Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 105
Capítulo105




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/742293/chapter/105

CAPÍTULO105

Manhã ensolarada, terça feira, consultório de Laguna e um momento
importante para Itajaí. Chapecó e Joinville estavam ali, sentadas diante dela:
— Eu chamei vocês duas aqui, quer dizer, pedi que Laguna me ajudasse
porque eu preciso fazer uma coisa importante, eu preciso colocar vocês
duas de volta nos braços uma da outra!
Chapecó não conseguiu controlar o que estava sentindo:
— Então, pra você é simples assim? Você faz as coisas acontecerem e se
modificarem quando você bem entende?
— Calma, Chapecó! - tentou Joinville:
— Chapecó - continuou Itajaí -, você tem todo direito de não querer
ouvir o que eu tenho pra dizer! Eu quero tentar ser feliz, e pra isso eu
preciso que vocês sejam felizes também! Joinville, naquele dia, você
chegou em casa e pegou a gente juntas; eu quero que você saiba que
Chapecó não teve culpa de nada; ela não te traiu, não comigo! Eu
provoquei aquela situação, estava separada de Laguna e tentei fazer com
que vocês se afastassem! Mas eu descobri muita coisa nos últimos tempos,
e a descoberta mais importante que eu fiz foi que o meu sentimento por
você, Chapecó, não é amor; é uma obsessão, uma doença, não sei direito!
Joinville, volta pra casa, pra sua companheira, pro filho de vocês, eu
não quero mais causar sofrimento a ninguém, eu quero viver em paz!
Depois de anos de incerteza, Chapecó e Joinville finalmente tiveram
certeza de que a hora chegou; a hora de deixar pra trás aquele passado e
ser feliz, pra sempre. Saíram do consultório de Laguna, ainda
precisariam conversar mas o pior finalmente passou:
— Eu estou orgulhosa de você, moça - sentada ao lado de Itajaí, Laguna
colocou o braço direito por trás dela -, você fez o que deveria fazer,
agora tudo vai se ajeitar...
— Casa comigo? - saiu sem que Itajaí se desse conta; e Laguna, bem, ela
quase caiu da cadeira:
— O quê? Você disse...
— Eu estou te pedindo em casamento, doutora! Eu descobri que eu te amo,
eu descobri que esse é o amor de verdade; o amor que não dói, que não
faz sofrer, o amor que faz a gente cantar, dançar, querer ser feliz a
todo custo sem se importar com o resto do mundo!
— Não fala mais nada - sussurrou Laguna com lágrimas nos olhos e um
sorriso lindo -, não fala mais nada porque eu tenho medo de estar
sonhando e acordar! Eu caso com você; de papel passado e cheia de
esperanças!

Jaraguá e São Miguel estavam felizes com a gravidez, era a família
que eles tanto sonharam começando a se formar. Acontece que, em uma
consulta com a doutora Ana, os dois ouviram a notícia que jamais iriam
esquecer. Jaraguá estava deitada, fazendo uma ultrassonografia:
— Vocês dois viverão fortes emoções daqui pra frente, disso vocês já
sabem! Acontece que vai ser tudo em dose dupla!
— Como assim, doutora? - perguntou a jovem psicóloga sem entender direito,
sentada ao lado do marido:
— São gêmeos, Jaraguá; você está grávida de gêmeos!
Jaraguá olhou para o marido como se quisesse dizer algo importante a
ele, como se n~~ão acreditasse no que estava acontecendo:
— São dois, minha vida! - ele ajeitou uma mecha do cabelo dela e viu uma
lágrima rolar dos olhos de sua mulher:
— Dois bebês! - disse ela como se precisasse ouvir de si mesma aquela
informação; chorou de alegria, nunca imaginou que o amor de uma mãe
fosse assim, completo, incondicional.
Minutos depois, a família toda já sabia da notícia:
— Dois bebês, mãe? - São Joaquim não conseguia acreditar quando
Florianópolis lhe deu a notícia:
— Dois, meu filho; você vai ter dois sobrinhos!
— Caraca, mãe, isso deve ser muito legal! Posso chamar Içara e São
Lourenço pra vir aqui em casa?
— Vocês tem escola hoje a tarde, seu sapeca!
— Depois da escola, mãe; eu vou ligar agora pra eles e marcar uma
reunião aqui em casa!
— Sim senhor, doutor; e o senhor quer alguma coisa em especial pra essa
reunião?
— Pipoca de chocolate, mãe!
— Pode deixar!
São Joaquim saiu correndo do quarto de sua mãe:
— Vai, São José em tamanho menor! - disse a mãe caindo na gargalhada.
Demorou alguns minutos e o garotinho voltou ao quarto, Florianópolis
guardava umas roupas no closet:
— Pronto, mãe; reunião marcada!
— Ótimo, doutor! Então agora o senhor já pode ir tomar um banho, se
arrumar, a gente almoça e eu te levo pra escola, combinado?
— Combinado, mãe! Você me leva pra visitar a Laura?
— Levo, meu amor; mas tem que ser amanhã!
— Fechado!
— Então vai indo lá no seu quarto, pega o seu uniforme, a mamãe já vai
lá com você!
De novo o garotinho saiu correndo do quarto da mãe; era sempre assim,
alegre, obediente.

— A tia vai ter dois bebês, mãe? - Içara estava impressionada com a
novidade; conversava com sua mãe naquela noite, no quarto dela:
— Vai, minha linda, são dois bebês!
— E como é que eles vão sair da barriga da minha tia?
— A doutora Ana vai tirar eles de lá com todo cuidado!
— E vai doer?
— Não, meu bem, não vai doer; a doutora vai dar um remedinho pra sua
tia e ela não vai sentir dor, muito pelo contrário; ela vai ficar muito
feliz quando os bebês nascerem!
— Foi ela quem me tirou da sua barriga, não foi, mãe?
— Foi, foi ela sim! Ela com a ajuda da Cami e das outras moças que
estavam lá!
— E não doeu?
— Não, minha princesa; e se doesse ia valer a pena, porque quando a
mamãe viu você, desse tamanhinho, ficou tudo perfeito! Mas me conta, o
que foi que vocês fizeram lá na casa da vovó?
— A gente comeu pipoca e ficou conversando, mãe, nós três! Depois a vovó
foi sentar lá na sala com a gente, a gente desenhou, foi muito legal!
— Só espero que vocês não tenham deixado a vovó de cabelo em pé!
— A gente se comportou direitinho, mãe, fica tranquila!
Içara procurou os olhos da mãe, diria algo importante para sua
cabecinha de seis anos:
— Você é a mãe mais linda do mundo! - afirmou a garotinha com toda a
certeza do mundo; um filme passou pela cabeça de Blumenau em questão de
segundos, lembrou exatamente daquele dia, quando descobriu que estava
grávida:
— E você é a filha mais linda e mais amada desse mundo!
— Posso dormir aqui com você hoje?
— Pode, meu amor, claro que pode!
— Eu vou te fazer uma massagem, mãe!
Deitada de bruços na cama, Blumenau foi pouco a pouco relaxando,
envolvida pela mão pequena de sua Içara, que lhe massageava os ombros
com delicadeza.
A mãe sentia emoção, não queria que aquele momento passasse nunca.

Joinville voltou pra casa, voltou para Chapecó e para o filho; já
passava de uma da manhã, as duas estavam deitadas, conversavam abraçadas
cobertas pelo edredom:
— Senti tanta falta da nossa casa - comentava Joinville em voz baixa,
como se quisesse ser ouvida somente por sua companheira -, foi tão
estranho dormir sozinha na cama depois de quase sete anos!
— Eu as vezes acordava no meio da noite, era como se eu esquecesse que
você não estava aqui; eu chegava a procurar você do meu lado
na cama, daí eu lembrava que eu fui fraca, que eu jamais deveria ter...
— Não, minha querida, chega de sofrimento, a gente não precisa falar
sobre isso!
A conversa das duas foi interrompida por uma leve batida na porta,
era São Lourenço. O garotinho entrou no quarto com cara de choro e
correu até a cama, abraçando-se a Joinville:
— Mãe! Mãe!
— Oi, meu amor, o que foi? - perguntou ela envolvendo o filho em um
abraço que mandou toda a insegurança dele pra longe:
— Oi, filho - interveio Chapecó -, o que aconteceu?
— Mãe - revelou o garotinho -, eu sonhei que você estava indo embora de
novo!
Joinville sorriu na tentativa de tranquilizar seu filho, mas sentiu seu
coração apertar:
— Mas a mamãe não foi embora, meu amor, foi só um sonho! Olha a gente
aqui, nós três!
— E você não vai mais embora?
— Nunca mais, meu filho; a gente vai ficar sempre junto!
E aquilo valia mais do que tudo; São Lourenço estava ali, com suas duas
mães; nada mais precisava ser dito.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Estado de amor e de sonhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.