Ardentemente escrita por helenabenett


Capítulo 3
O Arqueiro




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Darcy

Darcy voltou naquele local várias vezes, porém não voltou a ver Elizabeth. Em compensação, a via em vários eventos sociais a admirando em todas as oportunidades que possuía. Ela sempre estava risonha e de bom humor, e a cada dia mais bonita e encantadora. Naquele dia estavam indo a um evento em Lucas Lodge, e as irmãs de Bingley aproveitavam a curta viagem de carruagem para criticar toda a sociedade rural, e principalmente o próprio Lucas.

—Homem ridículo, pretensioso e pomposo! – sibilou Louisa.

—Insuportável, realmente! Quanto tempo teremos que tolerar esse lugar horroroso, Charles? – disse Caroline se virando ao irmão.

Bingley virou–se surpreso:

— Falou comigo, Caroline?

Ele estava cada dia mais desatento, e sempre com um sorriso tolo nos lábios. Darcy conhecia Bingley mais que qualquer um, sabia que ele estava começando a se apaixonar seriamente por Miss. Jane Bennet. Ele ainda não conseguia identificar se isso era uma coisa positiva ou não. Por uma lado ele ficaria mais próximo do que nunca de Elizabeth, por outro isso não necessariamente era uma coisa boa. E ele ainda possuía outras severas reservas com respeito a Miss. Jane, a família dela era absurdamente inapropriada e apesar do dinheiro da irmã ela mesma não possuía nenhum dote, nem conexões... Mas Charles não havia se comprometido seriamente com ela, e portanto ele preferia não interferir. Pelo menos não por enquanto.

Elizabeth

As coisas corriam maravilhosamente em Longborn naqueles dias, Jane estava feliz e apaixonada, Mary aproveitava maravilhosamente o novo piano dado por Lizzie, as mais novas sonhavam com a vinda da milícia a Meryton, a Senhora Bennet parara de atormentar Elizabeth para poder se dedicar a importunar Jane e a vida não poderia ser mais doce. Naquele dia iriam para uma reunião em Lucas Lodge e Lizzie estava feliz por poder se distrair um pouco, havia treinado intensamente aqueles dias, e seus braços e pernas doíam. Cada dia os jogos ficavam mais próximos e o alvoroço social que viviam nos últimos tempos não poderia lhe distrair disso. Ver Mr. Darcy sempre a deixava desconcertada, após o modo como ele a rejeitara, ela esperava conseguir detesta–ló para sempre, mas seus sentimentos eram mais benévolos do que gostaria. E o modo como ele olhava para ela era tão desconcertante. Ele provavelmente esperava que ela fizesse alguma selvageria, ou que desse um passo em falso na civilidade. Ela não iria lhe dar esse prazer.

Lucas Lodge estava animado e cheio de vida quando lá chegaram, e ela estava feliz por ter uma noite divertida em sua frente. Ao olhar, no entanto, pela sala e dar de cara com Mr. Darcy sua animação caiu consideravelmente. Ela levantou a cabeça e decidiu que não ia se lembrar dele durante toda a noite, porém onde andava sentia aqueles olhos cor âmbar as suas costas.

— Mr. Darcy te olha bastante, Lizzie – Disse Charlote interrompendo suas divagações.

— Apenas para mostrar sua desaprovação, imagino. Ele também deve esperar que eu saia por aí descabelada e selvagem... Mas não vou lhe dar esse gosto.

— Só você mesmo, Lizzie – disse Char aos risos – acredito que está interpretando mal os olhares de Mr. Darcy.

— Então como os explica, Char, depois dele ter rejeitado tão veementemente minha pessoa?

— Acho que ele te estuda por que nunca conheceu mulher como você.

— Meu Deus, Char, que tolice! Se bem que isso não nega o que afirmei: ele espera de mim maluquice e selvageria. Nunca conheci homem mais pretensioso e arrogante que este!

— Estou começando a me assustar contigo. Quando despreza as pessoas simplesmente as ignora, mas você não perde oportunidade para falar deste homem... Estaria minha amiga se apaixonando?

— Por favor, Char. Está começando a ver romance em tudo, eu que estou assustada contigo.

— Bem, Jane parece apaixonada certamente. Mas acredito que ela deveria demonstrar mais e não menos do que sente, desse jeito é improvável que ela consiga segura–lo.

— Segura–lo? Por Deus, eles se conhecem a pouco mais de um mês. Fazer isso antes de estar certa dos próprios sentimentos, e mesmo antes de ter certeza do caráter dele?

— Bobagem. O casamento é pura questão de sorte. De qualquer modo ela não parece que vai agir assim.

Os gritos de Lydia interromperam as duas. Ela e Kittie estavam em uma roda de dança que ficava a cada minuto mais escandalosa. Lizzie necessitou ir conversar com ambas antes que embaraçassem ainda mais a família.

Darcy

A chatice de Lucas estava levando Darcy a loucura, além de saber trocar apenas banalidades, o homem era pomposo e tolo, e sabia falar apenas de St. James e de como tudo ali era maravilhoso, grandioso... Darcy já não ouvia mais, e não o respondia para deixar claro que não queria conversa. O homem ainda interrompera sua admiração por Elizabeth, que estava particularmente bela aquele dia em seu vestido vermelho que contrastava bem com sua pele branca, os cabelos presos em um coque delicado rodeado por uma cascata de cachos, os olhos muito negros brilhavam intensamente... Ao invés de apreciar esta bela visão, era obrigado a ouvir a ladainha vazia do anfitrião. O motivo de suas divagações passou ao lado deles e foi imediatamente chamada por Lucas. Talvez o homem não fosse tão inútil assim.

—Miss Eliza! Por que não está dançando? Apresento–lhe Darcy essa desejável companheira de dança: Miss. Elizabeth Bennet.

—Senhor, se pensa que caminhei nessa direção à procura de um par para dança, está enganado.

—Seria um prazer dançar com a senhorita, Miss Bennet. – disse Darcy tentando ser o mais polido possível.

Elizabeth levantou o rosto em sua expressão desafiadora, Darcy quase deu um passo para trás. Haveria ódio naqueles belos olhos?

—Não estou inclinada a dançar, agradeço. – Eliza se virou antes mesmo de Lucas conseguir articular alguma coisa.

“Que mulher!” Pensou Darcy, nunca em sua vida havia sido recusado por mulher nenhuma, nem por filhas de condes ou lordes, e agora tinha sido rejeitado por uma mulher da arena, uma moça do campo de baixas conexões. Estaria ela jogando com ele? Será que ele havia deixado transparecer algo? Difícil saber, Elizabeth era uma ótima jogadora na arena, e fora dela não parecia ser tão diferente, um bom jogador nunca trai os próprios sentimentos. Seria ele um bom jogador?

Elizabeth

Eliza estava possessa, como sua mãe poderia ser assim tão inconsequente? Mandar Jane para a casa dos Bingley a cavalo sabendo que iria chover, agora sua irmã estava doente na casa de desconhecidos! E ainda por cima, Elizabeth tinha cavalgado a noite inteira com Argo, e o pobre cavalo precisava de seu merecido descanso. Ela poderia pegar outro cavalo, mas a verdade é que Argo era por demais ciumento. Se visse ela em outro cavalo, ou sentisse o cheiro de um concorrente nela, iria demorar semanas até ele ficar de bom humor de novo.

Sua família a achava tola por tratar o cavalo como gente, mas nenhuma amazona era bem sucedida se não possuísse uma boa relação com o próprio cavalo. Se a casa dos Bingley fosse mais distante ou Jane estivesse mais doente, ela poderia ter se arriscado com outra montaria, mas eram apenas três milhas de distância e ela podia cobri–las tranquilamente a pé. Lizzie amava caminhar, não seria portanto nenhum sacrifício. Ela ajeitou uma adaga habilmente escondida em seu cinto e começou a caminhada pra Netherfield. Havia lama pra todo lado, e ela começou a imaginar o que as irmãs de Bingley diriam quando a visse descabelada e suja, riu com tal ideia. Mas ao pensar em Mr. Darcy acabou por praguejar baixinho, ia dar a ele exatamente o que ele queria: uma cena de uma mulher descontrolada e selvagem.

Ao chegar em Netherfield, deu de cara com Darcy. Cumprimentou–o levemente:

—Boa tarde, Mr. Darcy

Ele a encarava levemente surpreso. Com uma expressão arrogante que fez com que Elizabeth quisesse acertar–lhe um soco na cara.

— Vim para ver minha irmã.

— A pé?

— Como pode ver.

Ele a levou até o quarto onde sua irmã se encontrava. E lá estava a moça com uma expressão languida e cansada que cortou o coração de Eliza. Bingley foi maravilhoso com ela, buscando suas roupas e até mesmo seu arco, para que pudesse continuar parte do treinamento enquanto cuidava de sua irmã. Ele revelou que era grande fã dos jogos, e que este ano certamente torceria e apostaria nela, Elizabeth sorriu e agradeceu sinceramente.

Darcy

Pela janela ele podia ver Elizabeth treinando arco e flecha, era difícil dizer o porquê ela ainda treinava, pois seu desempenho era simplesmente perfeito. Ele estava se decidindo, por se aproximar ou não. A tentação foi maior que a razão e ele decidiu por descer e conversar um pouco com a interessante moça. 

— Miss Bennet, se a senhorita se posicionasse com os ombros mais eretos suas costas doeriam menos ao final do treino.

Elizabeth virou para ele com um belo sorriso.

— Como sabe se tenho ou não dor nas costas?

— Só de ver sua posição consigo notar, me permite ajuda–lá?

Ela pareceu ficar desconfiada por uns poucos instantes, e por fim assentiu. Mr. Darcy se posicionou atrás dela, ajustando os ombros da moça para que eles ficassem adequados, é possível que ele tenha ficado um pouco mais próximo do que deveria, a ponto de sentir o suave cheiro de rosas que exalava do corpo de Elizabeth, ele sussurrou em seu ouvido que aquela era a melhor posição e ele pôde sentir o momento em que a moça ficou arrepiada. Ela afastou–se dele naquele instante.

— Muito obrigada, Mr. Darcy. Acredito que está correto sobre essa posição. Parece ter muita experiência, gostaria de vê–lo atirando.

Ela disse aquilo em um leve tom de desafio que ele captou no mesmo momento, ele não iria se acovardar... Sem proferir uma palavra sequer, pegou o arco e atirou de modo certeiro no alvo. Se Elizabeth ficou impressionada não demonstrou.

— Vou deixa–la treinar em paz agora.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Espero a opinião de vocês nos comentários. :D



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