O nascer da Lua, da série Peripécias quase Divinas escrita por Ariaza Graim


Capítulo 7
Arco-Íris


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo não tá revisado porque ultimamente eu ando cheia de coisa pra fazer sorry por demorar tanto mas tá aí. Boa leitura :)



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Quando os primeiros raios de sol despontaram no horizonte, eu já estava pronta. Por mais que tentasse não consegui dormir, tudo o que aconteceu nas últimas duas semanas parecia tão surreal que era difícil acreditar que esse era o meu mundo agora. Arrumei minhas coisas e saí da barraca antes de Ellie ou Jake, precisava pensar. Pulei no mar e nadei até o fundo, a água era um consolo para mim, um lugar que eu podia organizar minhas ideias.

Saí já seca e me deparei com Ellie de braços cruzados me encarando.

—Onde esteve? Achamos que algo havia acontecido! –ela falou brava.

—Fui espairecer, não é pra tanto. Vamos?

—Agora. –ela agarrou meu braço a saímos em direção a entrada do acampamento onde alguns deuses e semideuses nos aguardavam.

Jake já estava pronto e conversava seriamente com seu pai. Estávamos nos evitando, depois de ontem não trocamos uma sequer palavra, não era necessário. Nada de distrações, minha consciência me dizia. Me dirigi ao meu irmão que estava com cara de choro.

—Deixe-me ir com você. –ele disse firmemente .

—Não preciso de um guarda-costas Percy, ficarei bem. –disse abraçando-o.

Dei um abraço em Annie e pedi para ela não deixar Percy fazer loucuras. Eu não prometo nada, foi o que ela respondeu e nós rimos. Poseidon já tinha ido embora, não que quisesse ele por perto, eu sentia que ele me ocultava algo e eu descobriria o que era. Alguns semideuses com quem fiz amizade vieram se despedir. Apolo me abraçou e achei o gesto um tanto quanto desnecessário, Afrodite se despediu também e estava o maior grude com a filha.

Quando as despedidas acabaram foi que cruzamos, nós três, a barreira do acampamento. Percebi que o ar ficou mais denso e também que havia magia no ar. Andamos um tempo em silêncio até Jake resolver quebra-lo.

—Meu pai me contou que alguns deuses menores já foram para o lado de Hipnos, ele não está perdendo tempo.

—Qual deus vamos procurar primeiro Lu? –Ellie perguntou e eu tirei uma lista que Zeus havia me dado.

Os nomes eram:

Leto –deusa do anoitecer

Maia –deusa do renascimento e fecundidade

Métis –deusa da saúde e prudência

Aristeu –deus pastor, da apicultura

Eos –deusa do amanhecer

Esculápio –deus da medicina

Hebe –deusa da juventude eterna

Íris –deusa do arco-íris

Circe –deusa da feitiçaria

Jano –deus das escolhas, mudanças e transições

Digamos que eu estava um pouco indecisa em relação a qual escolher, eram tantos e tínhamos que encontra-los em tão pouco tempo. Enfim, fiz uni-duni-tê e acabei escolhendo Íris. Pelo o que eu sabia, a deusa tinha uma relação estável com os olimpianos, não acho que será difícil.

Alguns deuses menores já tinham escolhido seu próprio lado, alguns para o bem outros para o mal. Pra falar a verdade, não sai se o uso desses termos está correto, sempre há prós e contras, cabe a nós pesar quanto vale cada lado. Com toda essa bagunça, não acho que vai demorar algum deus aparecer. Dito e feito.

Pegamos um táxi para a estação de trem mais próxima. Não tínhamos certeza em que lugar estavam os deuses e onde poderíamos acha-los, mas algo me conduzia por dentro, uma bússola, e achei melhor segui-la.

O trem saiu da estação e o sol já irradiava calor do céu. Nos sentamos juntos, fiquei do lado da janela, Ellie ficou de frente para mim e... bem, Jake ficou ao meu lado. Fiquei um tempo olhando a paisagem pela janela, simplesmente não conseguia descansar, minha mente estava a mil. Ellie disse que ia tirar um cochilo, se aconchegou no banco e fechou os olhos. Acho que Jake percebeu minha tensão e segurou minha mão repentinamente a levando aos lábios para um pequeno beijo.

—Vamos conseguir, ficaremos bem. –ele sussurrou e pude sentir sua respiração em meu pescoço quando sua boca falava em meu ouvido. Apenas assenti e continuei encarando a janela. Não sei bem quando adormeci mas quando despertei já devia ser meio-dia.

Quando o trem parou numa estação deserta, resolvi que deveríamos sair. Má ideia volte para o trem, gritou meu cérebro assim que vi a situação da estação. Velha, feia, deprimente, não saberia qual adjetivo seria melhor empregado. Assim que o trem saiu pudemos ver que do outro lado dos trilhos havia uma lanchonete de produtos naturais.

—P.E.V.A.O.I ? –perguntou Ellie confusa. A dislexia realmente causava problemas.

—Não. P.E.V.O.A.I. –respondi calmamente e ela me olhou emburrada. Odiava sua dislexia, e eu a entendo. Bem, não entendo não. Os semideuses costumam ter dislexia mas eu não, o que posso dizer é que com certeza eu tinha déficit de atenção, não consigo ficar parada.

Nos entreolhamos, meu estômago roncou e acho que ele tomou partido também sobre o que iríamos fazer. Entramos com as armas preparadas, Ellie com a mão em sua adaga na cintura, Jake com a mão preparada para puxar a espada escondida em sua perna, eu segurando o medalhão firmemente. Super normal não acha?

Inspecionei o local e nada mais parecia do que uma loja de produtos orgânicos um estilo meio hippie, tirando o fato de ser no meio do nada e que, quando estraram, uma música suave começou a tocar e o ambiente fora todo iluminado. Duas fontes de água jaziam em meio as prateleiras de produtos. Até tentamos ser discretos mas...

—Aaaaa uma barata! Mata! Mata! Mata! –Ellie gritou desesperada trombando em Jake e o jogando na fonte, que se despedaçou derramando água e molhando uma arara com alguns vestidos finos e soltinhos tipo da Sininho.  Típica filha de Afrodite! Aff. Pisei na aranha com o pé a matando.

Bem na hora uma ninfa apareceu. Vestia uma blusa com a mesma sigla e tinha um sorriso alegre no rosto.

—Não se preocupem, isso sempre acontece. Estão seguros aqui, semideuses são sempre bem-vindos! –ela disse alegremente –filha de Poseidon? Poderia recolher essa água por favor? –me virei para ela e com um gesto preciso, vaporizei a água no chão e nas roupas. Ela sorriu para mim, olhei em seu crachá e nele estava seu nome: Maddie.

Quando sequei toda a água, as roupas enxutas ficaram menores do que o normal. A blusa de Jake que também estava molhada, encurtou tanto que o tecido rasgou deixando à mostra seu peitoral definido. Me peguei o encarando, me virei rapidamente para a ninfa, tentando esconder meu rosto corado.

—Com licença, mas gostaríamos de falar com a deusa Íris por favor. Temos um assunto urgente para tratar –eu disse da maneira mais cordial possível. Fazer amizades nunca foi meu forte.

—Ah mas é claro! Minha senhora aguarda vocês. Mas veja só coitadinho! –ela apontou para Jake que parecia desconfortável com toda aquela atenção –Não se preocupe querido, vou arrumar uma blusa para você espere só um pouquinho.

Repreendi a mim mesma por não conseguir desviar os olhos de tudo aquilo. Meus deuses que corpo! Jake me encarou e eu não consegui retribuir, toda vez que o olhava me lembrava daquele beijo. Um beijo rápido, roubado pelo tempo e por toda essa confusão. Não sabia o que sentia, o que se passava dentro de mim. Eu nunca senti isso antes, a simples menção de algo de ruim lhe acontecer já me fazia respirar com dificuldade, seu toque me trazia uma sensação de segurança, carinho. Mas isso não pode acontecer, é perigoso demais, por enquanto pelo menos, nada pode acontecer. Sem distrações. Minha mente me dizia.

—Eles já chegaram Maddie? –uma voz vinda dos fundos da loja me despertou do transe. Seguimos a voz e nos deparamos com uma mulher sentada em uma cadeira de balanço comendo um pacote de biscoitos orgânicos.

—Semideuses, esta é Íris, a deusa do arco-íris. –Maddie apareceu vinda do nada e parando ao lado de Ellie que levou um susto e deu um pequeno pulinho, segurei a risada. A deusa tinha um sorriso solidário no rosto e ficava me encarando com seus olhos multicoloridos.

—Deusa Íris nós estamos aqui para... –Jake começara a falar, agora já vestido com uma camisa estilo polo toda branca, que pena.

—Ela já sabe –cortei sua frase. A deusa se virou para mim mais uma vez e me encarava com curiosidade.

—Como? –Ellie perguntou.

—Íris já sabe o que viemos fazer aqui.

—Mas é educado explicar nossa situação –Jake me disse entre dentes, dava pra notar seu nervosismo pois não era a primeira que eu não seguia a risca as “regras” para falar com um deus.

—Não há problema nenhum querido, sei que o tempo está corrido então é prudente sermos mais diretos. Vocês querem saber em que lado vou me alinhar na guerra iminente? –ela disse calmamente como se estivéssemos em uma sala de aula, a deusa é a professora e eu a aluna que não levanta a mão para falar.

—Exatamente. –disse diretamente. Meu corpo estava ereto e minhas mãos cruzadas atrás do corpo, eu estava bem profissional por fora mas por dentro eu torcia com todas as minhas forças para que Íris escolhesse nosso lado porque senão entraríamos numa fria.

—Para falar a verdade os deuses em sua grande maioria são bem egoístas e egocêntricos mas vocês semideuses não tem culpa por eles serem assim. Escolho o seu lado filha de Poseidon, e espero poder ajudar a vencer essa guerra contra os tolos que acham poder ganhar dos Heróis do Olimpo. –ela disse com convicção e determinação. Era uma deusa corajosa pra colocar sua confiança em apenas mortais. Ellie abriu um sorriso e Jake acenou com a cabeça em forma de respeito.

—Obrigada. –abri um sutil sorriso porém sincero. Menos um.

Quando saímos a deusa ainda nos deu uma bolsa com suprimentos orgânicos e sua benção. A noite chegara e a lua iluminava nosso caminho. Andávamos meio sem rumo, Ellie pelo o que pude ver estava com sono e Jake por mais que sustentasse a expressão determinada era possível ver que também queria descansar. Eu por outro lado estava na ativa, a noite era pelo menos para mim o melhor horário para se pensar, não estava com sono. Pelo relógio de pulso de Jake ainda eram oito horas então para mim estava cedo, segundo Ellie ela precisava dormir cedo pois era considerada um panda em seu chalé, dorme muito! Meu apelido para ela é Bela Adormecida.

Andando e pensando foi que percebi que não conversei com Jake desde ontem. Acho que foi mais por falta de tempo do que opção, eu não consigo decifrar o que sinto por ele, é como se vários peixinhos se agitassem em minha barriga quando ele me beija, ou como se a estrelas ficassem mais brilhantes com sua presença, eu realmente não sei. Foi pensando nele que involuntariamente virei minha cabeça para poder vê-lo atrás de mim o que me causou um rubro nas bochechas ao notar que ele mantinha os olhos em mim, me virei novamente e continuei andando.

Ellie dormia em pé, enquanto andava tropeçou em alguma pedra e caiu de cara no chão. Corremos até ela e Jake a ajudou a levantar, me aproximei da pedra reluzente a qual ela havia caído. O brilho da lua que a iluminava a fazia diferente, retirei a pedra e em baixo, entre a terra havia um pedaço de papel amarelado. O puxei e o abri, a princípio era apenas um velho papel em branco mas a luz da lua o iluminou e este se tornou um mapa, e não qualquer mapa , ele continha todos os deuses menores da minha lista e sua localização.

—Incrível. –sussurrei mais para mim mas Jake e Ellie se aproximaram e examinaram o mapa.

—Ártemis nos deu isso? –Ellie perguntou.  Jake e eu trocamos um breve porém significativo olhar, não podia ser verdade pois a deusa estava muito longe daqui...ou talvez não. Uma pitada de dúvida pairou sobre mim, o que lhe aconteceu?

—Uma pergunta sem resposta. Melhor pararmos um pouco para descansar. –Jake disse. Como estávamos caminhando há um bom tempo por bosques e florestas ele se dirigiu a uma enorme árvore e sentou-se.

—Podem dormir, eu fico com o primeiro turno de vigia. –disse me sentando ao lado dele. Ellie colocou a mochila no chão e a usou como travesseiro, dormiu logo em seguida depois de dar boa noite. O clima ficou estranho, nenhum de nós falava nada.

—Acha que vamos conseguir salvá-la? –Jake já estava quase caindo no sono ao meu lado mas fez a pergunta que martelava em minha mente.

—Eu não sei. –falei olhando para a lua pensativa. Onde você está Ártemis? Pensava. Jake me encarava mas depois suspirou fundo.

Deitou a cabeça em meu colo e me encarou. Esse gesto simples mas cheio se significado me encheu com um sentimento novo e indecifrável.

—Boa noite Luna. –ele disse.

—Boa noite Jake. –sussurrei de volta. Seus lindos olhos refletiam a luz da lua, eles se fecharam e notei que havia dormido. Sorri e calmamente acariciei seu cabelo enquanto olhava para o céu. A noite estava estrelada.

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado! Aguardo comentários :)



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