Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 46
CAPÍTULO46




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742293/chapter/46

CAPÍTULO46

    - O que foi? - Criciúma percebeu quando São José, deitado ao seu
lado, ficou estranho de repente:
— Não sei - respondeu ele -, um arrepio, de repente, sem explicação!
— Eu vou diminuir o ar condicionado, meu amor; acho que agora ficou
frio!
— É, deve ser isso!
Criciúma se levantou da cama, pegou o controle e diminuiu o ar
condicionado do quarto; depois voltou a se deitar e abraçou-se a o
companheiro:
— Amor - disse ela olhando firme nos olhos dele -, eu sei que hoje eu
estrapolei mesmo; eu sei que você tem quatro filhas e isso eu nunca
vou poder mudar!
— Já passou, minha querida, a gente já conversou sobre isso; agora vamos
descansar, a gente trabalha amanhã!
— Jura que está tudo bem?
— Claro que sim!
    - Florianópolis! - o grito desesperado era de São Miguel do Oeste,
que entrou pela porta da cozinha desesperado, chamando pela sogra:
— O que aconteceu, menino? - questionou Lages:
— Jaraguá foi atropelada, gente!
Florianópolis deixou cair a xícara vazia que estava em sua mão:
— Como é que é? - a mãe de família estava nervosa com aquela informação:
— Ela foi atropelada; eu tentei tirar ela da frente do carro mas não
consegui!
— E aonde é que está a minha filha?
— Está lá, na calçada, eu fiquei com medo de mexer nela, eu aprendi que
a gente não deve mexer quando alguém está ferido!
    Florianópolis, Lages e São Miguel desceram até o local do acidente;
Jaraguá estava cercada por uma pequena multidão de pessoas, consciente
mas ferida:
— Mãe! Mãe! - chamava a garota, amedrontada, enquanto tentava se
levantar:
— Calma, filha - disse a mãe ajoelhando-se ao lado dela -, calma, a
gente está aqui com você! A gente vai pro médico, vai ficar tudo bem!
    Jaraguá foi levada a o hospital; São Miguel do Oeste fez questão de
ir com ela, e de lá, ligou para a tia e contou o que aconteceu.
Concórdia foi pra lá também, preocupada com a situação.
A garota foi atendida rapidamente e transferida para o quarto; tinha
alguns ferimentos pelo corpo, algumas dores mas nada que fosse tão grave. O
médico que a atendeu na emergência achou melhor que ela
passasse a noite internada, para ter certeza de que tudo estava bem.
    Logo depois, São José chegou no hospital; estava nervoso, preocupado
com sua caçula e fez questão de passar a noite ao lado dela.
    - Tia, eu vi - desabafava São Miguel com Concórdia, na sala de
espera do hospital -, eu vi quem estava dirigindo o carro que atropelou
Jaraguá!
— Você viu? - ela parecia assustada com aquela informação:
— Vi; eu não sei se Jaraguá viu mas eu vi! Era uma moça, tia, uma moça de
cabelos curtos, ela invadiu a calçada, veio em nossa direção como se
tivesse a intenção de fazer aquilo com a minha namorada, entende?
— Você acha que pode ter sido de propósito?
— Não sei; mas eu vou falar com Joinville sobre isso, ela está vindo aí,
é muito apegada à Jaraguá! Mas eu tenho quase certeza que foi de
propósito sim, tia!
    Logo, a notícia de que São Miguel viu o condutor do carro acabou se
espalhando; e pela descrição do garoto, Joinville teve certeza de que a
moça de cabelos curtos era Itajaí. Mais tarde, a futura arquiteta
perguntou a ele sobre o carro, como era o carro que atropelou sua irmã;
mais uma vez a descrição bateu com o carro de Itajaí.
Joinville pensou a noite toda, sentada à beira do leito de sua irmã; a
ex-namorada de Chapecó realmente estava cumprindo as ameaças que vinha
fazendo, e o que aconteceu fez com que a futura arquiteta sentisse medo.
Itajaí teve a coragem de jogar o carro em cima de Jaraguá, e para
Joinville, isso era aterrorizante.
    Na manhã seguinte, Chapecó foi até o hospital antes de ir pro
trabalho; chegou cheia de carinho, e na sala de espera, Joinville
abraçou-se a ela e desabou, não sabia se estava chorando por sua irmã ou
pelo que teria que fazer:
— Joinville, olha pra mim - Chapecó levantou calmamente o rosto dela -,
Jaraguá não está bem?
— Está - respondeu a moça em total desespero -, ela está dormindo,
passou a noite bem!
— Então por que é que você está assim, meu amor? Fala pra mim, aconteceu
mais alguma coisa?
Mas Joinville não tinha coragem de dizer, não naquele momento; ficar
longe de Chapecó seria a pior coisa que teria de fazer em sua vida, mas
Itajaí seria capaz de tudo para separá-las e a moça sentia que se
continuasse naquele relacionamento, sua família estaria em alto risco.
    Quando já estava mais calma, Joinville levou a namorada até a capela
do hospital; sentou-se com ela e iniciou uma tentativa desesperada de encontrar as
palavras certas para o que precisava dizer:
— Chapecó, foi Itajaí quem jogou o carro em cima da minha irmã!
— Eu não posso acreditar!
— Jaraguá estava com o namorado na hora do acidente; ele viu quem estava
dirigindo, e pela descrição que São Miguel fez do carro e de quem estava
dirigindo, não resta dúvidas! Ele disse que ela invadiu a calçada, foi
pra cima da minha irmã...
— Mas a troco de quê, meu Deus?
— Pra me atingir, Chapecó! Ela sabe o quanto eu e Jaraguá somos ligadas,
ela ficou meses rastrando seu telefone, sabe tudo sobre a nossa vida!
Ela disse que ia acabar comigo...
— Joinville, a gente precisa se unir, meu amor; uma hora ela vai ter que
aceitar que...
— Chapecó, eu não tenho mais forças! Eu passei a noite toda sentada ao
lado da minha irmã tentando encontrar um jeito de te dizer que eu não
tenho mais forças, e ´pior, eu tenho medo pela minha família! Eu estou te deixando livre, Chapecó; livre pra
resolver a sua situação com ela!
— Você está terminando comigo? Joinville, você está me deixando?
— Chapecó, eu quero que você saiba que eu te amo mais que tudo, mas
ontem Itajaí jogou o carro pra cima da minha irmã, e hoje, o que é que
ela vai fazer hoje? Se a gente continuar a namorar eu vou estar
colocando a minha família em risco porque ela já provou que não vai
descansar!
    Joinville olhou firme nos olhos da amada, ela estava chorando; as
lágrimas vieram implacáveis, a futura arquiteta fechou os olhos tentando
segurá-las mas foi inútil:
— Eu estou rompendo o nosso namoro, Chapecó; eu não posso colocar mais
ninguém em risco! Eu te amo muito, eu quero que você resolva a sua
situação com ela, e quando isso acontecer eu vou estar aqui, te
esperando pra gente continuar de onde nós paramos!
Joinville sentiu que suas forças se esgotaram; ambas estavam chorando,
não lhes restava forças para mais nada. Chapecó se inclinou e encostou a
testa na testa de Joinville; permaneceram assim por algum tempo, as
palavras não saíam, as lágrimas diziam tudo.
Chapecó se levantou, e antes de sair da capela, olhou nos olhos da
amada, enxugou as lágrimas dela com a ponta dos dedos e arrumou uma mexa
do cabelo dela que estava caída em seu rosto.
A engenheira já havia tido vários relacionamentos, mas nenhuma de suas
namoradas a fez ter vontade de dividir uma vida, uma casa, nenhuma delas
a fez sentir que estava na hora de tentar realizar seu sonho de ser mãe.
    São José entrou em casa depois de uma noite toda no hospital;
encontrou Criciúma sentada junto à mesa de café da manhã, com uma xícara
de café à sua frente, o jornal do dia nas mãos e um olhar abatido:
— Oi, amor! - cumprimentou ela sem olhar para ele:
— Oi, tudo bem?
— Tudo bem! E sua filha?
— Está bem; está com alguns ferimentos, dores pelo corpo mas acho que
recebe alta ainda hoje! E você, achei que já estivesse na empresa!
— Eu preferi esperar por você! Você ficou ao lado de Jaraguá a noite
toda?
— Fiquei sim, fiquei sentado a o lado dela!
— E Florianópolis, estava lá?
— Estava sim; nós passamos a noite ao lado da nossa filha, graças a Deus
está tudo bem! Eu vou tomar um banho rápido, troco de roupa e a gente
vai trabalhar.
    Ainda naquela manhã, Jaraguá recebeu alta; estava com alguns
ferimentos e algumas dores pelo corpo, mas estava bem. Florianópolis e
Joinville chegaram em casa com a garota por volta das dez da manhã;
Palhoça havia faltado a escola para receber a irmã, e Márcia estava ali,
sempre preparada, pronta para qualquer coisa:
    Florianópolis estava agachada junto à cama da filha; Jaraguá
encontrou os olhos da mãe e decidiu perguntar o que queria perguntar:
— Mãe, é verdade que foi Itajaí?
— Quem foi que te contou isso, meu amor?
— Eu ouvi quando você e Concórdia estavam conversando no quarto do
hospital; eu estava sonolenta mas ouvi bem!
— É, filha; seu namorado viu quem estava dirigindo; e pela discrição
dele, era Itajaí, era o carro dela!
— Não dá pra acreditar, mãe; ela me pareceu tão legal, disse que era
amiga de Joinville e Chapecó...
— Meu amor, ela é ex-namorada de Chapecó!
— Ex-namorada, mãe?
— Sim; ela quis se vingar de Joinville usando você!
— Então ela não é amiga da mana?
— Nunca foi, filha; o que a gente tem que fazer é ficar longe dela!
    Era fim de tarde; Florianópolis estava na sala, sentada em uma das
poltronas quando ouviu a campainha. Se levantou e foi atender.
Ao abrir a porta, a mãe de família se deparou com Criciúma, a mulher que
havia tirado seu marido de casa:
— O que é que você deseja? - perguntou Florianópolis:
— Boa tarde, Florianópolis! Eu não vim incomodá-la; só vim pra pegar uma
mala de roupas que meu marido deixou aqui quando foi embora!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estado de amor e de sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.