24 horas escrita por Gato Cinza


Capítulo 2
Final




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Seu fluxo de pensamentos parou ao chocar com alguém trajando um exuberante de tom de fogo. Ela se desculpou e olhou a pessoa que lhe segurava pela cintura, antes com intenção de não deixa-la cair e agora com alguma inconveniência desagradável. Era um dos amigos de Naruto de quem ela não gostava. Cabelos ruivos, olhos verdes sempre maquiados, e uma postura ameaçadora. Ela não gostava dele, algo no modo com que ele a olhava lhe causava arrepios e arrepios nunca era coisa boa.

— M-me s-solte – gaguejou.

Ele a soltou, mas não saiu do caminho, então ela se desviou voltando a procurar pelo banheiro. Deu poucos passos quando o escutou pedindo desculpas. Sabia que era ele por causa daquele tom de voz, era único. Único capaz de lhe causar aqueles malditos arrepios. Ela ia fingir que não o ouviu, mas estava começando a achar que estava perdida. Quem se perdia dentro de uma casa noturna que nem era tão grande? Voltou até o ruivo que pegava alguma coisa no chão, ela tinha o feito derrubar umas garrafinhas coloridas que ela reconhecia bem, Ino tinha vários dele na geladeira cheio de suco. Hinata teria o ajudado, teria sim, só que com aquele salto e aquele vestido, se abaixar não era uma idéia sensata. Esperou que ele terminasse e quando se levantou, perguntou-lhe.

— V-você vem sempre aqui?

Ele estreitou os olhos e com a mão livre espichou a camisa, usava a logo da casa noturna sobre o peito. Ele trabalhava ali? Óbvio. Por que mais estaria com o uniforme e carregando uma badeja de garrafinhas exclusivas daquele lugar?

— Certo. Pode me dizer onde fica o banheiro? Estou perdida.

Então ele fez algo que a deixou com calafrios. Sorriu. Um sorriso bem amigável, diga-se. E disse como chegar ao banheiro, mas então pareceu mudar de idéia, olhou na direção indicada e questionou um pouco sem jeito:

— É a namorada de Naruto, não é?

Ela sentiu aquele rubor cobrindo as faces antes de mover a cabeça positivamente.

— Acho melhor então usar o banheiro das funcionárias, fica deste lado.

— Não precisa – disse mais envergonhada que nunca, sabia que Naruto era baladeiro, mas tanto assim? – Vou usar os dos clientes mesmo, agradeço pela gentileza.

E antes que ele dissesse algo mais, ela corria na direção indicada para chegar aos banheiros. Estava quase lá quando duas coisas lhe chamaram a atenção, a primeira foi a voz alterada de Ino e a segunda a garota de cabelos rosados se levantando. Céus, será que Sakura tinha se atrevido para com Sasuke? Apesar de sua vontade de ir ao banheiro ser grande, ela sabia que podia aguentar mais alguns minutos, pelo menos o bastante pra impedir de sua amiga mandasse a rosada para o hospital.

— Ino, pare com isso – pediu.

— Não paro, eu avisei que se esse cretino te traísse eu ia mata-lo, não disse?

Levou alguns minutos para ela compreender o que a loira disse. Não era por causa de Sasuke que ela estava brigando, era por causa dela. Por isso Sasuke estava com as mãos no bolso, olhando para Naruto com raiva, por isso Tenten segurava Neji e por isso Sakura estava com o canto da boca suja de sangue. Os olhos perolados focaram no rosto perfeito do namorado que algumas horas antes tinha lhe causado tanto desgosto. Naruto estava com um vermelho intenso no rosto e pela aparência não era por constrangimento, Ino já tinha lhe dado uns tapas antes de começar a gritar e chamar a atenção da metade das pessoas na casa noturna.

— M-me trair? O o N-Naruto nunca faria isso, Ino – ela tentou explicar para a amiga.

— Não banque a sonsa agora, coisinha – Sakura interferiu ficando ligeiramente atrás de Naruto e bem longe da mão pesada de Ino – Desculpe meu amor, mas está passando da hora dela ficar sabendo sobre nós.

 - Sabendo o que? – ela sussurrou, o coração disparado, estava ficando difícil até para respirar.

— Este não é o lugar e nem a hora, Sakura.

— Sabendo o que? – Hinata gritou, surpreendeu até a si mesma pela falta de costume em gritar.

Sakura deu uma risadinha e se abraçou á Naruto, enquanto respondia á morena:

— Naruto e eu estamos juntos há um tempo. Eu o aconselhei a terminar com você desde nossa primeira noite juntos, mas você sabe como ele tem o coração mole, não queria que sua tristeza afetasse seus estudos. Ele ia contar esta noite – ela riu novamente – Mas você bancou a ridícula e o pediu em casamento.

Ino avançou contra Sakura, mas Sasuke a segurou pela cintura impedindo que batesse mais na rosada.

— Me solta Sasuke. Eu tenho que bater nessa vadia cor-de-rosa.

Pelo canto do olho, Hinata viu o moreno sussurrar algo no ouvido da namorada que parou de tentar se soltar e a olhou.

— Vamos Hinata – antes que pudesse protestar, ela se sentiu arrastada por Ino e Tenten para o banheiro.

Quando se viu no imenso espelho, mal se reconheceu. Lágrimas escuras por causa da maquiagem manchava o rosto muito pálido que geralmente estava corado, mas agora parecia não ter nenhuma gota de sangue fluindo em suas veias. Suas amigas lavaram seu rosto e contra sua vontade retocaram a maquiagem. Ela queria ir embora, mas não deixaram.

— São aqueles dois que devem ir, não você – disse Tenten a abraçando – Seja forte, Hinata. Naruto não merece suas lágrimas.

Tudo o que aconteceu depois de sair do banheiro passou como um borrão por sua mente, se lembrou que ao voltar para a mesa dos amigos todos lhe lançaram um ligeiro olhar especulativo, então Ino a arrastou para a pista de dança e a dor foi se tornando mais amena a medida que ela pulava, gritava desafinada um refrão ou outro, mexia todo o corpo ao ritmo das batidas da música ensurdecedora. Seus amigos não falaram sobre o ocorrido, em vez disso lhe empurravam bebidas e a arrastavam para o meio da multidão que dançavam todos ignorando o coração partido que se esforçava para acompanhar tudo.

 

— Eu fiz todas as burradas de uma vida numa só noite – falou chocada com sua atitude.

Gaara meneou a cabeça como que dissesse que discordava dela.

— Agora tente se lembrar do resto, depois da bebedeira, como voltou para casa.

Ela se esforçou, mas estava tudo tumultuado e a cabeça começou doer, de repente rememorar que tinha ficado bêbada fez seu organismo lembrar que tinha que sofrer de ressaca. Ela comprimiu os lábios e apertou as laterais da testa fechando os olhos com força.

— Como a Ino sobrevive á isso?

— Aposto que ela nunca bebe tanto – Gaara se levantou – Acho que já deixei claro que não te quero mal, que tal um chá para te ajudar com a ressaca?

Hinata concordou. Ficou em pé e por instinto levou o spray com ela para a cozinha. Ia arrumar água para aquecer, quando o ruivo pegou a panela de sua mão e pediu que ela ficasse sentada. Em outra ocasião ela teria se ofendido, afinal aquela era sua casa e ele um visitante, só que a proximidade dele causava nela aquele mal estar que combinava reboliço no estômago, pernas bambas e arrepios. Sem discutir foi sentar-se no banco alto da ilha da cozinha, indicando para o ruivo onde estavam as coisas.

— Desculpe pela bagunça, eu ia preparar o café para o Naruto... – então notou que não tinha mais Naruto e cafés da manhã, sentiu o frio do estômago se transformar em ânsia.

— Não se desculpe, comparada com minha cozinha a sua é um oásis, Hinata – ela corou e baixou a cabeça.

Por que tinha implicância com aquele ser naturalmente esquisito, contudo, tão simpático quanto Shino que era sombrio ou Sasuke que era taciturno ou ela própria que era ridicularmente tímida? Só por que ele lhe causava aquelas sensações ruins? Lembrava a primeira vez que o viu. Estava com Naruto no mercado, queria comprar salmão para fazer alguns dos bolinhos que o namorado adorava. O loiro estava distraído com a seção de congelados por que tudo o que ele comia ou era feito pela namorada ou descongelado no microondas. Vez ou outra ela olhava-o, sabia que devia ter uma expressão de fanática apaixonada vendo seu ídolo pessoalmente pela primeira vez, mas não podia se conter. Foi por essa coisa de ficar o admirando que se chocou com alguém. Um ruivo ligeiramente mais alto que ela, bronzeado, dono de olhos verdes calmos e uma voz capaz de fazê-la tremer.

— Desculpe, eu a machuquei? – perguntou ele segurando-a pelo cotovelo.

— N-n-n-n...

— Hinata?! – Naruto se aproximou deles e do nada abraçou o ruivo num cumprimento informal – Gaara! Mas que surpresa boa ver essa sua cara feia.

— Olá, Naruto – o ruivo não respondeu ao abraço do amigo, só esperou que ele se soltasse.

O cotovelo de Hinata ficou pinicando onde foi tocado pelo ruivo que a fitava por sobre o ombro de Naruto, um olhar intenso que a fez sentir as pernas ficando moles e um frio na barriga que ela associava com medo, como quando era criança e sua mãe apagava a luz do quarto. Naruto se soltou do amigo e os apresentou. Todas as vezes que cruzava o caminho de Gaara ela ficava nervosa, a presença dele lhe fazia mal e aqueles olhos verdes... ela já tinha sonhado com eles á observando tantas vezes que todas as noites acendia um incenso e fazia uma prece para lhe proteger dos sonhos maus. Não. Ela não tinha implicância com o bom moço, tinha medo. Irracional, mas não eram todos os medos bobos irracionais?

 

Ela saiu de seu devaneio pelo suave cheiro de chá que lhe foi servido. Hinata apontou o açucareiro para o ruivo que negou com a cabeça.

— Precisa ter gosto forte e o açúcar tira o sabor do chá.

Hinata assoprou o conteúdo ambarino e fumegante em sua xicara antes de bebericar, fez uma careta. Aquela coisa não era forte, era amarga. Por isso se coloca açúcar em tudo para ficar mais fácil de consumir. Guardou sua opinião para si, se a pessoa que trabalhava no bar da casa noturna estava dizendo que aquilo ia ajudar, então não discutiria. Ele permaneceu em pé do outro lado do balcão espiando-a por cima da própria xícara.

— Se lembrou do que aconteceu depois que começou a beber? – Hinata bebericou um pouco mais do líquido amargo e quente.

Depois de beber uma porção de tudo o que passava por ela, desde coquetéis coloridos sem álcool até tequila flamejante servidos naqueles copinhos minúsculos. Entre um copo e outro ela era arrastada por alguém para a pista de dança, duas ou três musicas depois ela se via com um copo na mão, quem lhe deu? Isso ela não sabia responder. Certa hora, quando já tinha muitas poucas pessoas na casa noturna, Ino veio lhe dizer que tinham que ir embora, mas ela não queria ir. Olhou ao redor para pedir para o Sasuke que a deixasse dançar um pouco mais.

— Cadê o Sassssssske?

— Ele já foi.

— Por quê? Cês terminaram também?

—Não. Ele precisava ir para casa, mas você não queria ir e eu pedi que ele fosse sozinho.

— Hã. E como nós vamos pra casa?

— Kiba e Hundun vão nos levar.

— Hundun – ela riu do nome.

— Não tem idéia de quem seja Hundun, não é?

— Nenhuma. Mas se é amigo do Kiba é meu amigo também.

— H­ū é uma garota. Vamos, e tente andar reta.

Mas leva-la até o carro foi bem difícil, ainda mais quando Hinata fingiu desmaiar e Ino a deixou cair, arrastando-a pelos pés. Hinata abriu os olhos e começou a rir, achou que Ino ficava engraçada sendo vista daquele ângulo nada favorável. Então o homem ruivo que lhe causava arrepios se ofereceu para ajudar, e içou a morena nos braços como se fosse uma criança sem peso algum. Ino a prendeu com o cinto de segurança no carro de Kiba, mas a morena teimava em se soltar dizendo que queria ir para casa á pé.

— Hinata Hyuuga, senta ai e sossegue ou ligo para Neji e mando-o vir te buscar – disse Kiba num tom autoritário que a fez se calar com olhos arregalados antes de gargalhar.

— Liga. Quem liga? Eu não ligo para quem tu ligas.

Ino que tinha acabado de entrar no carro pelo outro lado, teve tempo apenas de se esticar e cair no banco, enquanto a bêbada saltou do carro que felizmente ainda não estava em movimento. Gaara que ainda estava do lado de fora da casa noturna se adiantou á garota que tirava os sapatos de salto muito altos.

— Eu não gosto de você – ela disse quando ele parou na sua frente.

— Não espero que goste. Só ia oferecer companhia até sua casa.

— Nem sabe onde moro ou sabe?

— Não. Mas estou indo embora e posso acompanhá-la se prefere caminhar á ir de carro.

— Vamos nessa – ela bateu a porta do carro, os pés descalços.

— Sério?

— Não é serio a oferta?

— Achei que fosse entrar no carro, se trancar e mandar seu amigo te levar embora.

Hinata balançou a cabeça fazendo os cabelos cobrir metade do rosto, enquanto tentava se livrar dos fios pregados no rosto, informou:

— Carro me deixa enjoada. Moro bem ali – e apontou a direção errada – Ou lá. Ino, onde a gente mora mesmo?

A loira que tinha descido do carro e tentava fazê-la entrar de novo, revirou os olhos. Antes de responder que moravam á muitas quadras de distancia e que seus pés não aguentariam a caminhada.

— Então vai com o Kiba do carro dele. Eu vou com o cara assustador que pinta os olhos.

— Hinata, eu vou matar você, esquartejá-la e espalhar os pedaços pela cidade toda.

E dispensou a carona de Kiba, se desculpando por ocupa-lo sem precisão. Por alguns metros, ela não dirigiu uma palavra para Hinata que cantava e dançava alguns passos na frente. Gaara vinha bem mais atrás das duas, como uma sombra discreta. Talvez por culpa dos rodopios e pulinhos ou só o efeito do álcool, a morena parou, correu até um poste se apoiando e vomitou. Ino segurou os cabelos dela, sentindo o estômago embrulhar. Mas suportou bem, até a amiga terminar de colocar tudo para fora. Tudo mesmo, por que depois se abraçou ao poste chorando. Tateou o corpo procurando algo que não estava ali.

— Acho que perdi minha bolsa, Ino.

— Está aqui, Hinata – disse a loira entregando a bolsa para ela.

Hinata pegou a caixinha de veludo, observou o conteúdo e recomeçou a chorar. Quando voltaram a andar, Hinata não conseguia se equilibrar em pé direito. Ino a ajudou por alguns metros, mas os passos lentos e o cansaço físico a fez parar para descansar e tirar as botas de salto fino. Foi então que Gaara se ofereceu para carregar Hinata, Ino desaconselhou por que não tinham nenhuma proximidade com o rapaz, a morena tinha uma opinião diferente e deu permissão para ser carregada por ele. Inacreditavelmente, ela não corou por ser tocada pelo ruivo, ela abriu a caixinha e colocou a aliança no dedo dele dizendo que agora estavam casados, depois adormeceu ocultando o rosto na curva do pescoço dele. Sentiu-se ser pousada em algo macio e abriu os olhos. Estava em seu quarto.

— Fica aqui – pediu.

— Ele precisa ir para casa – Ino tentou argumentar – Solta ele.

Mas ela não se soltou dele. Dormiu novamente, agarrada ao braço forte daquele gentil quase desconhecido ser que lhe causava arrepios. Quando acordou novamente saia de um sonho turbulento com Naruto e estava com muito calor, ele estava sentado na ponta da cama numa posição desconfortável, a luz estava acessa e tudo muito claro. Ela arrumou o vestido no lugar, para cobrir seu corpo, e foi ver por que estava tudo tão acesso se era noite. Ino dormia na sala com a TV ligada em um filme antigo, ela desligou a televisão e cobriu a amiga com uma jaqueta que estava largada no chão. Apagou as luzes, tomou um banho frio para despertar o corpo daquele cansaço esquisito e do calor insuportável, voltou para cama seminua, usando apenas um blusão de estimação que Naruto tinha esquecido em sua casa no começo do namoro. Empurrou-o para a cama com cuidado para que ele não acordasse e se aconchegou em seu peito.

Ela sonhou com Naruto e nem prestou atenção no fato de quem estava com ela no quarto no fim da madrugada não era seu namorado. Ela tinha esquecido até que talvez nem tivesse mais namorado, afinal Sakura, deixou claro que ela e Naruto estavam juntos. Mas o que importava no momento era que ela tinha se confundido e mesmo na confusão causada pela embriaguez não fez nada do que se arrependesse depois. A felicidade de não ter cometido tal estupidez a colocou em movimento, saltou da bancada e foi abraçar Gaara, um agradecimento mudo e sem jeito.

— Fico feliz em ter sido útil – ele sussurrou próximo demais de sua orelha, causando nela aquele maldito arrepio.

Hinata se soltou dele, ajeitando o blusão folgado que agora que notava era indecente. Chegava apenas na metade se sua coxa e o movimento de abraçar ou sentar, revelava muitas coisas inclusive o fato dela estar usando nada por baixo daquela vestimenta. Sentiu o rosto arder, antes de correr para o quarto tropeçando nos próprios pés e caindo. Gaara a ajudou se levantar e ela se afastou dele indo se esconder no quarto, isso explicava o fato dele evitar olhar na sua direção.

>< 

Ino e Sasuke estavam parados no corredor quando o ruivo saiu do apartamento.

— Cadê a Hinata?

— Trancada no quarto – ele respondeu passando pelo casal.

Ino foi bater na porta do quarto de Hinata que perguntou, sem abrir a porta:

— Ele ainda está ai?

— Gaara? Não. Só eu e o Sasuke.

Hinata abriu a porta e deixou Ino passar. Relatou de modo vago o que tinha acontecido, deixando claro que não tinha acontecido nada entre ela e o ruivo. Depois foi se arrumar para ir no almoço da Tenten. Se estava com medo de encontrar Naruto e Sakura? Sim estava, mais do que pensou que fosse capaz de sentir, mas era preciso estar lá. Tenten era sua amiga e noiva de seu primo, praticamente parte da família, além de ter a ajudado sobreviver ao período sombrio de luto pelos pais e do sequestro de Hinabi.

Todos os colegas e amigos de longos quatro anos estavam ali, todos recém-formados ou quase. Tenten estava com olhos vermelhos das lágrimas que tentava ocultar por trás de óculos escuros enormes. Neji estava sentado quase isolado conversando com Rock Lee, seu amigo mais próximo. Hinata foi até eles e os cumprimentou alegre. Naruto e Sakura apareceram por lá, deixando a garota sem saber como agir. Nem tinham terminado a relação direito e eles já estavam andando de mãos dadas e se mostrando como novo casal da praça?

— Podemos conversar, Hina-chan? – Naruto pediu vindo até ela.

— Não mesmo...

— Claro.

— Hinata!

— Eu preciso ter essa conversa com o Naruto, Neji. Não se preocupe. Sou mais forte do que aparento.

Já conhecia a casa de Tenten como se fosse sua, Hinata encaminhou o ex-namorado para uma área pouco acessível no jardim, por causa dos arbustos espinhosos. Ela deixou que Naruto começasse a falar.

— Você fica diferente quando prende os cabelos.

Ela tinha optado por um coque baixo, fazia calor e ela não estava com muita vontade de lavar os cabelos.

— Queria falar comigo sobre meus cabelos?

— Não – ele sorriu – Só queria começar com amenidades antes de ir para o assunto sério.

— Ah! Desculpe o interromper.

— Hina-chan, eu posso te pedir um favor muito importante? O último.

— Claro Naruto, o que você quiser.

— Pare de pedir desculpas toda vez que faz algo necessário. Se achar necessário empurrar alguém para lhe salvar a vida, não se desculpe se o impacto arranhar o cotovelo de quem foi salvo.

— Isso é uma metáfora?

— É – ela concordou com um movimento suave de cabeça e o loiro prosseguiu – Nessa situação toda, sou eu quem deve implorar por seu perdão. Agi como um cretino sem coração, eu pensei em qualquer coisa menos nos seus sentimentos quando comecei essa relação com a Sakura.

— Ela estava de acordo com isso? Me traírem?

— Não é bem assim, Hina-chan – ele coçou a cabeça – Meu envolvimento com a Sakura era inevitável. Nossos pais fundiram as empresas como você sabe e para a união ser completa, juntamos as famílias por meio do casamento.

Hinata abriu e fechou a boca algumas vezes sem nada pronunciar, então questionou chocada:

— Vai se casar com a Sakura?

— É um arranjo necessário, nossos pais planejavam essa união desde que pensaram em fundir as empresas.

— Um arranjo comercial? É assim que você e a Sakura vêem o relacionamento de vocês? Como pode agir desse modo?

— Eu sabia que você não ia entender, é romântica demais para compreender como as coisas funcionam.

— É o que pensa de mim? Naruto está pensando em algum dia formar uma família com a Sakura? Ter filhos e cria-los para presidir e gerenciar os negócios da família? Disse ainda ontem que não se casaria se não tivesse certeza.

— Acontece que eu tenho certeza de que a Sakura é a mulher certa, ainda que seja um casamento de aparências.

Hinata riu sem humor.

— Vai constituir uma família sem amor, sabe o quão triste isso soa?

— Respeito, confiança e parceria, Sakura e eu temos isso. Com o tempo aprenderemos a nos amar.

— Você nem acredita no que esta falando. Esse não é o Naruto que eu conheci. O que aconteceu com você?

— Amadureci, achou que eu seria sempre aquele jovem hiperativo que só queria saber de diversão? Eu te disse que ia mudar, que ia crescer.

— Á que preço? Deixar de ser você mesmo?

Naruto deu de ombros e enfiou as mãos nos bolsos.

— Lamento Hinata, eu gosto de você de verdade, mas está na hora de nossos caminhos se separarem.

A morena se abraçou, não reconhecia aquele com quem falava. Não era seu amado. Mesmo sentindo uma grande mágoa pelas decisões do ex-namorado, ela queria que ele fosse feliz e sabia que nada que dissesse ia fazê-lo mudar de idéia.

— Se está certo que é o que deseja, Naruto, então te desejo boa sorte.

Ela estendeu a mão para uma despedida formal, mas Naruto dispensou o gesto e a abraçou.

— Seja feliz, Hina-chan... Hinata.

— Seremos felizes nós dois. Cada um á seu modo.

— Que assim seja.

Ele desfez o abraço e saiu pelo caminho que entraram. Hinata permitiu que algumas lágrimas rolassem por seu rosto, antes de secá-las e voltar para onde todos os outros estavam. Naruto e Sakura estavam de saída quando ela apareceu, o loiro lhe dirigiu um último sorriso á qual foi correspondido com uma mesura. Então se foram. Deixando todos com a mesma pergunta em mente:

— O que houve lá atrás?

— O que acontece sempre que alguém se despede de uma pessoa insubstituível – ela respondeu para as garotas que lhe cercavam.

Ela não disse mais nada sobre o assunto. Apesar de contrariados todos respeitaram seu silêncio e aproveitaram o resto da tarde que se prolongou até o anoitecer.


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Notas finais do capítulo

Só isso GC?

Só. Era para ser uma one-shot, mas como ficou grande demais a dividi em duas.



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