Titanomaquia escrita por Eycharistisi


Capítulo 32
XXXI. Ir...mão?


Notas iniciais do capítulo

[Capítulo agendado]



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A única coisa que consegui fazer foi ficar a olhar para o homem de armadura, cilindrada pelas suas palavras. O que raio estava ele a dizer? O titã era meu…?

— Ir…mão? — balbuciei a custo — N-não pode ser… Eu não tenho irmãos…

— Tu não sabes que tens irmãos — corrigiu ele — É diferente…

— Eu não tenho irmãos — teimei, num tom de voz mais forte — Os meus pais ter-me-iam dito se tivesse… Eu sou filha única!

— Estás a falar dos teus pais humanos. Eu estou a falar dos teus pais verdadeiros.

— Pais verdadeiros…?

— Sim… Eu sei que a situação é confusa e difícil de digerir, mas se me ouvires e acreditares em mim…

— Porque haveria de acreditar?!

— Nós somos irmãos…

— Nós não somos porcaria nenhuma! — berrei — Tu és um titã. Se nós fossemos irmãos, significaria que eu sou… eu sou uma…

— Tu és uma titânide — completou o mascarado.

— Não — neguei, sacudindo a cabeça — Não… Não pode ser!

— Se não acreditas em mim, pergunta-lhe a ele — desafiou o titã, apontando para Leiftan — Não era dele que querias ouvir a verdade sobre a tua origem? Pergunta-lhe!

— Ele está a mentir, não está? — questionei, agarrando o braço do investigador — Eu não sou… uma titã, pois não?

Senti o seu calor subir-me pelo braço e inundar-me o peito, mas estava tão alterada que nem a sensação calmante e aconchegante conseguiu acalmar-me. Leiftan virou-se lentamente para mim, com a conhecida ruga apreensiva entre as sobrancelhas, e eu senti o coração mirrar-se-me no peito. Apertei o braço dele com mais força quando os tremores começaram.

— Leiftan?

— O termo correto é titânide, titã é masculino — explicou num murmúrio — E ele disse a verdade… tu és uma titânide…

— Não pode ser — balbuciei, sentindo os olhos encher-se de lágrimas — Eu não sou… Não posso ser!

— Tu tens esta… cobertura humana à tua volta — explicou Leiftan, indicando o meu corpo com um gesto da mão — Não sei exatamente porquê…

— Eu tenho algumas teorias — revelou o titã, avançando alguns passos —, mas precisaria de fazer uma pequena visita à nossa mãe para ter a certeza.

— Mãe? — repeti sem emoção.

— O que é que tu queres, criatura? — perguntou o investigador ao titã, sobrepondo a sua voz à minha.

— Não é óbvio? Quero a minha irmãzinha de volta.

— A Eduarda não vai a lado nenhum…

— Porque não deixas que seja ela a falar? — volveu o titã.

Leiftan cerrou o maxilar e fixou-me com ar expetante. Eu desviei o olhar dele para o poisar no mascarado.

— Eu não acredito no que dizes… e não pretendo ir contigo seja aonde for!

O titã soltou um pequeno suspiro entristecido.

— É uma pena… Tinha esperanças de que a minha palavra fosse o suficiente, mas… Deverei trazer a tua amiga doppelganger à nossa presença para te provar que estou a dizer a verdade?

— Como é que sabes…? — comecei a perguntar, atónita.

Ele soltou uma gargalhada.

— Achaste mesmo que uma cópia barata da tua casca humana seria o suficiente para me confundir? Oh, Eduarda… Eu sei mais do que julgas… e terei todo o gosto em partilhar o meu conhecimento contigo se vieres comigo.

— Nesse caso, prefiro continuar na ignorância, obrigada.

Não vi, mas senti um sorriso rasgado abrir-se por trás da máscara.

— É uma pena…

— Vais continuar a seguir-nos? — intrometeu-se Leiftan.

— Naturalmente. Não pretendo deixar a minha doce e inocente irmã sozinha com os carrascos da nossa família. Quero estar por perto para a ajudar se vós tentardes fazer com ela o mesmo que fizestes comigo e com os outros.

— Nós não vamos magoar a Eduarda.

— Não acredito nessas palavras vindas de ti, caro sobrinho.

— Sobrinho? — repeti, chocada.

— Não o ouças — pediu-me Leiftan — Ele está só a tentar confundir-te.

— Confundir? Estou a tentar contar-lhe a verdade. Eu não sou como um certo e determinado alguém que dedica cada dia da sua existência a compactuar com a traição da própria família!

— Não sabes o que estás a dizer…

— Não sei? Diz-me, Leiftan, onde está a tua avó materna? Onde está ela?

— Tu não percebes…!

— Percebo perfeitamente! És um traidor e um covarde consumido pelo medo de abandonar as mentiras que lhe são tão confortáveis…

— Para…

— É-te mais conveniente entregar a própria família para ser aprisionada, usada e violentada do que enfrentar o resto do mundo para os proteger, não é verdade?

— Já chega! — rosnou o investigador no tom mais agreste que alguma vez lhe ouvira, puxando de uma pequena adaga que trazia escondida — Não tenho tempo ou paciência para ficar a ouvir as tuas acusações! Vai-te embora! A Eduarda já disse que não está interessada em seguir-te, não tens mais nada a fazer aqui! Ou estás à procura de uma oportunidade para a levar à força?

O titã atirou a cabeça ligeiramente para trás, soltando uma pequena gargalhada.

— Não, meu caro, não… Eu vou deixar-vos ir. Tenho a certeza de que a minha irmã virá até mim de livre e espontânea vontade quando descobrir a verdade. Não há qualquer necessidade de a forçar. Além disso, ela está na posição perfeita para fazer algo por mim…

— Não vou fazer nada por ti — neguei de imediato.

— Farás por ela, então.

— Ela? — repetiu Leiftan, desconfiado.

— A Eduarda sabe de quem estou a falar — desviou os olhos vermelhos na minha direção — Ela disse-me que falou contigo em sonhos, irmãzinha. Não tenhas medo de lhe responder. Ela tem muito para te contar…

Leiftan lançou-me um olhar surpreendido por cima do ombro e eu continuei a mirar o titã, apavorada. Ele estava a falar da voz que me acordava todas as noites? Como é que ele podia saber disso?!

— Eduarda? — chamou Leiftan, hesitante.

Irónico… Eu passara dias inteiros a ansiar por uma oportunidade para expor as minhas dúvidas e preocupações a Leiftan, entre as quais constava a voz que ouvia nos meus sonhos. No entanto, agora que sabia que a voz estava de alguma forma ligada ao titã, o meu primeiro impulso foi mentir:

— Eu… não sei do que é que ele está a falar.

— Terás de mentir melhor do que isso…

— Eu não…!

A gargalhada do titã interrompeu o meu protesto, reunindo todas as atenções.

— Parece-me que tendes muito que conversar — notou — Eu não pretendo estorvar a vossa conversa, por isso, irei retirar-me. Não temas, irmãzinha… eu voltarei…

Feita a promessa, o titã desapareceu como se nunca ali tivesse estado.

Eu e Leiftan ficámos imóveis durante vários segundos, tentando processar o que tinha acabado de acontecer. O homem de cabelo loiro e negro foi o primeiro a mover-se, guardando lentamente a sua adaga enquanto se virava para mim.

— Quem é a pessoa que o titã referiu? — perguntou sem cerimónias.

— Não sei…

— Eduarda, isto é sério!

— Eu estou a falar a sério! Não sei quem é! Só lhe ouço a voz…

— E o que diz?

— Pede-me ajuda — revelei, encolhendo os ombros — Diz que não consegue mexer-se, ver ou respirar. Presumo que esteja presa…

— Há quanto tempo ouves essa voz?

Fiz um esforço para me lembrar.

— A primeira vez… foi na primeira noite que passei nos dormitórios. Foi… — arregalei os olhos ao lembrar-me de um detalhe — Foi depois do roubo das amostras! Será que… usaram as amostras da minha pele para falar comigo por sonhos?!

— Não, não me parece.

— Como podes ter tanta certeza?!

Leiftan inclinou a cabeça ligeiramente para o lado.

— Eu destruí essas amostras.

— O quê? — murmurei, pasmada — Tu… destruíste as amostras? Como?! Quando?!

— Fiquei com medo que a Eweleïn ou o Ezarel descobrissem a tua raça ao estudar as amostras, por isso fui à enfermaria para me livrar delas. Já lá não estavam quando cheguei, mas encontrei o rasto do ladrão, segui-o até à floresta… e dei um fim em ambos.

— Espera… Foste tu que mataste o ladrão das amostras?!

— Teve de ser. Ele era um adepto do titã.

O quê?! — guinchei, segurando a cabeça entre as mãos — Quando é que pretendias conta-me isso?!

— Eu não pensei que fosse importante…

— O titã mandou roubar as minhas amostras e tu mataste um homem! Como é que isso não é importante?!

Leiftan inclinou a cabeça ligeiramente para o lado.

— Tu já sabias que o titã estava atrás de ti. Descobrir que ele mandou roubar as tuas amostras não deveria ser tão surpreendente. Quanto ao homem… não foi o primeiro nem o último que matei.

— Não foi o último? C-como assim? — balbuciei.

— O que achas que fiz ao grupo de adeptos com que me cruzei no caminho para aqui?

Fixei o investigador de olhos esbugalhados, sem querer acreditar nos meus ouvidos. Eu sabia que os faeries estavam a lutar por sobrevivência e, em certa medida, compreendia as suas ações… mas não podia negar que o facto de Leiftan ter morto um grupo de pessoas naquele mesmo dia me incomodava tremendamente. Talvez fosse melhor não pensar muito naquele assunto… pelo bem da minha sanidade mental!

— És mesmo sobrinho do titã? — perguntei, decidindo mudar o tema da conversa.

Leiftan humedeceu nervosamente os lábios e desviou o olhar. Quando encontrou as luzes da vila, encaminhou-se para elas, murmurando:

— Isso interessa?

— Sim — confirmei, seguindo-o com passos apressados.

— Não deverias estar mais preocupada com o facto de ele ser teu irmão?

— Eu não acredito nisso.

— Porque haverias de acreditar que sou sobrinho dele, então?

— Isso parece-me muito mais provável de ser verdade. Além disso, eu meio que desconfiava de que vocês eram aparentados. Só vocês me fazem sentir aquele calor estranho…

Leiftan soltou um risinho nervoso.

— Queres mesmo saber a verdade?

— Sim.

— Bem… O titã é meu tio-avô e eu sou… parcialmente titã.

— És um híbrido?

— Sim, podemos dizer que sim… Sou maioritariamente daemon, mas… tenho um pouco deles em mim.

— Eu sou igual? Sou humana com um pouco de titã?

Leiftan parou de andar e soltou um pequeno suspiro desanimado.

— Não, Eduarda… Tu és mesmo uma titânide. Pura, sem misturas.

— Eu não acredito nisso.

Leiftan virou-se para me encarar com uma nova ruga apreensiva entre as sobrancelhas.

— Isso não faz qualquer diferença. As tuas crenças não podem alterar a tua origem.

— Eu nasci de humanos — teimei — Não posso ser uma titânide.

— É isso que vais dizer a ti mesma quando a tua casca humana cair e te transformares na criatura cujo nome aterroriza todos os seres viventes deste mundo? É isso que vais dizer aos faeries quando eles moverem exércitos inteiros contra ti?

As suas palavras atingiram-me como murros no estômago. Eu não queria acreditar que era uma titânide, mas se aquilo que o investigador descrevia se concretizasse… que opção me restaria? Como poderia negar a minha raça se o que visse ao olhar o espelho fosse uma versão em carne e osso das gravuras da “Titanomaquia”?

As minhas mãos começaram a tremer e eu apertei-as em punhos numa tentativa de as controlar, mas os tremores continuaram a subir-me pelos braços. Desceram-me pelo tronco, deslizaram-me para as coxas… e caí de joelhos com os olhos inundados de lágrimas.

— O que é que eu faço? — murmurei num tom desalentado — O que é que eu faço…?

Leiftan agachou-se ao meu lado, poisando uma mão carinhosa no meu ombro.

— Temos de manter a crença de que és humana até conseguires regressar a casa. Será difícil, mas eu vou ajudar-te. Só temos de encontrar uma maneira de esconder a tua verdadeira natureza…

— Como? — perguntei, falhando em segurar as lágrimas que começaram a correr-me pelo rosto — Como é que vamos esconder isso? Tu disseste na estalagem que não sabes como ajudar-me e a minha pele não para de cair…

— A camuflagem poderá ser a resposta. Poderás usá-la para reconstruir a tua casca humana. Ninguém desconfiará — desviou o olhar por breves instantes — O problema é que… precisas de Maana.

— Eu tenho Maana… não tenho? Eu fiz o teste e deu positivo…

— A Maana que tens é demasiado escassa para assegurar um encantamento contínuo e estável. Precisas de mais… muito mais…

O meu coração apertou-se ao enfrentar o olhar grave do investigador que não agourava nada de bom. Não compreendi de imediato as implicações da sua afirmação… mas, eventualmente, lembrei-me da primeira conversa que tivera com o Mestre da Sombra no seu escritório.

“A nossa sorte é que ele está fraco… mas é só uma questão de tempo até a energia do cristal vermelho o fortalecer…”

— Não — murmurei, horrorizada — Tu não estás a dizer que… eu preciso de… consumir um cristal, pois não?

Leiftan apertou mais a mão no meu ombro.

— Há outra maneira — murmurou — Há outra maneira, mas… terás de confiar em mim.

— Tu és o único em quem confio!

A sequência de movimentos que se seguiu foi tão rápida que não a consegui acompanhar. Num momento, Leiftan estava agachado ao meu lado com uma mão no meu ombro. No outro, estava ajoelhado diante de mim com a mão enterrada nos meus cabelos… e a boca encostada à minha! O seu toque quente e macio deixou-me tão surpreendida que não consegui reagir… até que reuni alento suficiente para poisar as mãos no seu peito e o empurrar com toda a força.

O que diabos pensas que estás a fazer?! — guinchei num fio de voz.

— Desculpa — murmurou ele —, mas não me ocorreu nenhuma outra solução.

Beijar-me é uma solução?! — continuei a questionar com voz de quem tinha inspirado hélio — Endoideceste?!

— Desculpa…

Podias ter arranjado um subterfúgio melhor se o que querias era beijar-me!

— Não foi um subterfúgio, eu realmente acredito que poderei ajudar-te desta forma…

Como?!

— Confia em mim — rogou Leiftan, estendendo a mão como se fosse tocar-me, mas desistindo a meio do gesto — Eu… eu não queria ofender-te ou assustar-te. Estou só a tentar ajudar-te. Juro…

— Como é que beijos me irão ajudar?!

— Eu não… consigo explicar. Simplesmente… confia em mim…

Eu virei o rosto para o lado e inspirei fundo, tentando conter a minha revolta e recuperar a minha voz. Leiftan não se mexeu no tempo que demorei a controlar-me, esperando pacientemente o meu veredicto. Eu gostaria de ter tido a coragem para lhe espetar um estalo, mas quando voltei a olhá-lo… apercebi-me de quão atraente o investigador era. Duas finas tranças loiras com pontas negras desciam da sua têmpora até aos ombros largos e fortes. Os olhos eram de um verde cristalino e brilhante que jamais encontraria no meu mundo. Os lábios não eram particularmente carnudos, mas sabia agora que eram incrivelmente macios e doces… Bolas, até a ruga apreensiva entre as suas sobrancelhas era bonita!

O que estava a acontecer comigo?!

— Se me querias beijar, independentemente da tua intenção… devias ter pedido autorização — adverti num tom menos ríspido.

— Desculpa — murmurou Leiftan, sincero — Lembrar-me-ei disso no futuro…

— Isso quer dizer que vais continuar a beijar-me?

— Sim…

— Fantástico — resmoneei, esfregando a testa com uma mão exasperada.

Leiftan inclinou a cabeça ligeiramente para o lado, intrigado.

— Não gostas de beijos?

Eu encolhi os ombros, um pouco atrapalhada com a pergunta.

— Gosto, mas… eu mal te conheço… É estranho.

— Ah… Entendo — humedeceu os lábios — Podemos passar mais tempo juntos, se isso te deixar mais confortável.

— Sim, definitivamente.

Leiftan abriu um pequeno sorriso e levantou-se, estendendo-me a mão.

— Vamos voltar… Os outros já devem ter notado a nossa ausência.

Anuí com um gesto de cabeça e aceitei a mão que ele me estendia. Retomámos o caminho até à vila, andando em silêncio até que Leiftan decidiu perguntar:

— Como era a tua vida na Terra? O que fazias? Trabalhavas?

Fiz uma expressão interrogativa, confundida pelas perguntas.

— Porque queres saber?

— Achei que podíamos aproveitar o que resta do caminho para nos conhecermos melhor… para tornar os nossos beijos menos desconfortáveis.

— Ah, hum… – fiz, corando levemente. A tranquilidade com que ele falava dos nossos beijos era desconcertante — Não, eu não trabalhava… Era estudante universitária.

— O que é “universitária”?

— Hã… É o nome que damos a quem estuda na universidade, que é uma espécie de escola. É difícil explicar…

— Eras boa aluna? — insistiu o investigador.

— Sim… mais ou menos… Não era a melhor aluna do curso, mas… estava na média.

— Estudavas alguma matéria em particular?

— Jornalismo.

— O que é isso?

— Hã… bem… Os jornalistas são pessoas que divulgam notícias e novidades, contam o que está a acontecer de importante no mundo e coisas assim…

— Ah, estou a ver… Parece interessante.

— Sim, é… Eu gosto particularmente da forma com o jornalismo pode ser um meio de repor a verdade — soltei um risinho — Há jornalistas que têm uma costela de investigador e são capazes de esmiuçar um qualquer assunto até às últimas consequências só para garantir que tudo é revelado e divulgado.

— Tu és um desses?

— Gostaria…

Leiftan não colocou mais questões e o silêncio regressou por alguns instantes. Foram os instantes suficientes para me dar conta de que aquela era a primeira vez que falava com um faery sobre a minha vida. Ninguém parecera interessar-se antes… e, quando a conversa reavivou as memórias do meu mundo, dei por mim a desejar que a falta de interesse se tivesse mantido. Era difícil pensar nos meus pais, nos meus amigos ou nos meus estudos quando não sabia se voltaria a lidar com algum deles.

As dúvidas e receios que eu escondera sob a minha determinação em regressar começaram a ressurgir. Um nó de ansiedade estrangulou-me ao recordar o meu medo de não conseguir regressar. Os meus olhos encheram-se de lágrimas ao pensar em quão preocupados os meus pais estariam. Eles não mereciam…

— Eduarda?

Limpei rapidamente as lágrimas com as costas das mãos, embora o tom de voz com que o investigador me chamara indiciasse que ele já as tinha visto. Dirigi-lhe um pequeno sorriso tenso, murmurando:

— Estou bem…

— Perguntei o que não devia?

— Não, claro que não, eu só… — funguei levemente — Sinto falta da minha família…

O semblante triste de Leiftan intensificou-se. Hesitou, mas acabou por pegar-me na mão, entrelaçando os nossos dedos.

— Vais voltar a vê-los — afiançou-me com um sorriso encorajador — Não te preocupes…

Eu devolvi-lhe o sorriso e passei a mão livre pelo rosto, certificando-me de que limpara todos os vestígios das minhas lágrimas. Não podia ceder ao desespero. Havia ainda muito trabalho a fazer…


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Notas finais do capítulo

[Próximo: 25/3/18]



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