O Garoto dos Olhos Castanhos escrita por Alison


Capítulo 2
Capítulo II - Primeiro dia.


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, boa leitura para todos ♥



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Hoje será o primeiro dia de aula na escola técnica e por isso ontem foi uma das noites mais difícil da minha vida. Primeiro eu não conseguia dormir de jeito nenhum, minha cabeça e meus pensamentos rodavam apenas no primeiro dia de aula e nas coisas que iam acontecer nele, fiquei pensando nos professores se eles vão ser gente boa, na matéria que tenho certeza que será muito, mas muito difícil…. Meu problema é que tudo eu penso na forma negativa, então já pensei eu me ferrando antes mesmo de chegar na escola.

Mas sorte que consegui dormir antes das cinco da madrugada, foi uma grande conquista conhecendo minha ansiedade como conheço, o que ajudou é que meus amigos todos foram dormir e eu não tive com quem conversar, isso facilitou muito.

Assim que levantei de manhã, deu apenas uns minutos pro meu cérebro acordar e começar a pensar na escola de novo, seria uma nova tortura já que eu iria pra lá apenas a noite, não desejo pra ninguém ser ansioso que nem eu…

Desci pra cozinha de pijama mesmo - que por conta era um lindo pijama de super heróis -  e lá estava mamãe fazendo comida como sempre nesse horário.

— Mãe? O pai já foi? - Perguntei coçando os olhos.

— Já sim, Rafa. - Ela desliga o fogo do arroz - Esses dias estão corridos para ele…

Queria que ele me desse parabéns pessoalmente.

— Entendi… - Peguei um copo e fui pegar água - Hoje eu começo …

— Sim, aliás Rafael eu já deixei você cadastrado em um ônibus que passa aqui perto. Eu sei que quer ir de pé, mas esses dias está fazendo tão frio que tenho certeza que não vai aguentar e além do mais como você vai voltar bem tarde fico apreensiva de você voltar andando. Prefiro que vá de ônibus.

— Nossa, você faz tantas coisas enquanto eu durmo. - Dou risada - Obrigado, mãe. Realmente está frio.

Fui para a sala, liguei meu computador e fui checar meu Facebook. Fiquei surpreso que tinha mais de dez solicitações - seria por causa da minha publicação? - Comecei a aceitar e reparei que uma das pessoas era aquele menino… Lucas, bom eu aceitei e depois de dar uma boa fuçada desliguei e fui almoçar.

Enquanto almoçava eu ia conversando com minha mãe, ela me deu algumas dicas já que na adolescência dela ela fez um curso a parte de administração e isso me ajudou dar uma aliviada bem grande sabe? Saber que não é um demônio de noventa cabeças, mas diz ela que precisa prestar muita atenção, pois em qualquer matéria se não tiver atenção pode desistir. Além do mais terei ajuda dela se precisar para o meu futuro TCC.

Esse dia demorou pra passar, impressionante. Os minutos pareciam demorar horas pra passar, eu não parava de olhar no relógio, queria que chegasse cinco horas logo, seria o horário que começaria a me arrumar, sim eu tinha planejado cada horário pra esse primeiro dia, bem paranoia, mas me perdoem.

***


Quando finalmente deu cinco horas eu corri para o banheiro, tirei toda minha roupa e parei na frente do espelho, acho que todo mundo já fez isso. Fiquei me olhando então depois dei um sorriso para mim mesmo e entrei no chuveiro e comecei meu banho. Novamente meus pensamentos so rodavam naquele primeiro dia.

De banho tomado, coloquei só minha cueca e comecei a secar o cabelo que é o processo mais demorado e que exige mais atenção, na minha opinião. Fiquei cerca de uns dez minutos só secando o cabelo e quando alcancei o resultado perfeito dele coloquei o resto das minhas roupas, passei desodorante e taquei perfume, eu adoro perfume, escovei os dentes e fiquei me olhando no espelho por uns momentos, faltava uma coisa. Meu colar e aonde está aquela droga?

Foi aí que o desespero bateu, já era cinco e cinquenta e o ônibus logo iria passar. Revirei meu quarto de todos os jeitos possíveis e ainda não achava aquele bendito colar, meu coração começou a bater tão forte que pensei que ia ter um treco, eu não podia ir sem o colar ele é como se fosse um pedaço de mim!

Foi então que minha mãe bateu na porta.

— Da próxima vez que você deixar esse colar jogado na cozinha eu...

Nem deixei ela terminar, peguei o colar e abracei ela bem forte, dei um beijo nela, corri para a sala peguei a mochila e sai correndo pra ir para o ponto, desesperado que ia perder o ônibus, nem sei por que o desespero se eu poderia ir de pé se eu perdesse o ônibus. Mas mesmo assim...

Chegando no ponto tinha umas pessoas ali, uma menina loira e uma morena de cabelos cacheados. Me apresentei pra elas e perguntei se elas iriam pra ETEC, a resposta foi sim e elas disseram que o ônibus demora um pouco pra chegar. Bom, me aliviei de ter mais gente ali...

Guilherme provavelmente foi caminhando, não sei se ele vai pegar ônibus também e se ele pegar talvez seja nesse mesmo ponto que o meu. Espero que ele não atrase.

Quando o ônibus chegou - e realmente ele demorou - falei Oi para o motorista e fui procurar um lugar, o ônibus estava bem lotado, acho que meu ponto é um dos últimos a ser pego, se não o último. Tinha poucos lugares livre e fui procurando algum rosto familiar, mesmo que tenha visto apenas de longe, não gosto de sentar com alguém totalmente desconhecido, da um pouco de vergonha. Foi aí que vi ele, aquele mesmo garoto da matrícula, quando ele me viu ele deu um sorriso e mostrou que eu poderia sentar ali, então foi oque eu fiz. Ele estava sentando na penúltima fileira no lado do vidro.

— Oi… - falei pra ele.

— Oi... - foi a vez dele - Está nervoso?

— Bastante…

— Percebi pela sua perna que não para...

Então ele colocou a mão na minha cocha no intuito de fazer ela parar, olhei pra mão dele e senti algo na minha barriga, como se ela estivesse se embrulhando, foi um sentimento estranho e repentino...

— É sempre assim... Os primeiros dias…

— Fica tranquilo, eu também estou nervoso, mas só não demonstro. Somos da mesma sala, então teremos um ao outro pra compartilhar o nervosismo. - Ele dá uma risadinha.

— Realmente, seu nome é Lucas né?

— Lucas Moura e você é Rafael, certo?

— Rafael Donizete- sorri pra ele e olhei pra frente pra ver se o ônibus estava chegando.

— Fico feliz que pegamos o mesmo ônibus! - Ele disse animado.

— Sim, vou vir as vezes de ônibus... Queria ir andando mas minha mãe acha perigoso na hora de voltar.

— Entendi... realmente é meio perigoso a noite essas ruas, bom foi o que minha mãe escutou das vizinhas… - Ele olhou e ficou me encarando - Não acredito.

— O que? - Disse assustado.

— Seu colar é da Sonserina? - Disse ele surpreso e sorrindo.

Não acredito, ele conhece Harry Potter? Fiquei tão feliz em saber que tem alguém que conhece, mesmo depois de anos que os filmes e livros acabaram ainda tem gente fiel como eu.

— Sim! - Eu disse sorrindo.

— Olha, olha.

Ele pegou e mostrou o colar dele, era um colar da Lufa Lufa. Que incrível, achei fofo! Tem muita pouca gente que gosta da casa Lufa Lufa, ela sofre muito preconceito.

— Não acredito nisso! - Disse sorrindo para ele.

— Nem eu, já estou vendo que vamos ser muito amigos!

— Concordo!

Ficamos conversando sobre isso o caminho todo e isso me fez ficar menos nervoso, me fez esquecer todos as paranoias que eu estava pensando que seria o primeiro dia, realmente me distraí bastante com o Lucas, ele parece ser uma boa pessoa. Paramos de falar quando o ônibus parou na frente da escola. Então era hora de começar.

Desci do ônibus e fui indo com Lucas pra dentro da escola, no meio do caminho encontrei Guilherme falando com um dos amigos dele, fui lá e apresentei Lucas pra ele e falei que ele era outro "cabeção" - é o apelido que Gui dá para as pessoas que amam Harry Potter como eu - depois de umas conversas ali fomos cada um pra sua respectiva sala. Confesso que eu e Lucas nos perdemos e entramos em duas salas erradas até vir uma moça mais experiente lá na escola e nos levou para a sala certa. Dois perdidos mesmo, haha!

Assim que entramos na sala notamos que éramos praticamente os únicos que faltavam pra completar a turma, claro que devia ter faltado uns dois ou três, mas a sala estava bem cheia. Observamos bem cada lugar e Lucas cochichou no meu ouvido que queria sentar próximo a mim, eu também queria isso afinal não conhecia quase ninguém dali, eis então que na segunda fileira da porta a última e penúltima carteira estavam livres e foi aquela que escolhemos. Eu fiquei com a última e Lucas com a penúltima, me sentei e arrumei rapidamente o material e começamos a esperar o professor chegar e dar início às aulas…

— Tem bastante meninas na sala né? - Lucas se virou para mim.

— Pois é, tem muito mais que meninos! - Sorri pra ele - Vai faltar homem pra elas.

— É…

Nisso o professor chegou, era um professor bem alto, moreno de pele, tinha poucos cabelos e pouca barba. Ele chegou sorrindo pra classe observando cada rosto que o encarava e num movimento rápido ele fechou a porta e começou a falar, o nome dele era Roberto e ele era o professor de Ética.

— Bom, vejo que essa sala aqui não tem nenhum ex aluno de outro ano, correto?

A sala ficou se olhando e ninguém negou, parece que todos eram a primeira vez na escola técnica.

— Sendo assim vou propor uma dinâmica para todos vocês, okay?

Ixi, lá vem aquilo de dinâmica. Ele explicou durante muitos minutos, eu vou resumir para vocês por que né? Teríamos que sentar em dupla e conhecer a pessoa que estamos em dupla, meio óbvio, e com isso depois iríamos apresentar a outra pessoa para o professor e a vice-versa. Eu fiquei de dupla com Lucas e trocamos bastante informações sobre a vida um do outro.

Ele me disse que tem apenas dezessete anos, a mesma idade que eu, que nunca trabalhou, mas sempre ajudava em casa como podia, ele também me disse que é filho único e tem muita vergonha de apresentar coisas na frente do todo mundo.

— Fica calmo, a gente vai conseguir! - Tentei animar ele

— Assim espero… eu tenho vergonha de apresentar na frente de todo mundo… Ainda mais que não conheço ninguém.

Ele tinha razão, era algo bem constrangedor. Esperamos cerca de dez minutos pra chegar nossa vez, eu consegui falar bem até, me surpreendi, pois também sou meio tímido nos primeiros dias sabe? Agora ele já foi mais difícil de me apresentar, primeiro que ele ficou todo vermelho e não conseguia falar direito, tive que ajudar algumas vezes, mas no final a missão foi concluída com muito sucesso.


***


Quando finalmente chegou a última aula eu já estava extremamente cansado, foi bem exaustivo essas primeiras aulas, foi pura apresentação, eu não aguentava mais falar meu nome e informações sobre mim. Os professores deviam gravar um vídeo e repassar para os outros, seria muito mais fácil que ficar repetindo toda hora para cada professor novo. Mas tirando isso, foi bastante interessante.

No ônibus eu sentei com Lucas novamente, assim que chegou no meu ponto me despedi dele e me retirei do ônibus.  Foi um dia legal.

Não demorou muito para eu chegar na minha casa e assim que entrei, dei boa noite pra minha mãe que ainda estava acordada e me joguei na cama, exausto mas bem feliz.


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Notas finais do capítulo

Se gostaram não esqueça de deixar um comentário! Beijinhos.. ♥