Unidos pelo acaso escrita por May Prince


Capítulo 5
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Nos vemos lá embaixo!
Boa leitura!



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Depois de um jantar agradável  com meus avôs e Ray, estava lavando toda a louça do jantar, ainda não tinha contado sobre a gravidez.

Assim que os três chegaram, eu arrastei a vovó para o banheiro e pedi para que fosse discreta, disse que eu não estava me sentindo bem e que não estava preparada para essa surpresa. Ela me mandou parar de ser fresca e aproveitar a oportunidade de que Ray já estava na minha casa e que quando ela e Stephen fossem embora, Ray e eu deveríamos ficar sozinhos para eu “tirar o atraso”. E para mostrar a vovó que eu não estava brincando quando disse que não estava bem, tive uma vertigem no banheiro e que deixou mais branca do que já sou. Ela concordou em ser uma avó normal pelo menos em uma noite. Stephen percebeu, pois perguntou a ela se estava tudo bem, ela só assentiu. Então o jantar se resumiu em contar histórias da infância e gargalhar. Ah! Os três elogiaram muito a minha comida feita por um restaurante, porém ninguém precisava saber da última parte.

Ray contou que era dono de uma empresa de tecnologia em crescimento, ele estava erguendo seu próprio império. Ele era um cara legal, tinha o ego um pouco elevado, mas ainda assim era uma companhia agradável.

— Com licença? - Falou Ray me fazendo dar um salto de susto – Desculpe, eu não queria te assustar

— Não, tudo bem – sorri

 - Desculpe por ter estragado seu jantar em família, sua avó... – disse encostando à bancada da pia ao meu lado.

— Não se preocupe, eu sei como a vovó pode ser inconveniente quando quer.

— Vim para cá tem pouco tempo, não conheço ninguém, eu queria poder ter uma oportunidade de...

— Eu estou grávida. – Porque eu falei isso para um desconhecido? Talvez eu queria usar minha gravidez para escapar de um encontro. Ele abriu a boca em um “O” e ficou me olhando como se eu fosse um alien

— Isso muda muita coisa... – franziu o cenho

— Isso muda o que? – falei desligando a torneira e cruzando os braços na frente do peito.

— Esse jantar era pra você contar? – assenti ainda de braços cruzados – Sua avó me disse que você era solteira, mas não me disse que estava grávida.

— E qual o problema de estar grávida e ir a um encontro?

— Eu já estou encantado por você - Eu não me senti lisonjeada com o fato dele estar encantado por mim, muito pelo contrario, eu estava ficando furiosa. – Mas... É uma criança não é? Muita responsabilidade. Eu não quero ter que bancar o filho de outro...

— Mas que porra você está falando? – me alterei

— Entenda, Felicity, somos perfeitos um para o outro. Fizemos o mesmo curso, temos as mesmas pretensões de vida. Se começarmos algo agora, com certeza irá pra frente. Uma gravidez seria um atraso... Não vou bancar o filho de outro cara.

— Primeiro, eu nunca te dei condições para nada. Segundo, esse jantar era em família, e você não pode vir na minha casa e insular meu bebê, dizer que ele é um atraso para algo que só existe na sua cabeça. Terceiro, nós não iríamos pra frente, Ray, não mesmo. Sabe porque? Porque eu iria ver o quão mesquinho você é.

— Felicity, minha intenção em nenhum momento foi te insultar, ou seu bebê – passou as mãos no rosto – eu me posicionei mal.

— Se posicionou péssimo. – coloquei as mãos na cintura

— Eu só não quero a responsabilidade de uma criança...

— Ninguém está te pedindo isso, e em nenhum momento desse jantar eu me mostrei propensa a uma relação com você. – ele assentiu e deu um sorriso terno provavelmente se sentindo culpado pelas coisas que disse, mas... tarde demais, ele já tinha atiçado a minha ira – Já acabamos por aqui. Pode ser retirar. – Falei passando por ele e indo em direção a sala e sendo seguida por ele.

Quando entrei no cômodo vi vovó olhando para mim com cara de expectativa, mas seu semblante murchou ao ver o meu de estresse.

— Vamos indo? – começou Ray

— Antes eu queria... – Dona Katy falou levantando do sofá.

— Não, vovó, amanhã eu vou até a sua casa...

— Querida eu estou alugando a minha casa e me mudando para o asilo.

— Oi? – falei surpresa – Você o que? – olhei para Stephen pedindo reforço – Porque isso? Você pode morar comigo. – eu estava entrando em desespero?

— Querida, é só o asilo no final da minha rua, não tem nada demais... – Katy disse

— Tem sim... – funguei

— Querida... – vovó veio me abraçar – Está tudo bem. Lá vão cuidar de mim, quando eu tiver minhas crises de asma terão o remédio de prontidão. Eles dão aparelhos para surdes, não precisarei comprar.

— O problema é dinheiro para remédios, vovó? – falei me afastando – Eu pago, eu tenho...

— Eu sei que você tem, sei que você quer que eu venha pra cá. Sei que você me ama. Mas, queria, é uma decisão minha. – passou a mão no meu rosto limpando as lágrimas que eu nem percebi estar caindo – Você pode ir lá me ver a hora que quiser. - Suspirei, era uma batalha perdida.

— Tudo bem, mas promete que no primeiro problema você vai vir pra cá? - funguei

— Prometo, meu amor.

Me despedi dos meus avós com um abraço e de Ray com um pequeno aceno, minha avó percebeu isso, eu sabia que ela iria comentar sobre isso.

Me joguei no sofá sentindo o meu corpo pesado e liguei a TV em um canal de séries. Eu não esperava uma atitude dessas de um homem tão estudado e educado como Ray. Ele se portou tão bem no jantar que eu até pensei em concordar com um encontro para agradar Stephen e vovó, mas se meu filho não é bem vindo, eu também não sou. Afinal somos um só.

Passei a mão na minha barriga ainda lisa. Como um serzinho tão pequeno podia aflorar tantos sentimentos em mim?

Peguei meu celular e me assustei com a quantidade de mensagens da Layla.

Layla M. Diggle: Qual foi a reação da Vovó?

Layla M. Diggle: Porque está me ignorando?

Layla M. Diggle: A consulta das crianças foi remarcada pra amanhã de tarde.

Layla M. Diggle: Falicity, estou te ligando e está dando fora de área.

Layla M. Diggle: Quero saber se a velha infartou... A consulta das crianças foi remarcada.

Layla M. Diggle: Vaca, estou indo dormir. Não quer falar não fala. Mas também não me peça para fazer Escondidinho de camarão. Ou Cia pra comprar o enxoval. Não serei mais madrinha (mentira).  E A CONSULTA É AMANHÃ DESPOIS DO ALMOÇO. Xoxo.

Gargalhei com a última mensagem. Ela tinha quantos anos? 5?

Felicity: Para de ser infantil, Lay. Nem mexi no celular. Não contei para a vovó ainda, aconteceram umas coisas hoje e não deu para contar. Ela vai se mudar sabia!? Vai para o asilo. Eu sou alérgica a camarão, idiota.Devo começar uma campanha para uma madrinha então.

Eu sabia que ela não estava dormindo. Não demorou muito e a resposta chegou. E junto com a mensagem dela, chegou uma de um número desconhecido.

Layla M. Diggle: VSF! Eu estou transando! Vem almoçar comigo amanhã. Tchauzinho!

Nº Desc: Jantar amanhã as oito, marrenta? Eu te busco!

Salvei o contato. Eu sabia quem era e meu coração se aqueceu com aquilo. Ele não se importava se tinha uma criança a caminho, não se importava com sessões de vômito grátis. Todos diziam que Oliver era um completo babaca, um galinha. Em uma matéria de jornal dizia que seu lema era noitada e sexo. O que ele queria com uma mulher grávida, afinal? Bom, eu só poderia descobrir de forma.

Felicity: Okay. No Margot.*

Oliver Q.: Italiano. Bom... Esteja bem bonita para mim.

Felicity:  Vai dormir, idiota.

Oliver Q.: Boa noite! ;) 

Eu estava tentando me convencer de que só aceitei esse jantar porque eu queria descobrir o que Oliver queria comigo. E também descobrir como ele sabia meu telefone e meu endereço.  

Desliguei a TV e fui para o meu quarto, fiz minha higiene e parei nua em frente ao espeto. Passei a mão  na minha barriga, não dava pra ver nada ali. Absolutamente nada. Eu não via a hora de estar com um barrigão. Lágrimas banharam o meu rosto, eu não estava mais sozinha. Eu não ia mais ficar sozinha. Como eu queria minha mãe aqui para dividir comigo esse momento, como eu queria que ele fosse a primeira a saber e depois diria “Bebê, estou aqui com você e para você”. Essa era uma frase que até nos seus dias mais ruins do câncer me dizia. Encarei meu reflexo no espelho, eu tinha tanto dela, o nariz, os olhos azuis, os lábios, e até mesmo o meu sorriso, por mais que meu cabelo fosse pintado, esse tom de loiro me deixava tão parecida com ela. E eu queria esses mesmos traços no meu bebê, quero olhar pra ele ou ela e ver a personificação do amor. Esse amor de três gerações, avó, mãe e filho.

Coloquei meu pijama e fui dormir, amanhã o dia ia ser cheio. Provavelmente não teria tempo de ir contar a vovó sobre a gravidez.

(...)

— Não acredito que Ray Palmer foi tão insensível assim! – exclamou Layla enquanto vestia Sarah, que estava em pé na cama, para irmos ao pediatra.

O dia ocorreu tranquilamente. Curtis me fez um interrogatório no trabalho sobre o jantar com a vovó, falei que não contei sobre a gravidez e falei sobre o ataque de Palmer. Ele ficou revoltado e disse que ninguém falava que a afilhada dele era um atraso. Me emocionei em saber que o meu bebê já era tão amado. Contei a ele também sobre o jantar que eu teria com o Queen hoje, e ele disse que finalmente eu tiraria o atraso.

— Acho que ele se arrependeu do que disse no momento em que soltou as palavras – falei enquanto trocava a fralda do JJ.

— Se ele falou é porque ele pensa, e se ele pensa assim, ele é um idiota

— Eu sei, ele durante o jantar ele foi tão agradável.

— Felicity, ninguém diz que meu afilhado é um atraso.

— Custis disse a mesma coisa – sorri terminando de vestir o macacão com estampa do tigrão no JJ.

— Então ele já aceitou que o bebê é um menino? – desceu sara da cama sorrindo

— Nop. Ele disse: “ninguém fala que minha afilhada é um atraso”. – pisquei pra ela

— Merda, eu vou ganhar esse cinquentinha, trate de gerar um homem.

— Mamãe falou a palavra feia, Lissy – disse Sara correndo para o meu colo.

— Falou sim meu amor, agora ela tem que pagar um sorvete para nós duas!

— YEES! – gritou

— Okay, pelo visto estou ferrada, vamos? – Layla falou catando as bolsas e saindo do quarto – Vamos!

— Vamos ir ao médico ver o médico príncipe, mamãe?

— Príncipe? – perguntei. Vamos ao pediatra, certo? John trabalha pra Oliver, Oliver é pediatra. Eu vou matar a Layla!

— Ela diz que o pediatra parece um príncipe – Layla riu e piscou pra mim.

— E aquela história de que era furada o John me apresentar ao chefe dele?

— Olha... Ela fez o dever de casa! - gargalhou

— Eu vou te matar! – gritei fazendo ela gargalhar mais ainda

O caminho até o médico foi animado, Sara ficou o tempo todo cantando Saber Quem Sou da Moana. E Layla dizendo que e teria que me acostumar com isso. Eu até que gostava, já assisti Moana tantas vezes com Sara que já sabia essa música de cor.

Chegamos à clínica um pouco atrasadas e a recepcionista estava com uma carranca porque fizemos o Dr. Queen esperar.

Eu estava nervosa e Layla teve que me puxar pela mão para andarmos mais de pressa pelo corredor.

— Lissy, por Deus você ta suando. Ta nervosa porque vai ser o Oliver? – gargalhou, então lembrei que ela não sabia dos nossos “esbarros” no trânsito, no consultório do Tommy e na minha loja e nem sonhava com o jantar de mais tarde – Não consigo empurrar o carrinho do JJ e te puxar, vamos, anda.

Tentei apressar o passo. Mas meus pés me obrigavam a andar devagar, era como se minha mente dissesse que era um erro ter qualquer tipo de contato com Oliver, mas meu corpo e meu coração acelerado de ansiedade já diziam que eu devia entrar naquela sala. Eu estava entre um verdadeiro impasse.

— Vou te esperar aqui fora – disse quando paramos em frente à porta onde dizia “Pediatra – Oliver Queen”

— Larga de ser cagona, Felicity.

— Vai lá que você já está atrasada.

— Você vai entrar, Felicity, para de graça.

— Não vou, vou ficar bem sentada aqui – apontei para uma poltrona branca que estava ao lado da porta.

— Você vai entrar! - E então a porta abriu, e uma Sara eufórica saiu correndo pelo pequeno consultório. É parece que ela ficou cansada da nossa conversa de “entra, não entro”.

— Tio Ollieeeeeee – e se jogou nos braços de Oliver que me encarava com um sorriso sacana, o desgraçado tava escutando toda a minha pequena discussão com a Layla. Ele sussurrou algo no ouvido dela que me olhou e apontou pra mim – Eu trouxe a princesa!

Oliver se levantou com Sara no colo e veio em direção à porta. Não percebi quando Layla entrou e se sentou na cadeira em frente a mesa de Oliver, acomodando o carrinho de John ao seu lado e segurando a boca com a mão para abafar o riso.

— Você vai ficar aí parada me olhando ou vai entrar, Felicity? – perguntou levantando uma sobrancelha, corei.

— Ei, o que eu perdi? – perguntou Layla

— Vem logo, tia Lissy! – Sara falou cruzando os bracinhos – E fecha a porta – Mas que menina abusada.

Entrei fechando a porta como ela pediu.

— Não sabia que você conhecia a Layla – Oliver falou segurando minha mão quando eu dei passos em sua direção. A sala não era tão grande assim, e Oliver com aqueles músculos ocupava muito espaço. – Se eu soubesse já teríamos nos encontrado antes, com certeza.

— Eeei, o que eu perdi, gente? – Layla perguntou batendo palmas pra chamar atenção.

— Ele bateu no meu carro – falei ao mesmo tempo que ele dizia: - Vamos ir jantar hoje a noite

— Wow! Perdi muito! Felicity, porque não me contou que bateram no seu carro! Me conta isso direito, Oliver!

— Viemos aqui para minha afilhada e JJ terem uma consulta e não para vocês dois – apontei para os dois – ficarem tricotando. Me da ela aqui – estiquei meus braços para ele me dar a Sara.

— Você não pode pegar peso, Felicity! – me advertiu sério e eu revirei os olhos

— E você sabe do bebê? Eu perdi muito!

— Para de ser uma mãe fofoqueira! – falei me sentando ao lado dela Oliver colocou Sara sentada no meu colo e foi para um armário pegar alguma coisa que não prestei atenção.

— Nos conhecemos a vida toda e você não me contou que Oliver bateu no seu carro.

— Eu contei que um babaca bateu no meu carro, no dia da inseminação.

— Você me chamou de babaca pra Layla? – indagou Oliver se abaixando ao lado do carrinho de JJ e colocando o estetoscópio nele.

— Era a melhor descrição no momento. - pinquei

— E eu apostei 100 pratas com o John pra ver qual de nós dois iria apresentar vocês dois primeiro.

— Então divida esses 100 em duas partes, 50 pra mim e 50 pra princesa ai. – indagou vindo na minha direção. Prendia respiração quando ele abaixou ao meu lado, nossos rostos ficaram tão próximos, senti a respiração dele batendo no meu rosto. Mas tão rápido como veio, ele foi. Pegou Sara do meu colo e colocou-a sentada na maca colorida que jazia ali.

— Nem em sonhos! Vou guardar pro meu afilhado porque se ela não tivesse ido fazer a inseminação, ela não teria batido no seu carro.

— Ele que bateu no meu carro.

— Que seja! Se não fosse pelo bebê, vocês não teriam se conhecido.

Sorri ao pensar que eu iria conhecer o Oliver mesmo se ele não tivesse batido no meu carro. A consulta das crianças transcorreu normal, como qualquer outra consulta. Oliver ficou calado, na dele, sério demais. Tinha horas que me olhava e franzia o cenho, não falou mais nada além de passar remédios de brincar com Sara. Estranhei mas não falei nada também. Será que foi por Layla ter tocado no assunto do bebê?  Será que ele tinha esquecido que eu estava grávida e se fechou ao lembrar que eu vinha com um brinde? Nos despedimos e ele olhou muito mal pra mim. Layla percebeu isso. E isso me incomodou muito. Teríamos ao não um encontro afinal? Minha cabeça tava explodindo com essas perguntas.

Cheguei em casa e enchi a banheira, coloquei os sais de banho e me permiti aquele momento para relaxar e colocar os pensamentos em ordem.

Tudo bem se ele não quisesse mais nenhum encontro, certo? Afinal nem nos conhecíamos direito, eu não devia me abalar por isso. Sai dos maus devaneios com meu celular apitando.

Oliver Q.: Espero que já esteja se produzindo para mim ;)

Oliver era bipolar. Com toda certeza ele iria me deixar maluca. Sem mais demoras comecei a me arrumar para aquele encontro.   

 

 *É um restaurante italiano na Inglaterra. Mas vamos fingir que é em Starling City.


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Notas finais do capítulo

E entãoooo?
O que acharam?
Oliver só é bipolar ou será que ele sabe o que o Tommy fez?
Comenteeeeem?