24 horas escrita por Gato Cinza


Capítulo 1
Começo




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Ela se moveu durante o sono sem sonhos, sentiu algo atrás dela, um corpo. Um corpo forte que lhe abraçou. A recém-formada contadora se agarrou ao braço que lhe puxava mais para trás e entreabriu os olhos. Reconheceu a fotografia de vários estudantes sobre o criado-mudo, estava em casa. Que bom que tinha voltado para casa, não se lembrava de ter feito isso. A pessoa em sua costa ressonava baixo, normalmente tinha que dar algumas cotoveladas discretas para o namorado parar de roncar. E ele tinha trocado de perfume? E que anel era aquele no dedo anular? Ela só usava um anel no indicador esquerdo com pequena pedra lilás.

Tinha se casado? Estava assim tão bêbada que acabou se casando? Olhou o dedo de seu namorado, ele também usava uma aliança e combinava com o dela. Que bizarro, a mão dele estava diferente, um pouco áspera e os dedos mais longos. E desde quando ele tinha tatuagem no pulso? Virou para ver o que era. Amor. Que bonito, ele tinha feito uma tatuagem para ela. Sentiu-se contente por aquilo e resolveu agradecê-lo com um café da manha especial, cheio das porcarias que ele gostava de comer e que não era saudável. Deslizou com cuidado para fora da cama, sem dar-se ao trabalho de olhar para o namorado... marido, se corrigiu olhando a aliança na mão. Provavelmente passariam o resto do dia desfazendo aquele casamento, ia responsabilizar a Ino, foi ela quem inventou aquela besteira de que não tinha problema pedir o namorado em casamento, ela até comprou as alianças.

Enquanto procurava nos armários algo para cozinhar, tentou se lembrar do que fez na noite anterior. Tinha mesmo se casado ou só estavam usando o símbolo de união? E a pergunta mais importe, por que ela tinha bebido? Hinata Hyuuga nunca bebia mais do que metade de um copo de saquê. Recostou-se na geladeira enfiando a cabeça no freezer, aquilo era tão refrescante. Ah! Sim, estavam comemorando na noite anterior.

Tinham se formado e como alguns tinham plano de voltar para suas cidades, todo o grupo de universitários resolveu ir para a casa noturna. Uma comemoração e uma despedida ou como Shikamaru disse, uma desculpa para encherem a cara. Hinata não ia, estava nervosa demais com a idéia de pedir o Naruto em casamento, faria isso na churrascaria, foi o primeiro lugar onde o loiro a levou para jantar quando ainda estavam se conhecendo – e todas as outras vezes em que a chamava para sair e não a levava para a loja de rámem.

O jantar. Tinha sido um fracasso. Ela ficou nervosa demais, quase não conseguiu pronunciar o pedido, pelo menos o Naruto aceitou. Não aceitou? Ela se esforçou para se lembrar de tudo o que vinha em mente era o sorriso do namorado. Ela tirou a cabeça do freezer quando ouviu passos. Era sua colega de apartamento, a culpada por ela estar usando aliança e provavelmente a razão dela estar no meio de uma amnésia alcoólica. A jovem de longas madeixas loiras pegou uma garrafinha de suco na geladeira e bebeu seu conteúdo.

— I-Ino?

— Bom dia para você também, Hina. O que foi?

— N-nada. Só não estou acostumada a te ver arrumada de manhã tão cedo.

Ino que vestia saia jeans e regata roxa arqueou uma sobrancelha. Nem estava tão arrumada, tinha preso os cabelos e passado batom, como sempre.

— Hina já é quase meio-dia. Estou acordada há duas horas.

— M-meio d-dia?

Para garantir, ela correu até a sala e olhou o relógio sobre a porta, já era quase meio-dia mesmo.

— Estamos atrasadas.

Tinham um almoço de despedida para comparecer, o almoço tinha sido idéia de Tenten, ela ia mudar de cidade na segunda e resolveu oferecer um almoço de despedida para os colegas mais próximos e amigos.

— Relaxa, já liguei para informar que íamos nos atrasar um pouco e advinha? Tenten ainda estava dormindo também. Todos nos atrasaremos para o almoço.

Ainda assim Hinata não tinha gostado de acordar tão tarde, ela costumava acordar com os primeiros raios do sol.

— Vou chamar o Naruto e partimos em trinta minutos.

Trinta minutos eram mais do que o bastante para se lavar e arrumar. Se virou para ir chamar o namorado quando a porta de seu quarto se abriu e por ela passou... Ele não era o Naruto.

— Gaara? – Ino perguntou ao ver o ruivo saindo do quarto de Hinata – O que faz aqui... Oh!

— Oh! O o q-que? C-cadê o o N-Naru... – respirou profundamente e correu para seu quarto empurrando Gaara para fora do caminho.

Só podia ser praga. A pessoa com quem ela dormiu não era seu Naruto? Como assim? O que estava acontecendo? Procurou pelo loiro debaixo da cama, dentro do roupeiro, até pela janela ela olhou. O que ela tinha feito? Sentia o coração parar de bater, o sangue não estava mais correndo por suas veias, não conseguia respirar. Ela estava morrendo. Morrendo.

Um par de pálidos olhos azuis entrou em foco. Era Ino? Queria gritar para que sua amiga lhe ajudasse, mas não dava para respirar e falar ao mesmo tempo.

— Hinata respira. Faça como eu. Devagar.

Aos poucos ela conseguiu respirar normalmente. Olhou para a porta, onde vislumbrou uma calça preta em pé. Ergueu os olhos com cuidado, não conhecia aquele corpo. Não conhecia aquele rosto e nem aqueles olhos esverdeados pintados de preto. Bem, ela conhecia, já tinha visto o amigo de Naruto em diversas ocasiões, mas só que... não tinha nem um pingo de proximidade com ele, nem uma virgula de intimidade. Deve ter lhe dito alguns “oi” ao longo de todo seu namoro com Naruto por mera educação. Não. Aquilo era um sonho ruim. Ela costumava tê-los nas vésperas de provas e seminários. Claro, ela em alguns instantes piscaria e se veria nua na frente da escola e todos seus colegas ririam e lhe apontariam com os dedos. É. Era um sonho ruim. Só um pesadelo.

Baixou os olhos para seus pés descalços, mas algo reluzente chamou sua atenção e ela olhou para a aliança no dedo do ruivo. Arregalou os olhos, apavorada. Ele se moveu, vindo em sua direção. Por instinto, ela se encolheu. O ruivo acocorou-se na sua frente e tirou a aliança entregando para ela.

— Foi você quem colocou aqui – disse sem nenhuma entonação na voz – Pegue, é seu.

Hesitante, ela esticou os dedos trêmulos e pegou a aliança de volta. Leu a pequena inscrição no interior do circulo dourado, Sempre sua H.H., um soluço escapou de seus lábios, seguido por outro e mais outro. A visão ficou turva por causa das lágrimas e ela não conseguiu mais se conter.

>< 

Ino levou Gaara para a cozinha, encheu um copo de água e bebeu de uma vez só.

— Eu não acredito que você fez isso com ela – disse acusadora – E eu achando que você fosse o mais decente daquela corja que chama de amigos. Como pode ter sido tão cretino?

— Calma lá, Yamanaka, não me acuse do que não fiz.

— Não fizeram nada, nada mesmo?

— Nada. Não sou esse tipo de cara.

Ino assentiu enchendo outro copo de água, ela odiava ressaca. Bebeu e decidiu:

— Tenho que ir dizer isso para Hinata ou ela nunca mais sai do quarto.

— Eu falo com ela – pediu o ruivo – Fui eu que causei o mal entendido.

O olhar desconfiado de Ino o fez sorrir encabulado e erguer as mãos, como se estivesse se desculpando.

— Só preciso de dez minutos, se ela não acreditar em mim, então ela que permaneça com a consciência perturbada.

— Esse é o ruivo diabólico que eu conheço – ela disse passando por ele e dando um tapa em seu braço, na porta do quarto de Hinata disse – Vou descer no apartamento dos Uchiha. Volto em dez minutos.

— Ino? – Hinata olhou horrorizada da amiga para o ruivo.

— Não se preocupe Hina, ele não vai te atacar. E se for estúpido de fazer isso use isto – ela abriu a bolsa e jogou um vidro de spray de pimenta para a outra.

Gaara esperou que a loira fosse embora antes de ir se sentar na frente da porta de Hinata, virado para o lado, como que se vigiasse o corredor. Ela o encarou. Três metros os separavam só que ela não se sentia segura com ele por perto e segurou o spray com força. Quando foi morar com Ino foi apresentada ao mundo louco das dançarinas de casa noturna, entre uma tarde de ensaios e outra de estudos aprendeu alguns golpes úteis de defesa pessoal. Sabia quebrar o nariz de alguém sem machucar a mão e podia quebrar pelo menos três costelas daquele ruivo usando só uma joelhada. Em teoria ela podia fazer tudo isso, só nunca tinha tentado na prática.

— Não precisa ficar com medo de mim – Gaara sugeriu, sem olhar na sua direção e isso confirmava as suspeitas dela, e ele estava com vergonha.

— Dizer para não temer uma coisa só faz crescer o medo – disse num sussurro inaudível.

— Hyuuga, se for continuar falando baixo desse modo, terei que me aproximar de você.

— D-desculpa.

Seja um bom menino, foi o que sua mãe lhe pediu no leito de morte e ele estava tentando, realmente se esforçava muito para ser um cara legal, mas como ia ser benévolo se não conseguia nem falar com uma garota sem que ela agisse como se ele fosse perigoso, um psicopata com uma faca na mão admirando o estrago que fez em sua vitima? Ele fungou, audivelmente irritado.

— Não quero te forçar a acreditar no que eu disser, está bem? Esqueça esta manhã e me diga qual é a última coisa que se lembra de ontem à noite.

— Churrascaria – ela disse baixo demais, então repetiu em voz alta quando ele se inclinou para frente.

— Certo. Pensei que ia falar balada ou tequila.

— Eu bebi tequila?

— Também. Mas deixemos a balada para depois, o que aconteceu na churrascaria? Estava jantando com Ino?

— Não. Com o Naruto.

E a lembrança apareceu na sua frente como um holograma. Estavam comendo o docinho de feijão-branco quando ela abriu a bolsa.

— Eu pago – disse Naruto se apressando á pegar a carteira.

— Oh! Não é isso, Naruto. É outra coisa.

Da bolsa retirou a caixinha redonda de veludo azul-escuro. Entregou para o loiro e gaguejou seu pedido de casamento. Observou temerosa ao namorado que abriu a caixinha com cuidado. Então abriu um largo sorriso. Hinata esperou que ele dissesse logo sua resposta, mas ele nada disse por um tempo, até sua face bonita começar a se distorcer. Será que ele estava passando mal? Hinata ficou preocupada com a reação do namorado, será que tinha se engasgado? Os ombros de Naruto começaram a estremecer, e a coisa mais embaraçosa aconteceu. Naruto jogou a cabeça para trás e gargalhou. A preocupação de Hinata deu lugar ao alivio e depois á vergonha. Naruto estava atraindo olhares demais para sua mesa. Ela tentou se esconder, baixando-se para debaixo da mesa, mas não queria constranger o namorado com aquele tipo de cena.

Quando o ataque de risos do loiro terminou, ele voltou a fita-la limpando as lágrimas dos olhos. Hinata tinha todo o rosto quente, possivelmente estava mais vermelho o tom dos batons de Ino. Ela olhou a caixinha na mesa, será que tinha feito errado? Repassou ligeiramente o que disse, apesar de ter gaguejado muito ela não falou nada errado. Naruto acompanhou o olhar dela e pegou um dos aros dourados, experimentou no dedo da mão errada, retirou e guardou a aliança no seu lugar o entregando para Hinata.

— Eu sei que estamos no século XXI e que uma garota pedir um cara em casamento é supernormal – ele começou e Hinata se encheu de uma esperança quase infantil – Só que eu sou meio antiquado, Hina-chan.

— Isso quer dizer que?

— Isso quer dizer que quando eu quiser me casar serei eu quem fará o pedido.

Ela processou aquela informação. Ele não queria se casar com ela? Não, ele não disse isso. Disse que quando quisesse se casar ele faria o pedido. Ela tinha feito o pedido antes dele. Que droga.

— Desculpe, acho que me precipitei.

— Tudo bem Hinata. Não precisa se desculpar, não há razão para isso ou há? – ele se inclinou fazendo sinal para ela imitá-lo, seus rostos quase se tocavam quando ele sussurrou – Você está gravida?

Ela ficou constrangida. Claro que não estava gravida, era uma jovem absurdamente responsável e nunca... como ele podia pensar isso dela?

— Não.

— Então por que me pediu em casamento? – ele relaxou a postura e voltou para o lugar.

— O que?

— Por que me pediu em casamento?

— Por que eu te amo – disse sentindo-se enrubescer novamente.

Naruto riu.

— Eu amo carne e não é por isso que pediria uma vaca em casamento. Não seja boba, Hina-chan, é só uma piada não precisa ficar vermelha assim. Já te passou pela sua cabecinha perfeita que se eu não te pedi em casamento nos nossos quatro anos de namoro, é por que eu não quis?

— Achei que gostasse de mim.

— E gosto, eu te adoro. Mas casamento para mim só quando eu tiver certeza que estou me casando com a mulher certa para ser mãe de meus filhos e viver comigo até que a morte nos separe.

O que? Mulher certa? Ele estava dizendo que ela não era a pessoa certa para ele? Não, claro que não, ela estava se precipitando na conclusão outra vez.

— Naruto, você me ama?

Ele piscou e sorriu.

— Você é a pessoa mais incrível que eu conheço. Minha melhor amiga antes de ser minha garota. Como poderia não te amar?

— Não foi isso que eu perguntei. Do jeito que falou é como se estivesse falando de seus amigos, como eu amo a Hinabi e o Neji e a Ino. Quero saber se me ama o bastante para me querer como a mãe de seus filhos e sua companheira para a vida toda.

— Hinata – ele pegou sua mão a fazendo ficar vermelha pela demonstração de afeto em público – Você é minha primeira namorada, nunca tive alguém com quem comparar nosso relacionamento, como posso ter certeza que é a mulher da minha vida se nunca estive com outra?

— Eu também nunca estive com outro homem e tenho certeza que é você quem eu amo e amarei para sempre.

Naruto sorriu, afagou a mão dela e soltou.

— Temos que ir nos encontrar nossos amigos, podemos voltar a falar sobre isso amanhã?

— Por que amanhã? Nossos amigos não se importarão em esperar.

— Minha querida, você e eu precisamos de um tempo.

— U-um t-tempo? Está terminando c-comigo?

— Um tempo não significa isso. Olha eu vou viajar com a Sakura para o litoral e volto em alguns dias. Então continuamos essa conversa.

Hinata se empertigou ao ouvir o nome da garota de cabelos coloridos, Ino não gostava dela por que ela dava em cima de Sasuke descaradamente, só parou quando Sasuke deu um fora dela afirmando que era comprometido com Ino e a loira era a única mulher que lhe interessava. Depois disso Sakura começou a se oferecer para Naruto, mas Hinata confiava na fidelidade do namorado.

— Por que não me disse que ia viajar?

— Por que acha que eu te chamei para jantar aqui? Minha intenção era falar sobre a viagem com você, mas então veio com essa palhaçada de casamento e eu... você está pálida. Está se sentindo bem?

Hinata não respondeu, pegou sua bolsa e correu para fora da churrascaria, ouviu Naruto pedindo que esperasse que ele pagasse a conta, mas ela não esperou.

 

— Ah! Naruto.

Gaara estudava sua expressão em silêncio pelo canto dos olhos, como ela não disse nada ele instigou:

— Depois que jantou com Naruto foram para a casa noturna?

— Não. Eu voltei para casa sozinha e liguei para Ino para informar que não ia mais.

Tinha ligado do taxi no caminho de casa, quando chegou ao apartamento pequeno no prédio residencial que abrigava metade dos estudantes da universidade, se trancou no quarto. Chorou. Naruto gostava dela, mas não o suficiente para se casar com ela. Ele ia viajar com Sakura para o litoral. Sakura, a garota bonita que não tinha problema nenhum em demonstrar o que sentia em público. Não percebeu quando Ino entrou no seu quarto, só foi perceber quando um copo de saquê foi enfiado em sua mão.

— Beba – mandou a loira naquele tom severo que a impelia á obedecer.

Ela bebericou e sentiu o gosto adocicado do vinho antes de engoli-lo. Então devolveu para a amiga o restante.

— Não Hinata, beba tudo.

— Não gosto dessa coisa, Ino.

— Então está bem. Me diga por que ligou aos prantos dizendo que não vai para a danceteria.

— Danceteria – ela riu do nome – Que coisa mais antiga.

— Hinata, eu vou passar a noite toda aqui com você e o Sasuke está lá na sala nos esperando. Se nós não formos passaremos o resto da vida reclamando e te culpando. Quer isso?

Sem outra opção além de escutar Ino resmungando o dia todo, o que acontecia pelo menos uma vez por semana, ela relatou de modo resumido o que aconteceu na churrascaria para completa fúria de Ino que se colocou á andar pelo quarto.

— Como aquele otário de olhos perfeitos ousa recusar seu pedido? Eu vou matar o Naruto.

— Ino, fale baixo.

— Baixo o caralho, Hinata.

Sasuke apareceu na porta, como elas estavam apenas tendo uma conversa de garotas, ele tirou o celular do bolso e começou a digitar. Hinata sentiu-se pior quando o viu fazer aquilo, tinha até idéia do que ele estava digitando, nós não iremos. Era sempre assim, ela dava defeito, Ino ficava com ela até passar e Sasuke acabava passando metade da noite vendo TV, depois o casal ia para o quarto de Ino. Sasuke era calado, sério e nunca se justificava e as pessoas se acostumavam com ele depois de um tempo.

Hinata foi a primeira garota á se aproximar dele por que acordava cedo e um dia o viu correndo antes mesmo do sol nascer. Ela gostava de correr, tinha parado quando foi morar com Ino por questão de segurança e ela quase nunca tinha tempo, então uma manhã se atreveu a correr com ele. Ia sempre alguns metros atrás dele, certo dia ela se atrasou para descer por que o elevador estava com problema e ela morava no penúltimo andar. Quando chegou á calçada ele estava se alongando, olhou para ela assentiu e começou a correr. Foi assim que ela e Sasuke se tornaram amigos se falando o menos possível, mesmo sendo colega de Naruto no curso de idiomas o moreno não conseguia se envolver com a turma. Quando soube que ele e Ino estavam saindo, foi um choque para todos.

Ino a convenceu com alguma dificuldade á ir para a casa noturna. Ino lhe fez vestir um de seus tubinhos sem alça, nada parecido com as peças folgadas que Hinata usasse com frequência. Os cabelos longos cobriam os ombros nus e um par de stiletto vermelho completava o visual nada discreto. Ela estava completamente encabulada de sair naqueles trajes, só o fez por que Ino lhe garantiu que Naruto merecia a lição de ver o qual desejável era a garota cujo coração ele partia. A casa noturna estava cheia, se bem que Hinata nunca tinha entrado ali, apenas passado pela calçada do outro lado da rua. Assim que entraram, algumas garotas correram e vieram cumprimentar Ino então fitavam a morena e depois de quase uma eternidade a reconheciam. Karin foi a pessoa que mais fez Hinata querer sumir com seus comentários. A ruiva cumprimentou Sasuke de um modo provocante que fez Ino revirar os olhos, então se virou para a morena e olhou-a dos pés á cabeça.

— Nossa. Se soubesse que sua irmã era tão gostosa eu tinha virado lésbica, Sasuke.

Hinata sentiu o rosto queimando quando ouviu Kiba rindo e informando para Karin, como se ela nem estivesse ali:

— Essa é a Hinata, namorada do Naruto.

Karin abriu a boca e voltou a analisar Hinata que ficava mais e mais vermelha com aquela situação.

— Agora eu entendo por que veste moletom todos os dias, com esse corpo é capaz de provocar um acidente á cada esquina.

Hinata foi salva de ter uma queimadura de pele causada por constrangimento excessivo, por Shino Aburami, outro esquisitão de quem ela era amiga apesar de quase nunca se falarem. O rapaz alto e pálido a levou para a pista de dança, Hinata podia jurar que ele não sabia dançar, mas dançava e muito bem. Ela ficou até com medo de errar um passo e envergonha-lo. Cinco musicas depois, eles foram para onde estavam seus colegas e amigos. Eles ocupavam quatro mesas, apesar de ninguém estar sentado.

— Meus pés estão doendo – ela sussurrou para Ino – O que foi? Por que estão me olhando?

Não era um olhar questionador, pareciam pesarosos, piedosos. Começou a sentir-se mal com aqueles olhares e se levantou de um pulo. Murmurou que tinha que ir ao banheiro e nem perguntou para que lado ficava, só saiu empurrando as pessoas para se afastar daqueles olhares estranhos. Precisavam encara-la daquele modo? Já tinham visto a dançar antes. Será que era por que estava dançando com Shino? O que tinha de errado nisso, eles eram amigos e aquele ritmo agitado impedia que se quer tocassem um no outro. Ela estava ficando paranóica. Isso sim. Tinha tanto medo de decepcionar as pessoas que quando fazia algo para si, agia como uma idiota. E ter ido ali foi um erro, Naruto nem tinha ido. Todos iam falar dela na manhã seguinte e Naruto ouviria os comentários e ficaria magoado. Tinha que ir embora, ia avisar Ino que estava indo...

Seu fluxo de pensamentos parou ao chocar com alguém trajando um exuberante de tom de fogo. Ela se desculpou e olhou a pessoa que lhe segurava pela cintura, antes com intenção de não deixa-la cair e agora com alguma inconveniência desagradável. Era um dos amigos de Naruto de quem ela não gostava. Cabelos ruivos, olhos verdes sempre maquiados, e uma postura ameaçadora. Ela não gostava dele, algo no modo com que ele a olhava lhe causava arrepios e arrepios nunca era coisa boa.


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