Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 56
CAPÍTULO56




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CAPÍTULO56

Era sábado, dia dois de dezembro, duas horas da tarde. Chapecó, em
pé junto à bancada da cozinha, lia alguma coisa no celular; ao seu lado
havia uma mala de tamanho médio, e a bolsa de mão estava no sofá. A
campainha tocou:
— Pode entrar, Cami! - a engenheira sabia que se tratava de sua melhor
amiga:
— Chapecó - anunciou Camila entrando porta a dentro -, o Davi já está lá
embaixo esperando a gente!
— Então vamos descer!
— Conseguiu falar com Joinville?
— Consegui; a festa é hoje a noite, amanhã no fim da tarde ela já está
voltando!
— Você contou pra ela do bebê de vocês?
— Não, Cami; eu quero dar essa notícia pra ela olho no olho! Agora eu
preciso dar um jeito de resolver a minha situação com Itajaí; eu quero
viver com Joinville, amiga, a gente tem o direito de ter a nossa
família, não tem?
— Claro que tem, Chapecó, é claro que tem! E Itajaí, bem, vendo ela
transtornada como eu vi na pizzaria ontem, eu estou começando a ficar
preocupada!
— Mas vai dar tudo certo, Cami, eu sinto que essa tempestade está
chegando a o fim, que tudo isso vai passar! Mas agora vamos, vamos
porque o seu irmão vai subir aqui e levar a gente pelas orelhas!
— Vamos! - concluiu a enfermeira dando uma gargalhada.
Eram duas horas de viagem até a fazenda da mãe de Camila; foi lá que
a enfermeira cresceu, teve uma infância linda ao lado dos irmãos, Karlla
e Davi, da mãe, Naira e da avó, a divertida dona Juvita:
— Primeiro as damas! - falou Davi ao abrir a porta de trás para sua irmã
e a amiga dela; as duas embarcaram e se ajeitaram confortavelmente no
banco de trás:
— Cadê a Clara? - perguntou a enfermeira, percebendo que a noiva de seu
irmão não estava ali:
— A gente se desentendeu ontem, mana; ela acha melhor ficar por aqui
esse fim de semana; eu quero polpar a nossa mãe de certos
aborrecimentos! Mas o que importa é que eu tenho duas mulheres
maravilhosas abordo!
— Duas mulheres maravilhosas e um bebê, mano; temos uma grávida no
carro!
O rosto do rapaz se enfeitou com um lindo sorriso; ele ainda estava do
lado de fora do carro:
— Pocha, mana, que notícia boa! Eu sempre quis ter um sobrinho mas a
Karlla parece que não se decide...
— Obrigada, meu querido irmão; mas acontece que a grávida não sou eu!
Só então Davi percebeu que a grávida não era sua irmã, mas sim, Chapecó;
sentada ao lado de Camila, ela começou a rir sem parar:
— Nossa, gente - disse ele todo sem jeito -, que gafe, juro que eu pensei que
fosse você, Cami!
— Só se fosse do vento, não é, Davi!
— Chapecó, parabéns! A Cami me contou que você estava em tratamento,
fico muito feliz em saber que deu tudo certo!
Davi finalmente embarcou e se sentou no banco do motorista:
— Meninas, apertem os cintos e se preparem pra fortes emoções!
— Deus me livre - divertiu-se Camila -, vê se toma cuidado, seu maluco!
— Trolei! Eu jamais colocaria duas lindas mulheres em risco!
Davi ligou o motor e começou a dirigir com atenção; os assuntos eram
os mais diversos dentro daquele carro, inclusive a infância cheia de
aventuras de Camila e seus irmãos:
— A gente aprontava poucas e boas - comentava o rapaz sem tirar os olhos
da estrada -, temos pouca diferença de idade!
— Deus me livre - divertiu-se Chapecó -, vocês deviam deixar a dona
Naira de cabelo em pé! Eu sou filha única, vivia perturbando os meus
pais pra me darem um irmão mas não rolou; acho que quando meu filho
nascer eu sou capaz de virar criança de novo pra poder brincar com ele!
— Eu, o Davi e a Karlla aprontamos muito naquela fazenda, Chapecó, eu
vou te mostrar cada canto, aquilo é um paraíso! Uma vez nós encontramos
a chave do sótão, só tinha coisa velha lá em cima, a vovó nunca deixava
a gente subir lá; a nossa mãe queria dar umas palmadas no Davi, e eu e a
Karlla ajudamos ele a se esconder lá; ninguém sabia que a gente tinha
achado a chave!
E a viagem prosseguiu normalmente, com vários assuntos e muita risada; e
quando o trio finalmente chegou na fazenda, foram recebidos com alegria
por Naira e dona Juvita.
Camila se aproximou de sua mãe, deu-lhe um abraço forte; Chapecó
estava ao seu lado, em pé:
— Mãe, esta é Chapecó; minha vizinha de porta, minha amiga!
Chapecó conheceu a família da melhor amiga; foi recebida com carinho
pela avó e pela mãe de Camila e Davi. Faltavam apenas o tio e o primo da
enfermeira, que deveriam chegar no final da tarde; moravam em uma
fazenda no Mato Groço.
— Entra, Chapecó! - o convite de Camila misturou-se a o som da porta
se abrindo; as duas estavam em um dos quartos da casa:
— Esse era meu quarto, amiga; depois que eu fui embora daqui, a mamãe
transformou em um quarto de hóspedes!
— Mas ainda tem o seu jeito, dá pra perceber que aqui era o seu refúgio!
— A gente vai dormir aqui essa noite; temos vários quartos aqui mas a
casa está cheia!
Eram seis horas da tarde quando se ouviu a o longe o tão esperado
barulho de avião, que anunciava a chegada do tio de Camila. Ênio vivia
com o filho Gustavo em uma fazenda no Mato Groço, e naquele fim de
semana também estaria ali. Camila, em pé na pista de pouso da fazenda,
não conseguiu conter a emoção e chorou ao ver o pequeno avião de seu tio
encostar no chão; ela não o via a algum tempo. A aeronave estava sendo pilotada por Enio, que também não conseguiu segurar a emoção ao ver todo mundo lá, a sua espera.
— Você tem certeza do que vai fazer, filha? - a pergunta vinha de
Florianópolis, que acabara de saber de Blumenau que ela pretendia sair
de casa e viver com São Bento do Sul:
— Tenho, mãe, tenho certeza! Quando eu comecei a namorar, eu não estava
apaixonada, entende? Eu gostava mas não era aquela paixão! Só que eu
estou esperando um filho dele, mãe, a gente quer criar o nosso filho
juntos, nós queremos que ele nasça em uma família normal, com pai e mãe
vivendo juntos!
— Você conversou com o seu pai?
— Eu marquei de jantar com ele hoje, inclusive daqui a pouco ele está
passando aqui pra me buscar; pensei em ir até a casa dele mas não queria
que Criciúma ouvisse nossa conversa!
— Eu não vou me opôr, meu amor; eu só quero que você pense, essa não é
uma decisão pra ser tomada assim de uma hora pra outra! Você não precisa
ir viver com um homem por quem você não é apaixonada por estar grávida,
filha, os tempos mudaram! Se o seu amor por São Bento for grande o
suficiente pra que vocês dividam uma vida, construam um lar, eu vou te
apoiar; mas se não for assim, minha filha, fica aqui com a gente, na sua
casa, a gente vai te ajudar!
As palavras de Florianópolis fizeram Blumenau refletir; ela precisava
decidir o que queria de sua vida e não tinha muito tempo pra isso.


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