O dia seguinte chegou rápido e havia uma euforia no ar, que senti logo quando me levantei e, após tomar um banho, fui para a cozinha ver se encontrava as pessoas da casa.

— Por Kami, estou a-tra-sa-da. - A primeira voz que ouvi foi a de Ino que, inclusive, me assustou assim que entrei no recinto. Ela pulou repentinamente em minha frente, segurando-me pelos ombros. Como eu já era precavida contra tipos de situação surpresa, não a ataquei com o contato. - Tema, você tem que me ajudar.

— C-calma Ino. O que está acontecendo?

— Me desculpe, Temari-san. E desculpe a minha filha. - A mãe da mulher à minha frente a pega pelo braço, levemente e vira-a para si, fazendo com que as duas se olhem diretamente. - Ino, querida, não se preocupe. Vai dar tudo certo, você não está atrasada. Suas unhas já estão feitas e a maquiagem e cabelo serão coisas rápidas, depois o vestido. Simples, bonito, vamos apostar no menos é mais. E não, o Shikamaru não vai se atrasar dormindo em qualquer canto. Confie em mim, Yoshino está cuidando disso. Tudo bem? Está mais calma?

A Yamanaka respira profundamente mediante as palavras de sua mãe, como se precisasse desesperadamente se acalmar. Ela concorda, aparentando estar muito nervosa para falar naquele momento. Com certeza, se ela começasse, não pararia mais.

— Vocês precisam de ajuda com alguma coisa? - Me prontifico, porque sei que duas pessoas trabalharão mais rápido do que uma, o que pode ser uma boa forma de mostrar que tudo dará certo. E, se não der, bem, podemos apenas lidar com isso depois.

— Não queria incomodá-la, Temari-san, mas acho que precisarei de ajuda com a maquiagem de Ino. Você pode cuidar disso?

— É claro que sim.

— Muito bem, o que vamos fazer é o seguinte. Ino, você vá tomar seu banho, tenha calma ao fazê-lo, tenha cuidado com a sua pele. Nós também iremos nos arrumar enquanto você toma banho, para que já estejamos prontas assim que você sair. Fique calma, tudo vai dar certo.

Tomo um copo de água e aproveito a deixa para ir me arrumar. Como já havia tomado banho minutos antes, poderia apenas vestir minha roupa e me maquiar. Usarei um quimono preto, com detalhes brilhantes por todo ele. É uma roupa simples, mas, enfim, eu não estava esperando receber um convite para ser madrinha do casamento, fui totalmente pega de surpresa.

Faço uma maquiagem leve, repetindo o que estou acostumada a fazer todos os dias. Não gosto de passar muitos produtos, prefiro ficar no básico mesmo. Assim que termino de passar o batom, finalizando meu próprio preparo, ouço as vozes de mãe e filha conversando no quarto ao lado do que estou, o que significa que é a hora exata para que eu saia e ajude a noiva com os preparativos restantes.

Encaminho-me para lá, pensando no quanto está se passando rápido. Eu não tinha ideia de que havia acordado tão “em cima da hora” quando isso não era do meu feitio. Quando chego no quarto, os cabelos de Ino estão sendo arrumados, então não demoro muito a me aproximar e começar a fazer meu trabalho. Já conversamos sobre como ela quer estar em seu casamento, visualmente e então começo a maquiá-la do jeito que ela pede.

A forma como a mãe dela mexe em seu cabelo me prova que devemos estar com menos tempo do que gostaríamos, mas como já estamos prontas e só falta a loira vestir sua roupa, acho que conseguiremos chegar na hora certa. Terminamos ali e ajudamos a mulher a vestir seu quimono branco, enfeitado com pequenas flores lilases, o que acredito ser sua cor preferida. Ela está apressada, aparentemente nervosa, mas é incontestável que está linda. Sua maquiagem, seu cabelos, suas unhas, todos combinam perfeitamente com sua roupa. Sua mãe parece reparar na mesma coisa que eu, porque lágrimas começam a cair de seus olhos, emocionada como está.

— Você está tão linda, querida. Por Kami, estou borrando minha maquiagem. Vamos, não temos mais tempo, precisamos sair agora ou estaremos realmente atrasadas.

Não perdemos tempo e saímos apressadas em direção ao local da cerimônia e da festa, ambas organizadas dentro do clã Nara, uma estrutura montada no bosque, entre as árvores. Não querendo atrapalhar a noiva e sua mãe, que assim que já chegaram já pareciam mais nervosas do que qualquer coisa, saí de fininho. Não sabia muito bem para onde ir, ou o que fazer, até que avistei meu companheiro, que ficaria ao meu lado como padrinhos de Ino.

Fui até ele, meu coração dando saltos ansiosos. Cada passo que eu me aproximava me punha ainda mais curiosa, por assim dizer, apenas para saber se era realmente real o que eu havia escutado. Ele não olhava para mim, estava aleatoriamente conversando com Chouji, quando cheguei ao seu lado.

— Ohayo, Naruto-san, Chouji-san.

— Olá, Temari-san. - Ambos me cumprimentaram juntos, só sorrisos em seus rostos. Observei de perto o Uzumaki, ele ainda continuava com a mesma aparência, inclusive com a mesma expressão de pateta.

— Onde está o Shikamaru? - Pergunto, tanto para puxar assunto, quanto porque assim que olho em volta não o vejo. Todos os tipos de pessoas estão aqui, eu não tinha nenhuma dúvida de que isso aconteceria. Chouji, com a minha pergunta, também olha em volta, a procura do amigo.

— Hã, bem, ele estava aqui ainda há pouco.

— Ele estava muito nervoso. Provavelmente seu pai o levou para tomar um ar. - Uau, já senti um pouquinho da evolução. O loiro não fez nenhuma gracinha, nem ao menos sobre eu estar perguntando sobre Shikamaru, o que é algo que ele faria, piadinhas sem futuro. Bem, se ele falasse algo sobre isso, no meio desse casamento, eu constataria que ele era totalmente sem noção, então, pela situação, ainda não posso ter a perfeita certeza de que ele realmente mudou.

— Hum, bem, Ino também está um pouco nervosa. Deve ser normal isso… eu acho. - Não tenho muita certeza do que estou dizendo, principalmente porque nunca tive um relação muito duradoura com alguém a ponto de entender porque as pessoas se casam.

— Acabo de vê-lo, vou ver o que está acontecendo e ajudar a terminar de arrumar as coisas. - Fico sozinha com o Uzumaki e ele não demora muito a puxar assunto, algo que é totalmente típico dele. Não foi uma mudança tão efetiva assim, certo?

— Onde está Gaara? Ele veio?

— Ele ficou em Suna, com todas as obrigações de Kazekage. - Não é algo que quero conversar agora, especialmente com ele. Há uma movimentação estranha envolvendo Shikamaru e Ino, ao longe, o que prende totalmente minha atenção.

— E quanto a seu irmão Kankuro? - Estou tão concentrada na outra situação que é como se minha mente ouvisse a pergunta e ao mesmo tempo não ouvisse, então respondo qualquer coisa.

— Ele está bem, em Suna também. - De onde estou, vejo Ino saindo de onde estava, enquanto Shikamaru fica parado, estático, com uma expressão preocupada. Chouji está de cabeça baixa ao seu lado, sem saber muito bem como lidar com a situação. Tenho vontade de saber o que está acontecendo, mas me contenho em observar de longe.

Estou tão aleatória, tão vidrada, que Naruto pega em meu braço, assustando-me de leve. Minha atenção é toda voltada à ele, como se ele tivesse me acordado de um sonho ou de um transe. Reparo, novamente, que ele está ao meu lado, uma ruga no meio da sua testa.

— Temari-san.

—Sim? - Digo, porque não faço a mínima ideia se ele falou alguma coisa ou me fez alguma pergunta antes. Não parece típico ele chamar minha atenção do nada.

— Perguntei aonde está seu irmão Kankuro. Por que ele e Gaara não vieram?

Sinto-me mal. Praticamente havia ignorado sua pergunta, não ignorado, mas respondido de uma forma chula, sem vontade. Culpa toma conta do meu ser e coço minha garganta, pronta para me redimir.

— Desculpe, estava concentrada em outra coisa. Gaara está, como sempre, ocupado com todas as atividades que envolvem ser Kazekage e Kankuro, como o bom irmão que é, ficou para ajudá-lo com o que precisasse. Vim sozinha, para representar todos os que não puderam vir de Suna. Estamos fazendo reformas em nossa vila, por esse motivo muitas pessoas estavam bastante atarefadas com tudo o que precisa se fazer.

— Eu gostaria que eles tivessem vindo, não os vejo há algum tempo. Então, como estão as coisas em Suna, além da reforma que você mencionou? - Seus olhos azuis estão todos sobre mim e começo a ficar desconcertada, mesmo que isso não seja algo que eu sinta tipicamente. Encaro os dois pontos brilhantes, que me encaram de volta, incapaz de digerir o que acabo de perceber que está acontecendo aqui, comigo, dentro de mim.

Sabe o ditado que citei anteriormente? A gente só percebe quando sente na pele. Eu disse que a curiosidade era perigosa porque ela nos levava a sempre querer buscar mais. Quanto mais descobrimos, mais queremos saber. E, no meu caso, ela precisava ser apenas a expectativa. Ela foi superior ao que eu esperava, muito superior. O Naruto de agora, por mais que Ino tivesse falado que ele estava completamente mudado, uma parte de mim, no fundo, ainda desconfiava. Assim, eu não estava nada pronta para ver que ele realmente era outra pessoa.

Isso me surpreendeu em fases que eu não estava pronta para admitir. Não vou chegar aqui e dizer que, de repente, estava apaixonada depois do que vi, porque as coisas não são simples assim. Mas eu continuava curiosa. Quase fascinada. Mesmo ao seu lado, e conversando com ele, eu estava faminta por informações. Queria saber mais sobre essa mudança, acompanhar de perto cada dia da vida de Naruto Uzumaki, o que ele fazia agora que não era mais aquele menino idiota que conheci anos atrás. Queria catar cada mínimo detalhe sobre ele.

E, para mim, considerando minha criação, em que nunca tive muito contato com sentimentos, quase nem sequer os entendia, era um grande passo.