A Aurora de Castelobruxo - A Harry Potter Story escrita por ThaylonP


Capítulo 16
À Direção




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Seguindo a direita depois da mesa dos professores, além dos Pilares Primavos, havia uma abertura que passava por uma outra conjuntura de corredores que guiavam até uma antessala cercada de quadros representando antigos diretores de Castelobruxo. Um lustre pendia do teto, mas sem as lâmpadas habituais, apenas uma grande chama envolta de cobre piscando no centro, iluminando o chão polido reflexivo e as bancadas de veludo vinho que ladeavam o aposento. As meninas estavam sentadas em uma, enquanto outra, no lado oposto, comportava Garagem, Pokas e Luka. Letícia, que dividia assento com Aurora e Inara, sentava na ponta fitando o namorado do outro lado. Era bom que estivesse distante, pois a bruxa não teria paciência nem para ouvi-la falar qualquer coisa, caso tentasse.

O lugar servia como sala de espera, pois havia um portal cavado em pedra, tapado por duas estátuas de onças saltando, lacrando a entrada para a sala da Diretora Dourado. Aguardavam, primeiro pelos rapazes serem levados à enfermaria, já que segundo o que Ruína e Miranda haviam comentado, ambos tinham ossos quebrados. Nino partira a mandíbula com o choque do porrete, e teria de passar por uma dezena de procedimentos antes que recuperasse a fala. Matheus, entretanto, parecia pior, com um quinto de costelas partidas, luxações nas costas e um deslocamento no ombro. Só de lembrar as palavras, Aurora contorcia os dedos e apertava as unhas na palma até que as juntas ficassem esbranquiçadas, contudo, lembrava-se de se acalmar, porque sabia que haveria um castigo a altura para tamanho horror.

Ainda assim, com a raiva subindo, não se continha a olhar os agressores do outro lado. Se pudesse, sacaria seu cajado e os desmontaria de uma vez só apenas errando um feitiço. Luka não tinha nada além de um olho roxo depois de ter sido estuporado e Garagem e Pokas tinham arranhões leves; mesmo a ideia que todos tinham sido derrubados pela amiga não era suficiente para aplacar o quanto gostaria que todos explodissem ali e agora.

Contudo, lembrando-se do evento, decidiu que seria melhor uma conversa curta com a amiga, para que ao se distrair, desviasse do desejo de cuspir umas boas para aqueles imbecis.

— Como você fez aquilo? – perguntou Inara, num sussurro quase inaudível.

— Aquilo o quê? – devolveu.

— O feitiço. Onde aprendeu? – esclareceu, apertando as mãos outra vez.

Inara se refreou um pouco, encarou os quadros na parede. Vários deles continham pinturas completas de uma batalha ferrenha de indígenas portando cajados numa linha de frente, e, ao se moverem atravessando as molduras, pareciam vencer o combate contra tropas armadas com varinhas. A falta de resposta preparou-a para dizer algo, mas se conteve quando as professoras retornaram marchando para dentro da sala.

O Seu Francisco, como todos chamavam o substituto, havia se distanciado das duas e outra pessoa os acompanhava. Dotado dos mesmos trajes de dormir, o professor Aquino parou no centro do aposento. Encarou os três rapazes recostados à parede com uma expressão impassível. Aurora desviou-se dele para fitar as duas professoras, que se viraram a ela no momento em que a menina ergueu-se da poltrona.

— Professoras, eles... estão bem? – perguntou.

Ruína deixou um suspiro tomar conta de si, para em seguida deixar de encará-la, concedendo a Miranda a chance para respondê-la.

— Ô meu amor – começou, baixando a cabeça para chegar perto do ouvido da menina. – Receio que não ainda. Mas vão ficar, vão ficar. González é a melhor enfermeira que temos – disse, num sorriso sem dentes que tentou aliviá-la.

A tentativa falhou, e enquanto os rapazes levantaram do outro lado, o restante das meninas ergueu-se desse, acompanhando Aquino e o restante dos docentes para depois das onças. Aquino sussurrou algo para as estátuas, e a posição delas mudou para um repouso, abrindo passagem. A fileira entrou pelo portal dando vista à sala de Dourado.

O local, assim como a Avenida 25, era vasto o bastante para não conseguir ser visto por inteiro. Haviam, além das molduras impressionantes que também marcavam o lado de fora, outros objetos postos em exposição: vassouras quebradas, fitas partidas, fotografias, exemplares de trajes de Castelobruxo, e até uma dupla de grilhões presa a um prego. Já para o lado de onde a mulher estava, havia uma mesa ampla cheia de figuras, estatuetas, porta-retratos, além de uma porção de papel de pergaminho que despontava da arrumação da sala. A parte que mais a impressionou foi uma réplica dos Pilares Primavos em miniatura, com a mesma posição da estátua de Anhangá ajoelhada.

Atrás de tudo, destacando-se com seus trajes finíssimos, Dourado afundava dois dedos na beirada dos olhos de tom leitoso. Depois, ajeitou o cabelo, deixando que as partes amassadas do recém-despertar voltassem para a posição armada que costumava usar. Vendo a quantidade de pessoas em sua sala, afirmou, depois de um bocejo:

— Acredito que precisarei de mais assentos – e fez um movimento com a mão, então as duas cadeiras de frente a dela se multiplicaram para meia dúzia. Além disso, se organizavam em grupos: três de um lado, uma no meio e duas no canto. Contando as pessoas e suas casas, Aurora notou o porquê dos três professores a postos ali: eram os protetores de cada uma. – Podem se sentar, por gentileza.

Os alunos entenderam o recado e a configuração, sentando-se em seus devidos lugares. Inara não parecia tão nervosa quanto Aurora. Dourado sempre lhe trazia uma sensação esquisita, como se a mulher fosse sabedora de tudo e de todos mesmo quase cega. Letícia, que foi acompanhada de Miranda de pé atrás dela, ainda parecia avoada, quase desnorteada depois de tudo. Talvez fosse o efeito do feitiço.

— Bom – Dourado começou, assim que Ruína e Aquino colocaram-se na mesma posição que Miranda –, podemos começar. Quero ouvir suas histórias, uma a uma, sem que haja intervenções de outrem – a mulher falava encarando um ponto a frente, sem necessariamente focar em rosto algum. – Depois, decidirei qual a melhor forma de lidar com suas contravenções. Primeiro, o membro de Jaci – disse, mas antes que a menina pudesse balbuciar qualquer coisa, Dourado disse: – Letícia Santos Souza Cunha, estou correta? Antes que comece a sua história – levou a mão a um pote ao lado dela, que parecia uma jarra bem esculpida com uma tampa. – Gostaria de uma vareta de guaraná?

A menina retesou, e fez um movimento rápido que Aurora só entendeu porque ouvira a conversa de antes. Letícia primeiro conferiu a expressão do namorado, e mesmo que o sujeito parecesse neutro à pergunta, ela recusou num cochicho. Talvez, pensou Aurora, vendo o rosto sem vida da loira, aquele jeito desnorteado não fosse por ter sido estuporada.

— Bem, eu... não sei o que houve – começou, e Aurora turvou o nariz. Ruína a tocou no ombro, como se pedisse calma. – Eu fui dar um passeio noturno com... com... Matheus, do primeiro ano de Jaci, e... eles estavam lá – disse, sem olhar para a direção de Guaraci.

— Minha jovem – Dourado cortou-a, finalmente dirigindo o olhar à menina. – Por favor, não minta. Sei que é difícil assumir a verdade quando se vê a consequência a sua frente. Mas saiba que mesmo cega, a justiça ouve muito bem – concluiu.

Aurora arregalou os olhos, surpresa. A garota, entretanto, pareceu entender mais rápido do que ela, mesmo que ainda estivesse meio esguia.

— Eu... eu... não tô me sentindo muito bem – comentou, baixo.

— Ajudaria se aceitasse a vareta – Dourado comentou, estendendo a jarra outra vez. – São seguras, os olhos do guaraná foram tirados com cuidado. Você pode comê-las tranquila.

Letícia desviou o olhar para a jarra e depois para a diretora, como se trocassem uma confidência, e por fim, agarrou uma das varetas rubras e mordeu. Pareceu-lhe que não estavam falando, de verdade, sobre guaraná. O barulho foi crocante, uma porção de açúcar manchou-lhe os lábios.

Então, satisfeita, a menina compreendeu que precisava dizer a verdade e começou. Em nenhum momento durante a história olhou para Luka, e mesmo fraquejando em diversas partes, conseguiu dizer tudo. Aurora entendeu trechos que havia perdido. Letícia havia sido solicitada pelo namorado, para que ela atraísse Matheus justo para o mês que Javier não estaria na escola, onde poderiam escapar à noite e fazer a Caça às Bruxas. Nesse ponto da estória, Dourado pressionou as mãos unidas, e pediu explicações sobre o termo. E quando lhe foi revelado, a mulher limitou-se a acenar com a cabeça para que ela prosseguisse.

A menina o fez, e Aurora notou outra coisa curiosa. Miranda parecia se inflamar a cada nova palavra, como uma panela de pressão, prestes a estourar. Quando a garota concluiu sua explicação, a professora de Jaci relaxou sua postura, esperando os dizeres da diretora.

— Muito bem, filha de Jaci, contou-me a verdade – concluiu Dourado.

— Uma verdade muito alterada, se me permite dizer – Luka rosnou do outro lado da sala.

Letícia arreganhou os olhos e a boca numa amplitude que Aurora mal sabia que era possível. Miranda apertou a beirada da cadeira, e mesmo sem tocá-la pareceu transmitir apoio.

— Não permito, sr. Braz – respondeu Dourado, séria, fazendo-o se calar. Depois, quando o silêncio se refez, resolveu dar à palavra a Anhangá. – Muito bem, às duas filhas de Anhangá, gostaria de ouvir suas partes.

Inara se encolheu, dando a palavra a Aurora, que não a negou. Disse tudo que sabia, a descoberta, quando alertou para Matheus, o que planejou para ajudá-lo e o que tiveram de fazer para isso. Porém, o professor Aquino, calado até então, fez uma objeção quando a menina não explicou como conseguiu as informações da Caça às Bruxas.

— Gostaria que nos dissesse como, srta. Magalhães – pediu.

Dourado fez um movimento que indicava que a proposta era válida, então Aurora se segurou. Pensou imediatamente em mentir, dizendo que ouvira boatos e chegara as conclusões a partir deles, porém, conferindo o olhar cego de Dourado e lembrando de seu aviso, revelou a verdade que a envergonhava:

— Eu ouvi a conversa dos dois... algumas vezes – confirmou.

O professor Aquino fez um movimento à frente com o corpo, pedindo uma licença.

— Que conste nos autos – disse, formal demais para a situação, mas sem preocupar-se com isso –, que isso é um indicativo óbvio da conduta que fez os alunos de Anhangá quebrarem o toque de recolher.

— Isso será levado em consideração – Dourado interveio, depois retornou a falar com Aurora. – Obrigada por me dizer a verdade. A srta. Inara, tem algo a acrescentar?

— Que... – a menina balbuciou, nervosa como Aurora nunca vira-a ficar. – Eu saltei na confusão para ajudar meus amigos. Estavam em desvantagem. Estuporei os três – apontou o dedo, indicando cada uma das vítimas. – E fui eu que disparei as faíscas pra chamar a atenção de vocês.

Aurora se agitou quando notou que a menina contara tudo de forma explícita demais. Mas, recordando o que fora dito sobre a sinceridade na sala, achou que sendo a menina como era, seria o melhor jeito de falar das coisas.

— Foi uma atitude muito sensata de sua parte – indicou Dourado, e antes que pudesse completar o que estava prestes a dizer, foi interrompida.

— Muito sensato nos estuporar? – questionou Luka.

— Insensatez é me interromper mais uma vez, sr. Braz – cortou, sem responder-lhe a pergunta, e viu o garoto também ser repreendido pelo professor Aquino. – Garanto que não fará de novo – completou, calmíssima, mas num tom salpicado de ameaça.

Dourado partiu para a outra extremidade da conversa, mesmo com seu desapontamento inclinado para aquele lado. Luka ajeitou-se em sua postura, sem mal se abalar com o olhar cego que estremecia Aurora de cabo a rabo.

— Sendo a minha vez, posso finalmente contar o que aconteceu de verdade – anunciou, num pigarro de preparação.

Aurora abriu um sorriso curto. Não havia como mentir. De alguma forma, Dourado parecia saber quais eram os fatos e quais não eram, mesmo que estes não estivessem ditos. A única forma que Luka poderia dizer a verdade, era se entregando como culpado.

— Começou quando meus companheiros de Quadribol comunicaram sua revolta com minha suspensão do time este ano. Então, disseram que queriam se vingar de quem estivesse me posto nessa posição – Garagem e Pokas se entreolharam, estranhando a fala, mas o garoto continuou. – É claro que, alertei-os que esta não era a melhor opção, e é claro que não me deram ouvidos. Me pediram que solicitasse a minha namorada, monitora da casa do rapaz que gerou meu castigo, para atraí-lo para algo no mês de Agosto. Algo que eu – apontou para si, com um olhar que de alguma forma estranha, parecia sincero – mal tinha conhecimento. Porém, descobri o que era pouco antes e mesmo sendo levado até lá por eles, acreditei que não seriam tão agressivos. Não querendo participar, vi tudo de cima sem mexer um músculo para interferir, mesmo acreditando que aquilo era um ato vil. Minha conduta não foi das melhores, concordo, porém em momento algum fiz algo para afetar o rapaz em questão. O feitiço que usei foi para me defender do ataque do membro de Anhangá, que me estuporou enquanto desarmado – virou-se para Inara, que devolveu um olhar assassino. – E viram que, quando chegaram na clareira, eu estava lançado ao chão junto de um dos meus companheiros caídos. Esta é toda a verdade, diretora.

Aurora não conseguia parar de piscar, incrédula. Ele mentira em cada detalhe, polvilhando o discurso com vitimismo e ainda colocando pitadas de verdade no meio para parecer verossímil. Sabia que Dourado o pontuaria como o mentiroso que estava sendo.

— Obrigada – começou a diretora com um bufar de narinas, e Aurora abriu a boca, em choque – por me contar a verdade, sr. Braz.

— O quê? – Aurora disse, se levantando. – Mas isso não é a verdade!

— É sua palavra contra a minha – rebateu Braz, erguendo as sobrancelhas.

Ruína agarrou Aurora, empurrou-a para que voltasse a se sentar. Miranda também inclinou seu olhar a menina revoltada, mas, ainda assim, receosa quanto a sua posição em relação ao relato. Assim, retornada a calma, continuou a falar mesmo que tivesse sido repreendida. Não aguentaria essas mentiras deslavadas.

— Não é! Você mesmo disse isso no campo de Queimadobruxo – exclamou a menina, apontando para ele.

— E o que exatamente eu disse, srta. Magalhães? – sentiu o mesmo sarcasmo estúpido de antes.

A voz assemelhava-se com a pomposidade de Nino, mas impregnada de um amargo que o menino não tinha.

— Disse que... que... – lembrou-se das palavras. – Que seus amigos estavam chateados e que queriam fazer a Caça com Matheus.

— E onde isso contradiz o que disse? Em que ponto menti? – perguntou.

De certa forma, era exatamente o que o garoto havia dito, e cada palavra se encaixava na história que contara.

— Você foi sarcástico! Eu lembro bem, estava dizendo indiretamente que queria fazer o mesmo. E disse como a gente, fazendo parte do grupo!

— Creio que está esforçando-se para encaixar meu tom em qualquer interpretação que seja a seu favor, Aurora – sugeriu Luka, dando de ombros, erguendo as sobrancelhas. – E sobre me incluir, estava apenas me referindo ao meu grupo de amigos. Francamente, parece que está querendo me acusar de algo que não disse e que não fiz.

— Srta. Magalhães – interferiu Dourado, vendo que estava pronta para a continuação do bate-boca. – Como já deve ter percebido, tenho uma grande percepção para reconhecer quando alguém está ou não mentindo. E posso te afirmar, com certeza, que o sr. Braz está dizendo a verdade. 

A menina entrou em pânico. Procurou Inara, buscando algum acalento para aquele absurdo, mas a menina além do mesmo espanto, cultivava longas sobrancelhas cerradas em direção ao lado de Guaraci. Até que, no meio da conversa, uma outra voz fez parte.

— Mã... Diretora Dourado – começou Miranda, falhando em chamá-la pela ligação familiar. – Creio que preciso lembrá-la da origem desse aluno, Luka Braz.

— Não será necessário – confirmou Dourado, acenando uma certeza do assunto. – Sei que a família Braz é conhecida pela sua extraordinária habilidade de Oclumência, e é claro, que existe a possibilidade de terem alcançado o filho com esta perícia, e que – ela firmou o timbre um bocado –, é claro, pode estar sendo utilizada nesse momento.

Oclumência?

— Isso é uma acusação? – questionou o professor Aquino, levantando a mão para envolver-se no assunto. – Pois parece bem parcial, ainda mais vinda de alguém com tamanha influência sanguínea em diversas de suas capacidades, não é mesmo, Miranda?

A mulher crispou os lábios, erguendo a narina como se cheirasse uma podridão. A próxima a falar foi Ruína, e mais impressionante do que sua fala, foi sua defesa:

— Não é uma acusação, é algo para ser levado em consideração, assim como levou a forma como minha estudante recolheu as informações que tinha – disse.

Aurora sentiu-se estranha. De certa forma, Ruína havia se posto a prova para defendê-la, no meio de uma audiência estudantil que envolvia a diretora, sua aparente rival e o jogador mais reconhecido dos esportes bruxos do colégio.

— Certo, certo – concordou Aquino, visando dar a volta em outro argumento para livrar seu estudante. – Apenas gostaria de também lembrá-los que assim como as habilidades da família de Luka foi considerada, devemos também considerar a família do restante como ponto-chave. Como por exemplo, a utilização de um feitiço avançado por um membro do primeiro ano – sugeriu, referindo-se a Inara –, o que certamente deve ter sido passado pela família, já que os livros do primeiro ano não ensinam.

O questionamento de antes voltava a tona. Inara aprendera com a família? Com avó, talvez?

— E além disso – continuou o professor de Guaraci –, temos a nossa querida srta. Magalhães.

— O quê? – Aurora decidiu perguntar, mesmo que o papo estivesse transitando entre adultos.

— Exato. Assim como conhecemos a família de alguns de nossos alunos, também não conhecemos as origens de outros, o que não nos permite afirmar, com certeza, nada sobre as capacidades destes – fez menção a andar pela sala, mas Dourado pediu que não o fizesse. Então, continuou de onde estava. – Ao que tudo indica, ela poderia ter o mesmo ensinamento de Oclumência. Seus pais, por exemplo. Um deles tem registros altíssimos nesta instituição, enquanto o outro formou-se em Ilvermorny. Sabe-se lá o que podem tê-la ensinado, sem contar o fato de que é adotada...

Aurora viu as veias saltarem do pescoço, o professor caminhara para um terreno minado. Se pisasse em falso, seria explodido.

— O que quer dizer com isso? – a garota perguntou, numa voz tão entorpecida que mal lembrava a dela.

— Quero dizer que, suas linhagens originais são desconhecidas – afirmou, voltando ao assunto de antes. – Entretanto, sabemos do potencial presente nela, afinal, nenhum outro estudante fez um pilar ajoelhar antes na história dessa escola.

Dourado fez que sim, o que disparou outro latejo na têmpora da menina, confirmando o ponto de que se uma família deveria ser observada, a outra também poderia ser, anulando ambos pontos. Teriam que acreditar no que era dito, e o que era confirmado como verdade. Contudo, ainda pensativa, arrastou a cadeira para trás, como se para andar antes de tomar qualquer decisão.

Aurora olhou para Guaraci, enfurecida, visando compreender o que afirmavam até então. Oclumência, ouviu sua mente repetir. Não sabia do que se tratava, mas entendia que fosse o que fosse, auxiliava o menino a se safar com sua estória de araque. A cara lavada com que dizia cada coisa, entretanto, ela conhecia. Não era só magia, oclumência ou qualquer outra coisa. Existia ali, muito de humanidade. De fingir-se ser quem não é, de fazer-se desentendido, de manipular a história a uma extensão que mal se compreende o que é verdade além das mentiras. Em nenhum momento, Luka parecia duvidar do que dizia. Era a verdade, porque ele acreditava que era. E por consequência, tornava-se absoluta.

— Acredito que sabem porque propus que todos viessem até aqui – Dourado retirou-a de seus pensamentos, chamando a atenção para si. – Com a situação e o estado dos alunos afetados, é evidente que precisamos tomar medidas definitivas, pois meus preceitos impedem que algo assim continue se repetindo. Contudo, ainda preciso confirmar algumas coisas. Em primeiro lugar, ainda não repassei os fatos com os sres. Velasco e Cartago – disse, apontando os outros dois rapazes de Guaraci. – Confirmam o que o sr. Braz disse? Foram vocês que golpearam os garotos com os tacos?

Os dois começaram a lançar coisas ao vento, tentando se proteger, distantes do que ela perguntara. Dourado fez um movimento com a mão para que parassem e apenas respondessem o que ela havia perguntado.

— É, eu bati sim... – disse Garagem, e Pokas limitou-se a concordar de leve.

— Pois bem – a diretora caminhou para o outro lado com a cabeça baixa, em compreensão. – Percebo que as histórias se intercalam em alguns pontos, principalmente sobre quem foram os agressores. E estes, a menos que haja alguma outra objeção, precisam ser penalizados.

Ninguém disse nada, nem mesmo o professor que defendia Guaraci. Talvez não estivesse defendendo a casa, afinal de contas. Os dois se assustaram com o que viria a seguir, e mal conseguiram manter os queixos no lugar quando a mulher disse o que disse:

— Este mesmo castelo que pisamos agora foi construído em cima de uma porção de violência que não pretendo que se estenda além da História. Portanto, não posso permitir que isso se repita sob minha direção. Senhores Velasco e Cartago, solicito que recolham seus materiais, vocês não mais fazem parte dessa instituição – disse, apertando os lábios com a decisão difícil. – Enviarei uma carta aos seus guardiões informando os motivos.

A dupla protestou com veemência, não com ela, mas direto para Luka. Apontaram e berraram, com uma porção de coisas chulas nos sentidos mais amplos que a palavra pudesse ter. Aquino os levou direto para fora, deu alguns conselhos para que parassem de gritar já na antessala, principalmente àquela hora da noite. Depois, os mesmos gritões passaram a ser chorões, implorando para o professor que pedisse uma revogação para sua expulsão, mas o homem mal quis escutá-los. E, por fim, quando se retiraram para cumprirem as ordens, o professor retornou a sala.

— Pois bem – disse, num pigarro que evoluiu para uma tosse seca. Durou alguns segundos, até que Ruína lhe oferecesse um lenço. A diretora limpou a boca, pediu desculpas e seguiu: – agora, vocês.

Pelo que vira acontecer, Aurora se apertou toda. Qual seria a consequência de voar à noite depois do toque de recolher para impedir uma agressão?

— Vocês descumpriram diversas regras desse lugar, e preciso ser assertiva quanto ao castigo de vocês – os olhos perdidos focaram em Letícia, que apenas curvou as sobrancelhas para cima, esperando o baque. – Você está suspensa de suas atividades como monitora, por ter utilizado de seus privilégios nessa função para contribuir para uma agressão. E além de enviarmos uma carta aos seus pais, notificando a quantidade e o porquê de tantos pontos em sua ficha, Jaci perderá duzentos pontos. O outro, assim que se recuperar, terá uma detenção por ter furado o toque de recolher.

Miranda escutou, paciente, e aceitou a sentença da menina. Levou a mão ao ombro dela, consolando, sem o tom de disciplina que deveria ter empregado. Dourado refez o seu caminho até Luka, torcendo a boca ao apontar o castigo.

— Você será suspenso do time de Queimadobruxo...

— Por qual acusação? Quebrar o toque de recolher me suspende? – perguntou Luka, indignado.

Sem perder a compostura por ser interrompida outra vez, Dourado prosseguiu, e até mesmo Aquino entendeu que deveria repreender seu aluno, para que finalmente compreendesse que não podia – nunca – interromper a diretora.

— Estará suspenso por todo o ano letivo das partidas, além de que Guaraci perderá cento e cinquenta pontos – concluiu.

— Mas... – tentou.

— Aceitamos o castigo, diretora – Aquino interveio.

A diretora ouviu a aceitação antes de se virar para o time de Anhangá. Aurora focou a atenção na mulher, percebendo a dezena de pontos escuros na face enrugada.

— Vocês duas, como membros do Clube de Duelos do primeiro ano, deveriam ser modelos para suas casas – julgou Dourado, com um tom de apego, já que se referia a Anhangá como sua própria casa. – Por isso, acredito que a suspensão das duas da competição seja o mais ideal nesse momento...

— Diretora, se me permite? – Ruína pediu.

A mulher fez que sim, e a professora continuou:

— Peço que mude sua decisão para uma detenção.  

— E por quê me pede isso? – Dourado questionou, os dedos cruzados na frente do rosto, cotovelos formando uma ponte.

— Acredito que será o bastante, e além do mais, a expulsão das duas resultará numa falta de Anhangá no primeiro ano do Clube – argumentou.

Ruína, mais uma vez, aprumava uma defesa para Anhangá, mas por consequência, para Aurora. De todas as coisas que haviam deixado-a incrédula, aquela era uma das maiores.

— Dourado – pediu Aquino, pronto para um outro ponto. – Acho que se julga o sr. Braz culpado por ter passado o toque de recolher, assim como elas, suas suspensões teriam de ser equivalentes, certo?

— Certo – concordou Dourado, mas Ruína tentou outra vez.

— Será o único ano que a tradição será quebrada – sugeriu, relembrando ainda outro detalhe. – Um jogador pode ser substituído por outro que está na reserva, mas os participantes do festival são diferentes. Mesmo que substituíssemos por outros alunos aptos, não seria uma escolha dos Curupiras. Creio que este é um detalhe importante para a festividade, já que honramos aqueles mortos em prol de estarmos onde estamos, não é?

Aquino torceu a boca, sabendo que havia perdido a batalha. Ruína apelara para os lados das convicções da mulher, e isso parecia ter dado certo, entretanto, ainda assim, foi justa no que decidiu:

— Muito bem, elas se manterão no Clube – disse, e em seguida completou. – Contudo, além das notificações enviadas aos parentes, tirarei mais pontos de Anhangá por esse infortúnio, duzentos, e todos, e incluo o membro que está hospitalizado, ficarão por um mês de detenção.

— Certo, diretora Dourado, agradeço.

Depois, houve uma cerimônia até que os estudantes e os professores se retirassem. Aquino foi o primeiro, e Luka demorou para acompanhá-lo, então o homem partiu sozinho depois de uma discussão em baixo tom. Dourado fez o caminho por sua sala até uma escada que levava ao descanso em seus aposentos, parecia exausta daquela discussão, àquela hora da noite.

Ruína pediu que Inara e Aurora se levantassem, guiou-as para o portal, em direção a antessala. Chegando lá, os olhos se irrigaram da mesma fúria de quando ambas haviam sido pegas no flagra, e assim, curvaram-se para escutar o que a mulher pretendia dizer:

— Inara – começou, erguendo uma das sobrancelhas. – Fico satisfeita que tenha sido esperta o bastante para alertar sobre a Caça, embora a sua contribuição na confusão seja patética. Esperava mais de você, e que mesmo com a proximidade, achei que não se deixaria levar por más influências – disse, virando-se direto para Aurora, que preparava um protesto. Inara mal havia terminado a surpresa da repreensão antes de ver a amiga ser atacada. – E você – Ruína começou, sem um pingo de paciência com a presença da menina –, não pense que fiz o que fiz para livrar sua pele. Fiz porque nem a minha reputação nem o Dia dos Mortos merece ser estragada com a sua presença – Aurora sentiu as palavras afundarem em seu peito. – Estudantes melhores que você tentaram me derrubar, mas já lhe disse: nunca falhei com um aluno. Daqui para frente, e escute-me bem – inclinou o corpo, o rosto muito perto, e os olhos azuis encontraram com os verdes da mulher – detenção será a melhor parte do seu dia.

A mulher saiu trovejando, passos firmes. As duas recuperaram-se do baque sentando-se no primeiro assento que as confortou. Ainda tentavam conceber as palavras, principalmente Aurora, que nunca ouvira algo tão cruel ser lançado a ela.

Aturdidas, ambas mantiveram-se quietas, até ouvirem passos de dentro do portal, onde Letícia caminhava porta afora, quase carregada por Miranda a leves empurrões. Foi quando já debaixo das chamas do lustre, o namorado cortou o aposento para chegar a ela. A menina quase tombou quando o garoto aproximou-se cochichando em seu ouvido:

— Ei, quero falar com você.

Miranda quase a segurou para que ela não fosse, mas a menina, atraída como um pedaço de ferro diante de um ímã, aproximou-se do rapaz, direto para o sofá do outro lado da sala.

— Te ensinei como fazer, e mesmo assim você abriu essa boca... – sussurrou, não muito eficaz, porque toda a sala ouviu o tom de desprezo.

Letícia olhou ao redor, vendo que a conversa podia ser feita em outro lugar, porém, mal se ofereceu a isso.

— Eu tentei, mas é difícil, eu... e-eu... tô... fraca – explicou, gesticulando bastante para que ele entendesse, quase implorando.

— Sempre foi – cuspiu, encarando-a nos olhos. – Mas eu vou dar um jeito em voc...

Miranda, que ouvia a conversa por cima do ombro, de repente, saltou para cima do rapaz com um dedo em riste, apontando para a testa dele. Empurrou-o de uma vez, sem arrancar a unha de lá, como se prestes a disparar.

— Escuta aqui, sua escória – a mulher tremia, a voz saía como um rosnado entrecortado. Quase não reconheceu a cantarolante figura de antes. – Você pode enganar a minha mãe, mas não me engana. Eu sei quem você é, de onde vem, e o que você faz. E agora eu vou tá de olho. Se você se aproximar dela, um centímetro além, vou saber. Se disser alguma coisa que for, além de desejar um bom dia, eu vou saber. E se – ficou ainda mais sinistra, a voz baixou três oitavas – pensar qualquer coisa que for além do que deve, eu vou saber.

Pela primeira vez, Aurora viu o menino vacilar em sua compostura. As mãos estavam desesperadas diante da ameaça, tateando ao redor.

— Você... você...

— Pode apostar que sim, seu miserável – a cabeça do indicador da mulher tremeu, dispararia para explodir aquela mente. – E pode contar o que quiser, a qualquer um, não vai adiantar. Se você usa seus privilégios, eu uso os meus – pontuou, como se para lembrá-lo do que podia fazer. E, por fim, ainda completou: – Vamos ver quem usa melhor a própria verdade.

O rapaz foi solto, e não deixou de vibrar o corpo, quando se levantou. Passou por uma Letícia cabisbaixa, disparando um cochicho audível o bastante para justificar as lágrimas que vieram depois:

— Tá tudo acabado.

Ela fez menção a correr atrás do garoto, mas, ao mesmo tempo refreou o corpo, sabendo que estava indo para um lugar que não devia.

— Deixa – pediu Miranda, se acalmando, envolvendo a menina num abraço.

Letícia demorou, olhando por onde o menino partira com olhos marejados, mas logo em seguida cedendo ao carinho da professora. Aurora permaneceu encarando, mal conseguindo se concentrar em um detalhe único do caos que passavam, até que viu o mesmo gesto de unir as testas feito de Miranda para a outra.

Aquilo era revoltante. Era certo de que a menina sofria com o término, mas era a culpada do amigo quase estar aleijado e ainda assim fora protegida, a ponto de receber aquele tipo de tratamento.

Depois, a professora aconselhou que a menina fosse se deitar, e também lembrou-a de que estava segura, e que não precisava se preocupar. A menina passou por Aurora sem olhá-la, porém a garota não desfez o olhar, seguindo-a até que deixasse a antessala. Inara escutou o conselho sobre ir se deitar, e mesmo que não dirigido a ela, decidiu ir. Despediu-se de Aurora, deixando-a no aposento, junto da professora.

Com uma centena de perguntas sobre tudo que acontecera, Aurora pensou que seria a única oportunidade para perguntar o que precisava. Então, avançou em direção a Miranda, que exclamou algo assim que a menina chegou, porém, direcionando a si mesma.

— Céus – disse, parecia tentar aliviar-se da tensão.

— Professora – chamou Aurora, ainda não entrando no assunto que queria. Tinha muitas perguntas e gostaria de fazer uma a uma. – Está tudo bem?

— Vai ficar, querida – confirmou, levantando a cabeça. – Vai ficar.

Aurora queria pedir permissão para algo, mas antes, queria saber o que Miranda podia lhe contar sobre o que havia acontecido. Ao longo da sessão, parecia consciente o bastante de tudo que acontecia, tanto interna quanto externamente. E assim como sua mãe, a mulher passava o mesmo sentimento de ser sabida das coisas.

— Professora, você... o que aconteceu lá dentro?

— Ah, menina – comentou, indo se sentar num dos assentos cobertos de veludo. – Mamãe é uma legilimente poderosa, mas... está perdendo a mão, por causa da velhice. Ainda consegue discernir bem o que pode, só não contava com o quanto o sr. Braz era capaz de ocultar da própria mente – lamentou, como se tivesse com algo faltando na resposta. – Bom, e nem eu.

— Legilimentes? Isso é um feitiço?

— É, de certa forma – respondeu, um tanto evasiva.

— Mas... se é um feitiço, por que ela não usou o cajado? Não estava nem na sala – pontuou a menina.

— Mamãe não precisa usar cajado – respondeu, e Aurora lembrou-se de que a própria Miranda não precisava – ela escolheu usar, assim que soube que lecionaria aqui, mesmo tendo aprendido tudo que aprendeu no mesmo lugar que eu e minha irmã, Uagadou. É coisa de respeitar o legado, ela sempre diz isso.

A menina relacionou com o que ocorrera antes entre as duas, e ergueu o olhar de uma vez, assustada.

— Ah, aquela vez na aula de Defesa Contra as Artes... então, você também pode...

— É – respondeu, sem orgulho. – Acabo me descontrolando sobre as mentes que posso ou não vasculhar, e acabei lendo superficialmente a sua, peço perdão.

A menina compreendeu a questão, e estava mais interessada em descobrir o que podia, do que de se magoar com aquilo.

— Entendi, mas, tirando o Luka – lembrou-se do que disseram sobre a família saber esconder coisas –, você leu o do restante né? Sabe quem tá mentindo e quem não está, não é? – tentou, contendo o desejo de olhar para trás, por onde Letícia passara.

Como se mais uma vez lesse sua mente sem permissão, respondeu:

— Se está falando de Letícia, ela não mentiu, e eu só a defendi porque tem algo a mais. Eu a defendi porque quando estive lá dentro, vi mais do que gostaria.

— O que você viu? Tem a ver com Matheus? – preocupou-se.

— É um assunto particular. Nem eu deveria saber, e até o fim desta noite, não saberei – Aurora não entendeu o que ela quis dizer. – É suficientemente pessoal para que não revele a você também, Aurora, me perdoe. É, acima de tudo, um problema dela consigo mesma. Mas por favor, fique despreocupada com seu amigo – respondeu, o que a acalmou apesar de não saber do que se tratava.

— Certo – aceitou, sem mais perguntas sobre aquele assunto, mas ainda apegada ao tópico, agora direcionada para onde queria. – E, falando nele, eu posso... ver como ele está?

Miranda hesitou, sabendo que não deveria. Os olhos vacilaram, e mesmo o amontoado de estrelas que compunham o brilho que existia ali, ficou confuso. Entretanto, algo nela informava que entendia o porquê de querer vê-lo agora, mesmo detenta, sem conseguir esperar até que o dia seguinte raiasse.

— Tudo bem, mas precisamos ser breves – informou, para uma aceitação sem pestanejo de Aurora.

Pela base da pirâmide maia, seguiram até as costas do castelo, descendo as escadas daquele lado até chegar à Casa de Feridos e Doentes, nome que era dado a enfermaria. Atravessaram a área escura, e bateram à porta, pedindo uma entrada a enfermeira-chefe, que concedeu com as mesmas condições de Miranda. Aurora passou por ela, encarando uma dezena de macas cobertas pelo teto de vidro que era enfeitiçado para ter imagens que ajudassem no descanso. As dessa vez, eram uma série numa perspectiva primeira pessoa, onde um piloto cruzava céu azul montado numa vassoura. Alguns acamados ainda fitavam o teto esperando dormir, outros deitados de lado, evitavam a claridade das figuras. Um deles, ela reconheceu, com o queixo enfaixado, e boca torta. Já dormia, então passou por Nino apenas com um fraco sorriso que confundia-se entre aliviar-se de que ele estava bem, e triste por vê-lo acamado.

Apenas um, entretanto, de lábio ferido, rosto abatido e faixas sobre o corpo, estava sentado encarando as cobertas, com uma expressão desolada debaixo dos cachos.

Aurora se aproximou com cautela, e mesmo com a visita, não foi notificada à primeira vista. Foi só quando tocou a mão de Matheus, sentindo o quanto estava gelada, que o menino fez questão de levantar o olhar, reagindo com surpresa àquela presença. Ela concedeu-lhe um sorriso curto, que não refletia o tamanho da felicidade em vê-lo acordado. Por sua vez, a resposta veio com um suspiro de arrependimento, que depois foi marcado por uma dezena de lágrimas brotando abaixo dos olhos. O choro tornou-se compulsivo, enquanto apertava a mão da amiga. Porém, fungando para se recompôr, quis dizer algo, e Aurora reconheceu como uma desculpa.

— Não, não precisa – ela impediu-o. – Tá tudo bem. Vai ficar tudo bem.

O menino recusou a ideia de não se desculpar, mas quando a garota respondeu com ainda mais afinco que ele não precisava, Matheus mudou a perspectiva.

— Se... – a voz falhou. – não posso me desculpar... você me deixa agradecer?

Foi a vez dela lacrimejar, e finalmente saltou para um abraço. Apertou-o de leve para não machucá-lo mais, e só abandonou o sorriso que surgiu quando a professora disse que o tempo de visita terminara.  

 


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