Cristais de gelo escrita por J S Dumont


Capítulo 7
Capitulo 7 - Pesadelos


Notas iniciais do capítulo

Olá aqui é a J. S Dumont, postando um novo capitulo para vocês de "Cristais de Gelo", espero que gostem e não deixem de deixar seu comentário, era para ter saido na quarta, mas agora que acabou minhas provas, não posto desde domingo então atrasou tudo, mas agora vou por tudo em dia de novo, COMENTEM esse capitulo tá bem legal. Bgs :)



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7. Pesadelos

— M-Me desculpa! – eu gaguejei, sentindo cada vez o meu rosto esquentar mais. Os dois continuavam me encarando, Peeta estava cada vez mais vermelho e Glimmer me olhava com um semblante de raiva que ficava mais visível a cada segundo que passava.

— Você já está com outra mulher! – Glimmer gritou olhando para Peeta. – Nem assinamos o papel do divorcio e você já arrumou outra, com certeza essa vadia já deveria ser sua amante! – Glimmer gritava de forma histérica, era estranho, pois a voz dela estava meio embolada, ela deu um empurrão em Peeta, mas foi ela que foi para trás, se desequilibrando e caindo sentada no chão. Ela começou a chorar compulsivamente, e eu fiquei observando toda a cena com os lábios entreabertos.

— Glimmer, ela é uma amiga, não temos um caso, vem se levanta! – Peeta dizia todo paciente, ajudando-a a se levantar do chão. – Vem, vamos a cozinha para você tomar um café!

Meus olhos começaram a marejar e eu nem sabia o porque, Peeta voltou a me olhar, mas seu olhar era indecifrável, eu me virei e voltei correndo para o quarto, entrei, fechei a porta e segurei o choro. Parecia que agora tudo estava se encaixando. Ele não querer me falar o motivo da sua separação, as suas palavras enigmáticas, agora tudo fazia sentido em minha mente.

Abri o guarda roupa e comecei a tirar as roupas que comprei, eu não tinha mala, então tive que usar as sacolas que peguei nas lojas quando comprei as roupas, eu fui enfiando-as nas sacolas e as primeiras lágrimas começaram a descer pelo meu rosto. Passei a mão em cima delas com raiva, retirando-as rapidamente.

Parei o que estava fazendo por alguns segundos para pensar: Seria certo eu levar as roupas? Afinal foi Peeta que as pagou. Então logo pensei: posso leva-las e deixar algumas notas de dinheiro, pagando ele pelas roupas. Então decidida a fazer isso eu enfiei as roupas dentro das sacolas.

Depois de terminar, eu peguei o celular e comecei a discar o numero de Finnick, mas antes de eu conseguir completar a ligação, a porta do meu quarto se abriu, eu me sobressaltei e assustada olhei para porta, avistei Peeta entrando em meu quarto. Primeiro ele olhou para mim, depois para as sacolas de roupas que estavam na cama. Seus lábios se entreabriram.

— O que você está fazendo? – ele perguntou.

— Eu vou embora! – eu respondi.

— Não! – ele disse assustado, aproximando-se rapidamente de mim. – Você não precisa fazer isso!

— Sim, eu preciso! – eu disse. – Eu estou te dando problemas!

— Você não está dando problemas nenhum, tanto que eu quero te pedir desculpas pelo que você viu, eu não esperava que Glimmer fosse aparecer, eu não imaginava, ela aparecer aqui bêbada, ela ultrapassou todos os limites!

— Onde ela está? – perguntei.

— Richard foi leva-la para casa! – ele respondeu e depois soltou um longo suspiro.  – Você não precisa ir embora...

— Como não? Olha o problema que eu causei, também, como ela não ia imaginar que temos alguma coisa? Eu estava descendo as escadas somente de roupão, vivemos só nos dois aqui, sem contar os empregados é lógico, qualquer um pensaria que temos um caso... – eu disse.

— Não importa, ela e eu estamos nos divorciando, eu não devo explicações para ela, você não precisa ir embora por isso... – ele disse, e eu discordei com a cabeça, não muito confiante. Ele então suspirou. – Por favor, fica!

— Por que Peeta? Por que você insiste? – eu perguntei.

Ele segurou uma das minhas mãos.

— Eu quero te ajudar, eu não quero que você vá embora daqui, eu não quero que a pessoa que te machucou te machuque de novo... – ele disse. – E gosto de você aqui, um pelo menos pode fazer companhia ao outro...

Eu sorri levemente para ele, depois desviei o olhar, olhando para o chão.

— Você não me contou que tinha filhos... – eu disse, soltei a mão dele e fui até a cômoda, colocando o celular em cima dela.

Peeta suspirou.

— É eu sei, eu ainda iria te contar, mas eles não são meus filhos legítimos, mas para mim é como se fosse, eu queria ter trazido eles para fazenda, mas Glimmer não permitiu, argumentando que eu não sou pai deles... – ele deu um sorriso nervoso, e sentou-se na cama. Eu fiquei apenas o observando.  – Nesse momento ela joga na minha cara que eles não são meus filhos de sangue, mas quando vivíamos juntos ela fazia questão de dizer que eles são meus filhos, pois fui eu que os criei! – notei que os olhos de Peeta começaram a marejar e eu senti-me mal por ele. – Sabe Katniss... – ele agora olhava para mim, seus olhos brilhavam devido as lágrimas que ele segurava. – Eu demorei muito tempo para decidir me divorciar dela apenas por causa deles, eu só tive a coragem quando Molly, a nossa empregada disse que cuidaria bem deles, que não deixaria eles sozinhos por nenhum minuto, ela jurou isso para mim, que não a deixaria machuca-los, mas mesmo assim toda noite eu penso neles e fico com medo do que pode acontecer, tem noites que eu fico pensando se eles estão bem, e isso é perturbador!

— Você acha que ela pode machuca-los? – eu perguntei a ele.

Ele concordou com a cabeça.

— Glimmer é alcoólatra, quando ela está bêbada ela não tem paciência com eles, ela já bateu neles e algumas vezes se eu não tivesse entrado no meio... – Peeta passou a mão no cabelo, parecia mesmo preocupado. – Eu entrei na justiça para ficar com a guarda deles, assim quando entrei com o pedido de divorcio, mas ainda está em andamento...

— Foi por isso que você decidiu se divorciar dela? – perguntei, surpresa com o que ele estava me contando, Peeta me olhou e concordou com a cabeça.

— Quando me casei com ela, ela não era assim, ela bebia mais não tanto, mas depois que fizemos um ano de casados, as coisas começaram a mudar, ela começou a beber mais, mais, até ficar dependente... Eu tentei Katniss, tentei de todas as formas fazê-la parar de beber, mas ela não fez um mínimo de esforço para colaborar, eu avisei varias vezes para ela que isso iria acontecer, que se ela não parasse eu iria me divorciar, mas ela não acreditou e eu não podia continuar, eu não estou fazendo isso só por mim, mas também pelas crianças, eu preciso tentar tirá-las dela!

— Quantas são? – perguntei para ele.

— Duas, são dois meninos, um de sete anos e outro de cinco...  – ele disse e então ele sorriu, ao mesmo tempo em que os seus olhos brilhavam.

— Quantos anos vocês estavam casados? – perguntei.

— Quatro anos! – ele respondeu, olhando diretamente para mim.

Eu sorri levemente e aproximei-me um pouco.

— Sabe, é incrível... As nossas vidas são tão diferentes e ao mesmo tempo são tão parecidas! – eu confessei, ele me encarou com as sobrancelhas franzidas.

— Como? – ele perguntou.

— Eu também sou casada Peeta! – eu confessei. – E foi ele que deixou o meu olho roxo, ele também é alcoólatra, e quando ele bebe ele imagina coisas que não existem, ele tem um ciúmes possessivo por mim, e sempre quando cria coisas em sua mente, ele me batia, me violentava e queria me prender dentro de casa! – meus olhos marejavam enquanto eu me lembrava de todos esses anos de tormento que vivi ao lado de Cato. – Quando ele ameaçou de me prender dentro de casa eu fugi, roubei o dinheiro dele e me hospedei num motel barato, próximo da onde você me atropelou...

— Por isso você não queria que eu te levasse para o hospital! – ele disse e eu confirmei com a cabeça. - Eu já imaginava que você estava fugindo de algum homem, só não tinha certeza se esse homem era seu marido...

— Nós dois acabamos sendo vitimas de pessoas viciadas em bebida... – eu falei, e Peeta então olhou para o chão, ficou quieto por alguns segundos. - Qual é o nome deles? – eu perguntei e então ele voltou a me olhar.

— Das crianças? – ele perguntou e eu confirmei com a cabeça. – Logan é o mais velho e Alex o mais novo... E você não tem filhos?

Eu discordei com a cabeça.

— Sempre tomei remédios para não engravidar, eu não queria ter filhos com ele, eu tinha medo também dele não querer e me dar uma surra até eu abortar... – respondi e depois sentei do lado dele e o olhei, Peeta também me encarou e eu não pude evitar ficar um pouco nervosa com a aproximação.

— Você fez muito bem em fugir, esse homem é um desgraçado... – ele disse, olhando para mim.

— Só me arrependo de ter esperado tanto tempo para fazer isso! – eu disse a ele, e então senti Peeta tocar em minha mão, era um gesto pequeno, porém suficiente para me deixar nervosa.

— Eu acredito que tudo acontece no momento certo, quem sabe não tenha sido obra do destino eu ter te atropelado, afinal, hoje você está aqui graças a isso... – ele disse, e eu sorri para ele. Isso eu tinha que concordar. – Você vai continuar aqui? – ele perguntou para mim.

— Você jura que eu não estou te atrapalhando? – perguntei a ele.

— É claro que não! – ele disse, sorrindo e eu acabei sorrindo de volta para ele.

— Tá, então eu fico! – eu respondi, ainda sorrindo e o sorriso de Peeta se alargou.

+++

Eu tive dificuldades para dormir, não sei quanto tempo fiquei apenas encarando o teto do quarto, eu não conseguia esquecer o momento em que Glimmer apareceu na casa de Peeta daquele jeito tão descontrolado. Foi então que eu comecei a pensar em como a bebida destrói a vida das pessoas, primeiro Cato que poderia ter tido tudo, ele podia ser um grande homem, mas a bebida o transformou num fraco, covarde e inseguro.

E Glimmer, outro exemplo, ela casou-se com um homem bom, que gostava dos filhos dela como se fosse dele, mas ela não deu valor, perdeu tudo por causa da bebida. Bebida... Ela além de destruir a vida do alcoólatra também consegue machucar as pessoas a sua volta, como foi no caso de Peeta e dos filhos dela, como também foi no meu caso.

Enquanto ainda pensava, tendo como companhia apenas o silêncio da madrugada, ouvi algo que acabou chamando a minha atenção e que acabou quebrando aquele silencio absoluto.

Gemidos, sim pareciam gemidos de dores, de angustia, lamuria...  Eu sentei-me na cama, olhei para o chão, e continuei prestando atenção. Alguém gemia, murmurava algo, dava para perceber que eram gemidos masculinos, logo pensei que só poderia ser de Peeta.

Levantei-me da cama e abri a porta do quarto, comecei a caminhar lentamente pelo corredor em direção da onde vinha o barulho. O som me levou em frente a uma porta, em frente a ela eu conseguia escutar bem mais alto os gemidos de sofrimento. Eu fiquei meio receosa, mas mesmo assim girei a maçaneta. Assim que eu abri a porta de uma só vez deparei-me com o quarto de Peeta, as luzes estavam apagadas, mas a janela estava aberta, permitindo a entrada fraca da iluminação.

Deitado na cama estava Peeta remexendo-se para um lado e para o outro da cama, murmurando algo incompreensível, ele remexia-se de forma tão agitada que o cobertor que antes estava por cima dele, agora estava caído no chão, aproximei-me rapidamente dele, notei o tanto que ele soava, mas ao colocar a mão em seu braço, percebi que seu corpo estava gelado. Olhei para janela e vi como a cortina movia-se com força. Uma corrente de ar fria estava entrando pela janela, o quarto estava totalmente gelado.

Pensei em fechar a janela, mas antes fui até o abajur, ligando-o para deixar o quarto com pelo menos um pouco de claridade, em seguida, aproximei-me da janela e tive um pouco de dificuldades para fechá-la, enquanto tentava, a minha camisola movia-se para trás assim como os meus cabelos, que caíram sobre meu rosto, cobrindo os meus olhos. Demorou um tempo para eu finalmente conseguir tirar o cabelo do meu rosto. Suspirei aliviada e em seguida aproximei-me de Peeta.

Ele continuava se remexendo na cama, murmurando e gemendo coisas que não dava para entender, a expressão de seu rosto não deixava duvidas de quanto ele estava sofrendo, vê-lo naquela situação fazia com que ela pensasse nas dores que ele carregava. Ele estaria tendo pesadelos com as crianças que ele amava como filhos? Ou seria Glimmer que o afetou e agora ele está tendo pesadelo com ela?

Peeta estava sem camisa e apenas com a calça do pijama, vê-lo com a parte de cima nu, deixou-me levemente nervosa, eu peguei o cobertor do chão e voltei a coloca-lo no corpo de Peeta, em seguida deitei ao lado dele, cobri-me com o cobertor, cheguei mais perto, e coloquei o braço em volta dele, ele instintivamente levou o corpo para trás, no impulso de se afastar. Mas eu insisti, permaneci na mesma posição, até que ele desistiu e acabou deitando sua cabeça em meu ombro.

Coloquei a mão na testa dele e vi o quanto que ela soava, embora o corpo dele estivesse gelado, ele parecia estar soando frio, somente desejei que aquele pesadelo acabasse logo. Eu sentia-me mal em vê-lo sofrer, olhando-o daquele jeito, dava apenas a impressão de que ele parecia apenas um menino fraco e vulnerável, precisando de proteção.

— Shhh... Vai ficar tudo bem... – eu falei para ele, deitando a minha cabeça no travesseiro, compartilhando-o com ele, Peeta soltou um suspiro, parecia que ele estava relaxando, o que antes o agoniava estava cessando, ele passou um dos seus braços em volta do meu corpo, e agora coberto pelo cobertor, seu corpo estava mais quente e comecei sentir aquele calor gostoso invadindo o meu corpo, tomando-me por completo. Eu quis me levantar, sair desesperadamente dali, mas eu não tive forças sequer para me mexer, enquanto observava o rosto de Peeta encostado em meu ombro, acabei adormecendo sem perceber.

Continua...


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