Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 13
CAPÍTulo 13




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    Ana Luísa era uma médica jovem, mas muito respeitada, muito
conhecida. Na segunda feira, as nove horas da manhã, São José e
Florianópolis entraram no consultório da doutora.
Ana os recebeu com a alegria de quem ama o que faz, sentou-se diante do
casal, que de mãos dadas, a observava enquanto ela analizava o exame de
laboratório. A médica tinha um lindo sorriso ao confirmar a gravidez:
— Doutora - começou Florianópolis, sem saber se queria mesmo dizer o que
ia dizer -, eu te confeço que estou preocupada; eu estou com quarenta
anos, já tenho quatro filhas e eu estou com medo!
— Eu entendo - a voz da médica era reconfortante -, mas a primeira coisa
que você precisa fazer, mãe, é relaxar! Nessa primeira consulta eu vou
fazer a sua ficha, vamos medir a pressão arterial, seus batimentos
cardíacos, vou te passar algumas vitaminas, e se houver qualquer dúvida,
qualquer questionamento, eu estou aqui pra isso!
    A doutora Ana Luísa, com paciência e dedicação, fez tudo o que era
necessário naquela primeira consulta; o fato de estar grávida aos
quarenta anos eixava Florianópolis aflita, mas a médica a tranquilisou;
a futura mãe saiu do consultório tomada por uma força que nunca havia
sentido antes, ao lado de seu marido.
    São José deixou sua esposa em casa e foi para a empresa; a primeira
a saber da novidade foi Márcia, que vibrou, disse que iria cuidar do
filho que a patroa estava esperando com o mesmo carinho que cuidou das
quatro meninas. E Florianópolis ainda tinha essa missão pela frente,
revelar para suas filhas sobre o bebê.
    E na tarde daquele dia, Florianópolis, sentada com as quatro filhas
na cama de casal de seu quarto, revelou a elas que estava grávida. Foi
um lindo momento para as cinco mulheres da casa; as meninas se
comprometeram a ajudarem a mãe no que fosse preciso.
    As aulas de Chapecó na universidade haviam terminado, mas a missão
dela ainda não estava totalmente concluída. Na próxima quarta feira ela
teria que estar na universidade para a apresentação do Trabalho de
Conclusão de Curso, o temido TCC.
E justo naquele dia tão importante para a futura engenheira civil, ela
teve uma surpresa logo cedo.
    Em pé junto à pia, Chapecó observava a cafeteira que terminava de
passar o café; não sabia ao certo o que estava pensando, era um dia
tenso para ela. O toque da campainha a fez acordar, voltar de algum
lugar que ela não sabia ao certo qual era. A cozinha do apartamento era
pequena, e com apenas alguns passos ela chegou na porta; girou a
maçaneta e se deparou com um rapazinho moreno, que carregava um enorme
buquê de rosas.
O buquê era para ela; ela agradeceu e despediu-se do jovem, fechando a
porta.
    Sentou-se em uma banqueta, colocou o buquê na bancada à sua frente e
abriu o pequeno envelope do cartão; começou a ler aquele pequeno papel:
— Minha querida, enquanto escrevo esse cartão posso até imaginar como
você deve estar agora; de camisola, os cabelos amarrados de qualquer
jeito, cara de sono; ninguém te conhece melhor do que eu!
Sei que o dia de hoje é importante pra você, só queria te desejar
boa sorte. Sinta-se abraçada, beijada e acarinhada, hoje e todas as
vezes que você precisar disso! Itajaí. PS: escolha a rosa que mais te
agradar nesse buquê e coloque lá, ao lado da nossa cama, como você fazia
sempre que recebia flores.
    Chapecó estava sem ação:
— É ela, meu Deus; não é possível que vai começar tudo de novo!
Chapecó começava a sentir medo; a relação com Itajaí lhe deixou marcas,
e ela se perguntava como seria:
— Eu preciso abrir o jogo com Joinville sobre isso; eu não posso
esconder dela! - decidiu a moça, sem saber se estava certa disso.
    - Ah, meu Deus, eu deveria ter ido com ela mesmo que ela não
quisesse! - reclamava Joinville com as irmãs, Jaraguá e Palhoça, naquela
noite de quarta feira; Chapecó certamente estava com a banca
examinadora naquele momento:
— E porque é que você não foi, mana? - espantou-se Palhoça:
— Porque ela não quis; disse que ia ficar mais nervosa ainda se eu
estivesse lá! Mas eu acho que se fosse eu que estivesse lá apresentando
um TCC, eu também ia querer estar sozinha, acho que a gente fica mais
nervosa ainda!
— Mana - interveio Jaraguá -, relaxa; daqui a pouco ela entra por aquela
porta ali, com aquele sorriso que só ela tem e diz que está tudo bem,
pode apostar! E Chapecó é inteligente, mana, sempre foi esforçada, não
tem como dar errado!
— Espero que não tenha mesmo, minha irmã! Ela está radiante com a
conclusão do curso dela!
— E vai continuar radiante porque vai dar tudo certo!
    E passaram-se alguns minutos, minutos que para Joinville pareciam
horas; o interfone tocou e Palhoça deu um salto para atender, acabou
derrubando a cadeira:
— Não precisa levar a cadeira, maninha! - exclamou Jaraguá caindo na
gargalhada:
— Atende logo, criatura! - irritou-se Joinville; e a menina atendeu o
interfone:
— E ela, mana - Palhoça fitou Joinville -, está subindo!
— E ela está calma, Palhoça?
— Está, normal!
    Joinville abriu a porta da sala e ficou parada, olhando para o
corredor; a porta do elevador se abriu, e a jovem foi surpreendida por
uma Chapecó radiante, que sem saber se ria ou se chorava, correu para
ela como uma criança e a envolveu em um abraço. A essa altura, Jaraguá e
Palhoça já estavam em pé junto à porta, esperando que Chapecó dissesse
alguma coisa.
— Fala alguma coisa, criatura! - insistiu impaciente Palhoça, ao ver
Chapecó soltar-se dos braços de sua irmã:
— Gente - revelou ela -, eu sou engenheira civil; agora só falta o
diploma e o registro pra poder trabalhar! Deu tudo certo!
E foi uma verdadeira festa naquele corredor, com direito a aplausos e
abraço coletivo.
    As quatro entraram e se sentaram na sala:
— E seu pai e sua mãe? - quis saber Chapecó, sentada ao lado de
Joinville, com uma das mãos sobre a mão dela:
— Meu pai tinha um jantar com um pessoal lá da empresa, minha mãe foi
com ele!
— Você já sabe que vamos ter novidade aqui em casa, Chapecó? - perguntou
Palhoça:
— Sei, minha querida, sua irmã me contou! Eu ainda não vi sua mãe pra
dar os parabéns pra ela; mas fiquei muito feliz com a notícia! Mas
gente, já que estamos nós quatro aqui, eu tive a ideia da gente pedir
uma pizza, comer aqui mesmo, conversar mais um pouco e depois eu vou pra
minha casa descansar; quem topa?
— Eu! - Palhoça foi a primeira a concordar:
— Eu também! - Jaraguá se manifestou:
— Pode ser - concluiu Joinville -, afinal de contas, estamos diante de
uma futura engenheira civil, que com certeza vai ser uma profissional
brilhante!
— Você é suspeita pra falar! - argumentou Chapecó:
— É, é verdade, eu sou suspeita pra falar! Mas eu sei que você vai ser
uma profissional brilhante!
Naquela noite, depois da pizza, Joinville saiu de casa levando a bolsa
de mão e uma frasqueira; só voltaria pra casa no dia seguinte.


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