Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 84
CAPÍTULO84




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CAPÍTULO84

A doutora Ana Luísa, em alguns anos exercendo sua profissão, nunca
havia visto nada igual; duas mulheres, que pertenciam a mesma família,
teriam seus bebês no mesmo dia. Ao receber a ligação de Joinville, a
médica disse que elas poderiam aguardar em casa e mantê-la informada
sobre a evolução do trabalho de parto. Em seguida, Chapecó ligou para a
melhor amiga, Camila, e contou para ela; a enfermeira só iria trabalhar
no fim da tarde e disse que iria para o apartamento delas. A relação
entre Camila e a filha de São José estava abalada, mas naquele momento,
o que importava era Chapecó, o bem estar dela.
— Não acredito! - Joinville quase deu um grito enquanto lia alguma
coisa no celular:
— O que foi agora? - quis saber Chapecó:
— Amor, parece que teremos dois bebês nascendo na família no mesmo dia!
— Joinville, não me diga que...
— É, minha querida; parece que o nosso sobrinho também vem hoje!
Uma lágrima rolou dos olhos de Joinville e um lindo sorriso brotou em
seus lábios; a contração veio e Chapecó não sabia se ria ou chorava. As
lágrimas venceram a futura mamãe:
— Calma, amiga, calma! - interveio Camila, tocando a perna direita dela.
— Aonde é que ela está, Márcia? - foi a primeira pergunta de São
Bento do Sul ao colocar os olhos na fiel escudeira da família de
Florianópolis:
— Ela está na sala; eu acompanho você!
— Como é que ela está?
— Está tudo bem; você vai conhecer seu filho ainda hoje!
— Se Deus quiser, Márcia!
Blumenau estava na sala, sentada confortavelmente no sofá, sentindo
as dores do parto; mas nada lhe tirava o sorriso do rosto:
— Chega pra cá, papai! - exclamou Palhoça enquanto praticamente dava um
salto para abraçar São Bento do Sul:
— Oi, titia maluca - disse ele -, tudo bem?
— Tudo bem, ou melhor, tudo super, hiper, mega legal!
São Bento cumprimentou Florianópolis, Jaraguá e Lages, depois foi
sentar-se ao lado da ex-mulher, que em meio a uma contração, teve forças
para encará-lo e dizer:
— Está tudo bem!
O rapaz não conseguiu dizer nada, só quis abraçá-la; ficaria com ela o
tempo que fosse necessário.
São Miguel do Oeste chegou no apartamento minutos depois,
acompanhado pela tia; Concórdia se sentou na sala e ficou ali, tentando
ajudar Blumenau e a família dela de alguma forma, e Jaraguá se refugiou
na cozinha com o namorado:
— Eu vou ficar aqui com você! - falou São Miguel com um enorme sorriso no
rosto:
— Eu chamei tanto por você com o meu pensamento e você veio, São Miguel!
— É meu primeiro sobrinho, Jaraguá; quando eu era criança eu pedi muito
um irmão pra minha mãe só que não rolou! A sua família é a minha também,
amor!
— Vamos comigo ali no quarto do meu irmãozinho? Ele está dormindo, eu
quero dar uma olhada nele!
— Vamos, claro!
O jovem casal entrou no quarto de São Joaquim e o encontrou no berço,
acordado, brincando com um ursinho de pelúcia, sorridente como sempre.
Decidiram ficar ali e cuidar do pequeno enquanto esperavam a hora de
Blumenau ir para a maternidade. São Miguel do Oeste e Jaraguá, apesar de
muito jovens, já levavam muito jeito com crianças; a garota trocou a
fralda e a roupa do irmãozinho e ficou ali, ao lado do namorado. E o
resultado não poderia ser outro; Palhoça juntou-se a eles minutos
depois e a diversão estava garantida.
São José saiu de uma reunião e foi para seu escritório; passou por
sua secretária, conversou com ela por alguns instantes e foi para sua
sala.
Quando foi para a reunião, São José deixou o celular na mesa do
escritório; e agora, com o aparelho na mão, percebeu que haviam duas
chamadas de Palhoça e uma de Joinville. Teria acontecido alguma coisa?
O pai de família decidiu retornar as ligações e jamais imaginou que
tanta coisa estivesse acontecendo no mesmo dia; seus dois netos estavam
a caminho. Pediu à sua secretária que desmarcasse todos os seus
compromissos naquela tarde e foi para a casa da ex-mulher.
— Blumenau, minha filha! - o pai de família entrou apreçado na sala
de estar do apartamento; sua ex-mulher, Lages, Concórdia e São
Bento do Sul estavam ali:
— Pai! - Blumenau abriu um largo sorriso ao ouvir a voz dele, e uma
lágrima rolou de seus olhos ao mesmo tempo em que chamou por ele; tentou
se levantar mas foi impedida pela chegada de uma contração:
— Calma, meu amor - ponderou São José enquanto se agachava diante da
filha mais velha -, calma, não levanta não!
— Pai, que bom que você chegou! Eu tive medo de você não chegar a tempo
pra ir comigo pro hospital...
— Eu vou com você pro hospital, claro que eu vou!
— Você já sabe que Chapecó também...
— Sei, minha querida, Joinville me avisou; parece que vamos nos
encontrar todo mundo na maternidade!
— Pai, eu quero que a Cami esteja lá!
— Ela vai estar, minha querida; ela vai estar de plantão hoje a noite,
fica tranquila!
São Bento do Sul, que continuava sentado ao lado da mãe de seu
filho, encarou o ex-sogro e cumprimentou-o com um aperto de mão:
— Eu sei que o senhor não gosta da minha presença aqui, mas eu não posso
deixar de...
— Eu sei, rapaz; eu não posso tirar de você o direito de estar presente
nesse momento importante, embora eu não queira você perto da minha filha
eu não posso impedir, você é o pai do meu neto! Fique a vontade!
— Sim senhor; obrigado!
Enquanto isso, no apartamento de Joinville e Chapecó, as coisas
continuavam correndo bem; Camila estava lá, apoiando a melhor amiga
naquele momento, além do fato dela ser enfermeira, era considerada uma
irmã por Chapecó. E se passaram algumas horas, já estava anoitecendo
quando as duas futuras mães da família foram levadas para a
maternidade.
Chegaram praticamente juntas, foram internadas uma ao lado da outra; era
visível a felicidade nos olhos de todos, inclusive da doutora Ana Luísa:
— Doutora Ana, me conta de Blumenau, como ela está? - perguntou Chapecó
enquanto Ana Luísa terminava de examiná-la:
— Ela está bem, minha querida, não se preocupe! E você, como estamos?
— Acho que está tudo bem, pelo menos é o que eu acho!
— As contrações estão vindo de quanto em quanto tempo?
— De dez em dez minutos, doutora - respondeu Joinville -, aliás, eu
queria ir pra sala de parto com ela, posso?
— Claro que pode - a doutora sorriu ao responder a pergunta -, você pode
entrar com ela sim! Chapecó, daqui a pouco eu volto pra te ver; qualquer
coisa diferente que você perceber, por favor me chame!
— Tudo bem, doutora; obrigada!
A médica saiu do quarto, deixando as duas a sós.
Joinville, que estava em pé ao lado da cama, se sentou em uma
cadeira e segurou a mão da companheira; Chapecó a encarou, estava
deitada de lado:
— Joinville!
— Fala, meu amor!
— Aonde será que ela está?
— Ela quem?
— Itajaí! Quando eu penso que ela está solta por aí, quando eu penso
que...
— Chapecó, não vai acontecer nada; depois de tudo o que ela fez, você
mesma me disse que o pesadelo acabou, meu amor!
— Eu sinto isso, Joinville, alguma coisa me diz que já aconteceu tudo o
que tinha pra acontecer; mas nós temos que ser realistas, eu sei que ela
pode voltar e...
E o resto da frase não saiu; a contração veio forte. Joinville depositou
um leve beijo na mão da companheira e ficou olhando para ela, não podia
fazer nada naquele momento, nada além disso.
No quarto ao lado, Blumenau estava com Florianópolis, Lages e São
Bento do Sul; seu pai também estava no hospital, ficou ao lado da filha
desde a hora em que ela foi internada, e agora havia saído do quarto
para dar um telefonema.
Quando voltava para o quarto de Blumenau, São José encontrou a namorada
no corredor; já havia visto Camila vestida de enfermeira algumas vezes,
mas agora era diferente. Ela estava ali, com aquele olhar reconfortante,
vestida de branco, o branco que trouxe paz para aquele homem:
— Camila! - ele sorriu ao dizer o nome dela:
— Oi, meu amor! - respondeu a enfermeira sorrindo de volta para ele;
envolveu o namorado em um abraço, e mais do que nunca, São José sentiu
que estava tudo bem:
— Eu ainda não tinha visto você no hospital, Cami!
— Eu acabei de chegar pro meu plantão; temos duas pacientes muito
especiais aqui hoje!
— Dá pra acreditar numa coisa dessas?
O casal soltou-se de vagar do abraço um do outro; Camila olhou o
namorado nos olhos, os olhos azuis que a encantavam e lhe faziam ter a
certeza de que sua vida sem ele não fazia mais sentido. São José sabia
exatamente o que queria dizer, mas não tinha certeza se aquele era o
momento, se aquelas eram as palavras; decidiu falar conforme seu coração
queria:
— Cami, cuida bem dos meus tesouros; a minha filha, minha nora e os meus
netos! Você me promete que...
— Meu amor - interrompeu a enfermeira -, eu aprendi que, na minha
profissão, na profissão da doutora Ana, nós nunca podemos garantir nada;
mas eu te prometo que eu vou estar lá, do lado da sua filha, da sua
nora!
Camila depositou um beijo leve no canto da boca do namorado e encostou a
testa na testa dele:
— Eu não posso te garantir nada, meu amor, mas posso te oferecer duas
coisas nesse momento; o meu amor e a minha palavra, eu vou cuidar dos
seus tesouros com todo amor do mundo, pode ter certeza disso!
As mãos dele agora afagavam os cabelos da enfermeira, desceram em
seguida até a nuca e pararam ali; seus lábios se uniram, foi um beijo
diferente das outras vezes, um beijo calmo, que demonstrava ternura e
entrega a cima de qualquer outra coisa.


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