A Promessa escrita por Morgenstern


Capítulo 59
Faria Qualquer Coisa.




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A porta se fechou quando a mulher saiu e o silêncio reinou no lugar, não ouvia meu coração e muito menos minha respiração ao encarar o que o homem tinha em uma mão. “Está bem presa ai?” ele perguntou com um sorriso divertido no rosto, balancei a cabeça freneticamente dizendo “não. Não. Por favor.”

Mas ele não pareceu se importar com meus olhos assustados, com meu corpo tremendo e a tensão em meus ombros.

“Preciso testar esta coisa.” Ele disse fazendo careta ao chicote, ergueu o braço e bateu na mão livre, erguendo as sobrancelhas no alto da testa chocado com o impacto, mas sem mostrar qualquer indício de dor.

Talvez eu consiga também, foi o que pensei.

Talvez faça apenas mais barulho do que dor, era o que minha mente tentava acreditar.

Tão idiota.

Tão ingênua.

Kent ergueu o braço com o chicote para cima e desceu rápido jogando as tiras de couro em minhas pernas, o grito foi alto o suficiente, as lágrimas escorregavam rapidamente e os soluços já estavam em minha garganta. Ele sorriu e analisou as tiras vermelhas de sangue em minhas pernas, tão orgulhoso com o que havia feito, tão feliz por ter conseguido o que queria e eu estava morta. A dor era insuportável, minhas pernas latejavam e ardiam, gotas ali e aqui de sangue deslizavam para o chão e lá estava meu último momento, longe da minha família, longe das minhas amigas e de quem eu amava.

Lá estava Maxon com seu sorriso ridículo e ao mesmo tempo charmoso.

Fechei os olhos e encostei a cabeça na parede esperando o próximo impacto.

Esperando a dor e esperando minha morte.

— Parece que serviu. – Kent disse me fazendo abrir os olhos e vê-lo enrolando as tiras em uma mão. – Isso doeu? – perguntou ao guardar o chicote no bolso de trás da calça.

Balancei a cabeça concordando, não tinha palavras e provavelmente um soluço sairia se abrisse minha boca.

— Certo. Então você precisa entender que isto é apenas um aviso. Se você fizer algo contra nós, terá muito mais e eu não tenho pena.

Respirei fundo achando ar em minha volta.

— Porque está fazendo isso? – perguntei com a voz trêmula, as lágrimas embaçando minha vista e caindo até os lábios.

— Nós temos um bom motivo. – Kent respondeu com um sorriso. – E eu preciso confessar que gostei disso. – aumentou o sorriso com uma piscadela. – Agora vamos, você precisa se arrumar e... – Kent parou e encarou minhas pernas. – Limpar isto.

— Para onde você vai me levar? – perguntei nervosa, sentindo a dor nas pernas quando ele me puxou pelos braços.

— Para um quarto melhor.

A porta se abriu e estávamos no que parecia ser um corredor. Era completamente escuro, mas Kent parecia saber bem para onde andar e me guiava cuidadosamente, em relação ao que me fez passar minutos antes. Minhas pernas doíam a cada passo, tremiam com o peso do meu corpo e eu estava com medo de cair e ser chutada, ser maltratada por esse homem grande e inatingível. Estava com medo do que poderia aparecer no escuro. Estava com medo do motivo de tudo isso.

Kent parou de repente, o som de maçaneta me fez perceber que havíamos chegado, mas só quando ele abriu a porta tive a certeza de que era realmente um quarto melhor. Cama, guarda-roupa, penteadeira e duas grandes janelas cobertas desde o teto ao chão por cortinas brancas que voavam ao vento. Kent me puxou para dentro e sentou-se na cama, ele poderia está cansado por ter me carregado mas eu, quem estava exausta. “Vou esperar aqui.” Ele disse. “O banheiro é ali.” Apontou para a segunda porta que havia no quarto. Fiquei apreensiva se poderia andar sozinha, se conseguiria chegar antes que minhas pernas desabassem.

Respirei fundo e lentamente caminhei até a porta entrando em um banheiro exageradamente grande e trancando-a ao passar, por precaução. Respirei fundo encostando as costas na porta, repassando tudo o que eu havia passado, memorizando nome e rostos, procurando forças para o que ainda estava por vir. O banho não demorou quase nada pelo principal motivo: minhas pernas ardiam com água e sabonete. Molhei o cabelo e esfriei a mente, limpei o rosto e todo meu corpo, tentando limpar também as lembranças da minha cabeça. Havia apenas um roupão branco e felpudo sobre a pia, minha calça jeans e minhas roupas haviam sumido e meu corpo enrubesceu pela presença do homem no banheiro. Respirei fundo e me enrolei entre o roupão voltando ao quarto irritada o suficiente para ser corajosa.

— O que você fez com minhas roupas? – perguntei nervosa as costas do homem que parecia não ter saído do lugar.

Kent ergueu as costas e se virou com um sorriso grande no rosto, escondendo algo que eu não sabia.

— Estavam sujas. Tome estas. – disse apontando para a cama, onde uma calça jeans estava dobrada, a blusa esticada mostrando o quão simples era e uma sapatilha ao pé da cama. – Você precisa está realmente limpa.

— Para que? Me bater outra vez? – resmunguei me aproximando das roupas.

Não eram as minhas, eu saberia reconhecer rasgos na minha calça jeans e aquela ali era completamente nova. Havia roupa íntima que eu preferia não ter visto com aquele homem ali.

— Isso só vai acontecer se você não fizer o que queremos.

— Eu não vou ajudar vocês com algo estúpido! – exclamei apertando o olhar para ele.

— Estúpido? Você quer salvar sua amiga. Então vai fazer o que mandamos. Vista-se. – Kent disse áspero, cruzando os braços no peito, mudando o peso do corpo para uma perna.

Olhei para ele esperando que saísse, olhei para a porta do banheiro e o vi, pelo canto do olho, balançar a cabeça em negativa, sorrindo e aprovando cada momento que me deixava sem saída, sem opção. Respirei fundo e vesti as calças sem tirar o roupão, ignorando o toque do tecido em meus ferimentos. Dei as costas para Kent e vesti a blusa o mais rápido que podia, sem deixá-lo observar por muito tempo.

“Muito bem. Certo, venha comigo” disse ao me puxar por um braço, me fazendo forçar as pernas para acompanhar seus passos largos e grandes ao sair do quarto de volta para o corredor completamente escuro. E lá estava minha apreensão por não saber o que me esperava, lá estava meu medo tentando ser corajoso por alguns minutos.

Mais uma vez ele parou de repente e abriu uma porta revelando uma imensa sala de estar, sofás grande o suficiente para todos os Maddox. TV moderna e qualquer tipo de eletrônico. O papel de parede e o carpete lembrava casas antigas. Uma mulher estava bem sentada folheando uma revista de moda tão distraída que não notou nossas presença e Kent precisou limpar a garganta para ter atenção dela.

— Ótimo! – ela exclamou, parecia a chefe de tudo aquilo. A mandante enquanto Kent era um simples soldado. – Vamos conversar muito sério, Karlla. Sente-se.

— Não.

— Muito bem então. Primeiro, você terá que pegar a caixa que levou da Fifth Street quando foi com seus amigos. Quero os papéis que Mylena levou e quero que você seja a mais natural possível. Não esqueça que pode salvar sua amiga, que a propósito já acordou a esta manhã. – a chefe sorriu satisfeita consigo mesma e eu queria gritar.

— M-manhã? – foi o que saiu da minha boca ao procurar uma janela para me garantir que ela falava sério.

— Não se preocupe, parece que ninguém sentiu sua falta. Seus amigos passaram a noite no hospital e nenhum perguntou por você. – ela disse tão cheia de satisfação em dizer aquelas palavras, encarando meu rosto como se pudesse despedaçá-lo a qualquer momento com seu olhar. – Então, você irá ao apartamento dos Maddox e pegará minhas coisas. Se alguém perguntar diga que foi ao Morgan trocar de roupa e que acabou dormindo e por isso não atendeu o celular. E este será seu novo, para que eu possa ligar quando precisar. – disse erguendo um pequeno aparelho na cor preta.

— O que? – perguntei nervosa, desviando o olhar do aparelho para ela.

— Você acha que só irá pegar umas coisas e sair para falar aos seus amigos o que aconteceu aqui? Claro que não! Quem mais falta aparecer no jogo? – ela perguntou olhando para o teto como se tentando lembrar de nomes.

— Aaron Maddox. – Kent falou atrás de mim. Enrijeci ao imaginá-lo sofrer ao lado do corpo da mãe ou até mesmo Maxon.

— Eu farei qualquer coisa para você deixá-los em paz.

— É assim que se fala, Karlla. – ela falou animada, levantou-se do sofá e me entregou o celular, fez sinal com a cabeça para Kent que voltou a puxar meu braço em direção ao corredor escuro.


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Notas finais do capítulo

E ai galera, o que vocês acham que a Karlla deveria fazer? Ajudar os vilões psicopatas ou falar a verdade para os Maddox?



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