Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 83
CAPÍTULO83




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CAPÍTULO83

Camila estava apaixonada por um homem quase vinte anos mais velho;
já havia namorado outras vezes, mas jamais se sentiu como agora.
Ela só não imaginava que isso fosse lhe trazer consequências,
consequências que iriam lhe doer. Sua relação com Joinville ficou
abalada, ela nunca quis que isso acontecesse.
— Bom dia, senhorita! - Florianópolis entrou com um largo sorriso no
quarto da filha mais velha naquela manhã; trazia uma linda bandeja de
café da manhã:
— Bom dia, mãe! - Blumenau sorriu de volta para ela, estava sentada
confortavelmente na cama, com alguns travesseiros nas costas e almofadas
à sua volta:
— A Márcia disse que você acordou indisposta, eu trouxe um café com tudo
o que a senhora gosta e trate de se alimentar!
— Não é bem uma indisposição, mãe; é um desconforto!
— Eu sei, meu amor; é seu filho te dizendo que agora falta pouco; esse
desconforto é normal, passei por ele cinco vezes!
— Mãe, e Chapecó, como será que ela está?
— Deve estar tudo bem; falei com a sua irmã agora a pouco, elas estão
em casa; por quê?
— Não sei; eu acordei querendo falar com ela, como se eu precisasse
conversar com alguém que está passando exatamente pela mesma coisa!
— Dá uma ligadinha pra ela!
— Eu acho que vou fazer isso mesmo! E São Joaquim, mãe?
— Dorme feito um anjo ainda!
— As meninas já saíram pra escola?
— Faz uma meia hora!
Pacientemente, Florianópolis ajeitou as almofadas e entregou à bandeja
de café da manhã para a filha mais velha. Quando ficou sozinha no quarto
novamente, Blumenau pegou o celular, procurou o contato de Chapecó e
decidiu fazer uma chamada de vídeo via whatsapp:
— Bom dia, cunhada! - Chapecó atendeu, também estava na mesa de café da
manhã:
— Bom dia, tudo bem por aí?
— Tudo bem; não dormi muito bem essa noite mas tirando isso está tudo
nos conformes!
— Eu também não dormi bem, é difícil encontrar uma posição pra dormir
com esse barrigão! Cadê minha irmã?
— Ela desceu até a farmácia, tem uma aqui do lado do nosso prédio! E
essa bandeja maravilhosa aí?
— Coisas da minha mãe; hoje é um daqueles dias que eu pago pra não sair
da cama; ela disse que é meu filho dizendo que falta pouco! Eu só queria
mesmo saber como você estava; não sei porque mas eu precisava disso!
— Claro, Blumenau; pode ligar a hora que você quiser, eu agora passo os
meus dias em casa, numa boa, esperando o meu homenzinho chegar!
— Chapecó, e a história do meu pai com a Camila, hein?
— Pois é, eu imagino que deve ter sido uma surpresa pra vocês que são
filhas dele, pra mim que sou amiga dela também foi uma grande surpresa!
Sua irmã está indignada, Joinville acha que a Camila não ama o pai de
vocês, que ela só está buscando se sentir segura, de uma certa forma,
entende?
— Eu não sou contra, Chapecó, muito pelo contrário, eu quero que meu pai
seja feliz; eu só fico um pouco insegura por causa da diferença de idade
deles!
Ao fundo do vídeo, Blumenau pôde ver sua irmã, Joinville; ela chegou
em casa:
— Olha Joinville lá! Oi, mana!
— Oi, maninha - respondeu a jovem do outro lado -, tudo bem?
— Tudo bem, ganhei até café na cama hoje!
— E posso saber o que é que as duas comadres estavam tricotando pelo
whatsapp enquanto eu estava fora? - a pergunta de Joinville veio em tom
de brincadeira:
— Assunto de grávida, amor! - respondeu Chapecó.
— Mana, você está enorme! - alarmou-se a futura arquiteta ao ver a
barriga da irmã pelo vídeo:
— Eu estava falando sobre isso agora mesmo com Chapecó; é difícil
encontrar uma posição pra dormir, acordei várias vezes durante a noite!
Blumenau sentada na cama com a bandeja de café da manhã, Chapecó e
Joinville sentadas junto à mesa em seu apartamento; as três conversaram
por mais alguns minutos.
E o dia corria normalmente; Jaraguá e Palhoça estavam na escola, São
José na empresa, Florianópolis estava em casa com a filha mais velha e o
caçula; São Joaquim estava para completar seu primeiro aninho, o plano
era fazer uma festa de aniversário mas Florianópolis decidiu deixar isso
para o ano seguinte, já que provavelmente, Chapecó e Blumenau teriam
seus bebês dentro de alguns dias.
Logo no início da tarde, Chapecó recebeu uma notícia que ela não
estava esperando; Itajaí, que estava presa a alguns meses, fugiu da
cadeia junto com outras detentas. A notícia chegou até ela através de um
policial, que foi seu vizinho durante o tempo em que ela morou no flat.
A engenheira decidiu se deitar e tentar relaxar; Joinville ficou na
sala, estava estudando.
— Mãe! - Palhoça entrou correndo no quarto de Florianópolis, que
estava se arrumando pra sair:
— Que susto, menina! O que foi?
— Mãe, Blumenau disse que está tendo cólica!
— Cólica? - a mãe de família parecia assustada, mas havia um vestígio de
sorriso em seu rosto:
— Sim, ela está lá no quarto dela e pediu pra você ir lá! Mãe, será que
meu sobrinho vai nascer?
— Eu não sei, meu amor! Olha só; fica tranquila, eu vou lá ver a sua
irmã! E Jaraguá?
— No quarto de São Joaquim com ele!
— Então pronto, filhota; fica lá com os seus irmãos!
Florianópolis saiu de seu quarto apressada, atravessou o corredor e
chegou ao quarto de Blumenau:
— Oi, filha, o que foi?
Blumenau estava nervosa, sentada na cama:
— Uma dor, mãe; não é o tempo todo mas é uma pontada!
— Eu vou ligar pra doutora Ana - Florianópolis deu um largo sorriso -,
você está tendo contração, meu amor!
— Mãe, liga pra doutora Ana, pelo amor de Deus...
— Blumenau, calma, assim você me deixa nervosa e eu não consigo te
ajudar, filha! Presta atenção; eu vou ligar pra sua médica, ela vai nos
orientar, vai dar tudo certo!
Jaraguá, que estava no quarto do irmão caçula, foi ter com a mãe e a
irmã. Enquanto Florianópolis tentava falar com Ana Luísa pelo celular,
a garota tentava tranquilizar Blumenau. A doutora fez questão de falar
diretamente com sua paciente, disse que ela não precisava ir para a
maternidade de imediato e pediu que ela fosse lhe informando como as
coisas aconteciam, intervalos e intensidade das contrações.
Depois que falou com a médica, Blumenau ficou mais tranquila; com a
ajuda da mãe, a jovem foi pra sala, se sentou confortavelmente e ficou
ali, curtindo aquele momento com Florianópolis, seus três irmãos,
Márcia, e claro, Lages, que logo atravessou o corredor e juntou-se a
eles.
Depois que se deitou, Chapecó acabou cochilando e acordou se
sentindo leve, em paz; Itajaí havia fugido da prisão, certamente daria
um jeito de dar algum sinal, mas surpreendentemente, a engenheira estava
calma, não estava com medo:
— Oi! - Joinville agora entrava no quarto; seus olhos traziam um brilho
intenso, ela parecia andar a um palmo a cima do chão:
— Oi, meu amor - respondeu Chapecó ainda deitada na cama -, conseguiu
estudar?
— Consegui; não era muita coisa, eu tenho prova essa semana e assim eu
adianto algumas coisas!
— Sabe que as vezes eu sinto falta disso? Falta do movimento da faculdade,
daqueles livros intermináveis que deixam a gente de cabelo em pé, no
fundo no fundo é divertido!
— E você, descansou?
— Descansei; cochilei, cheguei até a sonhar! Apesar de tudo, Joinville,
eu estou me sentindo em paz; eu sei que Itajaí fugiu da cadeia, eu sei
que ela pode voltar a...
— Não, minha querida, não...
— A gente não pode fingir que está tudo bem porque não está, meu amor;
eu sei que ela pode bater aqui a qualquer momento, a gente precisa ser
realista! Mas apesar disso eu estou me sentindo bem, alguma coisa me diz
que mesmo com ela solta por aí, esse pesadelo acabou! Eu vou levantar
pra pegar um copo'd'água!
— Eu trago aqui pra você!
— Eu preciso caminhar um pouco, Joinville!
— Então vem; vamos lá pra sala!
Chapecó se preparou para levantar da cama e Joinville foi ampará-la;
sentiu quando ela apertou-lhe a mão:
— Peraí, Joinville!
— O que foi?
— Uma cólica; parece uma pontada, sei lá!
Joinville se sentou, sua expressão agora era de preocupação mas havia
um sorriso por trás daquilo:
— Será que não é melhor a gente ligar pra doutora Ana?
— Não sei; vamos esperar mais um pouco, está passando!
As duas foram pra sala depois que a dor passou; sentaram-se no sofá
e Chapecó ficou ali, com os pés pro alto e a cabeça recostada ao ombro
da companheira. A tv ligada em um volume agradável, uma conversa
descontraída e Joinville em estado de alerta; uns trinta minutos depois,
a dor veio de novo.


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