Unidos pelo acaso escrita por May Prince


Capítulo 17
Último Capítulo




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/739373/chapter/17

O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta."                                 (1 Coríntios 13:4-7)

 

POV OLIVER

Inferno. Essa era a palavra certa pra descrever esses 1 mês longe dela. Tudo não passou de um maldito mal entendido. Eu precisava ceder a Laurel para que ela cedesse a mim. Eu não esperava que Felicity aparecesse. Mas que merda!

Ela fez como prometeu, quando cheguei em casa ela já havia trocado o cadeado, minhas malas estavam na porta. Eu sabia que tinha feito merda, eu não podia ter escondido isso dela. Eu não podia ter escondido que eu tentaria persuadir Laurel para que ela me desse as informações que eu precisava. E no final, não deu em nada. Felicity foi embora por nada.

Laurel tinha um álibi perfeito para essa incógnita, ela já estava no Tibet quando Felicity fora atropelada. Laurel disse que havia vendido o carro e tinha o recibo para provar.

O acidente de Felicity realmente fora apenas um acidente e eu fui tolo. Agora eu estou puto por não ter conseguido achar quem atropelou a minha mulher, e de quebra ainda consegui tira-la de mim.

Eu só tinha notícias de Felicity por Layla e John, até a minha família ela afastou. Eu a entendia, ela me ouviu dizer que iria tirar os bebês dela e criá-los com outra. Eu só queria a oportunidade de me explicar. De dizer que nada daquilo era verdade, eu só precisava dizer a Laurel o que ela queria ouvir, ai ela me diria se atropelou ou não, e depois eu daria as costas e iria embora. É duro, eu sei, mas era a única carta que eu tinha para jogar.

1 mês de tentativas para me explicar, 1 mês sem nenhum progresso.

Pelas minhas contas, ela já devia estar no final do sétimo mês de gestação. E eu queria estar lá para acompanhar as últimas consultas.

Eu me mudei para a casa que comprei para morarmos, eu terminei o quarto dos bebês, eu dei um tempo para ela se acalmar, agora era a minha hora de começar a agir e trazer a minha mulher de volta.

— Cara, você não pode ficar nessa fossa pra sempre não. – Tommy falou se jogando no meu sofá com uma lata de cerveja na mão – Ta parecendo uma mulherzinha quando termina o namoro.

— Vai a merda Thomas! – bufei – Suje meu sofá e será exonerado da minha casa.

— Que medinho do Oliverzinho! – sorriu e mostrei o dedo do meio para ele  - Que feio! É isso que você vai ensinar pros seus filhos?

— Eu preciso fazer alguma coisa em relação a isso, Tommy – me levantei do chão onde estava deitado e me sentei ao seu lado no sofá – Eu preciso deles perto de mim. Não só os gêmeos, mas Felicity também.

— Larga de ser maricas, Queen. Você já tinha que ter ido atrás dela.

— Ela precisava de um tempo pra se acalmar.

— Meu amigo, mulher nunca se acalma. – deu de ombros – Ainda mais mulheres grávidas.

— Mas...

— Escute a voz da razão e da experiência, Oliver.

— Qual voz? – perguntei franzindo o cenho

— A minha – sorriu apontando para si, revirei os olhos

— Já mandei você ir a merda?

— Já! – assentiu

— Então vai pra sua casa e me deixa em paz. Lena ta te chamando.

— E voltar pras garras da peste da minha sogra que veio diretamente da Itália me infernizar? Não! Prefiro ficar aqui com você, meu camarada! – sorriu amarelo – Mas sério, Ollie, ela pode estar achando que você desistiu dela. O que vai fazer ela pensar que tudo que você disse a Laurel é verdade. 1 mês é muito tempo. – assumiu um semblante sério

— Eu faço tudo errado! – me levantei indo em direção a saída

— Depois sou eu quem falo merda! – escutei Tommy gritar enquanto saia correndo pela porta e deixei os raios de sol bater no meu rosto. Fazia muito tempo que eu não aproveitava a luz do dia.

Eu tinha formado um plano no caminho do apartamento dela e eu esperava que desse certo.

Ta... O plano era ficar plantado na porta dela até ser atendido. Não era uma boa ideia, eu sei, mas o que mais eu tinha? Eu já tinha perdido tudo.

Essa era a minha chance.

(...)

POV FELICITY

— Eu tenho filhos, Felicity – Layla resmungou se remexendo na cama – Não posso ficar aqui.

— Meu travesseiro não fala.

Um mês, um mês desde que tudo aconteceu. Foram os piores 1 mês da minha vida. Eu não conseguia dormir a noite, parecia que Melissa e Henry estavam com tanta saudades quanto eu. Eles chutavam a noite toda, e eu não conseguia dormir.

Cheguei a procurar o travesseiro minhoca no lixo, mas nada feito. Então como Curtis me colocou nessa furada de ser mãe dos bebês Queen, ele foi intimado a ser meu travesseiro. Porém, essa noite em especial ele teve um encontro com o namorado e não pode dormir comigo.

Layla foi a intimada da vez.

Ah! Eu me mudei para a casa da vovó, vou ficar aqui até o meu resguardo acabar e depois comprarei uma casa, com um lindo jardim para os meus pequenos brincarem e correrem.

— Cadê o Curtis? – me olhou

— Curtis está a um mês dormindo comigo, hoje é a sua vez, melhor amiga.

— John vai me matar.

— John já está avisado. – sorri e alisei a minha barriga, estava no primeiro dia do oitavo mês.

— Você é terrível.

— Eu sou um amor.

— E por falar em amor...

— Cala boca! Meu travesseiro não fala! – eu sabia sobre o que ela iria falar, e eu não queria ouvir. Com um longo suspiro Layla se calou e fechou os olhos.

Era sempre assim, eu não deixava ninguém nunca tocar nesse assunto. Deus sabe o quanto doía. E eu sentia falta, muita. Eu queria sair por aquela porta, encontrar Oliver e gritar com ele. Gritar muito. E depois eu o abraçaria e voltaríamos a ser como éramos. Mas tudo não passou de uma grande mentira. O futuro que planejei ao lado dele e dos bebês era uma enorme e triste ilusão. Meus filhos não teriam um pai, esse era o meu plano desde o inicio. Foi bom enquanto durou, mas acabou. E ele não fez questão de me procurar, ele não fez questão de vir atrás de mim. Então ele não se importa. Eu ficaria bem sem ele.

A única pessoa que não sabia do ocorrido era a vovó, ela passou mal no dia seguinte em que eu flagrei Oliver e Laurel, preferi poupá-la de se preocupar comigo. Me mudei para a casa dela com a desculpa que Oliver iria passar um mês em Central City cuidando da filial de lá, já que ele iria assumir a presidência dos hospitais Queen. Na hora certa eu contaria e ela.

Eu só não entendia porque eu me sentia tão egoísta de tirar meus filhos de Oliver, me sentia egoísta de ter trocado de obstetra no final da minha gravidez. Eu me sentia a pior pessoa do mundo. Porém, o que ta feito, ta feito.

Com esses pensamentos e lágrimas nos olhos eu adormeci.

(...)

Layla e eu estávamos sentadas na grande mesa da sala de jantar da casa da vovó tomando café, a minha fase de vomitar tudo que eu ingeria tinha passado. Agora eu ingeria tudo que via.

Observei sorridente o prato a minha frente. Ovos, bacon, panquecas e calda de chocolate. Era o mundo.

Oliver nunca me deixaria comer isso, pensei, mas Oliver não está aqui.

— Você vai ficar obesa e com as veias entupidas. – Layla falou se sentando ao meu lado

— Eu já estou obesa – levantei uma sobrancelha

— Alguém acordada? – a voz terna de Vovó soou pela casa. Automaticamente eu abri um sorriso. Ela apareceu na sala de jantar com uma garrafa de champanhe na mão – Vamos comemorar – balançou a garrafa – Ainda bem que está aqui Lay, bom que conto para as duas. – respirou fundo tomando coragem – Eu vou me casar! – soltou por fim.

— O que? – Layla e eu dissemos em unissono

— Nesse final de semana. Finalmente decidimos

— Isso é maravilhoso – levantei sorrindo e indo abraçá-la

— Sim! Mas a gente ta na quarta-feira – Layla falou abraçando eu e vovó ao mesmo tempo.

— Vai dar tudo certo – Vovó sorriu confiante – Ele me ama e eu o amo – colocou a garrafa na mesa e Layla foi na cozinha pegar as taças. – Eu não sei o que estávamos esperando.

— Já era hora mesmo – Layla exclamou voltando da cozinha e abrindo a garrafa

— Mas eu devo isso a vocês duas. Layla e John são uma inspiração de casamento, - acariciou o braço da neta postiça que sorriu em agradecimento – E você, meu amor – me olhou – E modo como o seu amor e do Oliver aconteceu, o jeito que ele te olha, e modo como vocês dois enfrentaram o medo de um relacionamento e ficaram juntos... – abaixei a minha cabeça e acaricie a minha barriga. Acho que a hora certa de contar para a vovó chegou – O que foi querida?

— Oliver terminou comigo – mordi o lábio

— Não, - Layla levantou o indicador – Ela terminou com o Oliver.

— Façam sentido, por favor!

— Ele me traiu – falei me sentando na cadeira

— Oliver achava que a ex atropelou Felicity e foi persuadi-la para falar a verdade – Layla falou me olhando duro, retribui o olhar.

Ela e John já haviam me contado isso milhões de vezes e eu me recusava a acreditar. Porque de todo o modo Oliver mentiu para a mim. Eu pedi pra ele deixar essa história de lado, porque o que importava era que eu e os bebês estávamos bem. Mas ele me enganou e agiu pela minhas costas. Ele me traiu de qualquer forma.

— Vai ficar do lado dele?

— Estou do lado da razão, Felicity. Do lado de vocês dois. Da felicidade dos dois. E a felicidade de vocês é estar juntos. John me ligou de manhã, Oliver passou essa noite sentado na porta do apartamento tocando a campainha para poder falar com você. Ele chegou lá em casa ainda pouco.

— Já chega! – falei me levantando e indo em direção as escadas

— Felicity! – vovó veio atrás de mim

— O que foi? – me virei a encarando

— Oliver só estava tentando fazer justiça por você e pelos meus netinhos. E eu estou muito chateada que não tenha me contado.

— Vovó ele me traiu...

— Não, - meneou com a cabeça - agora eu falo.  – assenti – Você sabe que isso não é verdade, você só está procurando um jeito de voltar atrás. Você sempre foi assim, desde que sua mãe descobriu o câncer você sempre fugiu de tudo que poderia abrir uma porta da felicidade para você. E está fazendo o mesmo com o Oliver. Aquele homem te ama e...

— Eu não quero mais ouvir – tapei meus ouvidos, bem infantil eu sei, e sai em direção ao quaro. Era lá que eu ficaria até elas irem embora ou pararem de falar sobre Oliver.

Sentei na cama e senti uma dor incomoda na barriga, uma pontada forte que fez tudo ficar escuro e as crianças começaram a chutar forte. Deitei e fechei os olhos.

Sentia Melissa chutar mais que Henry.

— Hey, calminha aí vocês dois. Ainda falta um pouquinho. – respirei com dificuldade – Henry acalma a sua irmã, Do jeito que ela é igual a Thea, deve estar doida pra sair daí  – acariciei a minha barriga.

— E a Thea está doida para enfeitar a sobrinha dela com vários lacinhos – abri os olhos assustada e encontrei Thea Queen parada na soleira da porta, de braços cruzados e fingindo cara de raiva

— Thea... – me sentei rápido e isso me fez sentir um pouco de dor, fiz careta

— O que foi? – ela falou se aproximando e sentando ao meu lado na cama

— Eu estou sentindo um pouco de dor.

— Vou chamar alguém... – se levantou, mas segurei seu braço

— Fica aqui comigo, por favor. - Ela assentiu e voltou a se sentar.

— Eu achei que éramos amigas e não só cunhadas, Lissy – disse acariciando minha barriga

— E somos.

— Então porque me afastou?

— Ouvir Oliver dizer que iria levar os bebês

— Eu sei, mas você precisa entender que...

— Thea eu não quero falar disso – estiquei os braços puxando-a para um abraço de urso – Só quero matar as saudades que estava de você

— Ain, eu também estava – retribuiu o abraço sorrindo e as crianças entre nós se manifestaram – Eu também estava morrendo de saudade de vocês babys da tia Thea – ela disse e ela mesma gargalhou com a brincadeira com seu nome. Eu não pude deixar de sorrir. Nunca que Thea iria tirar essas crianças de mim, ou Moira, ou Robert, muito menos Oliver. Onde eu estava com a cabeça?

— Como você me achou?

— John me contou,.

— Vou matar o John.

— Não seja má com ele, eu consigo o que eu quero.

— Sei bem como consegue.

— Mas você está bem? – perguntou preocupada

— Sim, até esqueci a dor chata. – ela assentiu me olhando desconfiada.

— Meus pais estão sentindo sua falta, não vim aqui pelo Oliver. Eu vim por eles. – colocou a mão na parte da minha barriga mais elevada, onde Henry fazia a sua arte, acho que alguém ficou feliz em ver a tia. – Oi, bebê – ela sorriu abobalhada – Lissy, minha mãe te ama. Não porque você está com os netos dela na barriga. Mas sim porque você é quem é. Não nos afaste de você.

— Desculpa, Thea. Eu só tive medo. Eu... Eu não sabia o que fazer. – meus olhos encheram de lágrimas.

— Não é por Oliver, é por mim e por meus pais. Quer afastar meu irmão? Afasta. Mas não afasta agente, por favor.

— Eu te amo, sabia?

— Não. Não sabia – me deu língua.

Thea passou o resto do dia comigo. Falei para trazer seus pais ao casamento da vovó e ela ficou toda animada com a possibilidade de poder ajudar na organização do mesmo. Thea era um amor, uma irmã mais nova que eu não tive a oportunidade de ter.

(...)

Liguei para a minha obstetra - aquela que coloquei no lugar de Tommy -  e ela disse que as dores eram normais, já que a minha gestação estava no final. Ela disse para que eu repousasse e evitasse fortes emoções, coisa que era um pouco impossível.

O casamento da vovó seria no sábado a tarde e esses dois dias foram uma correria. Curtis e Thea mergulharam fundo na decoração. Vi Ray Palmer que me olhou como se eu fosse um alien. E eu vi Oliver, de dentro do carro, mas vi. Ele estava saindo do hospital – provavelmente seu horário de almoço - quando eu passei em frente ao mesmo para ir na loja onde alugaria meu vestido de madrinha. Meu coração parou uma batida, e eu tive vontade de sair de dentro do carro e correr para abraçá-lo. Sua feição abatida fez meus olhos se encherem de lágrimas.

Thea, vovó e eu estávamos nos arrumando no meu apartamento, já que a casa da vovó estava sendo decorada para o casamento.

— Eu estou obesa - falei me olhando no espelho. Vestida um vestido balone azul claro, que combinava com a cor dos meus olhos, e meu cabelo estava em um coque com uns fios caídos em cachos.

— Você está linda! Para de graça. – Thea vestia um vestido azul escuro que ia até a metade da coxa e  tinha umas aberturas nas costas. Estava linda!

—  Você que está! E magra – sorri

— Linda estou eu que sou a noiva – vovó entrou no meu quarto sorridente. Minha vozinha estava toda boba e isso me deixava tão feliz.

— Você está deslumbrante, Katy. – Thea falou dando um abraçou em minha avó.

Vovó usava um longo nude de manga com detalhes brilhantes abaixo dos seios, e cabelo tinha uma coroa. Uma rainha!

— Thea tem razão. – sorri beijando sua bochecha

— Eu estou preocupada com você querida. – Vovó falou se sentando na cama para que Thea a maquiasse

— Vou pegar as maquiagens ali na sala – Thea disse e saiu

— Sei que aprendeu a ser forte comigo, mas quando você era pequena eu não tinha em quem me amparar. Você tem.

— Eu estou bem, vovó – forcei um sorriso – Hoje o dia é seu, vamos focar em você.

— Felicity, pare de afastar as pessoas

— Eu não quero mais falar sobre isso.

— Querida – segurou as minhas mãos – Você nunca vai ter uma relação saudável com Oliver, ou com qualquer outro se não fizer isso. Tem que aprender a confiar nas pessoas, deveria ter confiado em Oliver. Olha todas as coisas que ele abriu mão por você, - colocou a mão na minha barriga – por vocês. – abri a boca pra rebater, mas eu não tinha o que falar. Ela tinha razão. Eu afastava as pessoas, eu tinha dificuldade de confiar e na primeira oportunidade eu me recolhia. – Eu só quero o seu bem. Se Oliver estivesse errado, eu falaria.

— Eu sei – falei por fim com os olhos marejados e  Thea voltou com as maquiagens.

Eu já tinha colocado na minha cabeça que depois do casamento eu procuraria Oliver. Conversaríamos e se fosse para ficarmos juntos, iríamos tentar de novo. Mas se fosse para nos separarmos de vez, eu deixaria ele ter total acesso aos filhos.

Quando estávamos prontas para sair a campainha toca.

— Oi – abri a porta franzindo o cenho para a menina que estava com um carrinho de bebê parada na minha porta

— Foi aqui que pediram um carrinho de bebê que passa na porta! – falou sorrindo com animação

— Não – falei olhando para ela sem entender o que estava acontecendo

— Foi sim. – ela olhou o papel como se confirmasse o endereço – Oliver Queen mora aqui.

— Sim! – Thea apareceu atrás de mim na porta – Ele mandou fazer esses carrinhos?

— Sim, a um mês ele foi na loja dizendo que o carrinho não passava na porta. Eu, ele e meu namorado passamos noites montando esse carrinho especial. – ela empurrou o a lateral do carrinho fazendo um ficar de frente pro outro, assim eles passariam pela porta.

— Oliver nunca queria ir embora não é? - Olhei para vovó e Thea.

— Claro que não, meu irmão pode ter tomado decisões erradas, mas ele nunca iria te deixar.

— Temos que ir atrás dele – falei abraçando a menina – Muito obrigada!

— Meu casamento é daqui a 20 minutos.

— Casamentos sempre atrasam!

— Definitivamente, não Felicity!

— Thea...

— Sua avó tem razão.

Sorri abobalhada pela pequena surpresa. Me despedi da menina e guardei o carrinho no meu quarto e saímos rumo ao casamento. Liguei o caminho todo para Oliver, ele não atendia. Liguei para a secretária, ela disse que ele estava em um atendimento de emergência.

Nem na cerimônia eu desisti de ligar.

— Querida guarda esse celular – vovó sussurrou enquanto eu levava ela no altar até um Stephen classudo parado ao lado do juiz de paz.

— Ele precisa atender...

— Depois vocês terão todo o tempo. – falou e tomou o celular da minha mão e enfiou no decote.

A cerimônia foi linda. Os votos dos dois me fez chorar feito um bebê.

— Katerine Rose Smoak, eu quero dizer que eu não escolhi você simplesmente por um motivo, mais sim por vários. O primeiro é que você me completa e cuida de mim como ninguém, o segundo é que você me deu uma neta maravilhosa que sempre esteve ao meu lado apoiando para que esse casamento saísse – todos riram e inclusive eu entre lágrimas - Por que você tem um coração enorme e soube não somente reconhecer minhas qualidade mais também os meus defeitos, e aceitou todos, me tornando alguém melhor. Todos esses anos que passamos juntos eu aprendi muitas coisas contigo, uma delas foi que O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor. O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. Eu te amo!

Era isso, o amor tudo suporta. E o meu amor por Oliver suportaria tudo pelo que passamos e tudo que ainda iríamos passar. Eu precisava dele, queria que ele tivesse comigo ao meu lado. Eu sempre iria querê-lo. Porque era ele, sempre foi. Não deu certo com nenhum outro porque Oliver era quem estava guardado para mim.

— Seu voto colocou o meu no chinelo, Stephen! – vovó sorriu entre lágrimas – Vamos lá – sorriu – Stephen Adam Palmer, você sabe que eu nunca fui boa em expressar o que sinto quero que saiba que pretendo viver com você na dor e na alegria, nos momentos fáceis e difíceis. Quero entendê-lo cada dia melhor, quero amá-lo cada dia mais, quero dar-lhe ânimo, carinho e força no caminho. A amiga de todas as horas, a companheira de jornada, a esposa fiel. Não quero que seu amor pare em mim, mas que eu seja apoio para seu amor a Deus e aos outros. Amor, quero fazer você feliz, muito feliz, todos os dias da minha vida. Por isto, confirmo meu amor por você, diante de Deus e dos amigos. E que sejamos felizes até que a morte nos separe.

Pronto, eu já estava um mar de lágrimas.

Já na festa de casamento Moira me abordou. Disse que sentia muito a minha falta e se desculpou pela falta de Robert no casamento.

— Como estão meus netos? – perguntou minha ex-futura-sogra

— Estão agitados demais hoje, mas com a correria do casamento eu acabo esquecendo essa dorzinha que incomoda

— Eu fiquei assim antes de Ollie nascer. Sente um pouco querida. Seu semblante está pálido.

— Quando eu sento a dor volta.

— Então fique em pé – sorriu – Eu fico aqui com você.

— Moira, vá aproveitar o casamento.

— Não vou deixar minha nora sentindo dor sozinha – me beijou na bochecha – Vou buscar uma água pra você.

— Tudo bem.

Vejo o modo como Moira me trata e me pergunto como seria se a minha mãe tivesse aqui, suspiro pesadamente e vou até a vovó que está dançando na pista de dança improvisada no jardim.

No caminho escuto alguém gritar “hora do trenzinho” e sinto mãos no meu ombro.

Mas que porra, pensei enquanto o trenzinho ia andando. Pessoas ficaram a minha frente, e a pessoa, um senhor, atrás de mim me empurrava para frente.

Uma pontada forte veio forte na minha barriga me fazendo parar de andar e a fila de pessoas atrás de mim escorregaram no líquido que tinha no chão.

— Não fiz xixi nas calças não, estou de fralda – um senhor que estava atrás de mim no chão falou passando a mão na roupa.

— Ai! – gritei colocando as mãos na barriga quando a pontada veio forte de novo, vi meu vestido molhado. Minha bolsa havia estourado.

— Felicity – ouvi John gritar e correr na minha direção

— Você ta bem?

— Claro que não! – apertei seu braço e gemi de dor – A minha bolsa estourou

— Temos que levá-la ao hospital – alguém, acho que Moira, falou.

— Não, - falei em desespero – Oliver. Ai... – apertei mais John – Preciso de Oliver.

— Menina, esse teu aperto dói ein. – Dig reclamou

— Meu irmão ta no hospital. - Thea disse 

— Então vamos! – falei entre gemidos de dor.

Estávamos todos na limusine que levou vovó ao casamento. Stephen, Vovó, Moira, Thea, Roy, Layla, Jonh, Curtis e eu. Ainda apertava o braço de John toda vez que a contração vinha mais forte.

Dentro do carro tinha vários murmurinhos, mas eu só focava no fato de que em alguns minutos eu estaria com Oliver ao meu lado e meus bebês em meus braços. Eles estavam vindo algumas semanas antecipados, e isso me preocupava. Lembro que a última consulta que fui com Tommy, ele disse que era normal gêmeos nascerem um pouco antes. Mas se existe os 9 meses, é porque os bebês precisam desse tempo para ficarem formadinhos. Certo?

Me desesperei e apertei ainda mais o braço de Roy, que havia trocado de lugar com John. Acho que ele não agüentava mais ser apertado.

— Chegamos! – Moira falou saindo do carro em disparada e segurando a porta para que eu descesse – Alguém ajuda aqui! – gritou a dona da porra toda para uma enfermeira que passava.

— Senhora Queen, o que houve? – a menina se aproximou correndo

— Minha nora está em trabalho de parto, ligue para Thomas Merlyn. - Prontamente a enfermeira se retirou para fazer o que ela disse e um grupo enfermeiros veio ao meu encontro me tirando do carro e colocando em uma cadeira de rodas.- Levem ela para o quarto, o melhor – Moira ordenou

— Não, eu preciso ver Oliver. Por favor.

— Melhor não... – Vovó disse se aproximando

— Por favor – supliquei olhando para as duas.

— Tudo bem – Moira disse por fim – Levem ela até a sala de Oliver.

— Mas senhora, - uma enfermeira disse – Dr. Queen está em consulta.

— Eu estou mandando – Moira falou com toda a sua classe

Moira Soberana 1 x Enfermeira nojenta 0

— Sim senhora – a menina e foi até o balcão, como eu não estava com tempo de esperar a boa vontade dela, me levantei e fui andando até o elevador.

Ouvi gritos com meu nome, mas ignorei. Eu queria ver Oliver e eu iria ver Oliver.

Entrei no elevador e trombei com alguém de jaleco branco que me segurou forte evitando que eu caísse. Eu sabia quem era, eu conhecia aquele cheiro. Me segurei nele com força apertando seus músculos, as contrações só aumentavam.

— Felicity? - ele disse olhando no meu rosto – O que ta acontecendo?

— Esse vestido ta me sufocando. Eu to agoniada. Quando as pessoas falam que dor de parto é terrível, é terrível mesmo, eu devia ter acreditado. Ah! O carrinho chegou, Oliver, são lindos. Eu estava no casamento tentando te ligar. Vovó casou, e pegou meu celular também. Porque não me atendeu... Tá doendo - Falei tudo embolado

— Espera... Parto? Você está em trabalho de parto?

— Aaaaaai, ta doendo – coloquei as mãos na minha barriga e pressionei meus olhos fechados. Não reparei quando me sentaram em uma cadeira de rodas e o elevador já estava em movimento – Oliver?

— Eu estou aqui! – ele abaixou na minha frente

— Eu te amo! Tudo faz sentido agora, eu fui burra. Por favor me perdoa. Eu não consigo viver sem você e isso está mais que comprovado.

— Como eu vou saber que no momento difícil você não vai sumir de novo? Eu sofri tanto sem você...

— Me desculpa. Eu fui burra em não querer te ver. Mas eu estava com tanta raiva...

Não pude terminar porque a enfermeira nojenta entrou no quarto comigo e não deixou Oliver entrar dizendo que iriam trocar a minha roupa. Como se ele nunca tivesse me visto pelada.

Minutos depois Oliver volta com Tommy em seu encalço. Agora era a hora.

— Oliver esta doendo. – gemi de dor.

— Vai ficar tudo bem, amor

— Como você sabe?

— Eu não sei, mas vai ficar tudo bem.

— Como você sabe? – gritei de dor

— Eu não sei, - ele alterou a voz. Oliver estava nervoso.

— Oliver, para de gritar com ela. – Tommy disse se sentando entre as minhas pernas. Ok! Isso pegou mal.

— Eu não estou gritando com ela. Entenda a minha posição aqui, ok?

— Amoooor, - gemi de dor – para de brigar.

— Okay, Felicity, sei que você quer um parto natural. Então vai ter que ser forte, e eu sei que você é forte. – Tommy começou – Então empurra.

— Felicity o que eu tenho que fazer pra você entender que eu to aqui pra sempre? – Oliver falou apertando a minha mão – Eu fiz de tudo por você, fui em todas as consultas, escolhi os nomes com você. Sai de madrugada atrás de sushi pra chegar em casa e você lembrar que é alérgica – fiz força olhando nos olhos dele – Ai uma merda de carrinho chega e você percebe que eu realmente quero ficar do seu lado?

— Oliver isso não é hora. – Tommy advertiu – Empurra Lissy, já to vendo a cabeçinha loira de um – fiz o que ele mandou. Estava começando a me arrepender de ter pedido por parto normal.

— Eu já tenho que aturar você entre as pernas da minha mulher. Cala a boca e trás meus filhos pra cá.

— Oliver... – falei fazendo força – Obrigada por estar aqui.

— Onde mais eu estaria, meu amor? – ele beijou a minha testa.

— Eu te amo!

— Eu amo vocês três. E da próxima vez que você me mandar embora, eu não vou sair.

— Agradeço muito por isso – fiz mais força.

Eu ta estava me sentindo tonta quando o primeiro choro tomou conta do quarto.

— Henry – Oliver sorriu indo até o bebê loirinho e o pegando nos braços

— Vamos trazer essa menininha, Felicity! – Tommy disse voltando a sua atenção para mim

— Eu não consigo mais – falei começando a ver tudo turvo – Oliver, eu não agüento mais.

E então tudo ficou escuro.

POV OLIVER

O desespero me consumiu quando vi Felicity desmaiar, Henry – quando o peguei no colo senti o amor que todos sempre me falavam e eu me negava a acreditar, o amor de um pai para um filho - foi tomado dos meus braços e Tommy levantou em desespero mandando preparar a mesa de cirurgia pois iam levar Felicity para lá.

Eu não tinha reação, apenas olhava tudo parado e com lágrimas nos olhos. Como se fosse aqueles pesadelos que você não consegue se mexer, apenas observar o que acontece de ruim ao seu redor.

Eu sabia de uma coisa: Felicity e Melissa estavam correndo risco. E isso me corria por dentro.

Os enfermeiros levaram Felicity para a sala de cirurgia as pressas e eu só sabia ficar parado olhado a mulher da minha vida pálida, rezando para que as minhas meninas ficassem bem.

E minutos depois Melissa nasceu. Roxa, provavelmente sufocada pelo tempo que ficou dentro da mãe. Seu cabelo era mais escuro que o de Henry, sua boquinha tinha formato de coração, um bico igual o da mãe. Porém ela não reagia, Tommy deu aquele famoso tapa no bumbum e nada da minha menina reagir. Aquilo me corroeu mais ainda. Cheguei mais perto e, mesmo sobre protestos, peguei Melissa que - respirava fraquinho - em meu colo e a levei para perto de Felicity que ainda estava desacordada devido à anestesia.

— Olha a mamãe, princesa. – afastei a roupa de Felicity e coloquei Melissa perto de seu seio. Na hora a pequena abriu a boca o começou a chorar alto e encontrou o peito da mãe onde começou a sua sucção. Respirei aliviado. Melissa estava bem.

— Oliver, me de ela – Tommy pediu vindo até mim.

— Ela vai ficar bem, não vai? – perguntei tirando Melissa do seio de Felicity e a entregando a Tommy.

— Ela já está bem, Ollie. – ele sorriu. – Todos estão bem. Sua família está completa, irmão.

 

POV FELICITY

Abri meus olhos escutando o choro insistente de Melissa vindo da babá eletrônica. Me levantei mas fui impedida por Oliver.

— Eu vou – ele disse me dando um beijo

— Mas é a minha vez.

— Volte a dormir, amor – assenti e virei para o lado, mas não consegui dormir.

Hoje eles estavam fazendo um mês de vida. Henry era a tranqüilidade em bebê, como eu sempre imaginei que seria. Melissa era a espevitada, e só queria o colo desse pai que só sabia mimar a filha.

Hoje eu sabia e entendia a definição de amor verdadeiro e felicidade completa. Apesar do susto no parto, meus filhos eram saudáveis.

Melissa era a cara de Thea, não tinha como negar que não era da família. Seus cabelinhos eram de um dourado escuro, seus olhos azuis vibrantes iguais aos do pai, mas sua boquinha era idêntica a minha.

Henry puxou tudo de Oliver, Moira me mostrou uma foto do filho quando bebê. Não tirava nada, eram idênticos. Apenas o tom de azul dos olhos do meu filho que eram iguais aos meus. Pelo menos uma coisa, não é? Mas Henry era calma igual a mim no temperamento, Lissa era birrenta igual ao pai.

Sorri abobalhada quando Oliver entrou no quarto com os dois filhos nos braços.

— Dona Melissa chorou tanto que acordou o irmão. – Oliver falou me entregando a menina.

— Oi, filha – ergui ela em meus braços e passei meu nariz em sua bochecha sentindo seu cheirinho de bebê – Já vi que vai ficar a madrugada toda acordada. -  como se ela entendesse, sorriu. Sorri abobalhada. – E você, mocinho – peguei na mãozinha dele e dei um beijinho – Lissa te acordou meu amor?

Oliver se acomodou a meu lado desajeitado com o filho nos braços. Era engraçado ver Oliver grande do jeito que era com um deles no colo.

— Obrigado meu amor! – ele falou me beijando

— Pelo que?

— Todos sempre me davam o que eu queria, e por um acaso você apareceu e me deu o que eu mais precisava. – falou beijando a cabecinha de cada bebê

— Então agradeça a Tommy, que me inseminou com seus filhos. – sorri

— Não Felicity, no inicio não foi pelas crianças, sempre foi por você. Não entende? – neguei com a cabeça, eu realmente não entendia – Não importava se eles eram meus filhos ou não. Eles eram seus, uma parte sua. E eu te amo, amei desde o primeiro momento. E eu amo cada parte sua. Eles são seus filhos, e isso me faz amá-los mais ainda. Não porque são meus também, mesmo se não fossem. Aqui é o meu lugar, com vocês.

— Eu te amo!

— Eu também te amo!

 

 NA: Vamos fingir que o casal do Gif é o NOSSO casal.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Demorei, mas cheguei!
O que acharam?
Não morram porque ainda tem o Epilogo.
Ele não ta pronto. Mas juro que até sexta-feira ele estará aqui para vocês.
Comentem por favor!!
Sei que muitas pessoas leem a fic e não comenta. Gente, esse é o último capítulo, sejam caridosos com a pobre autora aqui.
Já falei que quero um Oliver desse pra mim? EU QUERO!
Até sexta!
Comentem!!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Unidos pelo acaso" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.