Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 60
CAPÍTULO60




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CAPÍTULO60

Lages viveu a pior noite de sua vida; precisou dar a notícia do
acidente para sua afilhada, para Palhoça e blumenau, que estava grávida.
A futura advogada chorou ao saber do que aconteceu, mas não deixava de
acreditar que Joinville sobreviveria para conhecer o sobrinho que ela
estava esperando.
Palhoça recebeu a notícia quando acordou as sete da manhã; aquela seria
sua última semana de aula mas não havia clima para escola. Decidiu ficar
em casa, a garota não conseguia se lembrar quando foi a última vez que
sentiu vontade de chorar. Decidiu ficar perto de Jaraguá, e mesmo
sofrendo, tentar ajudá-la.
Chapecó chegou no apartamento da família as oito e meia da manhã,
acompanhada por Camila. Márcia as recebeu com carinho:
— Márcia - perguntou a engenheira -, cadê Jaraguá?
— Está no quarto dela, minha querida!
— E como ela está?
— Você pode imaginar, não é! Eu nunca vi duas irmãs tão unidas como
elas!
— Eu posso falar com ela?
— É claro; ela vai gostar de te ver!
— Cami, você me espera?
— Espero sim; pode ir tranquila!
Chapecó deu meia volta e sumiu pelo corredor em direção ao quarto de
Jaraguá; abriu a porta de vagar e lá estava a garota, sentada na cama
com o rosto enchado, os olhos avermelhados:
— Jaraguá! - foi a única coisa que a engenheira conseguiu dizer:
A garota deu um salto da cama e correu para ela feito uma
criança; as duas quiseram apenas se abraçar:
— A minha irmã está viva? - perguntou a menina, chorando nos braços da
cunhada:
— Está, meu anjo - respondeu a engenheira -, ela está viva sim!
— Ela sente dor?
— Não; ela está dormindo tranquila, sonhando com a gente; sem dor, sem
sofrimento! Vamos conversar um pouquinho?
Ainda abraçadas, as duas caminharam até a cama e se sentaram lado a
lado; o nó na garganta não saía, mas Chapecó tinha que ser forte:
— Jaraguá, minha querida, eu vim até aqui porque eu tenho uma notícia
pra te dar; depois da doutora Ana Luísa e da Camila, você vai ser a
primeira a saber!
— Que notícia?
— Você lembra quando eu e Joinville conversamos com você sobre o
tratamento que eu estava fazendo pra tentar ter um bebê?
— Lembro, claro que eu lembro!
— Deu tudo certo, minha linda!
— Você está querendo dizer que... meu sobrinho está aí com você? -
perguntou a menina; as lágrimas vieram novamente:
— Está, Jaraguá; seu sobrinho está aqui na minha barriga!
A menina nunca se sentira tão confusa em toda sua vida; em quase um
ano de convivência, Chapecó se tornou especial para ela, uma verdadeira
amiga com quem ela sabia que podia contar. Agora, Jaraguá estava
dividida entre a tristeza pelo que estava acontecendo com Joinville e a
felicidade de ter um sobrinho, ou melhor, dois; Blumenau também estava
grávida.
Quando Chapecó deixou o quarto, encontrou sua cunhada mais velha
parada junto à porta; Blumenau estava chorando mas fazia o impossível
pra disfarsar:
— Chapecó, bom dia!
— Bom dia, Blumenau!
— Você vem do hospital?
— É; eu nem queria sair de lá mas a doutora Ana me convenceu junto com a
Camila a ir pra minha casa, descansar um pouco!
— E como é que ela está?
— Na sala de cirurgia; mas eu tenho muita fé, cunhada, a doutora Ana
disse que o médico que está operando ela é um dos melhores do Brasil,
Joinville vai surpreender todo mundo!
— Traumatismo craniano, não é? Minha mãe me contou por telefone!
— É, por isso ela precisou ser operada!
Blumenau finalmente tomou coragem para dizer o que seu coração
queria:
— Eu acabei ouvindo sem querer a sua conversa com a minha irmã! Chapecó,
eu sei que eu fui cruel com você e com Joinville, mas hoje eu tenho
certeza de que você ama a minha irmã de verdade! Eu queria te dizer
que... que eu estou muito feliz que você esteja grávida, e que os nossos
filhos vão crescer juntos, correndo por esse corredor, pra baixo e pra
cima, bagunçando tudo!
São Miguel do Oeste chegou no apartamento logo depois; soube do
acidente quando acordou naquela manhã e decidiu que não iria pra escola
naquele dia. Para ele, Jaraguá era mais importante do que qualquer
coisa, estava decidido a passar o dia ao lado dela.
Foram horas até Joinville sair da sala de cirurgia e ir pra UTI; a
operação foi um sucesso. Conforme prometeu, Ana Luísa conversou com o
doutor Jaime e ligou para Chapecó em seguida; ela havia conseguido
dormir um pouco, almoçou no apartamento de Camila ao lado dela e de
Davi, que fez questão de estar ali.
Florianópolis voltou pra casa no início daquela tarde de segunda
feira; só poderia visitar sua menina no horário de visitas e tudo o que
a mãe de família podia fazer agora era amparar seus outros filhos e
rezar, rezar muito:
— Eu tenho fé, Lages - declarava Florianópolis na sala de seu
apartamento, ao lado da melhor amiga, enquanto amamentava seu filho -,
eu tenho fé que Joinville vai voltar pra casa logo logo! Minha filha
sempre foi muito meiga, as vezes emotiva, mas eu sei que por trás da
doçura dela existe uma guerreira, ela está lutando pra viver, eu sei que
está!
— E os outros ocupantes do ônibus, Florianópolis?
— Alguns tiveram ferimentos leves,, três deles estão no mesmo hospital
onde Joinville está, instáveis como ela! O motorista do ônibus não
resistiu, morreu hoje de manhã!
— Jaraguá conseguiu dormir! Ela passou a noite acordada, muito abalada
mas cheia de esperanças! Eu fiquei lá, sentada ao lado da cama dela, ela
fazendo planos pra quando a irmã voltasse pra casa!
— Mãe! - agora Palhoça entrava na sala, trazia no rosto uma expressão de
desgosto:
— Oi, amor! - respondeu Florianópolis:
— Você vai voltar pro hospital?
— Vou; eu vim pra casa pra cuidar um pouco desse príncipezinho aqui,
volto pra lá daqui a pouco no horário de visitas!
— Diz pra minha irmã que eu amo muito ela, e que eu vou ficar muito
zangada se ela não sair logo de lá!
Palhoça conseguiu sorrir:
— Falo sim, meu amor, pode deixar que eu falo pra ela!
São Joaquim, a essa altura, já dormia feito um anjo no colo da mãe;
Florianópolis olhou para ele, depois para Lages:
— Eu estava tão preocupada com ele, Lages! Eu sabia que ele estava sendo
bem cuidado por você e pela Márcia, mas eu sou mãe...
— É claro, minha amiga! Nós acabamos comprando leite pra ele na
farmácia como você pediu por telefone, a gente não sabia como é que ia ser...
— Eu só tenho a agradecer a você e a Márcia por terem olhado pelo meu
príncipe!
Joinville estava internada na UTI, e por isso, Florianópolis e São
José não podiam estar com ela o tempo todo. Iam para o hospital todos os
dias, no horário de visitas.
Uma semana depois do acidente, a moça continuava internada e lutando com
bravura pra continuar vivendo. A cirurgia havia corrido bem, mas ela não
estava reagindo aos medicamentos.
Certo dia, Chapecó foi a o hospital decidida a enfrentar o que fosse
necessário para entrar na UTI e ficar por alguns minutos perto de
Joinville. Conversou primeiro com sua médica, a doutora Ana Luísa:
— Chapecó - explicou calmamente a médica, olhando firmemente para sua
paciente -, eu entendo que você queira ficar perto dela, e acredito que
a sua presença faria bem à Joinville! Mas você, será que você está
preparada psicologicamente pra entrar numa UTI no estado em que você
está? Eu não posso enganar você, minha querida; ela está entubada, não é
um quadro que alguém gostaria de ver, principalmente grávida e
apaixonada como você!
— Eu preciso entrar, doutora! Eu quero que ela sinta que eu estou com
ela, eu quero que ela sinta a minha mão segurando a mão dela, eu quero
que ela me veja!
— Depois de uma declaração dessas eu não tenho coragem de dizer nada,
minha querida! Eu vou conversar com o médico responsável pela UTI; se
ele autorizar você entra!


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