Daniel

Como eu imaginei, essa de sermos amigos não deu certo. Eu e Scar nunca vamos conseguir conversar sem nos sentir estranhos pelo ocorrido e Kate odeia o Leo. Mesmo com eu e Kate nos dando bem assim como Leo e Scar se entende. Nunca vou deixar meu melhor amigo de lado. O mesmo agora está mal, péssimo, por tudo que ouviu da esquentadinha. Kit kat até é legal, mas conseguiu ser muito cruel com o coreano e não deveria.

Afinal estavamos todos errados ali, bebendo e usando drogas ou mentindo a idade. Até hoje não lembro metade do que fiz la naquele bar, ainda bem que não tivemos nenhum vídeo lançado no YouTube para nos incriminar.

Cutuquei Leo que ignorou minha existência, resolvi deixar ele quieto. Olhei la em baixo , Scar e Kate conversavam animadamente, riam , com toda certeza eu não entendo garotas, principalmente aquelas duas. Parecem mais que acabaram de sair do hospício…

— Olha… Não é que veio muita gente… Porém hoje só vou ouvir as meninas.

Revirei os olhos deitando na poltrona do teatro. Aquele professor era maluco, não sei como ainda dava aulas ali, pra falar a verdade eu sei. Mas mesmo sendo irmão da diretora, tudo tem limites. Nem sei atenção para as meninas. Preferia ficar lendo meu livro para daqui a pouco sumir daqui.

Estava lendo um livro que achei na biblioteca sobre fotografias, tirar fotos era um hoob meu. Já havia feito cursos para aprender mais. Eu amava isso, sempre que podia acordava cedo e ia em algum lugar de Londres para fotografar ou em algum bosque:

— Danirl.- Levantei o rosto encarando o sorriso largo de Lauren.- Vai ver eu cantar ou vai ficar enfiado em outro livro ?

— Acho que vou…No livro.

— Idiota.

Adorava ver a loirinha brava, ela fazia um leve biquinho que sempre me dava vontade de rir. Mas não hoje, por que ela pegou meu livro e guardou na mochila dela e levou la pro palco, me obrigando olhar sua apresentação. Deitei as costas cruzando os braços encarando o palco ouvindo o toque da música.

Lauren segurou o microfone encarnado a plateia, ou melhor Max. Ele havia corrido o dia todo atrás dela, a mesma não era do tipo que escreveria ou cantaria uma música pra mandar recado para um homem. Isso era o que era dizia. Por que essa música é perfeita para a ocasião. Acho que até vi uma lágrima formar naqueles olhos cor de mel.

Lauren terminou e recebeu um elogio do professor, Max tentou falar com ela de novo mas foi ignorado. Pode até ser cruel da minha parte, mas esperei muito por esse dia. Max sempre foi a pior opção pra Lauren, aproveitador, mentiroso e um completo idiota. A loira devolveu meu livro, abri voltando a ler.

Uma melodia triste de piano começou. Fiquei curioso em saber quem cantaria algo tão triste. Encarei o palco do teatro vendo Scarlet, aquela garota dispertava algo em mim que eu nãosabia o que era. Ela era muito misteriosa e me deixava no meio de vários porquês. Por que me desculpou naquela noite, por que me ajudou e agora… Por que uma garota que mostra ser tão fofa e adorável está cantando algo sobre não querer se tornar alguma coisa. Essa música me fez questionar muitas coisas sobre mim mesmo. Será que Scarlet passava pela mesma situação que a minha  com seu pai ?

Fiquei encarando a morena até o final daquela canção melancólica. Eu estava completamente perdido:

— Leo.

—Hum.

— Scarlet falava muito sobre o pai com você?

— Não, geralmente ela foge desse assunto, pra falar a verdade ela foge de vários assuntos. Por que?

— Nada não.

— Ok.

Encarei o palco novamente ao ouvir o nome da Taylor. Eu estava curioso para saber como era a sua voz. Já haviam me falado que era bonita. Mas queria ter minhas próprias conclusões. E mesmo sendo totalmente suspeito a falar, aquela voz doce me deixou babando, não tinha como Taylor me impressionar mais. A noite no luau em que dançamos não saia da minha cabeça.

Estava tão avoado que nem percebi que acabou. Me levantei para ir embora. Não sabia mais o que estava fazendo ali, já que aquele idiota do professor decidiu que hoje é só as meninas. Caminhei até a garagem da escola. Fui tranquilamente ao meu carro, abri até que senti alguém cutucar meu ombro. Virei levando um murro fiquei meio tonto, encarei o cara a minha frente.

Scarlet

Me sentei ao lado de Kate que me encarou por alguns segundos e assentiu. Ela sabia pouco mas sabia. Não gostava de compartilhar meus problemas com quase ninguém. As poucas pessoas que eu conversava era Francis, Lucas e Kate.

Eles se importavam mas sabiam que eu não gostava de falar , por isso não perguntavam e evitava o assunto assim como eu. Depois da apresentação de Taylor e dela receber uma crítica, que ela não aceitou muito. Taylor sempre se via como perfeita, achava que tudo que fazia saia sem erro algum. Mas , como o professor disse, ela desafinou algumas notas. A loira sentou se emburrada, suspirei assentindo. Me virei para minha amiga que estava bem avoada olhando seus cabelos:

— Tem muita ponta dupla ?

— Não tenho ponta dupla Scarlet.

— Desculpa, quero te animar, faz tempo que não te vejo nesse nível de estresse.

— Acabei de descobrir que fui drogada, nem a pessoa mais paz amor do mundo ficaria calma.

— Eu sei, desculpa por ter defendido o Leo…

— Não se desculpe, ta tudo bem.

— Certeza ?

A mesma se virou para mim, como diria Lucas, com uma cara de cu acompanhada de um olhar mortal e aquele sorriso digno do Pennyaisy.

— Absoluta.

— Ok…- Dei de ombros olhando para o palco.

Samy estava se preparando para cantar, ela bem tímida na maioria das vezes, só que conseguia cantar e se sair muito bem.

A mesma sorriu andando pelo palco, sua música era bem fofa. E não sei por que era uma música perfeita de cantar debaixo do chuveiro ou enquanto se arruma pra sair. No finalzinho a mesma pegou um violão pedindo palmas. Sorri ficando animada com aquilo, até esqueci da Kate assassina ao meu lado.

O professor maluco elogiou Samy e ressaltou que ela precisava se soltar mais como fez hoje. Ela sentou ao lado de sua irmã e se virou para nós que estávamos atrás dela:

— O quê acharam ?

— Amei Samy ! Foi perfeita!

— Kate?

A morena encarou a loirinha que sorria, cruzei os dedos torcendo para ela não pegar pesado com a Samy:

— foi… Bonito, combinou com você.

— Obrigada Kate ! - A mesma se sentou começando a conversa animadamente com sua irmã.

— Eu nem ouvi o que ela cantou.- Sussurrou Kate.

— Sua insensível!

— Katherine Ackles !

— Eu tento.- Rio dando de ombros e piscando para mim em seguida.

Balancei a cabeça negativamente, Kate era muito sem noção as vezes.

A mesma se sentou atrás da bateria segurando as baquetas. Arrumou o microfone , sentou. Deu um joinha para um menino que estava na guitarra, estava sem óculos…

A esquentadinha arrebentava na bateria, arrebentava mesmo, ela tava batendo aquilo com tanta força que eu tava com medo dela quebrar. Porém, a canção escolhida tinha um significado especial para ela, nem sempre foi de retrucar os outros, ou brigar. Kate já foi bem diferente do que ela é hoje. Depois de um episódio em sua vida, como a mesma diz, ligou o foda se e agora faz tudo que ela tinha medo de fazer.

Quando terminou girou uma das baquetas entre seus dedos, tirou a franja do rosto se levantando:

— Parabéns Katrina ! - Não pude deixar de rir.- você foi ótima!

— Obrigada… E meu nome é Kate.

— Okay.

10 minutos depois fomos embora, minha amiga estava calada enquanto caminhávamos para casa:

— Você ta bem ?

— Estou.- assenti apertando a alça da mochila.- Bom, na verdade...Nao.

— Por causa do Leo ?

— Não.

—Hey! Adoro vocês! Vocês são demais !- Gritou um pouco olhando na nossa direção.

Olhamos para trás e não tinha ninguém…

— Que porra é essa ?

— Rá ! Perdeu!- Empurrei seu ombro.

— Scarlet ! A situação pedia ! Vai me dizer que é super normal essa cena ?!

— Pode não ser, mas me deve 10 pacotes de finni e quero variados ta ?

— Você ta exigindo demais !

— Esta falando isso por que perdeu !

— Vou parar com essas apostas.

— Você não resisti, aliás sempre fizemos.

— Odeio você!

— Também te amo, mas enfim, por que está mal ?

— Eu acidentalmente.- Estralou todos os dedos, só fazia isso quando tinha algo errado.- Juro que foi sem querer…

— Desimbuxa Kate !

— Eu quebrei a bateria com um chute acidental.- Deu um sorriso amarelo me encarando.

— Você o que ?!

— Foi sem querer ! E o Justin, o menino que tocou a guitarra disse que iria concerta e que tava tudo certo.

— Não acredito nisso…

— Eu tava com raiva.- Deu de ombros e abriu a porta.

— Ah eu vi.

— Meninas ! Vocês chegaram, que bom, Kate vou precisar da sua ajuda hoje, tudo bem?

— Claro tia.

— Eu vou me trocar e depois dar uma volta.- Falei subindo as escada.

Tirei o uniforme, coloquei uma calça jeans preta, uma blusinha azul e um suéter por cima, vesti meu casaco e coloquei uma toca vermelha. Calcei meus tênis, desci até a garagem , montei na bicicleta da Tia Lis, ela quase não usava então me emprestava. Sai indo para um café três quadras a baixo da minha. Entrei me sentando num banquinho perto do balcão. Pedi um copo de cappuccino com chocolate que era muito bom:

— Scar ? - virei para o lado vendo Leo.

— Oi Leo!

— Vi você entrar, posso me sentar ?

— Claro por que não?- Sorri e bebi um gole.

— Está brava comigo também?

— Não, só triste por você usar essas coisas.

— Não é um vício.- Deu de ombros e eu encarei ele e o pingente do seu colar me chamou atenção, decidi pergunta.

— Leo, esse colar é bonito.

— É, ganhei do meu pai.

— Parece falta um pedaço.

— Sim, a outra metade está com uma amiga de infância.

— Amiga ?- Perguntei mas não obtive resposta, o encarei e o mesmo digitava rápido no celular.- Leo ?

— Ah, desculpe, estava respondendo uma outra amiga, da minha antiga escola,o que perguntou ?

— Sobre a sua amiga, do colar.

— Ok, bom , eu não lembro muito bem dela.

— Ah tá.

— Mas…- Sorriu de lado encarando seu lanche.- Por que a pergunta?

— Curiosidade.

O mesmo assentiu, se virou para mim,  encarei o seu colar por um tempo e depois olhei para o meu, os dois pareciam ser iguais, o mesmo símbolo.. Voltei meus olhos para o coreano que estava muito, muito próximo e continuou, o empurrei brava:

— Esta maluco Leo?!

— O quê? Que eu fiz ?

— Não se faça de idiota !

— Mas o que eu fiz?

— Vá se foder Leo!

Sai dali irritada, nem paguei a merda do cappuccino. Não acredito que ele tentou me beijar. Primeiro no Luau,  agora aqui, não acredito que Kate tem razão. Ele é um idiota !

Guardei a bicicleta, entrei dentro da casa . Kate e Tia Lis estavam assistindo filme, a morena me encarou sorrindo:

— Odeio quando você tem razão!- Disse irritada indo para escada enquanto Kate assentiu pensativa.

— Sobre o que eu tenho razão?

— Sobre o idiota do japonês do Paraguai.

A mesma sorriu convencida e abriu a boca:

— Não,  eu já sei o que vai dizer, não diga !

— Não… Eu amo dizer que.- Droga…- Eu te avisei !

— Se ferrar Kate !

Ouvi a risada da mesma, bati a porta do meu quarto. Deitei na cama , tirei meu colar e fiquei encarando meu colar. Não, Leo não pode ser ele. Com certeza é só parecido, não pode ser o único colar com esse símbolo