City of Angels escrita por May Prince


Capítulo 12
Capítulo 11




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Corri pelo estreito corredor que tinha umas portas trancadas - claro que tentei abri-las - e no final do mesmo tinha uma porta de ferro de correr, ela era bem pesada, mas com muito esforço consegui abrir.

John se aproximou com uma carranca e disse: - Você é maluca? Sabe o que tem aí?

— Um monte de testosterona explodindo. - passei pela por que dava para um quintal com grama, no final do mesmo havia uma oficina de onde saia vozes altas e alguns gritos.

— Felicity, é perigoso - Dig segurou meu braço

— Por isso mesmo que precisamos tirar ele daqui, John.

— Oliver sabe muito bem o que ele faz da vida dele - começou - Você acha que em todos esses anos eu não tentei tirar ele, Felicity?

— Ele entrou por minha causa, vai sair por mim minha causa também.

— Ele sairia pela filha de vocês.

— Eu não vou contar a Oliver sobre ela, nunca. - dei as costas a John e sai andando em direção a oficina/ring de luta(?)

— Você está sendo egoísta - suspirou

Eu nunca permitiria que alguém me chamasse de egotista em relação a minha filha. Só eu podia me sentir assim, afinal... Eu contei a todos sobre a minha gravidez. Ninguém acreditou em mim, apenas a minha mãe. Ninguém me procurou pra saber a verdade, todos acreditaram no ataque que Oliver deu. Eu nunca que iria me rebaixar e correr atrás de alguém pra mostrar que Melanie era real, nunca. Melanie era a coisa mais real na minha vida, mais importante, meu maior presente. O maior presente que Oliver poderia ter me dado. Mas ele não acreditou quando contei, então eu não posso fazer nada.

— Não chama de egotista - ralhei me virando - Eu contei, contei a todos. Ninguém acreditou em mim, Johnny, ninguém - apontei o dedo pra ele - Nem você.- ele simplesmente abaixou a cabeça - Eu não iria me rebaixar pra correr atrás de ninguém pra provar que a minha filha é real, ELA não precisa ser rebaixado dessa forma. Ela tem a mãe dela, não precisa mais de nada.

— Desculpa, Felicity...

— Vamos tirar Oliver daqui - falei andando em direção a oficina

Quando entrei vi que o local era bem sinistro. Tinha um octógono no meio do lugar, umas velas nas janelas e a luz era fraca, dava um ar de mistério que me fez arrepiar. Tinha uns lustres com velas também, e uns com lâmpadas. Umas mulheres de calça preta, top e salto passavam com bandejas servindo os homens, umas estavam sentadas no colo deles.

Será que Oliver se relacionava com esse tipo de mulher?

— Ele vai subir agora - Dig disse atrás de mim

E então as luzes se apagaram e três homens subiram no octógono. Um reconheci ser Oliver, estava apenas de bermuda tactel curta com o símbolo da Liga. O outro homem tinha um short parecido com o de Oliver, porém todo preto. O outro era uma versão bem velha de Ra’s Al Guh, esse estava no meio dos dois homens com um sorriso sinistro no rosto.

Olhei para Oliver que estava com uma cara de poucos, sua respiração estava rápida. Seu abdômen subia e descia freneticamente, Oliver estava puto. Reparei mais um pouco nele, ele mudou muito nesses 7 anos. Ele estava mais definido - e que definição - a tatuagem na costela ainda estava lá, mas a no peito era nova, essa eu nunca tinha visto. De longe me parecia uma estrela. Oliver era um Apolo na Terra e aquela cara de ódio o deixava ainda mais sexy.

— Ta caindo uma baba aqui, Sra Queen

— Vai a merda! - bufei

— Aquele é Rick Flagg- falou cruzando os braços

— Hmmm - falei – Devia saber quem é?

— O que uma coisinha linda dessas faz por aqui? - um cara com um tapa olho falou se aproximando e rindo maliciosa

— Ela está comigo, Slade. - John disse

— Traindo Lyla, Senhor Diggle?

— Essa aqui é a Senhora Queen.

— Eu achava que ela nem exista. – sorriu – Slade Wilson, prazer.

— Felicity Smoak, prazer. - falei andando em direção ao octógono

— Felicity - John gritou e então Oliver nos viu. Lembra que eu disse que ele estava com uma cara de puto? Agora triplica. Ele não podia fazer nada, porque Ra’s anunciou o início da luta e meu coração apertou.

Ele deu o primeiro soco fez o adversário voar para o outro lado do octógono, a multidão de homens se aproximou e eu não conseguia mais ver John. Olhei desesperada para Oliver que não sabia se prestava atenção em mim ou tentava desviar dos golpes de Flagg.

— Cuidado, Oliver! - gritei quando Flagg avançou com um chute que se Oliver não segurasse o tornozelo seria no nocaute na certa.

Oliver avançou e disparou vários socos em Rick que não conseguia desviar, sangue jorrava e urros de dor saia da boca de Flagg. Oliver iria ganhar, isso era certeza. Se eu não tivesse reagido quando um cara passou a mão em mim, Oliver teria ganhado se ele não desviasse sua atenção para meu grito seguido de tava na cara de um bombadão branquelo dando tempo para Rick Flagg enfiar uma faca em seu abdômen que o fez cair no chão. Ele teria ganhado se eu não tivesse lá, ele não teria se machucado se eu não tivesse lá.

Desespero, sim... Desespero era a palavra. Tudo aconteceu tão rápido, o tal de Slade socou o cara que me assediou e me rebocou para fora da oficina e John foi a socorro de Oliver estirado no chão do octógono. Ra’s Al Guh anunciou de má vontade o ganhador e depois deu as costas olhando com desgosto para mim.

Mas um pra fila “Odeio Felicity”. Eba!

Tudo bem que até eu estava me odiando naquele momento. Porque não ouvi Oliver e fui embora? A culpa não era minha se o próprio Oliver me ensinou a reagir dessa forma. Agora ele estava ferido e a culpa era minha por estar lá.

— Me solta, Slade – me debatia nos braços de Slade enquanto ele me levava para fora pela porta dos fundos que dava para um beco deserto – Preciso vê-lo.

— Calma, garota – segurou meus braços – John está trazendo ele.

— Estamos aqui – escutei a voz de John e logo eles apareceram pela porta. Oliver estavam  com um braço em volta do pescoço de Dig e a outra mão pressionando o machucado que não parava de sangrar.

— Eu mandei você ir embora – Oliver falou entre suspiros

— É garoto, parece que você não tem muita moral com a sua esposa. – Slade falou com humor.

Como ele conseguia levar isso no humor? Oliver não parava de sangrar.

— Você está bem? – perguntei cautelosa

— Eu mandei você ir embora – ralhou

— Você não manda em mim – retruquei

— Vocês dois. Chega! – Dig exclamou – Para onde, Oliver?

— Liga – falou ao mesmo tempo em que eu dizia: - Hospital

— Não é a primeira vez que isso acontece, Felicity – Oliver disse com desdém – Sei cuidar de mim.

Ele estava puto ainda. Não pelo fato de ter perdido, mas sim por ter descoberto o meu noivado com Ray. Já prevejo acusações de como sou ambiciosa de estar prestes a me casar com meu chefe.

— Pra academia então... - suspirei

(...)

Do outro lado da cidade

POV Laurel

— Gostou do filme princesa? – perguntei a Melanie que quicava ao meu lado nos corredores em direção a saída do shopping. Tínhamos pegado a última sessão do filme, começou as 23:00. Melanie quis ir em todos os brinquedos do shopping antes de ir ao cinema. E tudo que ela me pede chorando eu faço sorrindo.

— Sim! Gostei dos unicórnios voando e saltitando – soltou minha mão e saltitou

Como eu era apaixonada por aquela menina. Me orgulhava de ter feito parte de todos os seus momentos especiais, desde seu nascimento, primeiros dente, primeiras palavras, primeiros passos. Lembro-me até hoje de Felicity, eu e Sara chorando na porta da escolhinha no primeiro dia de aula de Melanie. Ela era o nosso xodó.

Felicity estava pedindo o divórcio a Oliver desde quando começou seu relacionamento com Ray. Sobre esse último assunto eu nem opino mais. O pior cego é aquele que não quer ver. Não tenho nada contra o Ray, por mais que eu procure. E olha que eu procuro mesmo!

Minha irmã não o suporta, ela insiste em dizer que ele é duas caras... Mas Felicity se diz apaixonada. Mas eu sei muito bem por quem ela é apaixonada.

— Que tal um lanche? – peguei-a no colo

— Não quero comer, dindinha – fez beicinho – Minha cabeça doi

— Sua mãe me contou que você não quis almoçar e nem lanchar antes de vir – beijei sua bochecha – Você nem encostou na pipoca. Quer um remédio?

— Mamãe vai brigar com a gente – colocou a mãozinha na boca e riu – Ta tardão!

— Não muda de assunto, mocinha – passei pelas portas do shopping e parei no ponto de taxi, não tinha nenhum ali. Ou seja, teríamos que esperar.

— Então eu quero ir no Belly, dindinha. Não quero remédio.

— O que é Belly? – perguntei de cenho franzido

— Você não conhece o Big Belly Burguer? – aquela voz... – Que afronta a sociedade de Starling City, senhorita.

Aquela voz... Aquela voz eu conhecia muito bem. O homem de Central City que me salvou e me deu o cordão do Canário.

Me virei e me deparei com aquele par de olhos azuis.

— Você...

— Vejo que ainda usa o cordão que lhe dei – sorriu

— Quem é você moço? – Melanie perguntou e eu ri

— Olá, pequena senhorita – estendeu a mão para Melanie, ela pronta mente segurou a dele e ele depositou um beijo lá – Thomas Merlyn, encantado

— Thomas Merda? – Melanie arregalou os olhos e segirou o riso, Thomas gargalhou. Então esse era seu nome, Thomas Merlyn – Dindinha, o nome dele é Merda.

— Melanie! – repreendi rindo. Essa garota é terrível.

— Mas, dindinha... O nome dele é engraçado. A mamãe disse que eu não posso falar palavrão. Como eu vou contar pra ela que eu conheci uma pessoa com nome de palavrão?

Thomas gargalhou ainda mais e eu não sabia onde enfiar a minha cara.

— Desculpa – falei ficando vermelha

— Tudo bem – riu – Melanie certo? – a pequena assentiu – Pode me fazer um favor, princesa? – ela assentiu novamente – Qual o nome dessa outra princesa aqui?

— O nome da dindinha?

— Isso!

— Dinah Laurel Lance, a mamãe chama ela de Lau. Eu chamo ela de dindinha. Você quer namorar com ela? – Isso, Melanie, me deixa mais encabulada mesmo. Parabéns!

— Laurel Lance – ele falou e alargou o sorriso. Meu nome parecia tão certo saindo pela boca dele – Prazer. – ficamos nos encarando por alguns segundos até que Mel cortou o silencio.

— Você não quer saber o meu nome todo, Thomas?

— Eu adoraria, pequena – ele falou ainda me encarando – Me chamem apenas de Tommy.

— Melanie Anne Smoak, Tommy

E então algo mudou, o olhar de Thomas sobre Melanie mudou. E então eu percebi a merda que fiz... Ele conhecia Felicity e Oliver.

— Smoak... Smoak como Felcity Smoak?

— Você conhece a mamãe?

(...)

POV Oliver

A porra daquele machucado doía como o inferno. Mas a raiva que eu estava sentindo aplacava a dor. Raiva não, ódio.

Ódio da Felicity por ter ido embora.

Ódio de mim por ter permitido.

Mais ódio de mim por não ter insistido pra falar com ela em Ivy Town.

Ódio de John por ter levado Felicity ao Poço de Lázaro.

Ódio de por estar de casamento marcado com outro.

Ela iria se casar. Ela queria se livrar de mim, do passado dela, para poder se casar com outro. Alguém que provavelmente vai dar a ela tudo que eu, como marido, não pude dar. Alguém que vai ocupar meu lugar.

Tudo que eu mais queria agora era Felicity distante de mim. Imagens dela com outro homem rondavam a minha mente. Ray... Ray... Eu conhecia esse nome. Sei que conhecia.

Se ela queria tanto se livrar de mim, porque ainda estava aqui? Porque ela insistia em cuidar do meus ferimentos se não sentia nada por mim?

— Já falei pra você sair daqui – rosnei para ela.

— E eu já falei que você não manda em mim.

Estávamos na minha sala na Liga, eu estava sentado no sofá enquanto John me suturava, Felicity limpava o sangue que escorria e Slade ficou apenas parado na porta observando tudo.

— Vai ficar ai parado? – resmunguei

— Para de reclamar, garoto.

Slade Wilson era professor na época de Ra’s, nos tornamos amigos e ele é um dos organizadores das maiores lutas de Starling City, não as clandestinas, as lutas legalizadas onde ganhamos cinturões, troféus e medalhas.

— Fica quieto! – Felicity bufou

Abri a boca para contestar a ordem quando um celular começou a tocar.

— É o meu – John disse – Felicity atende, ta no casaco.

Ela rapidamente tateou os bolsos internos do casaco no John e atendeu.

Oi, mãe— suspirou – Deixei o meu celular em casa de novo. Desculpe! Estou com John e Oliver— esperou um tempo e sorriu – Oi, meu amor! Como foi o cinema? — abriu o sorriso ainda mais – Já estou indo embora ok? Também estou com saudade.— ficou em silencio – Levo sim. Beijos!

Desligou o telefone e percebeu que eu, John e Slade olhávamos para ela esperando alguma resposta.

— Vocês parem de ser fofoqueiros – enfiou o aparelho no bolso da sua calça.

— Era Melanie? – perguntei gemendo de dor quando o efeito no anestésico passou e John enfiou a agulha pra selar o ferimento

— Ele sabe sobre ele? – Diggle a olhou surpreso

— Oliver conhece minha afilhada – sorriu – Já ouviu falar dela, pelo menos.

— Eu a vi antes de subir – falei olhando em seus olhos e ela ficou pálida – Ela estava saindo com a mãe

— Com a mãe? - Diggle a olhou

— Laurel Lance – Felicity respondeu e John assentiu sorrindo.

O que ele sabia que eu não sabia?

— Eu perdi alguma coisa? – perguntei

— Perdeu sangue – Felicity respondeu indo até o bebedouro e trazendo um copo cheio de água pra mim, Slade me estendeu um remédio – Cala a boca e descansa.

— Você não man...

— Faz o que ela ta mandando, garoto – Slade se pronunciou – Estou indo embora, qualquer coisa sabe onde me procurar.

— Obrigado – falei ao mesmo tempo em que Felicity dizia: Obrigada!

— Isso é muito engraçado crianças – disse e saiu rindo

— Eu gosto dele – ela falou apontando para a porta por onde Slade sumiu.

Um silêncio constrangedor tomou conta da sala. John encarava o chão de braços cruzados, Felicity fingia que bebia água, mas estava me encarando por sobre o copo e eu a encarava descaradamente.

Ela estava linda com aquela calça jeans que moldavam suas curvas, aquele salto que empinava ainda mais seu bumbum, e aquele suéter com decote em V que deixava seu busto a mostra. Aquela visão faz qualquer um perder a sanidade.

Minha mente ia e voltava com pensamentos dela nua, apenas de salto, e eu entre suas pernas. Mas eu não podia pensar assim, Felicity não era mais minha. No papel sim, mas de coração e corpo não. Ela era de outra e eu tinha que aceitar isso.

— Podem ir embora  – falei me acomodando no sofá, estava frio

— Não vou te deixar sozinho – ela falou se sentando na mesa de centro de frente para mim, com cuidado ela encostou a mão na minha testa  - Você está com febre

— Eu estou bem – retruquei

— Oliver, ela só quer te ajudar – Dig disse com voz de repreensão – E você precisa de ajuda.

— Pode ir John, eu fico até a febre abaixar. – Felicity falou me analisando. Provavelmente esperando a minha reação. Porém não veio nada, preferi ficar calado.

— Vou na moto do Oliver, meu carro vai ficar aqui – estendeu a chave e colocou ao lado dela na mesinha – Amanhã eu pego no loft ok?

— Tudo bem – ela sorriu de leve – Obrigada, Johnny!

— De nada, pequena – ele beijou sua testa -  Amanhã estarei no loft com as crianças.

— Acho bom mesmo – sorriu

— Fica bem, Oliver! – Dig acenou

— Já estou – bufei e ele saiu pela porta

E então o silêncio tomou conta da sala novamente. Eu queria gritar com ela, gritar pra ele sair daqui, gritar pra ela parar de aparecer em todos os lugares, gritar pra ela não se casar, gritar pra ela voltar pro lugar de onde ela nunca deveria ter saído. E esse lugar era aqui, comigo.

— Me desculpa – ela falou depois de um tempo em silêncio – Me desculpa mesmo, Oliver.

— Pelo que? – falei olhando em seus olhos. Azul contra azul. Azul CobaltoXAzul Mar.

— Isso – tocou na ferida com cuidado – É culpa minha – chorou – Eu quis ficar a sós com você para poder me desculpar.

Ela podia fazer tudo agora, menos chorar. Se tem uma coisa que me quebra é ver Felicity chorando. Eu não consigo raciocinar direito, apenas pensar no quanto eu quero embalá-la em meus braços para fazer o choro cessar. Igual eu já fiz incontáveis vezes, uma delas foi quando Connor se foi.

— Hey – tentei me sentar mas ela me repreendeu com o olhar, rapidamente voltei a posição que estava e peguei sua mão – Isso não foi culpa sua, Felicity. Você não enfiou uma faca em mim.

— Mas você desconcentrou porque eu estava lá – fungou – Esse machucado poderia ser pior, Oliver

— Nada é pior do que saber que você vai se casar com outro.

— Oliver...

— Você não se importava de estar casada até 2 anos atrás – me levantei com um pouco dificuldade e sai andando pela porta da minha sala, eu precisava socar alguma coisa

— Oliver, eu o conheci assim que cheguei em Ivy Town. – falou me seguindo – Ele, Laurel e Sara me acolheram.

— Eu fui lá Felicity – parei em frente a uma saco de areia

— Onde?

— Em Ivy Town, eu fui!

— Como foi até lá e nunca falou comigo? – as lágrimas voltaram

— Um homem. Raymond Palmer. – ela arregalou os olhos ao ouvir o nome, eu continuei e dei o primeiro soco no saco, a ferida deu uma fisgada mais eu não me importei - Ele não me deixou falar com você. Ele disse que você estava bem sem mim, estava feliz.

— Não é...

— Me deixa terminar – dei outro soco e ela assentiu – Eu fui até a Palmer Tech, Raymond Palmer me atendeu e me disse que você estava com as  suas meninas no parque da cidade. – fiz uma sequência de socos e então parei olhando o nada – Eu não conhecia a cidade e ele se ofereceu para me acompanhar. No caminho perguntou quem eu era, eu disse que era seu marido. E ele disse “O marido que ela tanto odeia”, aquela frase já me fez ficar relutante em te encontrar, Felicity. Então eu te vi no parque e você estava linda, sorridente, feliz. – parei de falar e soquei mais vezes, senti meu machucado sangrar, mas não liguei – Ele apontou pra você. Estava você, Sara, Laurel e a bebê. Ele disse “Ela não merece você, merece mais. Você não merece ela, merece menos. Olha só pra ela ali, feliz, tranqüila, estável. Quer tira-la daqui e levá-la de volta para viver naquelas condições? Não seja egoísta. Vá embora daqui e não volte nunca mais. Acredite, ela quer isso. Ela te odeia.” – dei vários socos novamente sem encará-la, apenas escutando seu choro baixo – Então eu voltei pra casa, fiquei com medo de chegar em você e ser destratado. Eu vi o quanto você estava bem, você parecia feliz. Completa. Voltei para Starling e consegui isso tudo aqui – abri os braços dando ênfase a academia – Consegui isso tudo aqui para você, demorei uns anos, mas consegui.

— Oliver...

— Me deixa terminar – ela assentiu limpando as lágrimas – Eu ia atrás de você de novo, pra ter mostrar o que eu tinha conseguido para podermos seguir em frente, não teria mais dificuldades. Nada. Só felicidade. No dia do meu embarque eu recebi um envelope do correio...

— O meu primeiro pedido de divórcio. – sussurrou chorando

— Exatamente – dei vários socos – Agora eu descubro que você vai casar com o  cara de que andou pra longe de você. Ray é apelido para Raymond, não é, Felicity?

— Sim – colocou as mãos no rosto e chorou ainda mais. Me senti culpado por fazer aquilo com ela. Mas ela precisava saber. Sem pensar direito no que eu estava fazendo, eu simplesmente a abracei. Ela colocou as mãos em volta do meu peitoral e nossos corpos de moldaram de uma forma única. E uma sensação boa tomou conta de mim. – Eu não sabia, Oliver. Eu não sabia que você foi até lá... – fungou contra meu peito – Se eu soubesse eu não teria te deixado ir.

— Eu sei que não – beijei o topo da sua cabeça. Parecia tão certo estar ali com ela.

— Você está sangrando – colocou a mão sobre o meu machucado – Mas os pontos não abriram, vou pegar gaze para refazer o curativo e...

— Cala a boca – não resisti, puxei sua boca para a minha. 7 anos. Quase 7 anos sem sentir aquela sensação maravilhosa que era ter os lábios de Felicity contra os meus. Quase 7 anos sem tocá-la daquela forma.

Ela hesitou um pouco e depois abriu os lábios dando passagem para a minha língua se apossar da minha boca. A maciez do seu beijo me fazia querer mais. Apertei-a contra mim e ela soltou um gemido baizinho me fazendo ficar maluco. Eu precisava de mais contato.

Que se dane o noive, eu sou o marido! Ele que é o outro.

Enfiei minha mão por dentro da sua blusa e senti sua pele se arrepiar ao meu toque em sua barriga. Apertei sua cintura e ela se apertou ainda mais em mim. Gemendo mais uma vez ao sentir minha já visível ereção.

— Oliver... – gemeu

— Não farei nada que você não queira. – sussurrei em seu ouvido mordendo seu lóbulo

— Eu quero – murmurou. Aquilo acabou com a pouca sanidade que eu já tinha, tirei seu suéter e me deitei sobre o tatame a trazendo para junto de mim, ela ficando por cima – Seu ferimento...

— Que se dane, eu quero você – falei pegando seus lábios para mim novamente e senti ela sorrindo durante o beijo.

 Nos virei e fiquei por cima dela. Desci minha boca por seu pescoço até chegar em seu busto, apertei seu seio e ela gemeu me provocando.  Abaixei o sutiã revelando seu peito direito e o abocanhei. Ela colocou a mão por trás da minha cabeça me obrigando a continuar ali.

— Oliver. – gemeu baixinho, o desejo era nítido em sua voz

— O que? – rosnei

— Eu quero voc... – e então fomos interrompidos pelo telefone tocando.

— Que porra? – falei me afastando

— O celular do Johnny ficou comigo – suspirou frustrada pegando o parelho em seu bolso – É a minha mãe, Oliver.

— Atende... – falei gesticulando com a mão

Hey...— falou atendendo – Oi, meu amorzinho. Não era para você estar dormindo? Onde estão as outras?— fez silêncio – O que? Melanie para de chorar. Eu estou indo. Ok? Mam...— me olhou – Madrinha já está indo. – desligou o telefone e pegou a blusa me encarando

— Você tem que ir? – assentiu mordendo o lábio – Essa menina não tem mãe?

— Melanie tem mãe sim – falou alterada – Ela só não está lá agora

— E porque ela não ligou para a mãe dela? – me levantei do chão

— Porque essa era a ultima chamada realizada no celular da minha mãe, Oliver – vestiu a blusa – Melanie está passando mal. Eu preciso ir.

A pequena estava passando mal. Porque aquilo mexia comigo? Me senti em alerta no momento em que escutei as palavras saindo dos lábios dela.

— Tem algo que eu possa fazer pra ajudar vocês?

— Tem sim – sorriu – Cuida desse machucado. Quer que eu te deixe em casa?

— Não, aqui tem uma cama – suspirei – Felicity...

— Oliver, o que aconteceu foi errado, muito errado. Eu estou noiva. – falou

— E eu ainda sou seu marido. – retruquei

— Por isso eu pedi o divórcio, pra você deixar de ser – falou com os olhos cheios de lágrimas e virou as costas. Me deixando sem reação no meio da sara de treino de Taekwondo

(...)

POV Felicity

Minha cabeça rodava em torno dos últimos acontecimentos da noite.

Oliver ferido.

Ray sabia que eu era casada.

E eu quase transei com Oliver em um tatame.

Tudo bem que não seria a primeira vez, mas... Eu trai o Ray.

Oh Meu Deus! Eu trai o Ray! Mas Ray me traiu antes. Eu precisava saber que história era essa de Oliver ter ido atrás de mim e ele nunca ter me contado nada.

Eu podia estar feliz com Oliver agora, minha filha poderia ter um pai presente se Ray não tivesse interferido dessa forma. Eu acreditava em Oliver, sabia que era verdade.

Eu precisava tirar essa história a limpo, mas primeiro eu ia cuidar da minha prioridade. Me bebê não estava bem e aquilo estava me corroendo por dentro, ao telefone Melanie disse que estava com falta de ar e tonta, disse que não queria acordar as tias e nem a avó, disse que me queria. E cá estava eu dirigindo que nem uma louca pelas ruas de Starling.

Estacionai o carro de Dig e sai correndo pelos corredores do hotel, já era 4:00 da manhã e tudo estava um breu.

Abri a porta do quarto e vi Melanie encolhida no sofá do hall assistindo Princesinha Sofia.

— Mamãe - gemeu quando me viu

—  Oh meu amorzinho! – me joguei no sofá ao seu lado e a puxei para meu colo – Mamãe promete que não vai mais sair de porto de você, não vou mais deixar você sozinha.

— Ta doendo mamãe – colocou a mão na cabeça – Aqui.

— Vamos no médico?

— Não quero. Dorme comigo? – me apertou, ela estava quente. Melanie estava com febre.

— Vamos tomar um banho quentinho, fazer um lanche e depois vamos ficar agarradinhas. Ok?

— Não quero comer. – gemeu

— Mas você vai comer, querida. Só um pouquinho – fiz o sinal de “pouco” com a mão.

— Tudo bem – fez mumuxo e eu sorri – Uma banana

— Duas.

— Ta!

Fui até o frigobar e peguei três bananas, uma para mim e duas para Melanie. E seu remédio para febre. Cuidei o pai ferido, agora estou eu cuidando da filha. Oh vida...!

— Hoje eu conheci o senhor Merda, mamãe! - falou sorrindo quanto comia as bananas.

— Senhor Merda? Que modos são esse Melanie?

— Não, mamãe. Não briga comigo. O nome dele é esse. Senhor Merda. Ele quer namorar a dindinha Laurel.

Amanhã eu perguntaria a Laurel que história é essa de Sr. Merda.

Reparei que em algumas palavras Melanie parou de trocar o "l" pelo "r", será que ela fazia isso para chamar atenção devido ao Ray estar sempre perto? Ele fazia tão mal a minha filha assim?

Depois das bananas ela ficou bem mais alegre, Melanie estava comendo pouco ultimamente e isso estava me preocupando muito.

Durante o banho eu reparei nela umas manchas avermelhadas, ela disse que os mosquitos tinham mordido quando estava na piscina com a avó. Amanhã eu a levaria no médico sem falta. 

Estava colocando outro pijama nela quanto eu escutei algo que fez meu coração palpitar de preocupação:

— Minha dindinha Sara disse que amanhã vai me levar na academia  pra fazer aulas de balé, mamãe, falei que se ela não me levar eu não falo mais com ela.


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Notas finais do capítulo

Que academia será que Sara vai levar Melanie, ein?
O que "Senhor Merda" vai fazer com a informação sobre a Melanie?
O que será que a Melanie tem?
GENTE É NO PRÓXIMO CAP QUE ELE DESCOBRE SOBRE A FILHAAAAAAA!
To pirando!

Comenteeeeem! Recomendeeeeeem!

Amo vocês!

20 comentários e posto na sexta! Se ficar pronto antes eu prometo que posto antes.