Um Dom Improvável escrita por Amadora e Sonhadora


Capítulo 3
O tribunal


Notas iniciais do capítulo

Olá...



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Segunda-feira, de manhã

Dividir a casa com a família; pais e irmãos não se compara a morar com pessoas completamente diferentes e que não fazem parte da sua parentela. E isso será explicado a seguir.

As segundas costumam ser cheias de reflexão no lar de Felicity, Oliver e Laurel. Isso é sério? Reflexões? Sim, e isso é bem fácil de responder. São reflexões do tipo: “quantas vezes terei que dizer a hora certa para ligar o som?” ou “esse mauricinho filho da mãe me paga” ou ainda “desliga a merda desse som Oliver!”... Acho que já deu pra perceber o nível de concentração psíquica deles.

Acontece que essas reações tem uma causa natural. Oliver Queen tem a irritante ou estranha mania de acordar cedo e ligar o som na trilha sonora de Foster the People às sete horas da manhã, apenas, para ter o prazer de despertar de maneira singela suas colegas de quarto. Mas, acho que nunca ensinaram a ele essa regra, então, talvez Laurel e Felicity iniciem as lições.

— É inacreditável! Isso são horas? – Uma Felicity irritada, com o rosto vermelho e o cabelo desalinhado aparece na sala usando um pijama com desenhos de estrelas.

— O quê? O que disse? – Oliver grita por cima da música.

— Oliver, eu juro que qualquer dia desses destruo essa porcaria. – Esbraveja outra vez com o dedo apontado para o home theater.

— Ei, relaxa garota. – Comenta de maneira despojada.

Nesse momento Laurel adentra a sala com a cara amassada e mal humorada.

— Quantas vezes vou ter que repetir pra você não ligar esse maldito som antes das oito da manhã?

— Duas coisas, gostei do seu pijama – aponta para Felicity – e você precisa dormir mais. Essas audiências estão te deixando estressada. – Contrariando as duas, apenas diminui o volume e continua assoviando o repertório psicodélico.

— Não, acho que o motivo do meu estresse é outro. – Retruca Laurel.

— Vou tomar banho. – Anuncia Felicity e entra no banheiro.

O dia corre como qualquer outro na vida dos três e a noite chega para descanso de alguns, porque para Oliver há o receio sobre quais surpresas acontecerão enquanto dorme.

— Ei mauricinho, te pedi o ketchup. – Felicity cutuca.

— Opa, foi mal loira. E quando vai parar com esse apelido idiota? Isso é coisa de gay e eu não sou nada fresco.

— Vai começar com os comentários sem noção? Acho que é mais inteligente que isso.

— Só estou afirmando que não sou nenhum mauricinho.

— Ok, ok. Deixem a discussão de lado, temos uma pizza gigante para devorar e um filme com mais de duas horas pra assistir. – Laurel intervém antes que a discussão ficasse pior.

— E por falar nisso, Felicity, qual filme escolheu dessa vez? Espero que não venha com aquelas comédias românticas. – Oliver pergunta e mordisca uma fatia de pizza.

— Hum... Deixa eu ver aqui... Ah, chama Perdido em Marte.

— Dizem que esse filme é bom. Hora de provar a teoria.

Menos de duas horas depois, Oliver adormece no sofá com o rosto coberto por uma almofada, que a propósito foi colocada por Felicity para abafar o som do ronco, enquanto as garotas continuam assistindo o filme.

— Você estava estranha quando chegou do instituto. Aconteceu alguma coisa com os figurões? – Laurel pergunta.

— Tirando o fato de que fui advertida por entrar no laboratório fora do horário de aula e por criticar meu supervisor pelas péssimas decisões dele e agora ter meu estágio comprometido por insubordinação? Não, está tudo bem.

— Caramba! Só isso? Acho que esqueceu a maneira como o Oliver te acordou hoje. – Laurel sorri e segura a mão da colega.

— É, faltou isso. Droga! Ele é tão irritante às vezes.

— Essa implicância tem nome. – Laurel pretendia completar a frase, mas, é cortada.

— Nem se atreva. Não sinto nada por esse cara.

— Tomara, porque se ele me quisesse já teria rolado.

— Ah, por favor, para. Não tenho que aturar suas fantasias com o Queen. Aliás, quem tem rainha como sobrenome?

No momento em que Laurel solta uma gargalhada, Felicity a cutuca por notar movimentos agitados no sofá.

—Psiu! Vai acordá-lo. – Felicity alerta.

— Desculpa. Não entendo porque ele se contorce tanto quanto dorme. Que pesadelos são esses?

— Eu não sei, mas, são muito estranhos.

**

A sala do tribunal estava lotada. De um lado a promotoria com seus apoiadores. Do outro a defesa com seus bajuladores e o júri pouco a frente. Em sua maioria militares reformados, xerifes aposentados e ativistas.

Laurel não entende como pessoas com esse perfil podem ter sido escolhidas para um mesmo júri e teme que o trabalho da promotoria seja dificultado.

Ao olhar para a direita, viu o advogado de defesa sorrindo e a assistente ao lado imponente. À frente o juiz Harold com a carranca formada e logo abaixo dois policiais aguardavam com um cassetete nas mãos e o olhar era de acusação.

Laurel estava confusa e quando olhou para o lado esquerdo, encontrou Oliver em pé no lugar da promotoria. Ela não conseguiu decifrar o olhar que ele exibiu, mas, era de dor. Como se estivesse arrependido de algo ou preocupado.

Em uma primeira reação, Laurel apressou o passo em direção à ele, porém, foi impedida pelos policiais.

— Eu preciso falar com Oliver Queen. Por favor, me soltel. Eu sou da promotoria. O que estão fazendo?

O juiz Harold bateu o martelo e pediu silêncio no tribunal.

— Ordem! Ordem nesse tribunal ou a sessão será suspensa.

— Meritíssimo, eu sou Laurel Lance e represento a promotoria. Pode pedir para esses senhores me soltarem?

O juiz olhou para ela e sorriu com sarcasmo.

— Sei muito bem quem é. Pretende se sentar naquela cadeira Srta. Lance?

— Sim. E também preciso saber o que Oliver faz nesse tribunal. Ele não possui graduação em direito.

O tribunal ficou alvoroçado e a defesa não conseguiu segurar o comentário jocoso. Por sua vez, o juiz Harold se alterou.

— JÁ CHEGA SRTA. LANCE! Não sou palhaço e estou farto das suas brincadeirinhas. O Sr. Queen foi contratado para participar desse julgamento e apresentou provas e argumentos contundentes contra a ré, portanto, cale-se e dirija-se ao seu lugar.

Laurel sentiu a cabeça rodar e olhou novamente na direção de Oliver. De repente sentiu seus pés serem levados para o banco dos réus e um desespero tomou conta de si.

— O QUE ESTÁ ACONTECENDO? – Laurel grita, completamente desnorteada..

— A senhorita não sabe? Oh, pois, eu faço questão de recordá-la. - Com o caso em mãos, o juiz começa a ler as acusações feitas contra ela.

— Espera! Eu não fiz nada disso. Eu era uma advogada, nunca infringi nenhuma lei, como podem dizer uma coisa dessas? Oliver me ajuda... Oliver, por favor, fala alguma coisa!

— Srta. Laurel Lance, está sendo acusada de sonegar impostos ao Governo do Reino Unido e de suborno contra um Juiz Federal. – Decreta o juiz Harold.

— NÃO, ISSO É IMPOSSÍVEL! OLIVER, DIGA A ELES QUE ME CONHECE, DIGA QUEM EU SOU... OLIVER!

E quando olhou para ele não viu nada além de lágrimas escorrendo por seu rosto.

**


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