Vários meses depois da guerra contra Gaia...

Percy abriu e fechou a boca várias vezes, sem a mínima capacidade de dizer alguma coisa.

— Ai, acho que te assustei. Desculpe, força do habito.

— Ahn...eu...quem é você? – Percy disse ainda assustado para a mulher que havia surgido do nada no meio do pequeno quarto.

— Todos me chamam de Corvo.

— Mas você é uma mulher.

Ela riu observando o filho de Poseidon.

— Sim, obrigada por notar.

— Eu...não quis ofender, e só que quando se diz Corvo...

— Eu sei, totalmente Jon Snow, mas é tantos séculos como Corvo quem nem lembro o nome que minha mãe me deu.

— Jon quem?

Corvo olhou o garoto assustada.

— Garoto, você precisa largar essas guerras e viver um pouco. Falando nisso, vá vestir uma roupa que precisamos conversar.

Percy pensou se segurava o lençol ou contracorrente, não sabia como agir, aquela tal Corvo surgiu do nada no quarto alugado com um sorriso o acordado com uma música infantil e agora o mandava se vestir.

—  Para com essa discussão interna e vai logo Jackson. – Ela disse e pegou o controle da minúscula televisão.

Quando Percy saiu do banheiro ela ainda estava lá apertando continuamente o botão da televisão.

— Cara, nada de bom nessa coisa. Enfim, vamos?

— Olha, alguém do Olimpo te mandou porque eu....

— Garoto relaxa, e não estou aqui por causa de nenhum olimpiano. Meu objetivo aqui é você.

Dizendo aquilo Corvo estralou os dedos e Percy sentiu que era puxado para o submundo por Hermes em sua mais alta velocidade.

Quando a sensação passou e o filho de Poseidon teve coragem de abrir os olhos, ficou estático. Nunca havia tido tamanha visão, era lindo e assustador.

— Onde...?

— Em todos os lugares e em lugar nenhum. Caos deu o nome de Vazio.

— Aquela é a terra e o sol, mas também vejo o Olimpo. – Ele girou o corpo – Uma cobra.... e ...aquilo é lava?

Corvo riu com a reação do rapaz.

— Também fiquei assim da primeira vez. É como eu disse, em todos os lugares, mas em lugar algum. Estamos vendo tudo que Caos e Ordem criaram.

— Mas como? E como estar cercado por mil televisões em canais diferentes e estar no centro de tudo.

— Excelente explicação, é exatamente isso Jackson.

Percy parou e por um momento refletiu o que foi dito pela mulher.

— Caos?

Corvo riu até que começou a chorar.

— Adoro você Perseu, vai ser um ótimo tenente.

A música do Kansas era quase ensurdecedora dentro no enorme castelo do Caos.

— Bem-vindo a nossa residência Percy. Desculpe a música alta, e que andam assistindo muito Sobrenatural pelo SBT.

— Você pode, por favor, explicar porque estou aqui? E que papo de tenente é esse?E SB...o que?

— Não te sobrou nada depois da guerra contra Gaia, e como você e poderoso e muito leal pensei em te chamar para ser meu braço direito, e assim servir ao exército do Caos e Ordem. – Corvo disse tudo de uma só vez, direta como uma flecha.

O semideus ficou confuso e por fim vermelho. Todos seus amigos e sua namorada haviam escolhido a imortalidade e ele não.

— Não quero ser imortal, por mais que Annabeth...

— Eu sei que queria uma vida normal Percy ao lado da mulher que você amava. Mas ela fez uma escolha oposta à sua. O que te ofereço e uma oportunidade de ser quem você é, se você seria imortal, com certeza sim. Mas livre também, se percebe isso pela música alta que estamos ouvindo.  E é claro que poderá desistir da imortalidade quando quiser.

— Eu não sou bom, tudo que fiz, foi...

— Ave menino, pare de ser tão humilde, aceite um pouco de reconhecimento. E eu te escolhi, não por ter ajudado a vencer guerras, mas pela sua fidelidade. Como disse, você tem um direito de escolha, mas antes de decidir, vamos conhecer o Exército do pequeno Caos, quem sabe não te ajuda.

— Do pequeno Caos? – Percy sussurrou. Era obvio que ele sabia que ela se referia ao criador e ascendente de todos os deuses.

Corvo sorriu.

— Vem comigo semideus e relaxa por que o passeio vai ser longo.