Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 63
CAPÍTULO63




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CAPÍTULO63

O chão parecia ter saído de baixo dos pés daquele homem; sua filha,
que se recuperava de um grave acidente em um leito de UTI, afirmava que
a madrasta não estava esperando bebê algum:
— Calma, filha, calma; você não pode se emocionar desse jeito! - tentou
São José, ainda segurando a mão de sua menina, percebendo as lágrimas e
a agitação dela:
— Você tem que acreditar em mim, pai!
— Eu acredito, meu amor, eu acredito; mas agora tenta descansar, eu te
prometo que tudo vai se resolver, palavra de pai!
E Joinville adormeceu.
São José soltou lentamente a mão da filha e saiu chorando daquele
lugar; não sabia se chorava por sua filha ou pelo que ela lhe disse, mas
estava sem chão:
— São José, como ela está? - perguntou Florianópolis ao esbarrar no
ex-marido no corredor:
— Está bem - ele respondeu -, falou comigo, agora dormiu de novo; nossa
filha vai se recuperar! Florianópolis, eu preciso ir pra casa, você quer
que eu te deixe no seu apartamento?
— Não, pode ficar sossegado; eu vim com Blumenau e o namorado, eles já
estão indo também!
— Tudo bem! Se precisar de qualquer coisa, você sabe onde me encontrar!
— Pode deixar!
Florianópolis saiu do hospital com a filha mais velha e o namorado dela,
enquanto São José seguiu para seu apartamento.
Quando chegou no edifício, Florianópolis desceu do carro, deixando
Blumenau e São Bento do Sul sozinhos. O jovem casal olhou um nos olhos
do outro, ela ainda estava com os olhos vermelhos:
— Você tem sido muito legal - comentou a moça -, eu só tenho a te
agradecer e estou certa de que você será um pai maravilhoso!
— E você tem sido muito guerreira; e com certeza vai ser a melhor mãe do
mundo!
— Depois que tudo isso passar, que a minha irmã sair daquele hospital e
tudo voltar a ser como antes, eu vou pro nosso cantinho, eu quero viver
com você!
— Eu te espero o tempo que for preciso, Blumenau; a nossa casa está lá,
pronta pra te receber!
E os dois se despediram ali; Blumenau entrou pela porta do edifício, e
São Bento continuou ali, dentro do carro, até perdê-la de vista.
— Criciúma! - São José chamou por sua jovem esposa enquanto deixava
as chaves na mesa da sala:
— Oi, amor - ela surgiu da cozinha usando um vestidinho preto, descalça,
sem maquiagem e com os cabelos presos em um coque -, estou aqui! E
Joinville, como está?
Ele até tentou, mas não conseguiria agir naturalmente. Precisava tirar
aquela história a limpo e não podia esperar:
— Criciúma, a gente precisa conversar!
— O que aconteceu, meu amor? Aconteceu alguma coisa com Joinville?
— Minha filha está se recuperando bem, Criciúma, se é isso que te
preocupa; hoje ela chamou por mim quando Blumenau estava com ela na UTI,
queria conversar comigo! Eu vou te fazer uma pergunta, gostaria que você
me dissesse a verdade!
— Pode perguntar; eu jamais te mentiria!
— Você está mesmo grávida?
Criciúma perdeu o chão naquele momento; seu homem estava desconfiado
dela:
— É claro que eu estou grávida, São José! De onde é que você tirou isso,
meu amor? Meu Deus, eu fui ver o médico, ele disse que eu estou
esperando um filho!
— Então por que é que Joinville está dizendo o contrário? Minha filha
está doente, Criciúma; ela me chamou na UTI pra dizer que você não está
esperando bebê algum! Como é que você explica isso?
— Ah, São José, tenha santa paciência, meu amor! As suas filhas nunca
gostaram de mim, e Joinville está mais esperta do que vocês pensam; ela
deve estar se aproveitando desse momento pra chamar atenção, a sua
atenção!
— Criciúma, olha pra mim!
Ela percebia que o cerco estava começando a se fechar, mas precisava
manter a calma; caso contrário, colocaria tudo a perder. Olhou nos olhos
de seu marido:
— Minha filha está entubada - continuou São José -, e além disso, eu
conheço Joinville como a palma da minha mão, eu sei que ela jamais
faria uma coisa dessas!
— Você vai preferir acreditar nela? Você vai dar ouvidos a uma garota
mimada que está lá, dopada com um monte de remédios?
— Eu quero um exame, Criciúma! Eu vou marcar uma consulta com a doutora
Ana Luísa, vou a essa consulta com você, eu quero ver o nosso bebê!
Criciúma percebeu que havia chegado a o fim da linha; precisava
encontrar uma solução, se é que ainda havia tempo para isso.
Já passava de dez horas da noite; Florianópolis, sentada na poltrona
de seu quarto, segurava seu filho no colo. Palhoça entrou silenciosa no
quarto da mãe, aproximou-se dela e agachou-se ao lado da poltrona:
— Você não disse que ia se deitar, amor? - perguntou a mãe:
— Na verdade eu ia ler alguma coisa, mãe; mas resolvi vir aqui um pouco,
ainda é muito sedo pra mim!
— Você fica um pouquinho com seu irmão?
— Claro que sim, mãe! Você vai aonde?
— Vou tomar um banho rápido! Vou colocar ele ali na cama e você fica ali
com ele, pode ser?
— Pode; eu vou adorar tomar conta desse rapazinho aqui!
Já sozinha com o irmão caçula, Palhoça se deitou ao lado dele; São
Joaquim estava acordado, muito tranquilo:
— Oi, rapaz - começou a garota -, enquanto a mamãe toma banho a gente
fica fazendo farra aqui na cama dela!
Ele parecia compreender, parecia querer sorrir:
— É, a gente vai bater um papo aqui enquanto ela toma banho!
Palhoça viveu um dos melhores momentos de sua vida ali, na cama de sua
mãe, ao lado do irmão caçula. São Joaquim, embora ainda fosse muito
pequeno, já sorria, já reconhecia as irmãs, já procurava por elas quando
chamavam seu nome. Palhoça tirou fotos, brincou com o irmão, aquele
quarto se tornou pequeno para tanta alegria:
— Bagunça é essa no meu quarto? - brincou Florianópolis ao sair do
banheiro e ver os dois filhos na cama:
— Mãe - perguntou Palhoça -, a gente era esperta assim?
— Você era levada desde bebezinha; quase caiu da mão do médico quando
nasceu; Jaraguá sempre muito tranquila, Blumenau muito geniosa,
Joinville também era super tranquila, mas todas vocês eram crianças
espertas!
— E falando em Joinville, mãe, será que ela sai do hospital antes do
natal?
— Deus queira que sim, filha! Mas ela está se recuperando bem, vai
passar o natal em casa, do nosso lado!
No dia seguinte, Jaraguá e São Miguel do Oeste combinaram de
passarem o dia juntos na casa dele; a tia do garoto não sabia o que
fazer para agradar sua sobrinha postiça quando ela ia pra lá.
Jaraguá chegou por volta de dez horas na casa do namorado e os dois
foram pra capela, a capela com a imagem de Santa Rita; lá eles haviam
jurado um a o outro amor eterno na primeira vez que a menina esteve lá:
— Você lembra da primeira vez que a gente veio aqui? - perguntou o
rapaz, com o o mais belo sorriso de felicidade:
— Lembro; a gente se ajoelhou aqui, você disse que um dia queria casar
comigo aqui nessa capela!
— E o que eu falei continua valendo; eu quero me casar com você aqui,
com a bênção de Santa Rita!
— As nossas famílias aqui, a capela toda decorada com flores!
— Você quer ter quantos filhos?
— No mínimo três - afirmou Jaraguá como quem tem certeza do que diz -,
eu quero ter família grande!
— Eu sempre pedi um irmão pra minha mãe mas não rolou; a minha tia não
tem filhos, eu também sonhava em ter uma família grande, muita gente,
fazer aquele almoço de domingo com todo mundo na mesa!
— A gente vai fazer tudo isso um dia; a gente vai casar, ter filhos,
fazer mil festas de família na nossa casa! E eu quero ficar bem velhinha
do seu lado!
— Eu também, meu amor, quero envelhecer do seu lado! Um dia a gente vai
sentar numa cadeira de balanço e vai lembrar desse dia!
— E os nossos filhos e netos vão ser batizados aqui também!
São Miguel do Oeste e Jaraguá não souberam dizer por quanto tempo
ficaram ali, junto à imagem de Santa Rita, fazendo planos pro futuro.
Isso se realizaria no futuro; todos os sonhos daquele jovem casal se
tornariam realidade.


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