The Guardians escrita por Sofia Di Angelo
Notas iniciais do capítulo
Sei que alguns de vocês estavam esperando um capitulo de vilões e outros, um capitulo de herois. E a verdade, é este aqui não é nem de um nem de outro.
Voltei hoje com o ultimo capítulo do terceiro episodio e o primeiro a ser narrado por Jack.
Espero que gostem.
“Se arrependimento matasse eu já estaria morto”. Esse ditado descreve exatamente como eu me sentia agora: como um idiota arrependido. Como eu não percebi a idiotice que estava fazendo? Acreditar em vilões foi definitivamente a coisa mais estupida que já havia feito. E agora, por culpa do meu egoísmo, que me cegara, Will iria sofrer as consequências do meu erro e talvez despertar o Guardião das Mentes.
Bom, como o combinado de manhã, eu e Will voltamos à biblioteca. Chegamos as 19:55, devido a um leve atraso na saída da base graças a um encontro inesperado com Deuce e Kevin. De qualquer forma, faltavam ainda 5 minutos para o horário marcado, então só nos restava esperar:
— Não acha que deveríamos ter avisado a Deuce e Kevin? - Will começou a puxar assunto.
— Por quê? – respondi sem prolongações.
— Sei lá. Fazer acordo com vilões. Caso algo der errado eles podem vir nos ajudar. - o garoto disse.
— Nada vai dar errado! Eu estou aqui caso o pior aconteça. Só vamos nos livrar dos seus poderes e pronto. - disse encerrando a conversa.
Por algum motivo, não conseguia ser gentil com Will. A verdade, é que tudo nele me irritava. O fato de ele ser o Guardião do Trovão e eu não, de estar aprendendo a controlar seus poderes tão rápido e, principalmente, o fato de ele estar disposto a se livrar deles. Ele realmente não se importa em ser poderoso ou nada do tipo, inclusive abdicaria de seus dons paranormais nesta mesma noite e voltaria a ser uma pessoa normal. O fato de ele não querer os poderes para ser superior a ninguém é uma ótima característica para o guardião. Além de tudo ele ainda parecia ser uma ótima pessoa. Alguém que eu gostaria de ter conhecido em outra ocasião. E isso só piora a situação. Se ele fosse algum idiota qualquer, eu não me sentiria mal por estar prestes a tirar seus poderes. Mas o fato de ele ser uma boa pessoa me irritava e me fez questionar se o que eu estava fazendo era realmente certo.
20:00. O alarme em meu celular começou a apitar. Alcançei a aparelho no bolso traseiro da calca e apaguei o alarme:
— Você colocou um alarme no celular pra isso? - Will perguntou.
— Não gosto de atrasos. Caso dê 20:01 e eles ainda não estejam aqui, nós vamos embora - eu respondi.
Se eles não chegassem pontualmente significava que não estavam tão interessados no acordo. E se tem uma coisa que eu não gosto, é esperar. Após um longo e interminável minuto, eu chequei meu celular novamente: 20:01:
— Vamos indo, Will - eu disse tirando a chave do carro.
— Aonde vai com tanta pressa, loiro? - escutei a voz de Dan se aproximando.
Viro-me rapidamente e vejo o garoto parado na esquina da biblioteca, ainda com a mesma roupa que ele utilizava hoje de manhã.
— Pensei que não vinha mais – disse.
— Passou apenas um minuto! Enfim, Elize está no carro. Vamos? - ele apontou a direção e virou a esquina da biblioteca.
Eu fiz um sinal de “vamos” com a cabeça para Will e me pus a caminhar. Mas ele me puxou pelo braço:
— Olha, eu acho melhor não fazermos isso.
— Vai amarelar agora? Pensei que não queria os poderes. – disse.
— Eu sei, eu sei. Mas tem que ter outro jeito. Não confio muito nesses caras! - ele me olhou preocupado.
Eu balancei a cabeça como um sinal de negação e soltei meu braço:
— Não há outro jeito! – eu aumentei o tom de voz levemente - Se você tem tanto medo assim, só prova que realmente não merece ser um guardião! - disse virando a esquina.
Ele veio logo atrás de mim, com passos mais lentos e um olhar desconfiado encarando a Dan. Dan subitamente para, ao lado de uma Mercedes preta, onde Elize nos encarava do banco do motorista.
— Depois de vocês - Dan nos disse abrindo a porta de trás.
Eu entrei primeiro, e Will veio logo atrás de mim. Dan fechou a porta e se dirigiu ao banco da frente:
— Lá vamos nós! - ele se virou para Elize, enquanto ela dava partida no carro.
***
Depois de um booom tempo, chegamos a uma casa completamente isolada nas aforas da cidade. Dan parou o carro na garagem em frente a casa. Todos desceram do carro, enquanto Dan abriu a porta da frente, fazendo um sinal de “entrem”. A casa era completamente nova, não chegava a ser uma mansão, mas era bem grande. O salão de entrada tinha dois sofás com uma mesinha baixa no centro. Um pouco afastado dos sofás, havia um balcão, e na parte de trás deste, havia um congelador e uma pia. Observei Will entrar silenciosamente ao meu lado. Ele parecia preocupado, e encarava tudo a seu redor, como se uma cobra venenosa fosse sair de um dos cantos e mata-lo a qualquer momento.
— Por aqui! - Elize disse enquanto abria uma porta localizada atrás dos sofás.
Descemos as escadas e chegamos ao porão. Lá, uma máquina completamente diferente de qualquer coisa que eu já havia visto até hoje se encontrava no canto. Notei um cabo que saia diretamente da máquina e ia até a parte de trás de uma cortina velha e vermelha, que se encontrava na outra ponta do porão.
— Certo, não temos a noite toda! - Dan começou a dizer impaciente - Will entre na máquina de uma vez!
— O que? - Will soltou por impulso. Ele se acalmou por um tempo e prosseguiu - Claro, só me deem um momentinho com Jack, por favor.
Dizendo isso, ele me puxou para um lado e baixando a cabeça disse a sussurros:
— Eu não vou entrar ai Jack. Vamos embora! - ele disse com um tom sério e decidido.
— Ora rapazes! - Dan chegou por trás, colocando as mãos em nossos ombros- Não vão desistir de seus sonhos agora que estão tão próximos, não é?
— Não! Não vamos - eu disse me livrando de seu pesado braço, e ao mesmo tempo dirigindo-me a Will.
Este por sua vez, me encarou com um olhar fixo, enquanto apontava com a cabeça pra a cortina. Depois, mesmo que contra sua vontade, se dirigiu a máquina. Enquanto Elize lhe explicava o que iria ocorrer, eu me dirigi a Dan para obter minhas próprias respostas (já que não escutava o que Elize dizia a Will):
— Diga-me, como isso funciona mesmo?
— A máquina? Simples. Elize aciona a máquina com sua energia, esta por sua vez, absorve os poderes de Will. Uma vez extraídos, nós o coletamos e o injetamos em você - ele disse.
— Certo. E o tal “lugar de coleta” dos poderes deve estar atrás da cortina certo? - perguntei, começando a me questionar se Will tinha alguma razão para duvidar dos dois.
— Não se preocupe com isso! - ele disse simplesmente.
— Pronto! - Elize gritou, enquanto se dirigia a parte externa da máquina para inserir sua mão e transferir sua energia para ligar a máquina.
Will estava parado dentro da máquina. Braços e pernas quase sem movimento e seu olhar ainda me encarando fixamente, me dizendo para checar a maldita cortina. Enquanto Dan orientava Elize sobre onde ela deveria alimentar a máquina com sua energia, eu me aproximei da cortina. Posicionei minhas mãos para puxa-la e revelar o que se encontrava atrás dela, quando Dan me distraiu com um forte grito:
— Não toque nisso!
Mas eu puxei a cortina com todas as minhas forças. O pedaço de pano vermelho caiu no chão, revelando um paralelepípedo de uma substancia magica que se assimila com o nosso gelo, mas não é feito de água. Dentro dele, um homem que aparentava ter seus 38/39 anos estava aprisionado. Seu cabelo era longo e preto, e caia sobre seu rosto. Dentro daquele bloco, ele parecia quase morto. Assim que e cortina caiu eu cambaleei, dando um paço para trás:
— O Guardião das Mentes! - disse espantado.
— Eu disse para não tocar nisso, garoto - Dan falou detrás de mim.
— Você nos enganou - eu gritei enquanto tirava minha adaga e a apontava em sua direção.
Dan deu um sorriso de lado:
— Realmente vamos fazer isso do jeito difícil? Elize ligue a máquina!
A garota levantou a mão, reunindo energia a seu redor.
— Não! - ouvi o desesperado grito de Will de dentro da máquina.
Droga! Levantei a adaga e a mirei na direção de Elize, acertando em cheio seu ombro direito. Ela urrou em dor, enquanto toda a energia que coletara desaparecia no ar.
— Ora, ora! - Dan sacou uma espada - Parece que alguém aqui quer brigar!
Eu tirei o casaco que estava usando até agora, revelando as duas espadas que eu trazia escondidas nas costas. Empunhei o as espadas e investi em meu primeiro ataque. Dan bloqueou minha espada direita com sua arma. Eu investi a esquerda contra seu pulmão, mas ele me chutou para impedir o ataque. Dan começou a enfurecer-se e veio girando a espada em minha direção. Ele levantou a arma e a desceu com força, eu bloqueei seu ataque com minhas duas espadas formando um “X”. Chutei sua canela e o fiz perder a postura. Investi meu segundo chute contra sua barriga, derrubando- o no chão.
Pelo canto do olho, vejo Will contorcendo-se para tentar sair da máquina, enquanto Elize já havia tirado a adaga de suas costas e se levantava furiosamente. Caso ela se levantasse, eu e Will estaríamos perdidos. Eu não tinha chance contra dois guardiões. Pensando no único que podia fazer, arremessei uma de minhas espadas contra a máquina, quebrando o vidro e fazendo com que Will caísse no chão.
— Boa jogada! - Dan disse se levantando e chutando-me a cara.
Ainda me recuperava do golpe quando ele apareceu na minha frente e socou a minha cara, derrubando-me no chão. Ele chutou minha espada para longe:
— Vejo que se cansou de usar armas! - disse ironicamente tentando me levantar.
— Não são tão divertidas quanto isto - ele disse dando-me outro soco na cara.
Ao fundo do porão, escuto barulho de raios e grunhidos. Elize e Will haviam travado sua própria batalha. E dado que Will era um novato, não podia contar com ele para me ajudar. Dan me levantou do chão e me jogou contra a parede, preparando sua mão para o próximo golpe. Eu simplesmente levantei o pé, acertando sua garganta. Ele tentou recuperar a respiração e me largou no chão. Investi meu primeiro soco, fazendo-o perder ainda mais o equilíbrio. O chutei uma última vez, derrubando-o no chão, e levantei meu punho para dar-lhe um soco forte o suficiente para deixa-lo inconsciente. Isso deixaria uma abertura de tempo perfeita para que eu e Will saíssemos dali! Preparei-me para descer minha mão na sua cara, quando um raio me acertou e arremessou-me longe. O raio me deu um choque e me fez contorcer no chão. Pelo canto do olho, vejo Elize com uma mão apontada em minha direção, como se fosse desferir seu próximo ataque. Enquanto Will me olhava preocupado eu o ouvi dizer:
— Eu me rendo - ele disse colocando as mãos lentamente acima da cabeça como sinal de rendição.
Não acredito! Se não fosse por mim Will talvez tivesse vencido sua luta contra Elize. Eu o havia feito perder. Mais do que isso, o havia feito se render. Ele realmente desistiu de lutar pra me salvar, mesmo depois de tudo o que eu havia feito a ele.
—N.…não faca is...- eu tentava dizer, mas a eletricidade em meu corpo me impedia de manter-me estável.
Dan se aproximou de mim e abaixou-se a meu lado:
— Mas que ironia do destino. Parece que no final das contas, Will é poderoso! Haha. Quão irônico é isso? - ele disse quase morrendo de rir.
Dan se levantou de novo e se dirigiu ao fundo da sala, onde vejo Elize algemar Will.
— Acabe com isso, sim? - Dan disse virando-se para Elize
— NÃO! - Will gritou, enquanto uma carga de energia saiu da mão de Elize e me acertou, dando-me mais uma descarga elétrica, mais do que meu corpo conseguia aguentar. Eu caio inconsciente no chão sem chance de ajudar Will ou sequer me ajudar. E o que é pior, com a certeza de que irão sugar a energia vital de Will para tentar despertar o Guardião das Mentes. E tudo era culpa minha... Eu pensava culpadamente enquanto meus olhos se fechavam e eu perdia meus sentidos.
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Comentem o que acharam. Vejo vocês no proximo episodio!