From Exoplanet escrita por amandabzapata


Capítulo 3
Two Suns (Parte I)




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Suncheon, Coreia do Sul

O rapaz acordou zonzo. Seu rosto estava encostado à grama, e ele podia sentir a chuva da noite anterior sobre ela. Ele se sentou lentamente e olhou ao redor. Onde ele estava? Não reconhecia o lugar e não tinha lembranças de como chegara lá.

Ouviu seu estômago fazer um barulho e colocou as mãos sobre a barriga. Sentia fome. Olhou mais uma vez ao redor e não viu ninguém. Então se levantou, cambaleando, e por alguns instantes ficou parado, apenas sentindo a brisa bater contra seu corpo e o sol aquecer sua pele morena.

Após caminhar por alguns minutos, o rapaz avistou um extenso caminho de madeira, similar a uma ponte, que ficava vários centímetros acima da grama.  Havia muitas pessoas andando sobre a ponte e algumas até apontaram em sua direção.

— Você se perdeu? – Uma senhora de meia idade se aproximou do limite da ponte.

Ele olhou ao redor para se certificar de que era com ele mesmo com quem a senhora falava e então assentiu.

— Você está machucado? – Um homem dentre o grupo de pessoas se adiantou.

Ele estava? Não sabia. Ao menos não sentia nada ruim. Pensou que isso era uma coisa boa, e então negou com a cabeça.

— Venha, vou te ajudar a subir. – Disse o mesmo homem, estendendo as mãos para ele, que se adiantou e, segurando firme nas mãos do homem, subiu na ponte. – Você está bem? – Ele assentiu. – Qual o seu nome?

Ele encarou o homem pelo que pareceram longos minutos; a pergunta ecoando em sua mente. Ele não se lembrava do seu nome e muito menos quem era.

 

Seul, Coreia do Sul

O jovem sentiu alguém esbarrar nele e se desequilibrou, cambaleando para frente. A mulher que passou por ele esbravejou para ele não ficar parado no meio do caminho e seguiu em frente.

As pessoas ao seu redor passavam tão rápido por ele, que tudo parecia um grande borrão de cores. Sem expressão, ele olhava fixamente para o ponto mais longe que conseguia. Não sabia exatamente o porquê de fazer isso, apenas sentia que se parasse, iria cair de joelhos.

Contudo, em meio a grande movimentação deste lugar, um discreto movimento foi captado pelo canto de seus olhos. Á sua esquerda, uma pequena mancha alaranjada pairava próxima a ele.

O jovem estendeu uma das mãos na direção da borboleta monarca e então sentiu outra pessoa esbarrando nele; dessa vez um homem teve seu caminho interrompido pelo braço dele.

— Você está louco?! – O homem proferiu, desviando a atenção dele da borboleta, antes de murmurar uma ofensa e seguir seu caminho.

Voltando o olhar onde antes estava, o jovem não viu mais a borboleta. Olhou ao redor e a encontrou a alguns passos atrás dele. Ele começou a segui-la, e parecia que ela estava esperando por ele, pois apenas quando ele se aproximava, ela continuava a voar.

 

Goyang, Coreia do Sul

Um grito fez o rapaz se sobressaltar e bater sua cabeça em um algo sólido. Ao se virar para trás, descobriu que era uma enorme parede de pedra. Então risos vieram, o tranquilizando. Crianças corriam e brincavam próximo a ele.

Ele apoiou as mãos na terra para se levantar e sentiu como se algo o tivesse fortalecido. Ele tinha caído? Como não se lembrava? Ninguém tinha percebido?

O rapaz observou como as pessoas ao seu redor se comportavam, então colocando as mãos nos bolsos da calça, começando a caminhar despreocupadamente. Ou, ao menos era o que aparentava, pois em sua mente não havia nada de despreocupado, ela era um turbilhão de pensamentos.

Uma menininha correu até ele e parou em sua frente, fazendo-o parar sua caminhada.

— Oppa, você é bonito! – E saiu correndo, seguida por um garoto pouco mais velho, que repetia que “Soo Jin tem um namorado”.

Ele então sorriu e voltou a caminhar.

 

Seul, Coreia do Sul

A sensação de imersão o tranquilizou. Ele abriu os olhos, mas logo os fechou quando percebeu que o sol estava logo acima dele. Prestou atenção naquele movimento tranquilo que o envolvia e, cuidadosamente, abriu uma fresta dos olhos apenas para que pudesse se sentar e entender onde estava.

Ele olhou para aquela imensidão de água e sorriu; aquele lugar o fazia se sentir bem. Mergulhou as mãos na água e as encarou por um instante. Qual seria a sensação se...? Ele se levantou da borda do rio e pulou mais ao fundo, mergulhando em seguida. Um sentimento de que estava em casa o invadiu. Mas logo um pensamento o atingiu. Casa. Aonde era a casa dele?

O jovem voltou à superfície e olhou aquela imensidão de água ao seu redor. E foi assim mesmo que sentiu: minúsculo, perante a imensidão que o envolvia.

 

Bucheon, Coreia do Sul

Mesmo de olhos fechados, o rapaz percebeu que havia um grande foco de luz ao seu redor. Mas logo tudo escureceu. Tomado por um súbito temor, ele se sentou rapidamente e abriu os olhos. Sua franja tampava sua visão, então ele balançou a cabeça para o lado, jogando-a para trás, a fim de enxergar melhor. E tudo o que ele encontrou foi escuridão.

As luzes então voltaram a se acender, todas de uma só vez, vibrantes e coloridas, surpreendendo o rapaz. Ele riu, tomado por uma felicidade infantil. Se as luzes se apagavam, era só por poucos instantes, pois logo elas se acendiam novamente e dançavam em frente a todos que lá estavam.

O rapaz estava maravilhado e então começou a bater as palmas das mãos repetidas vezes, imitando as pessoas ao seu redor.

As luzes agora se encontravam constantemente acesas e as pessoas se dispersavam, mas o rapaz não entendia o porquê; pois ele queria permanecer mais tempo olhando todas aquelas cores. O que era aquilo? E por que aquilo o deixava tão cheio de sentimentos bons?

 

Seul, Coreia do Sul

O jovem sentiu o corpo pender para o lado, e se apoiou na estrutura de um ponto de ônibus próximo a ele, para não cair. Estava escuro ou será que ele estava prestes a perder os sentidos?

Encarando o chão, teve um vislumbre das suas roupas. Usava uma camiseta e uma calça preta, com um sobretudo de mesma cor. Um vento frio batia contra seu rosto desprotegido, mas ainda assim ele se sentia quente. Ele levantou o olhar e percebeu que era noite.

Havia duas pessoas sentadas nas extremidades do banco do ponto. Ele queria se sentar, mas hesitou. Porém, sentindo que o mal-estar era maior, ele se sentou dentre as duas pessoas.

O homem à sua esquerda se levantou e, um pequeno brilho nas mãos dele chamou a atenção do rapaz, fazendo-o encarar o homem.

O brilho dera lugar à fumaça que saía do cigarro do homem. O jovem o encarava com tamanha curiosidade, que fez o homem estender o isqueiro a ele.

— Você precisa de fogo?

O jovem encarou fixamente o pequeno objeto prateado nas mãos do homem.


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