Capítulo 11 – Promessa

- Eles estão passando por muita coisa juntos, Jacob, querido. – Renée tentou explicar-lhe.

- Não justifica! – Ele exclamou. – Bella está lá em cima, chorando, sem ao menos querer falar comigo...

- Eu sei que é difícil para você vê-la desse jeito. – Renée tentou acalmá-lo. – Eu sei dos seus sentimentos por ela.

- Sa-sabe?

Jacob encarou-a, atônito.

Desde que Bella havia mudado para Forks, Jacob a conhecera em uma das primeiras idas dela para a praia de La Push, com seus pais. Desde então, os dois têm mantido contato, a amizade permaneceu, mesmo com a distancia e, com isso, surgia algo mais que a amizade no peito de Jacob. Mas ele sabia bem que esse tipo de relacionamento não dura com a distancia.

Após uma longa conversa com Renée, ele decidiu ir ver como Bella estava. Mas foi em vão. A porta do quarto continuava trancada, impedindo que alguém entrasse. Sua mente girava, buscando uma alternativa para aplacar o sofrimento de ambos.

Embora sentisse algo maior que uma simples amizade de longa data por ela, por Bella, Jacob não podia deixar de tentar fazer com que ela fosse feliz. Mesmo que essa felicidade não fosse ao seu lado. A única coisa que ele sabia que era importante neste momento, era vê-la bem novamente, mesmo que isso custasse algum tempo sozinho se remoendo.

- Olá, Sra. Cullen. – Ele disse exasperado na porta da casa vizinha.

- Oh, Jacob, querido, entre! – Esme sorriu. – Quanto tempo não lhe vejo. Como está?

- No momento, estou mal. Preciso conversar com Edward, se não se importa. – Ele pediu.

- Imagine. Suba. Ele está no quarto. Última porta a direita.

Jacob correu pelas escadas. Seu movimento, brusco, era seguido pelo olhar de Esme.

- Edward! – Ele exclamou. – É Jacob! Abra!

- Vá ficar com a Bella, Jacob! – Edward respondeu em retorno.

- Não, abra! Eu não vim aqui por ela, agora abra!

Relutante, ele abriu. Não ousou encarar o rapaz alto e moreno, apenas abriu a porta e voltou para o livro que lia. Jacob fechou a porta e encostou-se nela, mostrando que não iria sair, enquanto não conversassem.

- Porque está aqui, se ela não te pediu? – Edward perguntou seco.

- Porque eu gosto demais dela, para vê-la daquele jeito.

- Me diga algo que não sei. – Ele debochou.

- Porque fez isso?

- Escute bem. – Edward disse irritado. – Você sabe que eu estou doente. Você sabe que não vou viver tempo suficiente para poder ficar com ela. Não sei quanto tempo de vida eu tenho, a única coisa que sei, é que a amo suficientemente, para pedir que você a faça feliz. Simplesmente, porque eu não vou poder estar com ela a vida toda.

As palavras saiam rápidas demais. A voz embargada de Edward, lhe dizia todos os motivos pela escolha tão repentina. Jacob o ouvia tão atentamente, que não se preocupou em interrompê-lo. Quando ele finalmente caiu sobre a cama, passando as mãos no cabelo, Jacob resolveu falar.

- Sei que pensa assim. Todos sabemos que você está condenado e bla-bla-bla. – Ele disse cético, mas não deixando o tom de deboche para trás.

- Novamente. Diga-me algo que não sei.

- Escute. Ela é uma pessoa maravilhosa, que, neste momento – ele foi até a cortina e a abriu. – está ali, trancada. A única pessoa que vai conseguir falar com ela, é você. E, sugiro que peça desculpas e diga que foi um ataque de ciúmes bem idiota.

- Porque eu faria isso?

- Porque você a ama, ela te ama e eu amo ela o suficiente para querer que ela seja feliz.

- Me prometa algo.

- O que quiser. – Jacob assentiu.

- Vai cuidar dela quando eu não estiver mais aqui. – Edward falou, respirando profundamente, olhando para a janela do quarto de Bella.

- Eu prometo.

Jacob assentiu, depois deu um abraço amigável em Edward e assistiu-o pular a janela e escalar a árvore.

Ali, acontecia algo que eles não sabiam. Surgia uma nova amizade, nascia uma promessa que duraria para a vida toda. Um sentimento de confiança começou a brotar em Edward e, por mais louco que aquele ataque de ciúmes o tenha deixado, ele sentia que a coisa certa a se fazer era ir conversar com Bella.

Edward passava pelo telhado e sentava sobre o galho espesso da árvore. Ele desceu até o meio dela e então subiu novamente, indo em direção à pequena varanda em frente ao seu quarto. Respirou fundo, sentiu seu coração palpitar, mas seguiu em frente, entrando pela janela.

Bella estava tão perdida em seus devaneios, que não o viu entrar. Ela estava em sua cama, deitada, com os braços em volta do joelho, como uma bola. Era a forma que ela procurava se confortar... era como juntar os pedaços.

- Me desculpe. – Edward disse baixo, sentando-se ao lado dela na cama.

Bella não o encarou. Apenas desfez-se de sua posição e levantou da cama, indo em direção á janela. O silêncio predominava no quarto. Edward continuou sentado; passou as mãos pelas mechas cor de cobre e então suspirou profundamente. O que ele havia feito?

- Deus, o que foi que eu fiz? – Ele questionou a si mesmo.

- Acabar com um namoro de pouco mais de um ano por causa de um ciúme idiota... Ou quem sabe porque você acha que eu ficaria melhor com alguém que tem mais tempo de vida do que você. – Bella disse seca. – Foi isso o que você fez.

- Mas só porque você sabe que eu tenho razão. – Ele levantou-se e andou até ela, parando logo atrás. – Você sabe que eu te amo a ponto de renunciar o seu amor, a sua presença, a minha felicidade... para que você possa viver completamente ao lado de outro que te ama, não é?

Bella arrepiou-se por inteiro ao sentir a respiração dele atrás de si, em sua nuca, em seu ouvido, sussurrando palavras tão lindas e tão verdadeiras. Seu coração não queria aceitar aquilo, era certo, mas não era preciso.

- Existe uma clara diferença entre o que é certo e o que é preciso, Edward Cullen. – Ela disse, virando-se para ele, envolvendo-o com seus braços. – E agora, eu só quero saber do que é preciso.

- Me perdoe.

- Te perdôo.

- Porque veio?

- Porque Jacob me mostrou que eu estava errado, que ele estava certo. Mas que eu também tinha razão. – Edward respondeu.

- Jacob falou com você? – Ela arregalou os olhos.

- Sim. E nós fizemos uma promessa. – Ela assentiu para que ele continuasse. Edward engoliu seco. – Se algo acontecer a mim, ele vai cuidar de você.

- Mas.-

- Nada de ‘mas’. Ele te ama o suficientemente para poder cuidar de você. Eu te amo suficientemente para pedir isso a ele. Você nos ama suficientemente para conviver com isso.

Edward fechou os olhos e ficou abraçado a Bella por algum tempo. Seus dedos brincavam com as mechas do cabelo dela, acalmando-a.