As lágrimas escorriam mesmo contra minha vontade e eu não as impedia de vir. Já fazia três dias desde que me trancara no quarto e não permitia que ninguém entrasse. Como aquilo podia ter acontecido? Meu coração pesava como se estivesse sendo apertado.

Três batidas na porta. Michael. Reconhecia sua voz quase infantil, mas bem potente. Ele entrou sem permissão.

— Esse é o pior dia da minha vida. — Revelei, deixando-o se sentar ao meu lado no chão firo e plúmbeo do quarto.

— Isso é bom, não é? Se esse é o pior dia da sua vida, quer dizer que todos os outros serão melhores. — Senti seu afago em meus cabelos enquanto ele revelava ter passado exatamente pelo que eu estava passando.

Não sei quanto tempo ficamos conversando, mas Michael conseguiu me consolar. Sentia nele uma certa paz que apenas senti estando com ele ali. Tudo bem sofrer pela morte dos pais.

— Hora de ir para cama, Jason.

— Michael, me conta uma história?

Estava quase adormecido ao final do Conto dos Três Irmãos. Senti ele se aproximar e beijar minha testa.

— Boa noite, Jason. Amamos você.

De um súbito, abracei-o, chorando agora de felicidade.

— Eu também amo você, Mike. Obrigado.