Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 35
CAPÍTULO35




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742293/chapter/35

CAPÍTULO35

    Joinville estacionou o carro em frente a o flat de Chapecó;
desembarcou, passou pela recepção e subiu apreçada até o apartamento
dela:
— Oi, amor! Que surpresa boa! - Chapecó parecia muito feliz ao abrir a
porta; as duas se abraçaram e ficaram assim por alguns instantes;
depois, Joinville fechou a porta atrás de si:
— A gente precisa conversar, Chapecó; eu estou nervosa, preciso...
— Eu estou percebendo que você não está bem, minha querida; vem comigo,
vamos sentar!
As duas se sentaram no sofá, lado a lado e se deram as mãos; na tv, em
um volume agradável tocava uma seleção de músicas da extinta banda
Westlife. As duas começaram a conversar embaladas pela música
Maybe Tomorrow. Joinville contou para a namorada a história do shopping,
estava aterrorizada:
— Eu podia jurar que não ia acontecer mais nada, meu amor - comentou
Chapecó, visivelmente frustrada -, eu achei que ela finalmente tinha
aceitado que acabou!
— O que mais me assustou, Chapecó, o que mais me assustou foram as
perguntas que ela me fez; ela perguntou aonde ia ser o nosso
apartamento, perguntou se você já tinha marcado a consulta pra fazer a
inseminação, e pior, perguntou se naquela noite na cama dos meus pais
tinha sido bom! Coisas que até onde eu sei, só nós duas temos
conhecimento!
— Como é que ela sabe de tudo isso? - Chapecó agora estava furiosa:
— Eu não sei, meu amor, eu não sei! Eu fiquei muito assustada, eu
cheguei a pensar que você poderia ter... eu não quero nem pensar numa
coisa dessas!
— É claro que não, tem muito tempo que eu não converso com Itajaí; eu só
preciso saber como é que ela tem essas informações, como é que ela sabe
que a gente esteve na cama dos seus pais, como é que ela sabe que...
— Eu estou com muito medo, Chapecó; claro que na hora eu me fiz de forte
mas eu estou morrendo de medo! Ela estava com a minha irmã quando eu
cheguei no shopping, e do jeito que ela é louca, sabe-se lá o que ela
poderia ter feito!
    Pela primeira vez, Chapecó não sabia o que fazer; sentiu naquele
momento que devia pedir desculpas à namorada, se sentia culpada por
aquela situação de alguma forma:
— Me desculpe, minha querida - dizia a engenheira olhando nos olhos da
amada -, é por minha causa que tudo isso está acontecendo, ela está
virando as nossas vidas do avesso!
— Você não tem culpa de nada, Chapecó, aliás, se existe alguém que tem
culpa nessa história, esse alguém é ela, e talvez ela nem tenha toda a
culpa disso também!
— Como assim?
— Meu amor, Itajaí está doente, esse amor que ela diz ter por você é uma
doença, uma doença que faz ela sofrer e vai fazer muita gente sofrer
também!
As duas conversaram por mais algum tempo, tomaram uma taça de vinho e
Joinville decidiu voltar pra casa; Chapecó trabalhava no dia seguinte.
    Assim que a namorada saiu, Chapecó atravessou o corredor e tocou a
campainha do apartamento de Camila. A enfermeira estava em casa a mais
ou menos uma hora, tomou banho e agora preparava alguma coisa pra comer.
Enquanto cozinhava, Camila ouviu o relato da amiga sobre o que havia
acontecido:
— Cami, o que me assusta é que ela sabe de coisas que só eu e Joinville
sabia-mos; ela sabe de coisas que a gente conversa via whatsapp, que a
gente fala no telefone!
De repente, o rosto da enfermeira foi tomado por uma expressão diferente
de tudo o que Chapecó já havia visto; Camila agora parecia amedrontada,
mas ao mesmo tempo, segura do que iria dizer. Ela soltou uma colher que
estava em sua mão direita na pia e caminhou até a bancada; procurou os
olhos de Chapecó:
— Amiga, eu sei que pode parecer uma ideia meio maluca, sem sentido; mas
será que ela não pode estar rastreando seu telefone?
— Como assim, Cami? Rastreando como? - Chapecó agora estava assustada:
— Chapecó, hoje em dia existem aplicativos capazes de fazer isso; se for
isso mesmo que está acontecendo, Itajaí está tendo acesso a todas as
suas mensagens e chamadas através do celular dela!
— Ela não tem esse direito! - esbravejou a engenheira, muito nervosa:
— Calma, amiga, calma, por favor! A gente vai dar um jeito...
— Dar um jeito como, Cami? Você está me dizendo que essa desequilibrada pode estar
tendo acesso a todas as minhas conversas e me pede calma?
— Ficar assim não vai adiantar nada agora, Chapecó; a gente precisa
pensar, a gente precisa raciocinar juntas!
    Camila pegou um copo, foi até a geladeira e encheu-o com água;
voltou para a bancada e o entregou à Chapecó:
— Toma essa água, amiga, e tenta se acalmar; eu já sei o que é que a
gente vai fazer!
A enfermeira tirou o celular do bolso do casaco e procurou um número na
agenda. Chapecó, ainda com o copo na mão, se manteve calada, apenas
ouvindo:
— Oi, Davi - disse Camila -, tudo bem?
— Oi, Cami - respondeu o jovem do outro lado -, tudo às mil maravilhas,
e você?
— Tudo bem! Davi, aonde é que você está?
— Eu estou saindo da casa da Karlla agora, estou indo pra casa! Por quê?
— Bem, maninho, eu estou com uma amiga aqui no meu apartamento, a gente
está com um problemão aqui e eu pensei em você que sabe tudo de
informática, aplicativos e coisas desse tipo! A gente acha que o celular
dela está sendo rastreado!
— Se você quiser eu posso passar aí agora!
— Se você puder fazer isso eu te agradeço muito! A gente está aqui em
casa, eu estou cozinhando uma maça, janta comigo!
— Vou levar um vinho pra acompanhar; em dez minutinhos eu chego aí,
maninha!
Camila soltou o celular na bancada e aproximou-se de Chapecó; segurou a
mão da amiga com ternura e olhou-a nos olhos:
— Meu irmão está vindo aqui em casa, Chapecó; ele fez faculdade na área
de informática, entende tudo sobre a criação e o funcionamento de
aplicativos, ele vai dar uma luz pra gente!
A engenheira sentiu as lágrimas virem implacáveis; tanto carinho da
parte de sua amiga a fez chorar:
— Chapecó - continuou a enfermeira -, você tem todo direito de ficar
nervosa, você não precisa ser forte o tempo todo! Eu sei o que você já
sofreu por causa dela, eu sei o que você deve estar sentindo agora; de
mim você não precisa esconder nada!
— Cami, eu nunca pensei que...
— Calma, amiga! O Davi está vindo pra cá, ele vai ajudar a gente! Eu vou
colocar a mesa pra gente jantar...
— Eu não quero nada, amiga!
— Uma tacinha de vinho, ele está trazendo, vai te acalmar! Vou colocar a
mesa pra gente!
    O irmão de Camila, Davi, chegou no apartamento minutos depois; um
rapaz bonito, inteligente, que dominava a área da tecnologia, estudou muito pra
chegar aonde chegou.
Os três se sentaram para jantar, e Camila e Chapecó explicaram para o
rapaz tudo o que estava acontecendo:
— Chapecó - perguntou Davi -, essa moça, Itajaí, ela por acaso teve
acesso a o seu celular sem você estar por perto?
— Teve - respondeu a engenheira -, fazem uns quatro meses mais ou menos;
eu dormi na casa de Joinville, esqueci meu celular no meu criado mudo e
Itajaí entrou no meu apartamento naquela noite! Nessa época ela ainda tinha uma cópia da chave, eu mandei trocar o segredo da fechadura alguns dias depois!
— É - o rapaz balançou a cabeça -, é possível que ela esteja rastreando
seu celular! Hoje em dia existem aplicativos capazes de fazer isso; a
pessoa interessada baixa o aplicativo no aparelho alvo, instala e ele
fica oculto para que o dono do aparelho que está sendo rastreado não
perceba! Se ela estiver usando o aplicativo que eu estou achando, o seu
aparelho está em conexão direta com o aparelho dela, e com isso, tudo o
que você envia e recebe ela é notificada!
— E como é que eu posso ter certeza disso?
— Eu vou precisar do seu celular, Chapecó; eu vou tentar descobrir se
ele está sendo rastreado ou não!
    A engenheira passou o aparelho, que estava em suas mãos, para a mão
de Davi; pegou a taça de vinho e seus olhos encontraram os olhos de
Camila.
Por alguns minutos, Davi ficou com o celular da engenheira na mão, sem
tirar os olhos do aparelho. Depois, soltou-o na mesa à sua frente e
olhou para ela e para sua irmã:
— Fala, Davi, por favor! - insistiu Camila, nervosa:
— Bem, Chapecó! Eu fiz uma busca total no seu aparelho; realmente está
instalado aqui um aplicativo rastreador! Seu celular está sendo
rastreado sim, infelizmente!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estado de amor e de sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.