Operação Cinderela escrita por Lily


Capítulo 4
3. Felicity




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F E L I C I T Y

 

Felicity estava atrasada quando entrou no bar no início da noite, Curtis já a esperava com um Marguerite na mão, típico dele. Ela riu se sentando ao lado dele no balcão.

—Está atrasada, querida.

—Desculpa, minha mãe me prendeu na casa dela com aquelas coisas de jogar tralhas fora. - explicou acenando para o barman e pedindo um drink. - O que estamos comemorando?

—Porque a partir desta noite, minha doce Felicity, seremos homens livres. - Curtis ergueu a taça sorrindo, ela arqueou a sobrancelha confusa. - A promoção não vai ser a apenas para as noivas desesperadas, também vamos ganhar algo.

—Como assim?

—Mirabella vai escolher quatro representantes de cada seção para serem as fadas madrinhas. - ele disse, Felicity assentiu fingindo surpresa.

—Oh, que legal.

—Legal mesmo, porque a noiva que ganhar o representante também ganha.

—Explica isso direito.

—Digamos que você seja escolhida e fique com a noiva número 2, se ela ganhar, você ganha um prêmio interno.

—Tipo um prêmio da empresa. - disse.

—Isso! Mirabella não quer que ninguém saiba, mas o prêmio vai ser uma promoção na empresa para diretor da revista aqui. - Curtis falou animado.

—Aí Deus.

—Aí Deus mesmo, eu tenho que ser o escolhido. É claro que eu vou ser o escolhido, eu sou o melhor na nossa seção.

O barman colocou a bebida a sua frente, Felicity virou tudo em um gole só. Não poderia dizer a Curtis que ela iria ser a escolhida para aquilo, ele pensaria que ela havia implorado para Mirabella por isso. Curtis podia ser bem engenhoso quando queria.

—Querido. - chamou o barman. - Traz outro por favor. Você quer mais alguma coisa? Porque eu acho que vou precisar de muito álcool.  

×××

Existe uma regra muito clara no código de conduta das mulheres Smoak, nunca beba mais do que os dois olhos podem aguentar, traduzindo para o mundano, significava que quando a visão começava a ficar turva, era melhor parar.

Felicity respeitava essa regra da sua maneira.

Os flashes da noite anterior rodavam pela sua cabeça, ela estava morta de verdade. Abriu os olhos encarando o teto branco com a luminária apagada, se sentou na cama sentindo a cabeça latejar, sua visão estava embaçada, coçou os olhos tentando melhorar a qualidade de sua vista, olhou ao redor, aquele não era se quarto. Argh, o que ela havia feito?!

Alguém grunhiu ao seu lado, Felicity virou olhando para o corpo dormente ao seu lado, o rosto dele estava escondido sobre o travesseiro e o cabelo loiro areia, ela correu os olhos pelos ombros largos dele descendo pelas costas bronzeadas até onde o lençol branco cobria. Ela mordeu o lábio, ele não era de se jogar fora.

Pulou da cama do quarto desconhecido com cuidado para não acordar o gostosão ao seu lado. Vasculhou o quarto atrás de suas roupas, achou o vestido da noite anterior jogado atrás da poltrona e seus sapatos debaixo da cama, mas estranhamente não achou sua calcinha. O gostosão se remexeu, Felicity se alertou e com cuidado saiu do quarto entrando na em uma sala decorada com o mais puro luxo, tudo ali parecia valer mais do que o seu salário durante um ano, até as lâmpadas de filete que serviam como luminárias. Achou a bolsa jogada do lado do sofá junto com seu sutiã, o colocou ajeitando o vestido, teria que dar adeus a sua calcinha já que não conseguia mais achar-la. Sua barriga roncou, a cozinha ficava no mesmo cômodo que a sala, sendo repartidas apenas uma bancada de granito, caminhou até a geladeira e a abriu, seus olhos se arregalaram quando viu o tanto de comida que tinha nas prateleiras, doces, frutas, uma variedade infinita de queijos, pegou um iogurte de morango e uma maçã, abriu os armários e encontrou alguns biscoitos, sua bolsa era pequena demais para colocar mais comida. Olhou em volta, não podia pegar mais nada sem ser acusada de roubo, mas roubar comida, para ela, nunca foi considerado roubo.

—Ok senhor gostosão, isso é pela noite maravilhosa e inesquecível. - sussurrou mordendo a maçã e saindo pela porta.

Pegou o celular dentro da bolsa enquanto apertava o botão para o elevador subir. Havia duas mensagens, abriu a primeira.

Reunião de última hora na empresa às oito. - C.

Tirou um pedaço da maçã, a segunda mensagem havia chegado há dois minutos.

Onde diabos você está?! A reunião já começou! - C

As portas do elevador se abriram e ela entrou, olhou para o relógio do celular, oito e quinze.

—Ah merda!! - resmungou apertando o botão para o térreo, digitou o número de Curtis e tentou ligar para ele, mas estava caindo na caixa postal. Saiu correndo pelo lobby do prédio empurrando a porta giratória, acenou para o primeiro táxi que viu.

Mirabella acabou de perguntar onde está você? - C

Estou tentando chegar. Digitou freneticamente enquanto dizia o endereço para o motorista, Curtis não mandou outra mensagem depois daquilo, Felicity bateu o pé estressada, estava atrasada para a reunião, sua cabeça doía por causa da ressaca, não tinha conseguido achar sua bendita calcinha e ainda tinha dormido com um completo desconhecido.

Fazia quatro semanas desde de que a promoção havia sido lançada, um mês inteiro lendo histórias de amor, Curtis não conseguia fazer aquilo sozinho, ele precisava de alguém que escutasse suas lamúrias e ela havia sido a escolhida. Então a reunião de emergência era para informar qual seriam as noivas escolhidas e quais seriam os sortudos que seriam as fadas madrinhas.

Curtis provavelmente iria surtar quando descobrisse que não seria a fada madrinha ou padrinho, tanto faz, o fato é que Mirabella deveria estar surtando com o fato dela não estar lá. Mas Jesus, ela não tinha culpa de ter dormido com o pedaço mal caminho. Não se lembrava bem de como havia encontrado ele, talvez fosse no bar ou na balada que havia arrastado Curt, se lembrava vagamente de um Uber sendo chamado, de corpos se entrelaçando, beijos roubados, barulhos vindos do apartamento ao lado, eles fizeram muito barulho.

O táxi parou na frente do prédio, pagou o motorista e saiu do carro, tentou ajeitar o vestido que estava curto demais, mas não tinha outra alternativa. Passou direto para o elevador, apertou o botão para seu andar, as portas se fecharam, ela se olhou no reflexo, seu cabelo estava uma bagunça sem tamanho, o amarrou em um coque firme, puxou o batom de dentro da bolsa e passou uma camada bem leve pela boca, estava um pouco pálida e com olheiras. Eles por acaso haviam pelo menos dormido?

Sua cabeça lateja como um martelo batendo contra o ferro, o iogurte ainda estava na bolsinha, a maçã havia ficado no lixeiro do lado de fora do prédio. Respirou fundo entrando no andar da revista, seus passos eram ritmados e rápidos atraindo a atenção de alguns funcionários, a porta da sala de reunião se abriu e a enxurrada de pessoa saíram.

—Está atrasada, Smoak. - Sara Lance da seção de saúde zombou.

—A reunião já terminou? - indagou a Maggie, redatora da seção de beleza.

—Mirabella estava esperando você. Ela está lá dentro.

Felicity assentiu adentrando na sala, Mirabella estava sentada na cadeira encarando a paisagem pela janela de vidro que ia do chão ao teto.

—Mirabella?

—Você perdeu a reunião, Felicity. - ela disse sem se virar.

—Eu sei e sinto muito, tive um contratempo.

—Ok, apenas avise da próxima vez, todas as fadas madrinhas tem que estar na reunião.

—Está bem. Você já decidiu quem serão as outras fadas madrinhas ou outros?

—Sim, Sara Lance, Maggie Sawyer e Lyla Diggle. - Mirabella falou, Felicity soltou uma exclamação baixa. - Bem, como você não chegou há tempo, tivemos que dividir as noivas.

—Elas já foram escolhidas? - indagou confusa, aquilo estava indo mais rápido do que ela esperava.

—Ah sim, os patrocinadores acharam melhor agilizar tudo para colocar logo as noivas em foco. Escolhemos as quatro histórias, uma mais incrível que a outra. Pode pedir para Curtis lhe fazer um resumo da reunião, o mais importante é que você ficou com a noiva número 4, queria que você tivesse ficado com a um ou a dois, mas tive que priorizar quem estava na reunião.

Felicity assentiu sobre o olhar de Mirabella.

—Entendo, você é a chefe, você é quem manda.

—Aqui está a história e alguns detalhes sobre sua noiva, iremos anuncia-las na próxima edição, mas primeiro temos que saber se ela está disposta a participar, você ficará encarregada de ir até o endereço dela e lhe explicar todo o regulamento.

—Claro. - disse pegando a pasta que Mirabella estendia e se preparando para sair.

—Ah Felicity, tem mais uma coisa. - ela falou. - Como essa vai ser uma das maiores matérias que teremos, achei bom colocar um incentivo para vocês.

—Como assim?

—A madrinha da noiva que ganhar, também será uma vencedora. O prêmio será uma viagem com tudo pago para Cancun e uma promoção na empresa.

—Meu Deus! - colocou a mão sobre a boca. - Isso é incrível.

—Eu sei, também estou em êxtase com isso. - Mirabella sorriu. - Agora vá pra casa pequena polegar, tome um banho e tire o resto do dia de folga, isso pode melhorar sua ressaca. - Felicity balbuciou algo estranho estranho, se sentia envergonhada por isso. - Isso não é um bom exemplo para a nossa revista.

—Sinto muito.

—Apenas vá.

Assentiu saindo da sala. Mirabella era boa demais com ela, teria que tomar muito cuidado da próxima vez que decidisse que seria uma boa se embriagar tanto assim. Havia transado com um desconhecido e perdido uma reunião importante. Aquilo não estava saindo como o planejado.

Curtis a esperava no corredor.

—Nem pensei em começar um sermão, Mirabella já me deu o resto do dia de folga. - disse prevendo o que o amigo iria dizer, continuou a caminhar, ele a seguiu.

—Não vou te passar um sermão, porque sei que a culpa foi minha também. Não devia ter te deixado tão solta ontem e também não devia ter te deixado sozinha com aquele cara, mesmo que ele parecesse a reencarnação Thor na terra.

—Me diz que você sabe o nome dele. - implorou parando na frente dele, Curtis a olhou com um misto de pena e incredulidade.

—Você não se lembra do nome do cara com quem transou? Você é inacreditável!

—Não é culpa minha. Eu não tive tempo. - retrucou em voz baixa.

—Claro porque você estava ocupada demais enfiando a língua na boca dele para perguntar o nome do.  - ele zombou.

—Vai tomar no cu. - grunhiu apressando o passo em direção ao elevador. - Podemos almoçar hoje? Ou comer alguma coisa à tarde? Você tem que me passar um resumo da reunião.

—Claro, passo na sua casa na hora do almoço.

Acenou com a cabeça apertando o botão para o elevador descer.

×××

Caitlin Virginia Snow. Vinte e sete anos. Psicóloga. Noiva há cinco anos. Conheceu o futuro marido na faculdade em meio a um protesto quanto a segregação de etnias na faculdade que estudava. Ronald Raymond era bombeiro em tempo integral, porém passava seu tempo livre em instituições de caridade prestado serviço comunitário, Caitlin o ajudava quando tinha tempo, pois cuidava da irmã mais nova desde da morte da mãe das duas há pouco mais de três anos. Ela era um exemplo de mulher.

As outras três noivas também tinham histórias igualmente esplendorosas e incríveis. Mas Caitlin parecia um tanto quanto peculiar, algo nela atraia Felicity.

—Então, quando você vai contar a noiva número 4 que ela vai participar? - Curtis perguntou, ela cutucou a salada verde que havia pedido sem muita vontade.

—Hoje à tarde? Tenho que confirmar se a história é verídica.

—Verdade, Sara já foi atrás de sua noiva. - ele falou.

—Laurel Lance, a irmã da Sara, ela está na competição, né?

—Sim.

—Pensei que isso não fosse permitido.

—Mirabella abriu uma exceção. A história de Laurel é bem intrigante, conheceu o noivo quando eram crianças e namoraram quando eram adolescentes, se separaram e depois voltaram alguns meses atrás. - Curtis contou antes de colocar um pedaço do file de peixe de seu prato na boca.

—Bem, se Laurel ganhar, Sara não vai parar de se achar. Não acredito que terei que aturar a vaca ainda mais.

—Sua noiva tem grandes chances também. - ele disse querendo agrada-la. - Foi Mirabella que escolheu a história pessoalmente.

—Só quero ver quando encontra-la.

—Não se preocupe, você vai ganhar essa é a gente vai pra Cancun.

Ela sorriu e assentiu. Tinha que ganhar aquilo, nunca havia saído do país e essa seria uma ótima oportunidade de estreiar seu passaporte. Talvez Caitlin Snow fosse seu trevo de quatro folhas.


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