Autistic Love escrita por Claraneko


Capítulo 4
Tente Ajudá-lo


Notas iniciais do capítulo

Finalmente postando :) Queria fazer isso antes de tirar os sisos quarta-feira, porque depois seria difícil S.O.S kkk
Perdoem qualquer erro de português por que eu não reli o cap. (que coisa feia)
Sem mais enrolações, minna... Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/745083/chapter/4

— E agora..? Deus do céu - Suzuno perguntou para si mesmo, receoso em se aproximar. Já estava vestido com o uniforme do time, mas permanecia parado na entrada do campo. Tinha faltado nos últimos três dias nas aulas e nos treinamentos, seguido pelo fim se semana, e por isso não vira Nagumo havia cinco dias. Estava empolgado e ao mesmo tempo temeroso para vê-lo, queria fazer aquilo novamente, jogar futebol sem se importar com nada. Porém, preocupava-se com o fato de não conseguir fazer o mesmo na presença do time, sabia que ainda não era capaz.

Apertou os punhos na lateral do corpo, indignado com a própria fraqueza. “Por que me importo com que os outros vão pensar, se o que pensam já não é legal?” Refletiu. Mas não conseguia evitar agir assim, como sempre agira, e era difícil mudar tão rápido. Continuou parado, olhando para o time que pouco a pouco ia se reunindo nos bancos ao lado do campo. O treinador permanecia ausente, mas logo chegaria.

— Te dou dez reais se me disser o que está pensando - um ser chegou por trás e disse ao seu ouvido.

O prateado pulou de susto e logo dirigiu uma expressão emburrada para o sorriso sacana que o colega o lançava.

— Não faça isso - Suzuno fez careta. -, aparecer de fininho por trás das pessoas... Não é legal.

Nagumo abriu um enorme sorriso.

— Eu não consegui resistir... - ele levou a mão à cabeça. - E você se assusta fácil demais Suzuno-chan.

O prateado virou um pimentão

— Não me chame de Suzuno-chan - disse, corado, só era alguns meses mais novo, oras. - Estamos no mesmo ano.

— Te chamo como então?

Suzuno deu de ombros, queria sair logo daquele assunto constrangedor.

— Hoje tem sol - disse Suzuno, trocando de assunto. Nagumo olhou para cima, avaliando. Diferente do outro dia, esse se fazia quente e com poucas nuvens.

— Obviamente - disse divertido, usando das palavras do próprio prateado, que fez uma careta em resposta. O  ruivo logo coçou a cabeça, pensativo e tristonho. - Que pena... assim não posso ver suas roupas coladinhas... - murmurava até receber um olhar penetrante do colega, mais sombrio do que o ruivo quando estava irritado. - Parei, parei.... Peraí, quero saber de uma coisa...

Nagumo de repente ficou de frente para o albino. Os olhos de fogo laranja cheios de perguntas. Um misto de preocupação e curiosidade que atraíram imediatamente o olhar do prateado, que esperou a pergunta vir.

— Por que faltou os dias depois do nosso jogo?

Suzuno continuou a o encarar, calado, e logo riu.

— Ah, era isso? - disse, pensando que viria uma pergunta mais séria ou novamente as indagações sobre sua posição de defensor.

— Como assim? - o ruivo o fitou perplexo - Eu fiquei preocupado, você faltou três dias seguidos, Por quê?. Pensei que tantas coisas que poderiam ter acontecido com você.

— Estava mesmo preocupado comigo? - Suzuno indagou baixinho, mais para si mesmo do que para o colega. Andara pensando se acreditava mesmo naquele garoto de flor na cabeça ou não, mas sempre fora intuitivo e sentia que podia confiar. Engraçado... nunca confiara em ninguém em tão pouco tempo. Sentiu alguma coisa em seu peito esquentar.

— Claro que estava - Nagumo falou no mesmo tom do colega. - Somos amigos agora. Amigos ficam preocupados quando os outros somem.

— Amigos - repetiu. Dessa vez sentiu que o coração saltava do peito.  - Eu nunca tive um amigo.

— Assim eu fico chateado, ainda não me considera um amigo? - o ruivo fez cara de magoado, mas parecia se divertir.

— Não... considero sim, eu acho - Suzuno não percebeu que o outro estava brincando.

O avermelhado apertou a mão do prateado e balançou para cima e para baixo, como um cumprimento rápido e desajeitado.

— Me sinto privilegiado por ser seu primeiro amigo então - disse-lhe.

Suzuno sorriu docemente, meio envergonhado.

“Você fica lindo quando sorri” Nagumo pensou, apreciando essa expressão tão rara naquele menino.

O prateado mergulhou nos olhos dele, tentando decifrar em suas orbes mais do que as palavras diziam, mas não conseguia - consequências do seu problema -, só sabia de uma coisa: ele queria respostas, respostas essas que não podia dar. Isso acontecia as vezes: não conseguir falar o que queria, não conseguir revelar o que sentia.

Suzuno tinha tantas perguntas queria fazer, e Nagumo esperava ansioso as respostas das que tinha feito, entretanto, o prateado não tinha coragem e o avermelhado não queria forçar. Ficaram de mãos dadas, olhando um para o outro.

Um esverdeado se aproximou cautelosa e sorrateiramente, sem ser percebido, vinha dos bancos. Como sempre, o garoto de mensagens do treinador por pura vontade de se envolver.

— O treino já vai começar - disse, maroto, nem alto e nem baixo, mas o suficiente para fazer os dois meninos se sobressaltarem espantados ao perceber sua presença. Ninguém disse nada, o vermelho e o branco fitaram perplexos o verde intruso. Midorikawa ficou a olhar de um para o outro e vice versa por um tempo.

Ainda estavam de mãos dadas, Suzuno puxou seu braço ligeiramente quando percebeu. Esperava estar menos vermelho do que achava que estava.

Nagumo bufou, desanimado pela intromissão.

Midorikawa se segurou para não perguntar nada e disfarçou um sorriso que queria vir com uma careta apressada.

— Avisados - o esverdeado deu as costas a eles e correu com os cabelos presos balançando de um lado para o outro, até o grupo de jogadores que iam para o centro do campo. O treinador já os esperava, pronto para iniciar o treino.

— Va... Vamos - Suzuno disse, o coração acelerado do susto de agora pouco. Nagumo correu ao seu lado em direção ao grupo, pouco abalado.

O treinador começou com o aquecimento rotineiro e os exercícios de passe e drible seguidos de chute, até chegar a hora da partida improvisada. Dividiu o time em seis contra cinco, usando todos os jogadores que tinha disponível, já que eram um time novo e pequeno de futebol.

Suzuno ficou no time de Nagumo. Seguiram todos para suas posições iniciais e os atacantes de cada lado fizeram pedra, papel, e tesoura para decidir quem começava com a bola. Nagumo bufou ao perder, voltando chutando o chão até sua posição e arrancando um riso discreto do defensor prateado.

A partida ocorreu normal, Nagumo não precisou se esforçar tanto com o time adversário, pois de longe não era tão desafiante quanto o jogo com Suzuno. Mas algo o instigou, a posse de bola não ficava muito tempo com o prateado, como era de esperar de um defensor. Mas sabia que ele podia bem mais do que fazia, até sua habilidade de defender estava melhor no dia em que disputaram um contra o outro, naquele dia chuvoso a vontade era muito maior e agora Suzuno não parecia mostrar nem metade da capacidade que possuía, e pior, não havia comunicação com o grupo, não havia olho no olho e nem confiança dos dois lados. E Nagumo sabia que esses eram ingredientes essenciais em um bom time de futebol.

Suzuno as vezes deixava o adversário passar com a bola. Nagumo não sabia se era proposital ou se realmente não conseguira defender. E o companheiro prateado não parecia fazer questão de correr com a bola, a passando logo que roubava. O avermelhado torneou-se de mais perguntas.

O jogo terminou com a vitória do grupo de Nagumo, como era de esperar, já era quase quatro da tarde. O treinador Kimo acompanhou o alongamento e então deu o treino por encerrado, liberando os jogadores para irem até o vestiário de trocar.

Suzuno não esperou Nagumo, preferindo ir sozinho até o lugar, como o de costume. O ruivo não estranhou, apenas sorriu, seu novo amigo era mesmo muito fofo e preocupado. O acompanhou com o olhar, e só depois de vê-lo entrar rumou na mesmo direção, supondo que ele iria preferir que fosse assim.

O esverdeado pôs-se a andar ao seu lado ao ver que começara a andar.

— Como conseguiu? - perguntou, curioso.

— Consegui o que? - o ruivo levantou uma sobrancelha.

— Como conseguiu fazer com que ele não te ignorasse, como fez ele não te repelir? - Midorikawa o encarava muito interessado, esperando uma resposta imediata.

— Conversando - respondeu secamente, mesmo falando a verdade. - Mas por que quer saber disso agora? Você não é um daqueles que falaram mal dele? - soou rude, mesmo sem querer, esse assunto o deixava com raiva, fazia-o lembrar das palavras cruéis que ouvira outro dia.

Midorikawa diminuiu o passo, abalado, mas logo chacoalhou a cabeça e alcançou o ruivo novamente.

— Você entendeu errado o que eu disse naquele dia... - o esverdeado pensava no que falar. - Eu já tentei falar com o Suzuno, realmente, tentei ser amigo dele... mas não consegui...

Nagumo olhou-o e lembrou-se, não fora Midorikawa quem atingira Suzuno com palavras cruéis. Não devia ter sido grosso com ele.

— Desculpa - pediu, arrependido, e logo ficou pensativo. - Talvez... Você não tenha falado a coisa certa para ele - respondeu a pergunta anterior.

— Ah... Então, o que eu deveria ter falado? - perguntou para si e para o avermelhado ao mesmo tempo.

— Algo que ele quisesse ouvir - Nagumo foi direto.

Midorikawa o olhou, surpreso.

— Faz sentido - disse e logo sorriu, alegre, para Nagumo. - Talvez você consiga.

— O que? - Nagumo o fitou confuso.

— Talvez você consiga mudar o Suzuno para a gente - sorriu largo. -, por que eu não consegui, nem os outros. E ele te ouve - foi sincero e sua voz transparecia esperança. - Somos colegas de time dele, só queremos o seu melhor, mas ele não nos deixa ajudar, bem... Boa sorte.

Ao chegarem na porta do vestiário, Midorikawa acenou e saiu cantarolando uma música qualquer, alegre.

Nagumo ficou a pensar nas palavras do esverdeado até o albino sair do vestiário. Foi até ele.

— Então - o avermelhado não tinha desistido e a preocupação voltara. - Por que faltou aqueles dias depois da nossa partida?

— Ah, verdade - Suzuno já tinha se esquecido. - É que... - corou repentinamente, olhando para o lado, envergonhado. - Eu fiquei resfriado e peguei gripe, mas já estou bem.

Nagumo respirou aliviado e contente por ter sido isso, e não coisa pior.

— Novidade, jogando futebol na chuva fria. És louco? - brincou.

— Você também fez isso - retrucou. - É igualmente louco.

— Mas é você que parece aguentar frio, nunca imaginei que ficaria resfriado. E eu só segui você, o maluco que resolveu jogar bola debaixo de um temporal - provocou.

— Eu só fiquei com vontade e fui... sem pensar nas consequências - murmurou bem baixinho.

— É por isso que você é meu amigo - contou, fazendo o prateado ficar irritado e com o rosto corado novamente.

Nagumo riu, mas logo calou-se, reflexivo. Queria perguntar-lhe um monte de coisas, mas ainda não era hora. Tinha algo naquele garoto que lhe era um mistério, ele guardava alguma coisa que não queria contar. E Midorikawa e o time contavam com ele para ajudá-lo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Aleluia, Mido-chan não é mal não, oxi, problema resolvido ;)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Autistic Love" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.