Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 47
CAPÍTULO47




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742293/chapter/47

CAPÍTULO47

    - Eu não acredito no que eu estou vendo, Criciúma! Você tira o meu
marido de casa, de mim, das minhas filhas e tem a petulância de aparecer
aqui na minha porta pra me provocar?
— Eu não vim provocar ninguém; ele agora é meu marido, eu vim pra pegar
uma mala dele que está aqui! Você pode pegá-la pra mim?
— Leva, leva tudo; mas antes você vai ter que me ouvir! Você queria se
aproximar das minhas filhas a troco de quê? Você veio na minha casa me
visitar quando eu tive aquela ameaça de aborto, você abraçou as minhas
filhas, você convidou a minha filha, a minha Jaraguá pra ir na sua casa!
Você fez tudo isso de propósito, você sabia que ele era casado e tinha
quatro filhas!
— Três - provocou Criciúma -, Blumenau não tem nada do meu marido, muito
menos o sangue dele correndo nas veias! E sabe o que eu acho? Eu acho
que ele deveria fazer um exame de DNA das outras três; porque pau que
nasce torto, morre torto! Quem garante que as outras são dele?
— Fora da minha casa! - Florianópolis agora estava furiosa, decidida a
tirar Criciúma de sua casa com as próprias mãos:
— Tira as mãos de mim - reagiu a jovem executiva -, não encosta em mim!
— Você não se mete com as minhas filhas de novo, Criciúma, não se mete
com as minhas filhas porque eu viro bicho, entendeu?
Florianópolis jamais se imaginou fazendo aquilo; mas estava colocando a
nova esposa de São José para fora de sua casa a bofetadas:
— Presta bem atenção - falou a mãe de família furiosa, já próxima ao
elevador, enquanto a jovem executiva tentava a todo custo soltar-se das mãos dela -, você não se atreva a chegar perto das minhas filhas de novo,
ouviu bem? Não se atreva! Você não vai ter um minuto de paz com ele, e
sabe por quê? Porque a cada vez que você olhar pra esse homem, cada vez
que ele te tocar, você vai lembrar que ele tinha uma família, uma
família que você fez questão de destruir! Fora da minha casa;
desaparece, víbora!
— Eu não destruí a sua família, você não deu conta do seu homem e coloca
a culpa em mim? Me solta, sua louca!
— Rua, Criciúma, desaparece!
Florianópolis soltou Criciúma, que caiu no chão; ela foi arrastada para
fora do apartamento pela legítima esposa de São José; a humilhação de
ter sido esbofeteada por ela lhe tirou completamente as forças. A jovem
executiva saiu do prédio despenteada, machucada por dentro e por fora.
    - Como é que a senhora está? - perguntou assustada Márcia ao
colocar os olhos em Florianópolis, que entrava novamente pela porta da
sala:
— Nunca me senti tão bem, Márcia! Você também é mãe, pode me entender
melhor do que ninguém! Ela mexeu com as minhas filhas, e você sabe do
que uma mãe é capaz quando isso acontece! Comigo ela pode aprontar
qualquer coisa, mas com as minhas filhas não porque eu viro uma onça se
for preciso!
— Mãe - Jaraguá surgiu na sala, descalça, sonolenta -, o que aconteceu?
— Meu amor, você não podia se levantar!
— É que eu ouvi a voz de Criciúma, mãe; fiquei preocupada!
— Mas está tudo bem, pode ficar tranquila! Vem, minha querida, vamos
voltar pra cama!
    Florianópolis abraçou sua caçula para levá-la até o quarto e começou
a andar de vagar com ela; Jaraguá ainda sentia dores pelo corpo.
A mãe de família colocou a garota na cama, e quando saía do quarto
dela, sentiu uma pontada na barriga; tentou não esboçar nenhuma reação, não queria
que a filha se preocupasse. Decidiu se deitar um pouco e esperar pra ver
o que acontecia. Estava grávida de sete meses, ela conhecia tão bem a
pontada que sentiu ao sair do quarto da filha; já havia passado por isso
quatro vezes.
    Criciúma chegou em casa depois de ter sido arrastada por
Florianópolis para fora do apartamento; estava despenteada, nunca se
sentiu tão humilhada.
São José já estava em casa, e ficou nervoso com a atitude que sua jovem
esposa teve, indo até a casa de Florianópolis afrontá-la:
— Criciúma, eu pedi tanto pra você não fazer isso, eu pedi tanto pra
você deixar que eu fosse pegar essa mala...
— Você me acha com cara de idiota, São José; eu sei muito bem que você
queria ir até a casa da ex, você não tem mais o brilho nos olhos que
sempre tinha quando estava do lado dela! Eu apanhei, ela me esbofeteou!
— Criciúma, bota uma coisa na sua cabeça! Florianópolis está grávida de
sete meses, ela não pode se irritar, é uma gravidez de risco!
— Você não está pensando em mim! Até agora você só falou dela, da mágoa
que eu causei indo até a casa dela, do filho que ela está esperando...
— Meu amor, facilita, por favor!
— Facilitar é o que, São José? É deixar você se enfiar na casa dela toda
vez que pode?
— As minhas filhas moram lá naquela casa; eu já te falei ontem pra não
tentar competir com elas! Agora tenta se acalmar; toma um banho, se
arruma, depois a gente janta, toma alguma coisa, já passou!
— Você está com raiva de mim!
— Não, Criciúma, não estou com raiva! Eu só acho que você não precisava
ter chegado a esse ponto; a gente está junto, eu estou aqui com você,
essa insegurança não tem razão nenhuma de ser! Agora vai, minha querida,
se arruma, vou pedir pra Sônia servir o jantar pra gente!
Criciúma se convenceu a esquecer aquela história e decidiu obedecer; foi
para o quarto, tomou banho e se arrumou.
    - Márcia! - Florianópolis chamou por sua fiel escudeira; estava
sentada na cama de casal de seu quarto, sentindo uma contração. Márcia apareceu:
— O que foi, patroa?
— Márcia, chama Lages ali na casa dela, por favor! Eu estou sentindo
umas pontadas, eu preciso que ela venha aqui!!
Márcia olhou pra trás e viu Palhoça parada na porta do quarto:
— Vai lá, minha querida - ordenou mansamente -, chama ela pra nós!
A garota saiu correndo, e voltou algum tempo depois trazendo Lages pela
mão:
— Oi, amiga - disse ela ao colocar os pés no quarto -, o que é que foi?
Florianópolis olhou nos olhos da melhor amiga; Márcia e Palhoça
continuavam ali, paradas, observando a cena:
— Eu estou tendo contrações, Lages, não é hora ainda! - uma lágrima
rolou dos olhos da mãe de família:
— Calma - Lages sorriu e abraçou a amiga -, calma, por favor não se
desespera! Quanto mais calma você ficar, menos dor você vai sentir!
— Ele só tem sete meses, Lages...
— Amiga, presta atenção! Eu vou ligar pra sua médica, a gente vai pro
hospital, eu vou ficar lá do seu lado! Márcia, por favor, prepara uma mala com umas
roupinhas de bebê, pega uma roupa pra ela também, se faltar alguma coisa
eu volto pra pegar depois!
— E o que é que eu faço, tia? - Palhoça estava radiante, sua pergunta
veio acompanhada de um sorriso lindo, ela já sabia o que poderia acontecer, seu irmãozinho poderia nascer ainda naquele dia:
— Você, Palhoça, tenta falar com Joinville e Blumenau, e localiza seu
pai também; eu estou levando ela pra maternidade!
— É pra já! - Palhoça deu um grito e saiu do quarto correndo.
    Antes de sair, Florianópolis passou pelo quarto de Jaraguá; contou à
sua caçula que estava indo para o hospital, pediu que ela ficasse
tranquila, e por fim, pediu que Márcia passasse aquela noite lá:
— Mãe, boa sorte, tá! - Palhoça abraçou-se à sua mãe na porta de casa;
não sabia se era isso mesmo que queria dizer, mas foi a única coisa que
saiu:
— Obrigada, meu amor! Se cuida, cuida de Jaraguá e não derrubem a
casa! Quando Jaraguá nasceu, Blumenau veio agarrada no meu
vestido até aqui nessa porta, eu a abracei e disse que a gente estava
indo buscar a irmãzinha dela!
— Trás o nosso irmão pra casa, mãe!
— Vou trazer, meu amor; pode confiar! E pelo amor de Deus, não deixem a
Márcia louca!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estado de amor e de sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.