

— Ah, foi pura burrice minha! Cai andando de bicicleta a alta velocidade em um morro.  Eu sai rolando morro abaixo e a bicicleta caiu em cima da minha perna. - essa foi a melhor mentira que já inventei na vida.

— E quanto tempo vai ter que ficar com o gesso? - ela perguntou preocupada.

— Faltam 26 dias! - contei como se o primeiro dia tivesse sido no ataque da floresta, então 30 menos 4, 26.

Na mesma hora, Kevin apareceu com um copo d’agua na mão:

— Aqui está, Deuce - ele me estendeu o copo.

— Muito obrigado.

Comecei a beber e Michelle voltou a perguntar:

—E, você é inglês certo?

Apenas faço que sim com a cabeça antes de ela continuar a pergunta:

— De qual parte da Inglaterra você é?

— Ah sim, eu sou de… - Sou interrompido pelo meu toque de celular. - Desculpem-me.

Peguei o celular e vi que era o contato de Sky. Coisa boa não deveria ser:

— Alo? - Atendi a chamada.

— Oi, Deuce? - escutei a voz de Leo vindo do outro lado da linha.

— Sim, sou eu. O que houve?

— Will e Jack. Rastreamos seus celulares e descobrimos que eles estão nas fora da cidade. Temos quase certeza de que estão em problemas. Estamos indo pra lá agora.

— Ainda estamos na casa da Michelle… - disse para que Michelle não suspeite de quem está do outro lado da linha. Afinal, íamos precisar de uma saída estratégica dali e sem levantar suspeitas.

Leo pareceu não entender o que eu estava fazendo, mas a voz de Cléo começou a me responder. Eles provavelmente haviam deixado o celular no viva voz:

— Certo. Se eles estiverem em problemas vamos precisar de reforços. Você e Kevin precisam vir pra base e pedir para Jason transportar vocês. Ele vai saber onde é. Só digam que vão ir pra onde nós fomos.

— Ok. Nos esperem então - eu disse.

Ela assentiu e desligou o telefone. Sabia que essa história de Jack e Will não estava certa. Então eles realmente não haviam ido a biblioteca, mas sim para os arredores da cidade. Pergunto-me o que eles foram fazer lá. Mas se haviam mentido, não podia ser coisa boa. Precisava alertar a Kevin que tínhamos que sair dali o mais rápido possível. Desliguei a chamada e guardei o celular no bolso novamente. Os dois me encaravam:

— Era minha tia. Disse que eu tenho que ir pra casa agora. Ela não gosta da ideia de eu ficar por ai até tarde com a perna quebrada - disse tentando soar o mais natural possível.

— Claro. Tinha me esquecido disso. - Kevin disse levantando do sofá e me ajudando a fazer o mesmo.

— Vocês tem que ir agora então? - Michelle perguntou.

— Sim, me desculpe. Eu estou hospedado na casa da minha tia que mora nesta cidade. Ela fica muito preocupada quando chego depois do horário – disse - Mas foi um prazer te conhecer! - abri um sorriso, enquanto dava o copo a Kevin.

— Igualmente - ela nos acompanhou até a porta e a abriu para nós - Tomem cuidado na estrada.

— Vamos sim! - Kevin falou dando-lhe um beijo de despedida, e entregando-lhe o copo.

Eu apertei o botão para chamar o elevador e entrei para segurar a porta, enquanto os outros dois diziam “tchau”. Kevin veio andando em minha direção e acenamos para Michelle até que as portas do elevador se fecharam completamente:

— Quem era? - Kevin se virou preocupado.

— Leo e Cléo no celular de Sky. Rastrearam Jack e Will na periferia da cidade. Temos que ir pra lá agora - disse resumindo a história.

Kevin fez uma expressão de que ia perguntar algo mais, mas foi interrompido pelas portas do elevador que se abriram no quinto andar. Uma família de seis pessoas, incluindo quatro crianças que aparentavam ter entre 2 e 11 anos entraram no elevador. Eu me espremi ainda mais no canto, tentando me afastar ao máximo das pequenas criaturas, que entraram literalmente pulando de alegria. O pai apertou o botão do estacionamento e o elevador voltou a descer. Um dos meninos, que parecia ter uns 6 ou 7 anos, estava completamente energético. Pulava enquanto falava alegremente com sua mãe:

— Carlos, pare de pular, ou não vamos mais sair! - A mulher o reprimiu enquanto carregava a mais nova das crianças no colo.

Ele pareceu aquietar-se por um tempo. Mas ai teve a brilhante ideia de começar a dar voltas em torno de si mesmo. Sua mãe pareceu não se incomodar, já que dar voltas não faz parecer que o elevador vai cair a qualquer momento. Em uma dessas piruetas, o menino perdeu o equilíbrio e caiu para trás, pisando exatamente em meu pé engessado, fazendo-o tocar o chão.

Foi uma questão de segundos antes do garoto retirar seu pé rapidamente e me olhar com preocupação pedindo desculpas. Sua mãe o puxou para trás:

— Mil desculpas, moço - ela disse preocupada enquanto olha furiosamente para o filho - Você está bem?

 Eu não consegui responder. Foram apenas alguns segundos. Mas esses segundos foram o suficiente para o feitiço de Jason fazer efeito.  Todo o sangue do meu corpo começou a ferver. Meus ossos começaram a doer, como se estivessem sendo esmagados por pedras. E minha pele ardia como se eu estivesse mergulhando em chamas.

Kevin notou minha forte tentativa de não gritar e veio ao meu socorro:

— Deuce. Você está bem? - ele disse colocando um de meus braços ao redor do seu pescoço.

Mas eu simplesmente não conseguia responder. Aquilo era diferente de tudo o que já havia sentido na vida. É como se tivessem colocado magma quente em meu corpo e ele estivesse consumindo-me lentamente de dentro para fora. O elevador por fim apitou, avisando que havíamos chegado a recepção. Kevin caminhou para fora, levando-me consigo. Ele se despediu de James na saída e nos dirigimos rapidamente em direção ao carro.

Minha respiração começava a ficar pesada, a dor se espalhava para todas as partes do meu corpo, tornando inclusive difícil enxergar. Kevin percebeu a urgência da situação e usou sua velocidade sobre-humana para me levar rapidamente para o carro. Ele destrancou a porta e a abriu. Eu literalmente me joguei no banco do passageiro, esperando que o feitiço de reversão funcionasse. Kevin fechou a porta atrás de mim, para que ninguém visse o feitiço, e entrou no carro.

A mesma nuvem que colocou o gesso em minha perna retornou e a cobriu novamente. O gesso se transformou em faixas brancas, que taparam todo meu corpo, aliviando a dor. Por fim as faixas desapareceram e a nuvem se desfez. Comecei a respirar fortemente em alivio:

— Deuce, eu sinto muito por isso - Kevin disse sentindo-se culpado - Você está melhor?

— Vou sobreviver – falei - Não sabia que a magia de Jason havia ficado tão forte. - respondi ofegante.

— Muito obrigado por tudo que você fez hoje.

— Disponha! - exibi um sorriso.

Logo me virei e coloquei o cinto, retomando minha voz séria:

— Enfim, Jack e Will estão em problemas. Temos que ir para a base e pedir um teletransporte para alcançar os outros.

— O que será que esses dois aprontaram dessa vez? - Kevin disse girando a chave do carro.

Ele pisou no acelerador e pegou a pista principal, indo o mais rápido que podia em direção a base:

— Essa noite está ficando muito mais animada do que eu esperava que fosse ser - ele disse dando uma risada.

— Nem me fale - concordei.

Como se ter seu pé enfaixado para ajudar seu amigo a fazer as pazes com a namorada já não fosse o bastante. Ainda sofri a pior das dores com a magia de Jason. Agora temos que ir até a base pedir para Jason usar sua mágica em nós novamente, nos mandar para sabe-se lá onde aqueles dois foram se meter e impedir que eles se envolvam em qualquer encrenca catastrófica. Realmente, esta noite está muito mais emocionante do que eu havia planejado. Agora me arrependo por não ter ficado quietinho na base jogando UNO e comendo pizza!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Escrevam o que estão achando da historia nos comentários.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "The Guardians" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.