Guto & Benê - ITS TOO LATE TOO SAY SORRY escrita por Kayle


Capítulo 3
Aquele em que se apanha uma Bebedeira


Notas iniciais do capítulo

mais um capitulo.



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A casa do Guto estava em silêncio, completamente em silêncio. Se os pais dele entrassem alí naquele momento ficariam bastante surpresos. O garoto estava esparramado no sofá, a sala estava cheia de cacos de vidros, e em cima da mesa encontrava-se uma garrafa de Jack Daniels, meio vazia. O menino tinha partido uma jarra na tentativa de eliminar a sua raiva, beber foi a sua alternativa para eliminar a angústia que o consumia. Olhou para o telemóvel e nada, nenhuma notificação da Benê. Em compensação tinha muitas da Clara. Mas não era com ela que queria falar.       
            O menino riu-se dos próprios pensamentos. Em um mundo ideal estaria interessado pela Clara. O que mais um garoto podia pedir? Não eram garotas como ela que todos queriam? Garotas bonitas, ricas, com classe, uma garota que não representasse um desafio. Todos, todos, menos ele. Nunca se tinha interessado por ninguém. Só conhecia o termo paixão de nome. A verdade é que tinha ficado apenas com três garotas na sua vida. A Patrícia no prezinho, a Samantha e a Benedita. A Patrícia tinha sido aquelas coisas de miúdos, quase aquelas cenas de filmes do final da tarde, dois miúdos a brincar e a miúda aproximou-se rapidamente e encostou a sua boca a dele. A Samanta tinha sido outra história, para ser sincero não se lembrava de todos os detalhes. Eles sempre tinham sido amigos, lembrava-se que os amigos o zoavam porque nunca o viram interessado em ninguém, então não soube por influência ou pelos copos que tinham tomado naquela festa, aconteceu, ele e a Samanta beijaram-se. Não foi mau mas também não foi bom, como explicar não havia qualquer tipo de emoção.      
            Depois do ocorrido, Guto teve mais a certeza que nunca que não era como todos. Claro que cogitou a ideia da homossexualidade, de tanto lhe dizerem aquela ideia ficou-lhe a martelar na cabeça. Mas nunca se tinha sentido atraído por rapaz nenhum, ele era simplesmente diferente. Não se interessava por namoros e pegação, mas quem sabe um dia não aparecesse alguém que lhe mudasse as ideias.         
            A Benedita entrou na sua vida como um furacão. Com ela foi tudo tão natural, tão espontâneo. Lembra-se do rápido beijo que tinham partilhado naquela mesa de perbolim. Tinha sido logo depois de ela lhe ganhar, coisa que o tinha deixado furioso. Além da música o seu maior amor era o seu orgulho. Estava meio perdido em pensamentos, quando sentiu umas mãos pequenas a vira-lo, tinha sido tudo muito rápido, quando deu por si já a menina estava com os lábios encostados aos seus.  O que sentiu? Muitas coisas, choque, nervosismo, lembrava-se vagamente das suas mãos pairarem sobre a cintura fina da menina. Lembrava-se que por um segundo teve vontade de a beijar a serio, de puxa-la para ele, abrir-lhe a boca com sua língua. Mas o segundo passou e o seu lado racional venceu e não o deixava esquecer que ela era esquisita e que nunca poderia pertencer ao seu mundo.      
            Pensando bem era quase engraçado. Lembra-se de todos os detalhes, lembra-se da roupa que ela vestia e do modo como tinha ficado corada quando se tinham separado. Lembrava-se também do modo como ela pouco a pouco foi ganhando a sua admiração. Do modo como ela tentava e nunca desistia. Do sorriso tímido quando acertava uma melodia mais difícil no piano.
            As lagrimas já escorriam pela face do garoto. Não podia sentir nada por ela, não. Sempre tinha controlado os seus sentimentos, sempre fora focado. Sabia o que queria da vida, estudar piano em Oxford, queria encher pavilhões. A Benê não fazia parte do seu mundo. Pensou em uma justificação lógica.

            - Augusto, tu não tas apaixonado apenas estas a sentir-te culpado.
            Repetiu aquela frase mil vezes, enquanto levava a garrafa aos lábios uma e outra vez. Não demorou para estar completamente fora de si, aos trambolhões dirigiu-se a porta. O seu estado não o deixava pensar direito. Tinha ir até ao Cora Coralina, tinha que falar com a Benê.
 

            A Benê entrou no seu quarto. A tarde tinha sido boa. Levou o Rodrigo a conhecer grande parte da cidade. Tinha sido bom, ele fazia a rir, fazia-a esquecer o quão quebrava se sentia. Quando era nova, lembrava-se da mãe dizer que não se podia confiar nos homens. Claro que ela achava que a filha não estava a ouvir, mas a curiosidade da Benê sempre a fez ver e ouvir mais do que devia e queria. Quando o pai morava com eles, lembrava-se que as discussões eram constantes, lembrava-se que tentava tapar os ouvidos, aquilo incomodava a tanto. Um dia o pai simplesmente foi embora, deixou uma nota, e um buraco no seu coração. Isto tinha acontecido quando tinha doze anos. Aquele dia algo tinha sido perdido dentro da menina, que já não entendia as emoções, e disse para si mesma que nunca iria sentir aquele tipo de coisas outra vez. Se o amor era aquilo, ela não se queria apaixonar. Mas a ideia de se apaixonar era uma coisa tão longínqua, naquela altura a menina só queria duas coisas, voltar a ver o pai, e ter amigas.
            Quando conheceu as suas five, esse buraco deixou de doer, foi de alguma maneira preenchido, além de que começou a tocar piano, tocar enchia-lhe a alma. Começou a entender um pouco das suas emoções. E quando conheceu o Guto, pensou que talvez apaixonar-se não fosse tão mau. Olhava para ele e esquecia de todos os motivos que tinha para não gostar de ninguém. Sabia que não ia suportar perder alguém como perdeu o pai. Cada dia avançava mais no piano, cada dia entendia mais de si, e cada dia se sentia mais conectada com o seu professor. Nem sempre era fácil, mesmo não entendendo muito da vida, sabia que o Guto era muito diferente dela, sabia que seria difícil ele olhar para ela. Mas de uma forma estranha ele parecia olhar, eles tinham um estranho entendimento entres eles, era como se entendessem não com palavras mas com o olhar.     Com ele começou a vivenciar verdadeiramente as suas emoções, sentiu raiva, sentiu nervosismo, sentiu ciúme, sentiu alegria, sentiu tanta coisa. Mas como sempre tinha entendido tudo mal. “ A gente nem amigo é direito”. Naquele momento só conseguia sentir uma pontada no peito.     
      Precisava de se distrair, pegou no seu telemóvel e abriu a sua playlist mas a musica que estava a tocar não ajudou nada o seu ânimo. Pelo contrário apenas lhe trouxe mais memorias.
            “ You can´t hear me cry ( Tu não podes ouvir-me chorar)   
               See my dreams all die ( 
Ver todos os meus sonhos morreram)    
               From where you are standing on your own ( De onde você esta por conta própria). 

A música parecia falar dela. Era assim que se sentia quebrava, com os seus sonhos desfeitos.          When you told me you´d leave (Quando você contou que iria embora) 

    I felt like i couldn´t breath (eu senti que não podia respirar).
    My aching body felt to the flor ( Meu corpo dolorido caiu sobre o chão).           
            Tinha sido assim que se tinha sentido com a rejeição dele. No momento em que as palavras saíram da sua boca, sentiu que não conseguia respirar, sentia-se sem forças. Lembrava-se de ter corrido e corrido e de ter parado perto da lanchonete do Roney, de ter escorregado sem forças pela parede e de ter abraçado as pernas e deixado as lagrimas rolar.     
              Then I called you at home (Então eu liguei para você em casa)    
        You said you weren´t alone. ( Você disse que não estava sozinho).          
             I Should have know better ( 
Eu devia ter sabido melhor)   
             Now it hurts much more (agora doi muito mais).    
            Ela devia ter percebido antes. Como tudo estava primeiro para ele, como a Clara e a Samanta eram a sua prioridade. Teria doido menos. Neste momento ele devia estar com elas, a riram-se dela que tinha sido uma boba.  
              You cause my heart to bleed and (Você fez o meu coração sangrar e)      
              You still owe me a reason (Você ainda me deve uma razão)         
               Cause i can´t figure out why (Porque eu não consigo entender o porque)
            Era assim que o seu coração estava a sangrar, e a verdade é que ela não entendia nada. Não entendia o porque das palavras dele, e não entendia o porque de ele não gostar dela. As lagrimas já rolavam outra vez pela cara da menina. Ela mudou rapidamente de música. Ficou assim um tempo, até a mãe a chamar para jantar. Limpou as lagrimas do rosto e dirigiu-se a cozinha. O jantar estava a correr bem, até que os três elementos da família se assustaram com um estrondo na porta.      
         - BENEDITA ANDA AQUI EU PRECISO DE TI LA LA LA – cantarolava um Guto bastante embriagado    
       - Guto!!!..... Mãe por favor vai lá e diz que eu não estou.   
      - Se a Benedita não sair a porta eu vou abrir, la la la. Eu sei cantar por isso um show vou dar. BENEEEEEEEEEEEEE!!!  
      - Deixa comigo que eu espanto o playboizinho – disse o Julinho.   
            - Gosto tanto de você Benedita, pera é LEOZINHAAAAA – continuava a cantar o menino completamente alterado.       
            O Julinho abriu de força a porta o que fez com que o garoto quase caísse.            
            - O que cê quer o Playba?     
            - Be-ne-di-ta. Eu quero a Be-ne-di-ta. ONDE É QUE ELA TA?  
            - Não há Benedita aqui não. Baza daqui.     
            O menino tentou empurrou o Guto para fora, mas no estado dele, ela acabou por cair direito no chão da casa. Vendo isto a Benê levantou-se precisava de o levar para casa.          
            - Ih filha, seu amigo ta com uma daquelas, nossa senhora – disse  a Josefina ligeiramente divertida.
            A menina ajoelhou-se perto de onde o Guto estava, que no seu estado levou a mão ao seu rosto, acariciando-lhe a face.          
            - Você é um anjooooooo. És um anjo Benedita? – disse com um ar embevecido.             

A menina olhou para ele com uma cara de desaprovação. Pediu a mãe para ligar para o táxi, enquanto ela ligava para a Lica a perguntar a morada do menino. No estado em que estava não era capaz nem de se lembrar do próprio nome. O táxi não tardou a chegar, e com a ajuda da mãe lá conseguiram meter o garoto no táxi. A Benê sentou-se ao lado dele, que agora começou a cantar um Anjo veio me falar. A cabeça do menino estava encostada no seu ombro, e esta pequena proximidade pareceu acalma-lo.

 Quando chegaram ao prédio do menino foi outro desafio, ele mal se segurava nas pernas. O Porteiro ajudou a a segura-lo enquanto esperavam pelo elevador. A muito custo a menina tirou a chave do seu bolso e conseguiu abrir a porta. Levou-o até ao quarto e tentou deita-lo.
            - Esta muito muito calor, calor – disse o rapaz resistindo a deitar-se.         Nisto começou a tirar a sua camisa. A menina tentou, mas não conseguia tirar os olhos do abdómen do menino, que subia e descia conforme a sua respiração. Estava quase hipnotizada. Forçou-se a olhar para cima e voltou a tentar deita-lo na cama. Mas com a resistência que ele oferecia acabou por cair em cima dele. Os seus rostos bastante próximos, as mãos do menino a cercar a sua cintura.         
            - OPA – Disse com uma voz divertida o menino.    
            Aproximou mais o rosto dela, ficando as suas caras a centímetros de distância. Naquele momento a menina não conseguia pensar….


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Notas finais do capítulo

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