Estado de amor e de sonhos escrita por Camila Maciel


Capítulo 104
Capítulo104




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CAPÍTULO104

Era uma noite gelada de quinta feira; Itajaí, deitada no quarto de
hóspedes do apartamento de Laguna, sentia que teria uma noite difícil
pela frente. Estava angustiada, mais do que nunca, o sono não vinha, e
quando fechava os olhos sentia medo, medo dos pesadelos que vinha tendo
nos últimos tempos.
Laguna estava sentada na cama de casal de seu quarto, com um livro
nas mãos e algumas almofadas em volta de seu corpo, que lhe davam uma
sensação de aconchego e calor naquela noite gelada.
A voz de Itajaí a fez voltar à realidade:
— Laguna! Laguna! - a jovem entrava na suite muito nervosa:
— Oi, minha querida, está tudo bem?
Itajaí correu até a cama feito uma criança procurando se sentir segura:
— Laguna, eu estou angustiada, eu estou com medo!
A psicóloga deixou o livro no criado mudo e preocupou-se em amparar
aquela que amava, e que precisava dela naquele momento. Puxou-a para si,
abraçando-a de encontro a o peito:
— Mas porque medo se eu estou aqui com você?
— Eu tenho medo, Laguna, medo do que eu sinto, medo dos meus pesadelos!
— Não precisa, minha querida; eu estou aqui, eu vou estar sempre aqui,
eu amo você e o meu amor é mais forte do que isso! Fica aqui comigo,
relaxa, eu cuido de você!
Depois de meses separada, Itajaí passou aquela noite ao lado de
Laguna; estava atravessando o pior momento de sua vida, tomando
medicamentos para depressão, e depois de várias noites sem conseguir
pregar os olhos, ela conseguiu dormir bem a noite toda, envolvida no
abraço da mulher que mais podia confiar na vida.
O dia amanheceu. Laguna sentou-se na cama, pronta pra ir trabalhar:
— Eu vou pra clínica, hoje eu só tenho atendimento de manhã; venho
almoçar em casa e passo a tarde toda aqui do seu lado!
— Eu tenho médico hoje, Laguna!
— Eu sei, minha querida, eu não esqueci! Eu vou no médico com você,
depois a gente sai, vamos a um cinema, passamos a tarde toda
aproveitando a vida! Que tal?
— Você é maravilhosa! Laguna, eu preciso te dizer uma coisa importante!
— Fala, meu amor!
— Depois de tudo o que a gente conversou nos últimos dias, depois do que
aconteceu ontem, eu tomei uma decisão e vou precisar muito da sua ajuda!
— Você sabe que pode contar comigo!
— Eu quero conversar com Chapecó e Joinville, eu preciso dizer que
Chapecó não teve culpa, eu preciso devolvê-las uma pra outra!
— Foi a melhor decisão que você poderia ter tomado! Se você quiser eu
vou com você, a gente conversa com elas!
Quando saía de casa, Laguna acabou encontrando Chapecó no elevador;
isso já havia se tornado rotina, as duas se cumprimentaram com um aperto
de mão:
— Chapecó, eu sei que não tenho o direito de falar nada, mas Itajaí quer
conversar com você e com Joinville!
— Olha, Laguna, eu tenho muito respeito por você, acho que só mesmo você
pra conseguir colocar a cabeça dela no lugar mas eu não tenho nada pra
conversar com ela!
— Eu preciso devolvê-las uma pra outra, foi o que ela me disse ainda a
pouco, deitada na minha cama! Ela está doente, Chapecó, tomando
medicamentos pra depressão!
— Ela tinha tudo pra dar certo na vida, Laguna; começou a faculdade de
direito, poderia ter se tornado uma advogada brilhante porque capacidade
pra isso ela tem e nós duas sabemos disso! O problema é que ela usou
essa grande capacidade que tem pra fazer o que não devia e está pagando
por isso! A gente combina uma hora no seu consultório, eu não quero ela
na minha casa!
Naquela sexta feira, Laguna trabalhou de manhã, foi almoçar em casa
e acompanhou Itajaí na consulta médica. Depois, as duas foram até o
shopping, pegaram um cinema, comeram alguma coisa por lá mesmo. Voltaram
pra casa no fim da tarde.
Blumenau decidiu ir com a filha visitar Camila e a irmãzinha que
havia nascido; era uma tarde de sábado, nublada e um pouco fria.
Içara ainda não conhecia a pequena, e seus olhinhos brilharam de alegria
diante do bercinho dela:
— Eu posso brincar com ela, Cami? - perguntou a garotinha, feliz da vida
por estar ali. Camila se inclinou ao lado de Içara e a abraçou:
— É claro que pode, princesa; só que ela é pequena ainda, mas um dia ela
vai poder brincar com você! Quer pegar na mãozinha dela?
— Quero!
— Vem cá, linda; eu te ajudo!
Com a ajuda de Camila, Içara alcansou a mão pequena de Laura, que dormia
tranquila no berço:
— Oi, Laura, eu sou Içara, sua sobrinha! No começo era estranho eu ter
uma tia mais nova do que eu, mas eu estou muito feliz porque você
chegou! Quando você crescer, a gente vai brincar juntas; você quer?
Blumenau se aproximou do berço e parou junto à sua filha:
— Amor, deixa a mamãe te contar uma história! Quando você nasceu, a Cami
ficou lá, do lado da mamãe, cuidando da gente, esperando você!
— Eu sei, mãe; o vovô me contou! Cami, cadê ele?
— Está lá na sala; vai até lá, faz companhia pra ele que a gente já
desce!
— Combinado, Cami; eu vou lá ficar com ele!
Içara deixou o quarto de Laura; Camila e Blumenau ficaram sozinhas com a
pequena:
— Ela queria ir te visitar no hospital, Cami; mas eu achei melhor
esperar e trazê-la na sua casa!
— Claro, Blumenau; e hospital não é lugar pra criança mesmo, muito menos
uma criança saudável e alegre feito Içara!
— Ela está super eufórica com a chegada da Laura!
— E Joinville e Chapecó, hein?
— Nem me fale, menina! Minha irmã está arrasada, chora muito, em fim, eu
já não sei mais o que pensar! Eu aprendi a respeitar Chapecó, gosto
dela, mas não posso negar que eu tinha medo que isso acontecesse!
— Chapecó ama a sua irmã, Blumenau; só que ela foi fraca! Ela está
arrasada também!
Chapecó e Joinville passaram o segundo domingo separadas depois de
anos vivendo juntas; quem mais sofria com isso era São Lourenço, que não
entendia porque Joinville não vinha, porque eles não podiam sair como
sempre aconteceu aos domingos. Palhoça decidiu intervir; foi até o
apartamento de Chapecó ainda de manhã:
— Eu posso levar ele lá pra casa, Chapecó? Eu sei que esse é o segundo
domingo que vocês passam separadas, e sei também que ele sofre! Então eu
pensei em levar ele pra lá, Içara também deve estar pintando lá em casa
depois, daí você também fica mais sossegada!
Chapecó sentiu naquele momento o quanto o seu filho era amado, mesmo não
tendo nas veias o sangue da família de Joinville, ele tinha muito amor
das tias, tios e avós:
— Claro que pode, Palhoça; se ele quiser ir você pode levar ele sim!
— Você quer ir também? A gente conversa, você se distrai, vamos?
— Não, minha querida, muito obrigada! Eu vou ficar em casa, tenho umas
coisas pra fazer aqui, mas vai ser bom pro meu filho! Eu vou chamá-lo e
você faz o convite!
— Ótimo; e arruma uma muda de roupa pra ele porque a gente vai pegar uma
piscina lá no prédio da minha mãe depois!
— Obrigada, Palhoça; por tudo!
— Eu quero que você saiba que não mudou nada, Chapecó, pra mim, pra
Jaraguá, em fim, você vai ser sempre da nossa família mesmo que...
— Tia! - São Lourenço do Oeste entrou correndo na sala, seus olhos
brilharam ao se deparar com a linda moça que conversava com sua mãe:
— Oi, garotão, tudo bem? Que saudade de você!
— Tudo bem, tia!
Olha só, eu vim te buscar!
— me buscar? - os olhos do garotinho brilharam com mais intensidade:
— Te buscar; vamos lá pra casa, a tarde a gente pega uma piscina, que
tal?
São Lourenço caminhou até sua mãe e abraçou-se a ela:
— Posso ir, mãe?
— Claro que pode, meu amor!
— Você não vai ficar triste aqui sozinha?
— Não, filho; pode ir sossegado, brinca bastante, se diverte, a mamãe
promete que vai ficar tudo bem! Vamos pegar uma roupa pra você levar?
oba! - comemorou o menino dando um salto do abraço da mãe e correndo
pro quarto.
São Lourenço iria passar o domingo com os tios; e ao chegar na casa
da avó, não coube em si de felicidade quando, ainda no corredor de
entrada, viu Joinville sentada em uma das poltronas:
— Mãe! - ele correu pra ela e se atirou em seus braços; ela nunca pensou
que fosse assim, nunca pensou que amasse tanto aquele garoto. Conversou,
abraçou, beijou e só depois conseguiu chorar, longe dos olhos dele.


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