Ardentemente escrita por helenabenett


Capítulo 2
Primeiras impressões


Notas iniciais do capítulo

O primeiro encontro. As primeiras impressões.



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Elizabeth

— Você está linda, Jane!

—Ah, Lizzie, este vestido foi um presente incrível. E por demais extravagante – disse Jane em tom de reprimenda.

—Não se preocupe com isso! Quero que esta noite seja sua. Se pelo menos conseguíssemos nos livrar de mamãe...

As duas caíram em gargalhadas.

—Você é muito má, Lizzie.

—Sim, eu sei. Jane... – Disse Elizabeth assumindo um tom mais sério – Você sabe que esta é uma grande oportunidade para você, certo? Eu consultei algumas conhecidas e elas me informaram que ele é um rapaz excelente.

— Oh, Lizzie. Eu entendo é claro, mas sabe muito bem que quero me casar por amor.

—Trate de amá-lo então. – Disse em um debochado tom de ordem. – Jane, não vou influenciá-la neste ponto, não ouvirá nada do tipo de mim novamente. Porém, você sabe que ele é o único pretendente tolerável na região. Caso as coisas não deem certo iremos para Londres na temporada para que possa conseguir alguém adequado com quem se casar.

— Elizabeth, desde quando se preocupa tanto em nos casar? Que eu me lembre seu maior sonho na infância era o de nós cinco sermos solteironas e vivendo todas nessa casa.

— Eu não a forçarei a casar, Jane. Nunca faria isso! Só quero te dar opções, e aqui não as possuímos. Você tem 23 anos e péssimas conexões. E arruinei suas poucas possibilidades de realizar um bom casamento por causa da minha imprudência em participar dos jogos. Talvez em Londres você possa ter mais chances...

         Jane arregalou seus lindos olhos azuis, e encarou Elizabeth. Tentou controlar sua voz, porém ela saiu engasgada e tremula:

—Nunca mais repita isso! Tudo que fez foi pensando em nós. Qualquer meio em que você não é aceita não é digno de minha atenção. Você já fez muito por esta família. E quanto a possibilidade de eu me casar, isso nada tem haver contigo. Pare de se sentir responsável por todos.

        Jane suavizou a expressão e a voz e terminou por abraçar a irmã.

—Às vezes esqueço que você é minha irmã mais nova. Tudo vai dar certo no final, pode ter certeza.

       Elizabeth não tinha essa certeza. Mas se calou e aproveitou o abraço da irmã.

 

    Apesar de não ter sido solicitada nas últimas duas danças Lizzie estava satisfeita. Bingley parecia ser tudo o que haviam lhe dito: rico, bonito, bondoso, jovem e animado. Enfim, perfeito para Jane. E o melhor de tudo é que ele parecia totalmente encantado por sua irmã mais velha. Seus parentes, no entanto eram deploráveis, arrogantes e cheios de si. Mas ninguém era perfeito, ela e Jane também não possuíam relações exatamente louváveis. Quanto ao amigo de Bingley: o pomposo Mr. Darcy, apesar de todos no salão de baile terem o considerado um homem pretensioso e arrogante, ela se recusava a se precipitar em considerações apenas pelo fato do rapaz ser calado. Além do mais, ele era um belo espécime de homem. Alto, ombros largos e fortes, um rosto sério que possuíam olhos inteligentes com um belo tom de âmbar, cabelos levemente ondulados e um ar de perfeito cavalheiro inglês. A beleza do rapaz a impressionara mais do que gostaria de admitir a si mesma. Quando Bingley se aproximou de Darcy, Elizabeth se permitiu ter a esperança de que o cavalheiro pedisse uma apresentação e quem sabe uma dança a ela.

— Odeio vê-lo parado dessa maneira estúpida, Darcy! Deveria dançar. Nunca conheci mulheres tão bonitas e interessantes como as que estão aqui nesta noite.

— A única mulher interessante deste local é sua parceira.

— Você não olhou direito meu amigo! Não vê essa bela jovem perto de nós? – Disse Bingley em um tom de voz mais baixo.

Darcy virou-se olhando para Elizabeth de uma maneira fria e critica. Eliza levantou o queixo desafiadoramente o encarando de volta.

— Ela é tolerável, eu suponho. De qualquer forma não me atrevo a me associar com pessoas como a segunda menina Bennet. É melhor voltar a sua companheira e seus sorrisos. Não desperdice seu tempo comigo.

    Lizzie se lembrou neste momento o porquê de seu pai lhe proibir de andar armada. Se ela estivesse com sua pistola acertaria Mr. Darcy em toda a sua arrogância.  Mas não daria a ele o gosto de vê-la desconcertada, levantou-se sorrindo e caminhou até Charlote Lucas para contar-lhe o que acontecera.

 

    Elizabeth dividia a cama com Jane desde que se lembrara. E naquela noite fez questão de extrair de Jane todas as impressões que a mesma tivera da noite. Jane ria e exalava elogios a Bingley, contando como ele era bondoso e cavalheiresco. O coração de Lizzie estava em jubilo pela irmã, e ela aproveitou-se do bom humor de Jane para contar a anedota da cena de Mr. Darcy.

— Oh, Lizzie! Ele não disse isso.

— E olhe minha irmã, eu estava muito bem disposta com ele.

—Talvez ele só estivesse de mal humor. Sei que gostou dele, deveria perdoar e esquecer.

—Eu perdoaria facilmente seu orgulho se não tivesse mortificado o meu. Não, não cabe a mim perdoar. Ele é um homem arrogante e esnobe, sua beleza não compensa esses defeitos tão proeminentes minha irmã.

—Ele realmente é um homem bonito.  Percebi o quanto olhou para ele, fiquei impressionada visto que você nunca foi tão indiscreta.

—Talvez por isso a humilhação tenha calado tão fundo.

—Talvez.

 

    Elizabeth tinha um velho hábito de cavalgar durante a noite quando se sentia agitada e sem sono. Selou Argo e cavalgou pela noite durante muitas horas. Observou as estrelas e foi se deitar quando o dia estava prestes a amanhecer.

 

 

Darcy

    Darcy não costumada dormir tão tarde, mas se sentia incomodado. Ele não deveria ter dito aquelas coisas para Bingley sabendo que miss Bennet estava ouvindo, porém a forma desafiadora como ela havia olhado para ele o deixara irritado e ele acabara por se expressar daquela maneira totalmente inadequada. Ele lembrava de ver Elizabeth Bennet na arena, recordava de sua habilidade, de seu corpo definido por baixo das malhas simples disponibilizadas aos jogadores. Quando Bingley lhe convidou a ir para Netherfield ele sabia que ela morava a poucas milhas dali. A curiosidade o impulsionou, ele tinha que admitir. Ele queria conhecer a mulher corajosa que desafiara todos os padrões de uma sociedade moralista e machista como a deles.

     Ele ficara impressionado ao vê-la com roupas de damas da sociedade. Não esperava que a mulher levemente selvagem que vira nos jogos tivesse tal desenvoltura social. Achava que as vestes da arena ficavam melhores nela, assim como a simples trança que ela costumava usar enquanto estava competindo. Ela ficava mais simples, mais natural... Ele passara boa parte da noite tentando observá-la de uma distância segura. Viu como ela era alegre e gentil, como era animada e sociável. Ele não tinha a mínima intensão de ser apresentado a ela, as palavras que tinha dito a Bingley eram sérias: ele não queria se associar ao tipo de gente que Miss. Bennet era. Talvez se tivesse que pensar só em si mesmo ele poderia se dar tal luxo, mas possuía uma irmã para cuidar. Lembrar de Georgie lhe doía e tentou afastar os pensamentos. De um modo ou de outro foi uma tolice o que disse a Miss. Elizabeth Bennet, mas ela olhara para ele como olhava para os adversários na arena e ele acabou agindo como tal ao tentar machuca-la.

    Levado por suas divagações, Mr. Darcy já estava no meio dos campos de Netherfield quando ouviu barulho de cavalos e tratou de se esconder atrás de uma árvore. Apesar de não ter ouvido falar de salteadores naquela região ele não estava disposto a arriscar. Amaldiçoou a si mesmo pela imprudência de sair desarmado a esta hora dessa noite, e tentou observar o cavaleiro que se assomava a sua frente. Era ninguém menos que Miss. Elizabeth Bennet, cavalgando calmamente, com roupas leves e os belos cabelos ondulados soltos. Ele agradecia a sombra da árvore que o tornara invisível e a luz da lua que a deixava magnifica, refletindo em sua pele branca e em seus olhos negros brilhantes. Darcy poderia ter ficado o resto da noite a observá-la, mas a moça parecia ter tido outros planos, sorrindo para si mesma com alguma ideia repentina que havia lhe passado, começou a cavalgar rapidamente para o rumo da floresta. Ele ficou preocupado inicialmente com a ideia dela sozinha na floresta, mas afastou o pensamento no mesmo momento, ele nada tinha que ver com Elizabeth e suas peraltices.  Voltou para seu quarto cansado e sonhando com amazonas de cabelos ondulados cavalgando durante noites de verão.


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Notas finais do capítulo

Espero que gostem! Por favor, não deixem de comentar.



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